Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! OBJETIVOS ♥ ELUCIDAR OS MECANIMOS DE AGRESSÃO E DEFESA; ♥ ENTENDER COMO DESENCADEIA A HIPERSENSIBILIDADE; ♥ COMPREENDER OS MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS E IMUNOLÓGICOS DAS HIPERSENSIBILIDADES DO TIPO I E II; ♥ DIRIMIR O MECANISMO DE AÇÃO DOS CORTICÓIDES E COMO FUNCIONA A CORTICOTERAPIA (TRATAMENTO PARA OS TIPOS I E II DE HIPERSENSIBILIDADE). ELUCIDAR OS MECANIMOS DE AGRESSÃO E DEFESA ♥ Então toda vez que a gente tem uma agressão na nossa célula isso gera uma resposta adaptativa caso essa resposta ela seja excedida ou se o estresse foi nocivo a gente tem uma lesão celular. ♥ Agressão: Resposta adaptativa leva a lesão celular e você quebra sua imunidade respondendo a essa lesão. ♥ Agressão do tipo: ♥ Privação de oxigênio ♥ Agentes físicos [trauma] ♥ Agentes biológicos [infecciosos] ♥ Desequilíbrios ♥ Nutricionais ♥ ETC ♥ Qualquer agressão- Imunidade adaptativa ♥ RESPOSTAS CELULARES ♥ Hipertrofia ♥ Hiperplasia ♥ Atrofia ♥ Metaplasia ♥ Perda de função: pode ser reversível ou irreversível [morte celular – necrose ou apoptose] ♥ Defesa: Resposta Imune Inata e Adaptativa ENTENDER COMO DESENCADEIA A HIPERSENSIBILIDADE ♥ Na hipersensibilidade, ou alergia, o sistema imune reage de maneira exagerada ou inapropriada contra uma substância estranha. Essas respostas podem ser consideradas como “uma coisa boa em excesso” – o sistema imune responde a um agente estranho inócuo causando dano, em vez de proteger o organismo. ♥ Embora o termo alergia seja outro nome para referir-se à hipersensibilidade, muitos distúrbios que as pessoas chamam de “alergias” não são causadas por reações imunológicas. Esses distúrbios incluem respostas tóxicas a substâncias, desconforto digestivo em consequência de respostas não alérgicas a alimentos e transtornos emocionais. Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! ♥ Existem quatro tipos de hipersensibilidade: (1) hipersensibilidade imediata (tipo I); (2) hipersensibilidade citotóxica (tipo II); (3) hipersensibilidade por imunocomplexos (tipo III); e (4) hipersensibilidade mediada por células, ou tardia (tipo IV). ♥ O tipo que se desenvolve depende dos componentes envolvidos da resposta imunológica e da velocidade com que a reação ocorre. COMPREENDER OS MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS E IMUNOLÓGICOS DAS HIPERSENSIBILIDADES DO TIPO I E II ♥ A hipersensibilidade imediata (tipo I), ou anafilaxia, resulta de uma exposição prévia a uma substância estranha, denominada alergênio, um antígeno que desencadeia uma resposta de hipersensibilidade. As alergias a polens, a alimentos e a picadas de insetos são exemplos de hipersensibilidade imediata. ♥ A hipersensibilidade citotóxica (tipo II) é desencadeada por antígenos presentes nas células, particularmente nos eritrócitos, que o sistema imune reconhece como estranhos. Essa reação ocorre quando um paciente recebe o tipo sanguíneo incorreto durante uma transfusão. ♥ A hipersensibilidade por imunocomplexos (tipo III) é desencadeada por antígenos em vacinas, em microrganismos ou nas próprias células da pessoa. Ocorre formação de grandes complexos de antígeno-anticorpo, que se precipitam nas paredes dos vasos sanguíneos, causando lesão tecidual em poucas horas. ♥ A hipersensibilidade mediada por células, ou tardia (tipo IV), é deflagrada pela exposição a substâncias estranhas do meio ambiente (como a hera venenosa), a agentes de doenças infecciosas, a tecidos transplantados e aos próprios tecidos e células do corpo. As células T da hipersensibilidade tardia reagem com as células ou substâncias estranhas, causando, em alguns casos, destruição tecidual extensa. ♥ As doenças autoimunes representam uma forma de hipersensibilidade em que o sistema imune do organismo responde a seus próprios tecidos como se fossem estranhos. Os anticorpos ou as células T atacam os próprios antígenos. Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! HIPERSENSIBILIDADE IMEDIATA (TIPO I) ♥ A hipersensibilidade imediata (tipo I) ou hipersensibilidade anafilática, normalmente produz uma resposta imediata contra a exposição a um antígeno indutor de alergia (também conhecido como alergênio). Os indivíduos não alérgicos não respondem a esses antígenos. ♥ A anafilaxia (do grego ana, “contra”, phylaxis, “proteção”) refere-se a uma reação alérgica imediata e exagerada a antígenos. O termo anafilaxia refere-se aos efeitos prejudiciais ao hospedeiro causados por uma resposta imune inapropriada. Esses efeitos são opostos à profilaxia, que são os efeitos preventivos gerados por uma resposta imune. ♥ Os primeiros pesquisadores descobriram que uma substância, à qual deram o nome de reagina, era responsável por esse tipo de hipersensibilidade. Agora, sabemos que a reagina consiste em anticorpos IgE. Todavia, o termo reagina continua sendo utilizado na literatura referente à alergia. ♥ A anafilaxia é o resultado prejudicial dos anticorpos IgE em resposta a alergênios. ♥ Ela pode ser local ou generalizada (sistêmica). ♥ A anafilaxia localizada manifesta-se na forma de vermelhidão da pele, lacrimejamento, urticária, asma e distúrbios digestivos. ♥ A anafilaxia generalizada aparece como uma reação sistêmica que comporta risco de vida, como constrição das vias respiratórias ou choque anafilático, uma condição generalizada que resulta de uma queda súbita e extrema da pressão arterial. ALERGÊNIOS ♥ A hipersensibilidade imediata resulta de duas ou mais exposições a um alergênio. ♥ Um alergênio é uma substância estranha normalmente inócua (em geral, uma proteína ou uma substância química ligada a uma proteína) que pode desencadear uma resposta imunológica exagerada. ♥ A primeira exposição ao alergênio não produz nenhum sinal ou sintoma visível. ♥ Os alergênios incluem substâncias transportadas pelo ar, como pólen, poeira de casa, bolores e descamações de animais – minúsculas partículas de pelos, penas ou pele. A poeira de casa geralmente contém ácaros quase microscópicos e suas partículas fecais. ♥ Outros alergênios incluem venenos de picadas de insetos, antimicrobianos, certos alimentos, sulfitos e substâncias estranhas encontradas em vacinas e em materiais de diagnóstico ou terapêuticos. ♥ Os alergênios podem ser introduzidos no corpo por inalação, ingestão ou injeção. MECANISMOS DA HIPERSENSIBILIDADE IMEDIATA Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! ♥ A sequência típica de eventos envolvidos no mecanismo da hipersensibilidade tipo I é a sensibilização, que envolve a produção de anticorpos IgE (antialergênio), reações alergênio-IgE e efeitos locais e sistêmicos dessas reações. Essas reações ocorrem apenas em indivíduos que foram anteriormente expostos a determinado alergênio. Na sensibilização, ou seja, a exposição inicial a um alergênio, ocorre ativação das células B. Essas células diferenciam-se em plasmócitos, os quais produzem anticorpos IgE contra o alergênio específico. Os anticorpos IgE ligam-se por meio de suas porções Fc à superfície dos mastócitos nos sistemas respiratório e digestório e aos basófilos no sangue. A ligação deixa os sítios de ligação dos anticorpos IgE ao antígeno (alergênio) livres para reagir com o mesmo alergênio em uma futura exposição. Essa sequência de etapas da sensibilização não é observada em todos os indivíduos. Ainda não foi elucidado por completo porque alguns indivíduos tornam-se sensibilizados a substâncias normalmente inócuas, enquanto esse processo não é observado em outros. ♥ Mecanismo de hipersensibilidade imediata (tipo I), ou hipersensibilidade anafilática. Por ocasiãoda primeira exposição, (A) o alergênio liga-se às células B e é apresentado na forma de fragmentos de alergênio na superfície dos macrófagos. A apresentação dos fragmentos de alergênio ativa as células TH, as quais ativam as células B. B. As células B transformam-se em plasmócitos, que secretam anticorpos IgE. C. A IgE liga-se por meio de sua porção Fc aos basófilos e mastócitos. Em uma segunda Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! exposição ou exposições subsequentes, (D) o alergênio liga-se aos mastócitos e basófilos sensibilizados, estabelecendo ligações cruzadas das moléculas de IgE. E. Essa ligação cruzada estimula a degranulação, com liberação de histamina e de outros mediadores responsáveis pelos sintomas das alergias. OS MASTÓCITOS E BASÓFILOS SENSIBILIZADOS AGORA ESTÃO PREPARADOS PARA PRODUZIR UMA RESPOSTA QUÍMICA MACIÇA A UMA SEGUNDA EXPOSIÇÃO AO MESMO ALERGÊNIO. EMBORA A DOSE SENSIBILIZANTE (PRIMEIRA DOSE) DE UM ALERGÊNIO POSSA SER BASTANTE ALTA, A DOSE DEFLAGRADORA OU DESENCADEANTE (DOSE SUBSEQUENTE) QUE CAUSA OS SINTOMAS DE HIPERSENSIBILIDADE PODE SER MUITO PEQUENA. QUANDO OCORRE UM SEGUNDO ENCONTRO OU ENCONTRO SUBSEQUENTE COM O MESMO ALERGÊNIO, ESTE SE LIGA AOS MASTÓCITOS E AOS BASÓFILOS SENSIBILIZADOS, ESTABELECENDO LIGAÇÕES CRUZADAS DOS ANTICORPOS IGE (FIGURA 19.1D). A LIGAÇÃO CRUZADA PROVOCA DEGRANULAÇÃO, QUE CONSISTE NA RÁPIDA LIBERAÇÃO DE MEDIADORES PRÉ-FORMADOS (SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS QUE INDUZEM RESPOSTAS ALÉRGICAS) DOS GRÂNULOS CITOPLASMÁTICOS NOS MASTÓCITOS E BASÓFILOS (FIGURA 19.1E). A HISTAMINA É O PRINCIPAL MEDIADOR PRÉ-FORMADO ENCONTRADO NOS SERES HUMANOS. A HISTAMINA DILATA OS CAPILARES, TORNANDO-OS MAIS PERMEÁVEIS. ALÉM DISSO, CAUSA CONTRAÇÃO DO MÚSCULO LISO BRÔNQUICO, AUMENTA A SECREÇÃO DE MUCO E ESTIMULA AS TERMINAÇÕES NERVOSAS QUE CAUSAM DOR E PRURIDO. ♥ A teofilina, que é comumente administrada por via oral ou por inaladores a indivíduos asmáticos, bloqueia uma enzima que, de outro modo, levaria à degranulação. ♥ As prostaglandinas e os leucotrienos são mediadores da reação (substâncias químicas que controlam as respostas), que também são sintetizados e liberados pelos mastócitos após a ocorrência de degranulação. A prostaglandina D2 é uma molécula mensageira celular produzida nos mastócitos e nos basófilos que também causa constrição do músculo liso brônquico. A substância de reação lenta da anafilaxia (SRS-A) é outro mediador que provoca constrição lenta e de longa duração das vias respiratórias em animais. A SRS-A consiste em três mediadores leucotrienos. Esses leucotrienos são de 100 a 1.000 vezes mais potentes do que a histamina e a prostaglandina D2 em sua capacidade de provocar constrição prolongada das vias respiratórias. À semelhança da histamina, os leucotrienos e a prostaglandina D2 dilatam e aumentam a permeabilidade dos capilares, aumentam a secreção de muco espesso e estimulam as terminações nervosas que causam dor e prurido. ♥ É uma segunda exposição ou exposições subsequentes de um indivíduo sensibilizado a determinado alergênio que produzem os sinais e sintomas alérgicos. Essas respostas de hipersensibilidade pelos mastócitos também podem ser deflagradas por fatores não alérgicos. Com frequência, o estresse emocional e as temperaturas extremas causam a liberação de mediadores sem a participação de Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! qualquer IgE ou alergênio. O ar frio também pode lesionar as membranas celulares dos mastócitos que revestem as vias respiratórias, as quais então liberam mediadores que desencadeiam a asma. ANAFILAXIA LOCALIZADA ♥ A atopia, que literalmente significa “fora do lugar”, refere-se a reações alérgicas localizadas. As reações imunes atópicas ocorrem inicialmente no local onde o alergênio entra no corpo. Se o alergênio entrar na pele, ele provoca uma reação de pápula e eritema, que se caracteriza por rubor, edema e prurido ♥ Se o alergênio for inalado, as membranas mucosas do sistema respiratório tornam-se inflamadas, e o paciente tem coriza e lacrimejamento. ♥ Se o alergênio for ingerido, ocorre inflamação das membranas mucosas do sistema digestório, e o paciente pode apresentar dor abdominal e diarreia. Alguns alergênios ingeridos, como alimentos e medicamentos, também causam exantemas. ♥ A febre do feno ou rinite alérgica sazonal é um tipo comum de atopia. Mais de 25 milhões de norte- americanos sofrem dos sinais e sintomas típicos de lacrimejamento, espirros, congestão nasal e, algumas vezes, dispneia. Descrita pela primeira vez em 1819 como resultado da exposição ao feno recentemente ceifado, sabe-se agora que a febre do feno ou rinite alérgica resulta da exposição a pólen transportado pelo ar – pólen de árvores na primavera, pólen do capim no verão e pólen da ambrósia- americana no outono ♥ Algumas plantas, como o solidago e as rosas, foram, durante muito tempo, apontadas como causadoras da febre do feno; entretanto, são inocentes, visto que seus polens são muito pesados para serem transportados pelo ar a grande distância. São as flores bem menos notáveis da ambrósia-americana que causam grande parte do sofrimento dos que apresentam febre do feno. Em certas ocasiões, a rinite alérgica grave (inflamação das superfícies nasais) pode progredir para a infecção dos seios paranasais, problemas na orelha média e perda temporária da audição. Embora compartilhem muitos sintomas, a febre do feno ou rinite alérgica pode ser diferenciada do resfriado comum pelo número aumentado de eosinófilos nas secreções nasais. O achado de uma contagem elevada de eosinófilos no sangue também sugere alergia (ou infecção por helmintos). Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! ANAFILAXIA GENERALIZADA ♥ Algumas reações anafiláticas são generalizadas, graves e comportam imediatamente risco de vida. No indivíduo sensibilizado, a reação generalizada começa com o aparecimento súbito de eritema da pele, prurido intenso e urticária, sobretudo na face, no tórax e nas palmas das mãos. Em seguida, o distúrbio pode progredir para a anafilaxia respiratória ou o choque anafilático, algumas vezes em apenas 1 a 2 minutos. ♥ Na anafilaxia respiratória, ocorre grave constrição das vias respiratórias, que ficam preenchidas com secreções de muco, e o indivíduo alérgico pode morrer por sufocação. Mais de 4.000 norte- americanos morrem a cada ano de anafilaxia respiratória, dos quais 150 a 200 por ano em consequência de alergias alimentares, e 40 a 100, de picadas de insetos. A alergia à penicilina é responsável por 75% das mortes por choque anafilático nos EUA. Outros 15 milhões de norte- americanos sofrem de asma, que é frequentemente causada por inalação ou ingestão de alergênios, estresse emocional, ácido acetilsalicílico ou ar frio e seco. A asma também pode ser causada por hipersensibilidade a microrganismos endógenos. Por exemplo, alguns pacientes tornam-se sensibilizados a Moraxella catarrhalis, uma bactéria normal residente das membranas mucosas respiratórias. ♥ No choque anafilático, os vasos sanguíneos dilatam-se de repente e tornam-se mais permeáveis, causando uma queda abrupta e potencialmente fatal da pressão arterial. As picadas e ferroadas de insetos constituem uma causa comum de choque anafilático em indivíduos sensibilizados a venenos de insetos Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! ♥ A anafilaxia generalizada precisa ser tratada imediatamente. Pode ocorrer morte, a não ser que a epinefrina (adrenalina) seja administrada imediatamente. A epinefrina atua por meio de relaxamento do músculo liso das vias respiratórias econstrição dos vasos sanguíneos. Os indivíduos sensibilizados a venenos de insetos frequentemente carregam um kit de emergência para anafilaxia ♥ O kit contém uma seringa com epinefrina. Ter esse tipo de kit à mão pode facilmente significar a diferença entre a vida e a morte, devido ao rápido início de sintomas potencialmente fatais em pacientes que já sofreram reações anafiláticas. TRATAMENTO DAS ALERGIAS ♥ Uma abordagem ao tratamento das alergias consiste em evitar o contato com o alergênio específico. Os indivíduos com alergias alimentares não devem consumir um alimento ao qual já tiveram uma reação de hipersensibilidade. Qualquer que seja o alergênio, uma exposição subsequente geralmente irá deflagrar a degranulação dos mastócitos ♥ A dessensibilização (hipossensibilização) é o único tratamento atualmente disponível para curar uma alergia. Se o alergênio desnaturado for injetado por via subcutânea (“doses de alergia”), pode induzir um estado de tolerância, impedindo a ativação das células B que amadurecem em plasmócitos secretores de IgE ♥ Além disso, ao receber essas injeções com doses gradualmente crescentes do alergênio, o paciente pode produzir anticorpos IgG, denominados anticorpos bloqueadores, contra o alergênio. Por ocasião de reexposição a um alergênio, os anticorpos bloqueadores combinam-se com o alergênio antes que tenha uma chance de reagir com a IgE, de modo que os mastócitos não liberam mediadores. O número de células T supressoras sensibilizadas ao alergênio também aumenta significativamente durante a dessensibilização. Desse modo, aumentos da IgG e diminuições da IgE podem atuar em conjunto, tornando o paciente menos sensível ao alergênio. ♥ A dessensibilização tem sido muito bem-sucedida contra venenos de insetos e contra alergias a fármacos, como a penicilina. Infelizmente, a dessensibilização não alivia os sinais e os sintomas de muitas alergias, como a febre do feno. Além disso, o próprio tratamento pode causar choque anafilático, visto que as injeções contêm a mesma substância à qual o paciente é alérgico. Os pacientes precisam permanecer no consultório do médico por 20 a 30 minutos após a injeção, de modo que haja disponibilidade de tratamento de emergência caso ocorra uma reação anafilática generalizada. Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! ♥ Outros tratamentos para alergia aliviam os sintomas, mas não curam a doença. Os anti-histamínicos aliviam o edema e o eritema em consequência da histamina, porém não são efetivos contra a SRS-A das condições asmáticas, que envolvem constrição das vias respiratórias, enquanto os agentes anti- inflamatórios, como os corticosteroides, suprimem a resposta inflamatória. Dois novos medicamentos antialérgicos atuam pela inibição da produção de leucotrienos. Há necessidade de melhores métodos terapêuticos para o tratamento das alergias. À medida que aprendemos mais sobre as propriedades dos leucotrienos e dos anticorpos IgE, talvez essa necessidade possa ser suprida. ♥ Mecanismo de ação proposto para a dessensibilização com “doses de alergia” (hipossensibilização). A. Em uma resposta alérgica normal, a exposição natural a determinado alergênio faz com que as células T auxiliares estimulem as células B, que amadurecem em plasmócitos para a produção de anticorpos IgE. Após a sua ligação aos mastócitos, uma segunda exposição ao alergênio provoca degranulação. B. A dessensibilização envolve a injeção de alergênio desnaturado. Essas injeções podem levar a tolerância, impedindo a maturação das células B em plasmócitos para produção de anticorpos IgE. A exposição ao alergênio também pode ativar as células B que amadurecem em plasmócitos produtores de anticorpos IgG (bloqueadores). Esses anticorpos IgG podem ligar-se ao alergênio que chega antes de alcançar as moléculas de IgE ligadas aos mastócitos. A formação de um complexo do alergênio com essas moléculas de IgE ligadas provoca a degranulação dos mastócitos e a liberação de histamina, de modo que o bloqueio dessa etapa constitui o elemento fundamental para prevenir uma resposta alérgica. Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! HIPERSENSIBILIDADE CITOTÓXICA (TIPO II) ♥ Na hipersensibilidade citotóxica (tipo II), os anticorpos específicos reagem contra antígenos da superfície celular interpretados como estranhos pelo sistema imune, levando à fagocitose, atividade das células natural killer (NK) ou lise mediada pelo complemento. As células às quais os anticorpos estão ligados, bem como os tecidos adjacentes, sofrem lesão em consequência da resposta inflamatória. Os antígenos que iniciam a hipersensibilidade citotóxica normalmente entram no corpo por meio de transfusões de sangue não tipado ou durante o parto de um lactente Rh-positivo de uma mãe Rh- negativa. MECANISMO DE REAÇÃO CITOTÓXICA ♥ Quando um antígeno em uma membrana plasmática é inicialmente reconhecido como estranho, as células B ficam sensibilizadas e prontas para a produção de anticorpos em caso de exposição subsequente ao antígeno. Durante as exposições subsequentes com o antígeno de superfície, os anticorpos ligam-se ao antígeno e ativam o complemento. As células fagocíticas, como os macrófagos e os neutrófilos, são atraídas para o local. Os mecanismos da hipersensibilidade do tipo II parecem ser responsáveis pelo dano tecidual nos casos de febre reumática após uma infecção estreptocócica, em determinadas doenças virais, nas reações transfusionais e na doença hemolítica do recém-nascido (incompatibilidade de Rh entre mãe e lactente). EXEMPLO ♥ As reações citotóxicas típicas de hipersensibilidade tipo II são exemplificadas pelas transfusões de sangue incompatíveis e pela doença hemolítica do recém-nascido. Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! REAÇÕES TRANSFUSIONAIS ♥ Os eritrócitos humanos normais possuem antígenos de superfície geneticamente determinados (sistemas de grupos sanguíneos) que formam a base dos diferentes tipos sanguíneos. Pode ocorrer reação transfusional quando existem antígenos e anticorpos correspondentes ao mesmo tempo no sangue do paciente. ♥ Essas reações podem ser deflagradas por qualquer antígeno de grupos sanguíneos. Iremos nos concentrar nos antígenos A e B, que determinam o sistema de grupo sanguíneo ABO. Como mostra a Tabela 19.3, quatro tipos sanguíneos – A, B, AB e O – são assim denominados com base na presença, nos eritrócitos, do antígeno A, antígeno B, ambos os antígenos A e B ou nenhum dos antígenos. Normalmente, o soro de um indivíduo não possui nenhum anticorpo IgM contra os antígenos presentes em seus próprios eritrócitos. Entretanto, se um paciente sensibilizado receber hemácias com um antígeno diferente durante uma transfusão de sangue, os anticorpos IgM causarão uma reação de hipersensibilidade do tipo II contra o antígeno estranho. As hemácias estranhas são aglutinadas (agrupadas), o complemento é ativado, e ocorre hemólise (ruptura dos eritrócitos) no interior dos vasos sanguíneos. Os sintomas de uma reação transfusional consistem em febre, pressão arterial baixa, dor lombar e torácica, náuseas e vômitos. Em geral, as reações transfusionais podem ser prevenidas por meio de cuidadosa tipagem dos antígenos de grupo sanguíneo do doador e do receptor, de modo que o tipo sanguíneo correto possa ser selecionado para a transfusão ♥ Mecanismos da hipersensibilidade citotóxica (tipo II). Os antígenos dos eritrócitos não compatíveis ligam-se habitualmente à IgM. O complemento é ativado, resultando em fagocitose ou lise subsequente dos eritrócitos. ♥ Ocorrem também reações transfusionais a outros antígenos eritrocitários, como Rh (rhesus). Entretanto, são habitualmente menos gravesdo que as reações contra antígenos A ou B estranhos, visto que as moléculas desses outros antígenos são menos numerosas. DOENÇA HEMOLÍTICA DO RECÉM-NASCIDO ♥ Outro exemplo de uma reação citotóxica é a doença hemolítica do recém-nascido, ou eritroblastose fetal. Além do grupo sanguíneo ABO, os eritrócitos podem ter antígenos Rh, assim denominados por terem sido descobertos em macacos rhesus. O sangue com antígenos Rh nos eritrócitos é denominado Rh-positivo; os eritrócitos que não têm antígenos Rh são designados como Rh-negativos. Normalmente, não há anticorpos anti-Rh no soro de indivíduos com sangue Rh-positivo ou Rh- negativo. Em consequência, é necessário haver sensibilização para que ocorra uma reação antígeno Rh-anticorpo. Normalmente, a sensibilização ocorre quando uma mulher Rh-negativa está grávida de um feto Rh-positivo, que herdou esse tipo sanguíneo do pai. O antígeno Rh fetal raramente entra na Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! circulação da mãe durante a gestação, mas pode escapar através da placenta durante o parto, aborto espontâneo ou aborto induzido. ♥ Em seguida, o sistema imune da mãe Rh-negativa torna-se sensibilizado ao antígeno Rh e pode produzir anticorpos anti-Rh se for novamente exposto ao antígeno Rh. ♥ A tipagem sanguínea cuidadosa e a compatibilidade do sangue do doador com o do receptor evitam a maioria das reações transfusionais. Os indivíduos com sangue de tipo AB podem receber com segurança uma transfusão de sangue de qualquer um dos quatro tipos sanguíneos principais. Os indivíduos com sangue tipo O podem doar com segurança o seu sangue para receptor de qualquer tipo sanguíneo. ♥ Como a sensibilização ocorre em geral por ocasião do parto, o primogênito Rh-positivo de uma mãe Rh-negativa raramente sofre de doença hemolítica. Entretanto, quando uma mãe Rh-negativa sensibilizada engravida de um segundo ou subsequente feto Rh-positivo, seus anticorpos anti-Rh atravessam a placenta e causam uma reação de hipersensibilidade do tipo II no feto. ♥ Se isso ocorrer, os eritrócitos do feto sofrem aglutinação, o complemento é ativado, e os eritrócitos são destruídos. O resultado é a doença hemolítica do recém-nascido. O lactente nasce com fígado e baço de tamanho aumentado em consequência do esforço desses órgãos para eliminar os eritrócitos danificados. ♥ A pele desses lactentes tem a cor amarelada da icterícia, devido ao excesso de bilirrubina – um produto da degradação dos eritrócitos – no sangue. Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! TRATAMENTO ♥ É possível evitar a doença hemolítica do recém-nascido administrando à mãe Rh-negativa injeções intramusculares de anticorpos IgG anti-Rh (Rhogam®) nas primeiras 72 horas após o parto. ♥ Presumivelmente, os anticorpos ligam-se aos antígenos Rh presentes nos eritrócitos do feto que passaram para a circulação materna. ♥ Esses anticorpos anti-Rh destroem os eritrócitos do feto antes que possam atuar para sensibilizar o sistema imune da mãe. ♥ É fundamental tratar todas as mães Rh-negativas após o parto, aborto espontâneo ou aborto induzido caso o feto seja Rh-positivo. ♥ Hoje em dia, anticorpos anti-Rh são frequentemente administrados a mulheres Rh-negativas durante a gravidez. Esse tratamento com 3 e 5 meses impede a sensibilização do feto caso ocorra extravasamento de antígenos fetais na circulação materna, que pode ocorrer em consequência de tosse ou espirro forte. Antes da administração preventiva de anticorpos anti-Rh, a doença hemolítica do recém-nascido ocorria em cerca de 0,5% de todas as gestações, e 12% delas resultavam em natimortos. ♥ O estágio é iniciado por uma gravidez com incompatibilidade Rh, quando a mãe é Rh– e o feto é Rh+ (que habitualmente é o caso se o pai for Rh+.) B. Os antígenos Rh podem atravessar a placenta e entrar na corrente sanguínea da mãe antes ou no decorrer do parto. Ela responde com a produção de anticorpos anti-Rh, que também podem atravessar a placenta. Mesmo que a produção de anticorpos não seja estimulada até o parto, os anticorpos resultantes persistirão na circulação materna e atacarão os eritrócitos de qualquer feto Rh+ subsequente. Para evitar essa situação, injeta-se anticorpo anti-Rh (RhoGAM®) na mãe no início da gravidez, imediatamente após o parto e em casos de aborto espontâneo ou induzido. Os anticorpos anti-Rh reduzem a exposição ao antígeno e, por conseguinte, diminuem a produção de anticorpos anti-Rh. C. Criança afetada pela doença hemolítica causada por incompatibilidade Rh. O fígado está enormemente aumentado. Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! RESUMO Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! DIRIMIR O MECANISMO DE AÇÃO DOS CORTICÓIDES E COMO FUNCIONA A CORTICOTERAPIA (TRATAMENTO PARA OS TIPOS I E II DE HIPERSENSIBILIDADE). GLICOCORTICOSTEROIDES ♥ O hormônio adenocorticotrófico (ACTH), liberado a partir da glândula adeno-hipófise em resposta ao ritmo circadiano endógeno, promove a liberação de cortisol a partir das glândulas suprarrenais. Esse hormônio desempenha papel crucial na regulação da função imunológica em todos os níveis, o que justifica o uso de fármacos glicocorticoides no tratamento da doença inflamatória. ♥ O fator liberador de corticotrofina (CRF; do inglês, corticotrophin-releasing factor) é um peptídio que estimula a liberação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH, corticotrofina) e de β-endorfina dos Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! corticotrofos, na adeno-hipófise. O CRF age em sinergia com o hormônio antidiurético (ADH; arginina-vasopressina, ver Capítulo 30), e tanto sua ação como sua liberação são inibidas pelos glicocorticoides (Figura 34.4). Preparações sintéticas são usadas para testar a capacidade da hipófise em secretar ACTH e para avaliar se a deficiência de ACTH é causada por defeito na hipófise ou no hipotálamo. Também são usadas para avaliar a função hipotalâmico-hipofisária após o tratamento da síndrome de Cushing. ♥ Os principais agentes para tratamento da inflamação da pele são os glicocorticoides. Estes fármacos são amplamente usados para tratar psoríase e eczema e suprimir prurido. ♥ Não surpreende que seus efeitos anti-inflamatórios sejam complexos, considerando que os glicocorticoides modificam a expressão de muitos genes (aproximadamente 1% do genoma total é afetado) e que a extensão e a direção da regulação variam entre tecidos e mesmo entre momentos diferentes durante a doença. ♥ As ações sobre as células inflamatórias incluem: ♥ Menor saída de neutrófilos dos vasos sanguíneos e redução da ativação de neutrófilos, macrófagos e mastócitos, seguida de redução da transcrição gênica de fatores de adesão celular e citocinas Hipersensibilidade Tipo I e II Aniélly Guimarães Módulo V / Problema V Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado! ♥ Redução geral da ativação de células T-helper (Th), redução da ♥ expansão clonal das células T, e “troca” da resposta imune do tipo ♥ Th1 para Th2 (ver Capítulo 7) ♥ Redução da função dos fibroblastos, menor produção de colágeno e glicosaminoglicanos e, em algumas circunstâncias, diminuição da cicatrização e reparo. ♥ As ações nos mediadores das respostas inflamatória e imune incluem: ♥ Produção diminuída de prostanoides por meio da expressão reduzidade ciclo-oxigenase II e supressão da liberação de substrato de ácido araquidônico ♥ Produção reduzida de várias citocinas, incluindo IL-1, IL-2, IL-3, IL-4, IL-5, IL-6, IL-8, TNF-α, fatores de adesão celular e GMCSF, em grande parte devido à inibição da transcrição gênica ♥ Redução da concentração de componentes do complemento no plasma ♥ Produção diminuída de óxido nítrico pela isoforma induzida da sintetase 2 do óxido nítrico (NOS2) ♥ Redução da liberação de histamina e de outros mediadores pelos basófilos ♥ Redução da produção de imunoglobulina G (IgG) ♥ Síntese aumentada de fatores anti-inflamatórios, como IL-10, ♥ receptor solúvel de IL-1 e anexina-1. ♥ Os glicocorticoides anti-inflamatórios endógenos circulam constantemente no sangue e estão aumentados durante os episódios inflamatórios, ou mesmo por antecipação a um evento estressante. ♥ Munck et al. (1984) sugerem que as ações anti-inflamatórias e imunossupressoras dos glicocorticoides endógenos tenham um papel crucial contrarregulatório, pois previnem a ativação excessiva da inflamação e de outras reações poderosas de defesa que poderiam, se descontroladas, ameaçar a homeostase. ♥ Certamente, essa visão surgiu de trabalhos experimentais. Se, por um lado, esses fármacos têm grande valor no tratamento de condições caracterizadas por hipersensibilidade e inflamação indesejada, por outro lado, correm o risco de suprimir as mesmas reações de defesa que nos protegem de infecções e outros insultos. OBJETIVOS Elucidar os mecanimos de agressão e defesa; Entender como desencadeia a hipersensibilidade; Compreender os mecanismos fisiopatológicos e imunológicos das hipersensibilidades do tipo I e II; Dirimir o mecanismo de ação dos corticóides e como funciona a corticoterapia (tratamento para os tipos I e II de hipersensibilidade). Elucidar os mecanimos de agressão e defesa Entender como desencadeia a hipersensibilidade Compreender os mecanismos fisiopatológicos e imunológicos das hipersensibilidades do tipo I e II HIPERSENSIBILIDADE IMEDIATA (TIPO I) ALERGÊNIOS MECANISMOS DA HIPERSENSIBILIDADE IMEDIATA Os mastócitos e basófilos sensibilizados agora estão preparados para produzir uma resposta química maciça a uma segunda exposição ao mesmo alergênio. Embora a dose sensibilizante (primeira dose) de um alergênio possa ser bastante alta, a dose deflagra... ANAFILAXIA LOCALIZADA ANAFILAXIA GENERALIZADA TRATAMENTO DAS ALERGIAS HIPERSENSIBILIDADE CITOTÓXICA (TIPO II) mecanismo de reação citotóxica EXEMPLO Reações transfusionais Doença hemolítica do recém-nascido tratamento resumo Dirimir o mecanismo de ação dos corticóides e como funciona a corticoterapia (tratamento para os tipos I e II de hipersensibilidade). GLICOCORTICOSTEROIDES
Compartilhar