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Texto II - Egito - Guimaraes - Copy

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Pedro Paulino Guimarães 
Configuração Urbana 
Evolução, Avaliação, 
Planejamento e Urbanização 
UNIVERSIDADE 
P-OSITIVO 
Biblioteca 
PRO 
LIVROS 
CONFIGURAÇÃO URBANA Pedro Paulino Guimarães 
Configuração Urbana: 
Evolução, Avaliação, Planejamento e Urbanização 
© Pedro Paulino Guimarães 
© Prolivros, 2004 
Autor: Pedro Paulino Guimarães 
Revisão: Gustavo de Veiga Guimarães 
Ana Maria Flores 
Diagramação, digitalização das ilustrações e editoração eletrônica de imagens: CR2 Design 
Carlos Artêncio 
Paula Sattamini 
Patrícia Augusta de Moraes Varzakakos 
Impressão, fotolitos e acabamento: BookRJ 
Edição: Prolivros 
Ano da edição: 2004 
Distribuição: Prolivros Ltda. 
atendimento@prolivros.com.br 
www.prolivros.com.br 
Ficha Catalográfica 
-02-9 
GUIMARÃES, Pedro Paulino. Configuração urbana: evolução, 
avaliação, planejamento e urbanização. São Paulo: Prolivros, 2004. 
260 p.il. 
Planejamento urbano. 2. Urbanização. 3. Áreas metropolitanas. 
4. Cidades. 5. Estruturas urbanas. 6. Paisagem urbana. 
7. Planejamento sócio-econômico. 8. Planos di retores. 
9. Zoneamento. 1. Título 
ISBN 85-98277 
C S: 6o 888 
-A 
00 
CDD (18a. ed.) 711 .4 
CDU (FID n°. 316) 711.4 
PHA (3a. Ed) G98 
UNIVERSIDADE 
POSJ. 
; Bibliotecária Tatiana Douchkin CRB 8/ 
Capitulo 1 
O SURGIMENTO DAS CIDADES 
Inicialmente apareceu o bando de caça. Depois, surgiu a aldeia 
e finalmente, a cidade. 
Foi na África, há 4 ou 5 milhões de anos, que surgiu o "aus-
tralopithecus", considerado o mais antigo hominida conhecido. 
Também na África, há 1,6 milhão de anos, desenvolveu-se o nosso 
ancestral mais próximo, o "homo erectus", que se dispersou pela Ásia 
(homem de Pequim e Java) e Europa, onde seus fósseis e artefatos 
foram encontrados. 
O processo de transição dos homens primitivos para o "homo 
sapiens sapiens" (homem moderno), supostamente, também 
começou no continente africano, por volta de 100.000 anos atrás 
(período paleolítico, idade da pedra lascada). 
Durante a era glacial, o nível do mar era mais baixo do que hoje 
e os continentes e ilhas interligados facilitavam a dispersão do homem. 
Assim, ha 40.000 anos, o homem havia já colonizado a Europa, o 
Oriente Médio, o sul da Ásia, a Nova Guiné e a Austrália. Entre 11.000 
c 14.000 anos,· pioneiros asiáticos também supostamente cruzaram o 
estreito de Bhering, iniciando a ocupação do novo mundo. 
Os fatores mais fortes que influíram na conformação da 
natureza do homem (além de certa predisposição para a vida social) 
Gravuras e esculturas da época paleolítica 
Fonte: H. G. Wells 
foram o meio ambiente hostil (em vista da alternância de períodos 
secos e úrrúdos) , a era glacial (entre 100.000 a 80.000 anos atrás), a 
força dos predadores e a escassez de presas fáceis. À medida que o 
homem evoluía, com base no domínio do fogo e na invenção de ferra-
mentas e projetis (arco e flecha), o advento do planejamento e da caça 
cooperativa, perrrútiu-lhe um crescente controle sobre o meio ambi-
ente natural. Daí em diante, o objeto predominante da evolução, foi o 
próprio homem, que devia adaptar-se aos outros, lidando com os vizi-
nhos, ajudando-os, ignorando-os, explorando-os, ou mesmo elimi-
nando-os. 
Há 10.000 anos atrás , a população do mundo girava entre 5 a 
8 milhões de habitantes que vagavam em bandos de caça de não mais 
que cinqüenta pessoas. Enquanto os homens caçavam e pescavam, as 
mulheres colhiam frutos e raízes. Abrigavam-se em cavernas ou con-
struções provisórias - geralmente feitas de galhos, folhas e peles, onde 
permaneciam enquanto houvesse caça e pesca (mesolítico, entre pale-
olítico e neolítico). 
Pintura em cores da época paleolítica, caverna de Alta mira 
Fonte: H. G. Wells 
CONFIGURAÇÃO URBANA Pedro Paulino Guimarães 7 
Ferramentas e armas da época neolítica 
Fonte: H. G. Wells 
Os povos primitivos demonstravam acentuada predileção pela 
curva na construção e disposição de suas moradias. Nota-se que são 
cônicas as habitações nas savanas africanas, serni-esféricos os iglus 
dos esquimós e dispostas em círculo as tendas (tipis) dos índios da 
Amazônia e das planícies norte-americanas. O planejamento do primi-
Tenda de índio da tribo "Crow" (planície) e da tribo "Chippewa" (floresta) 
Fonte: Talbolt Hamlin "Archictecture Through the Ages" 
Abrigos de árvores, galhos e folhas 
Fonte: Villet-le-Duc 
tivo fundamentava-se em conceitos religiosos e práticos. A forma iden-
tificava o movimento circular da renovação da vida e o centro era o 
lugar sagrado dos rituais. O sentido prático estava relacionado à pro-
teção das comunidades, circundadas com cercas ou paliçadas. 
Maloca no Alto Xingu. Habitação comunal feita de galhos e palha 
Fonte: Maureen Bisilat 
Restauração de aldeia em Aichbühl. 
Origem de muitas aldeias européias 
alinhadas informalmente ao longo de 
uma rua (mesolítico) 
Fonte: H. Reinerth - • Hêfus und hof in 
Nordischen Raum" 
8 CONFIGURAÇÃO URBANA Pedro Paulino Guimarães 
A despeito da configuração fonnal, eram as relações sociais, 
baseadas no parentesco, o fator determinante na localização das 
habitações. o> 
As sociedades primitivas opunham-se ao poder arbitrário de 
wn único indivíduo, e estimulavam a cooperação em lugar da com-
petição. O planejamento, nesses grupos, diversamente do que viria a 
Hans Staden entre os Tupinambás - 1554 
Aldeias dos Índios Tupinambás 
"Poucas aldeias contam mais do que sete cabanas. Entre 
estas deixam eles um pátio livre, em que matam os seus pri-
sioneiros. Gostam de rodear suas choças com uma fortificação a 
saber: levantam em volta delas uma estacada de troncos de 
palmeira rachados. Esta cerca, de mais ou menos braça e meia de 
altura,jazem-na tão cerrada, que nenhuma flecha pode atravessá-
la. Porém, aí tem pequenos buracos pelos quais atiram. Em torno 
desta estacada outro, mas a uma distância pela qual não pode pas-
sar um homem. Entre alguns selvagens é uso espetar a cabeça dos 
inimigos devorados sobre as estacas à entrada da cabana". 
Transcrito do relato de Hans Staden em "Duas viagens ao Brasil", publicado em 
20 de junho de 1556. 
Staden foi prisioneiro dos Tupinambás durante 9 meses, em 1554. 
A aldeia agrícola 
A revolução agrícola teve início aproximadamente em 8.000 
a.C., durante a era neolítica (pré-história, antes da escrita) ou Nova 
Idade da Pedra (pedra polida). Com a domesticação de animais e o 
suceder em culturas mais adiantadas, tendia para o consenso. Devido 
à necessidade de um amplo acordo coletivo, as soluções escolhidas 
eram predominantemente tradicionais, isto é, repetitivas, por 
basearem-se em crenças e noções estabelecidas e consolidadas por 
seus ancestrais. As inovações ocorriam portanto muito lentamente, o 
que se pode em parte atribuir à falta de desafio ao sistema dominante. 
domínio da técnica do cultivo de grãos, tornou-se o homem produtor 
(e pastor) e não só coletor de alimentos. Assegurada sua alimentação, 
podia ele estabelecer-se em aldeias permanentes, o que favorecia o 
aumento da natalidade e reduzia a mortalidade irtfantil. Como o culti-
vo de um pedaço de terra fértil , assegurava o sustento de 20 a 200 
vezes mais agricultores do que caçadores e, as populações agrícolas 
multiplicavam-se rapidamente. As casas substituíram, então, os abri-
gos primitivos. Eram construídas utilizando o material local: pedra ao 
longo da costa rochosa do Mediterrâneo, madeira nas florestas do 
norte da Europa e adobe nas planícies lamacentas do Eufrates. 
As primeiras aldeias agrícolas permanentes da humanidade 
supostamente surgiram nas colinas e montanhas ao norte do deserto 
da Arábia (atual sudeste da 1\.Jrquia) . Lá existiam animais e plantas, 
que favoreceram a fixação do homem no campo. Eram o boi, a cabra, 
a ovelha, o porco, o trigo, a cevada e o figo. O cacho,rro já fora domes-
ticado ao tempo da coleta de alimentos. No nordeste da África, o 
homem domesticou o gato e o asno; o cavalo no leste da Europa; o 
camelo no sudeste da Ásia; o elefante e a galinha na Índia; a rena na 
Sibéria e a lhama na Américado Sul. 
CONFIGURAÇÃO URBANA Pedro Paulino Guimarães 9 
Durante esses milênios, o homem - ou mais provavelmente a 
mulher - foi descobrindo e cultivando novos alimentos: o arroz, o 
milho, a uva, a batata entre outros. 
Inicialmente as aldeias agrícolas espalharam-se lentamente a 
partir das montanhas de onde surgiram, chegando ao Egito (oeste) e 
à Índia (leste). 
Em algumas regiões, os bandos de caça deram lugar aos pas-
tores e aos "povos montados" principalmente a cavalo, que con-
tribuíram na evolução de povos como os da Grécia e os mongóis, que 
conquistaram quase toda a Ásia (China, norte da Índia, Pérsia, 
Mesopotâmia, 1\trquia e Rússia central) e o leste da Europa, até atin-
gir a atual Hungria. <z> 
As primeiras cidades 
Por volta de 4.000 a.C., algumas aldeias desenvolveram-se, 
transformando-se em cidades (início do período histórico). Isso ocor-
reu no Egito e ao leste das montanhas da Suméria, hoje conhecida 
como Iraque, onde correm os rios Tigre e Eufrates. Lá surgiram as 
primeiras cidades conhecidas: Nipur, Isin, Churupak, Uruc e Ur. Essa 
civilização espalhou-se em direção ao norte, para o centro do atual 
Iraque (Babilônia) e, posteriormente, ainda mais ao norte (Assíria). 
Isso foi possível com o surgimento de utensílios fundamentais, da met-
alurgia (bronze), da roda, da carroça puxada por bois e dos barcos a 
remo e à vela. G.2., 
O surgimento das cidades na Suméria está presumivelmente vin-
culado à irrigação. A irrigação só poderia ser mantida através de uma 
elevada organização comunal, geralmente ultrapassando a esfera 
operacional da aldeia comum. Isso garantiu a abundância alimentar, 
possível pela rica produção no fértil solo aluvial. A produção de ali-
mentos, excedendo as necessidades, liberava parte da população para 
outras ocupações, criando assim uma sociedade diversificada, porém 
estratificada e desintegrando a sociedade tribal. 
A cidade não era simplesmente uma aldeia em escala maior. 
Uma aldeia não podia crescer indefinidamente, pois decorrido um 
certo tempo, abrigaria mais agricultores que o necessário. Os últimos 
a chegar teriam que andar tão longe para cultivar seu campo, que mais 
conveniente seria fundar uma nova aldeia. As cidades, por sua vez, 
podiam crescer cem vezes o tamanho de uma aldeia, precisamente 
porque a maioria de seus habitantes não era composta de agricultores 
e sim de especialistas, que asseguravam seu sustento por outros 
meios. Forneciam artigos e serviços que os agricultores trocavam por 
alimentos. Do ponto de vista econômico, a cidade era o estabeleci-
mento humano onde, em lugar da agricultura, os habitantes tiravam 
seu sustento do comércio, da fabricação de artefatos e da prestação de 
serviços religiosos, de proteção militar e outros. 
Muito desconhecemos sobre o nascimento das primeiras 
cidades, uma vez que os sumérios não legaram documentos escritos. 
Podemos, no entanto, com base no resultado de escavações das sua~ 
ruínas, relacionar as descobertas com o conhecimento acerca da for-
mação das cidades em tempos posteriores e formular algumas hipóte-
ses plausíveis. 
Por vezes, uma aldeia crescia até tornar-se uma cidade, à medi-
da em que um certo número de especialistas nela se estabelecesse. 
Outras vezes, a cidade surgia a partir de um centro cerimonial, um 
santuário, um templo ou cemitério, como as pirâmides do Egito. Como 
aponta Lewis Mumford, "a cidade dos mortos antecede a cidade dos 
vivos". Qualquer que fosse o local de uma reunião religiosa, os com-
erciantes lá se estabeleciam, para vender ou trocar mercadorias, 
porém, o núcleo da cidade era a fortificação ou o casteloY> 
a tua I 
Monumento funerário Celta 
Pirâmides de Gizeh, Egito 
reconstituição ,-=---, .. ---.. ' , ,.. .. ... ' 
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Fonte: L Gaihabaud- "Monuments Anciens et Modernes" 
Para Lewis Mumfotd, a característica mais importante da cidade 
primitiva era servir simbolicamente de morada a um Deus poderoso. 
Sem o poder sagrado que habitava o castelo ou o templo, a cidade não 
tinha propósito nem sentido. A partir do momento em que esse poder 
era estabelecido pelo rei e era unificado o comportamento da comu-
nidade por meio de leis, a vida prosperava. Sem a força religiosa da 
10 CONFIGURAÇÃO URBANA Pedro Paulino Guimarães 
cidade, as muralhas que a protegiam não bastariam para moldar o 
caráter nem disciplinar as atividades de seus habitantes. Sem a religião 
e as vantagens cconômicas, a cidade murada tomava-se uma prisão. As 
cidades primitivas desenvolveram, assim, uma concentração de 
comando semelhante à de um navio. Os moradores estavam todos "no 
mesmo barco" e aprendiam a confiar no "capitão", obedecendo 
prontamente a suas ordens.(~ 
Fatores de localização das cidades 
Muitas vezes a fortificação ou núcleo da cidade era localizado 
no topo de um monte ou penhasco, como em Atenas e Siena, ou numa 
ilha, como em Paris e Estocolmo. Um promontório, uma península ou 
a parte interna de uma curva fechada de um rio eram outros lugares 
escolhidos pela proteção que ofereciam. As cidades também emergiam 
de um centro comercial, onde os agricultores se juntavam para as 
feiras periódicas ou onde as mercadorias eram transferidas de um 
meio de transporte para outro. Viena por exemplo, está localizada no 
cruzamento de várias vias de comércio. Palmira, no deserto da Síria, 
floresceu porque era o local conveniente para o descanso de cara-
vanas. Outro ponto favorável eram as margens de um rio importante, 
como em Roterdã, Nova York e Shangai ou locais a jusante de um rio, 
onde uma ponte pudesse ser erguida, como em Roma e Londres. 
Um fator primordial para a localização das cidades é o trans-
porte. A maioria das cidades da Mesopotâmia e do Egito for.un locali-
zadas junto a rios navegáveis, como o Tigre, o Eufrates e o Nilo. 
Posteriormente, as cidades também se expandirdJTI junto ao mar, no 
início ao longo da bacia do Mediterrâneo e Golfo Pérsico. 
A extensa e contínua expansão de cidades (civilizações) propi-
ciou a difusão de diferentes tecnologias com relativa facilidade, de 
maneir.t que novas idéias não tiveram que ser reinventadas por cada 
nova civilização emergente, como supostamente ocorreu nas 
Américas. m 
O estabelecimento das cidades dependia de sua localização 
estratégica, ao passo que de sua situação geral - a paisagem regional 
circunvizinha e conexões com o resto do mundo - resultavam fatores 
de progressão e crescimento. 
Estrutura social e administrativa das 
cidades primitivas 
As primeiras cidades eram geralmente unidades políticas inde-
pendentes, como cidade~tado, baseadas em uma organização fami-
liar de clã ou tribo. Seus integrantes formavam associações de caráter 
restrito, moldadas em estruturas de consangüinidade, fechadas a 
quem não pertencesse à confederação das famílias, isto é, a plebeus e 
estrangeiros. (s> 
As cidades-estado dominavam extensas áreas de-terra à sua volta 
para alimentar sua população, e administravam os seus negócios 
como nações independentes. 
Divididas entre si, as cidades--estado acabavam por ser conquis-
tadas por vizinhos ou invasores estrangeiros. Desde os primórdios da 
história, as cidades conviveram tragicamente com os ciclos de vida e 
morte, de construção e destruição. A cidade, como símbolo do orgu-
lho cívico e sede da riqueza e do poder, situava-se no centro da dis-
puta pela dominação política. Quem a ela não pertencesse representa-
va a imagem de poder opressor. Nos anais dos povos do antigo Oriente 
Médio, reis e chefes de estado jactavam-se pela criação de suas 
cidades e pela aniquilação das cidades conquistadas. A ascensão dos 
hebreus foi marcada pela captura das cidades de Canaã, como Jericó. 
" ... e tomaram a cidade, e matardJTI a todos os que nela encontraram, 
desde os homens até as mulheres, e desde as crianças até os velhos, 
passaram também ao fio da espada bois, e ovelhas e jumentos.... e 
puseram fogo à cidade e a tudo o que se achou nela, à exceção do 
ouro e da prata, dos vasos de bronze e de ferro (Bíblia Sagrada; Josué 
- 6:20-24). Babilônia, a maior cidade da antigüidade, chegando a ter 
mais de meio milhão de habitantes, foi inúmeras vezes destruída e 
reconstruída, devido à sua importância como centro religioso. 
N 
t 
Babilônia - planta geral 
CONFIGURAÇÃO URBANA Pedro Paulino Guimarães 11 
Com o surgimento de grandes reinos e impérios na Suméria, 
por volta de 3.000 a.C., as cidades alcançaram nova dimensão. Cada 
rei vivia num palácio-fortaleza, ocupando-se da corte, de seus fun-
cionários e de seu exército. Essas pessoas, que para ele trabalhavam 
em tempo integral, eram por outras servidas com bens e serviços. Para 
honrar os deuses e o poderoso sacerdócio, o rei construía templos 
imponentes, o que por sua vez requeria mais gente para construí-los, 
mantê-los e servir aos deuses, aumentando ainda mais a demanda de 
bens e serviços. Essa cadeia humana de dependência tornava a cidade-
estado cada vez maior e mais complexa. Ol 
Para guardar os bens (parte da colheita) subtraídos mediante 
impostos de seus súditos e vassalos, os reis cercavam as cidades com 
muralhas e construíam depósitos e armazéns, além de contratar 
homens para guardar e administrar suas riquezas. A escrita e a arit-
mética foram presumivelmente inventadas pelos administradores para 
contabilizar esses tesouros. 
De todas as inovações, a construção das muralhas foi uma das 
mais importantes. Sem elas o homem não teria alcançado o estágio 
cultural que lhe permitisse construir cidades. As muralhas signifi-
cavam proteção e .segurança, favorecendo o crescimento natural da 
população c a acolhida de migrantes; somente eram dispensadas onde 
e quando inexistissem conflitos regionais (como cm Creta). 
O mundo antigo, até onde podemos reconstruí-lo, apresentava 
uma mesma estmtura social. No Egito, em Creta, ou na Mesopotâmia, 
conforme períodos da história, encontramos as mesmas condições 
sociais: um déspota reinante, cujos caprichos e paixões eram os 
fatores determinantes do estado; os guerreiros como casta dominante; 
uma grande organização sacerdotal com influência sobre o estado e à 
qual era destinado o exercício intelectual (a escrita e a medicina); e, 
finalmente, uma população miserável e subjugada. 
Habitação e configuração 
À medida que as riquezas se acumulavam, as casas tornavam-se 
maiores. A casa e o palácio com pátio surgiram na faixa quente c seca 
(semidesértica), que se estende desde o Marrocos até o oeste da Índia. 
Cidade de Ur na época de Abraão 
1900 a 2100 a.C. 
.... 
• 
r• 
O pátio tomou a forma de um quadrado ou retângulo com o centro Corte e planta de uma habitação 
vazio, representando um muro cego para o mundo externo. Todos os 
quartos abriam para o pátio descoberto. Essas casas e palácios permi-
tiam aos moradores desfrutar do contato do exterior, enquanto preser-
vavam sua segurança e privacidade contra a visão de estranhos. Outra 
característica era o uso do terraço como aposento durante o anoite-
cer. As escavações arqueológicas de Ur (2.000 a.C.) ilustram o con-
forto das habitações existentes em algumas cidades antigas. 
Grupo de casas com pátio 
12 CONFIGURAÇÃO URBANA Pedro Paulino Guimarães 
~ 
• 
11111111111 
o',,_ • ,-..., 
Área residencial em Ur 
Fonte: Leonardo Benevolo1'll 
Os palácios, os templos c as principais moradias apresentavam 
forte configuração geométrica e simetria-axial. No entanto, se havia 
um conceito de planejamento, esse era restrito às unidades individu-
ais dos edifícios, uma vez que inexistia um plano pré-definido para as 
cidades. 
Habitação simples incluindo horta, latrina e galinheiro- Egito 
Fonte: Viollet-le-Duc 
Apesar da grande variedade na configmação urhana, três ele-
mentos eram constantes e se sobressaíam nas cidades da Mesopotâmia 
e do Egito: o esplendor dos templos e dos palácios reais e a avenida 
monumental, cenário para desfiles triunfais e cortejos religiosos. 
CONFIGURAÇÃO URBANA Pedro Paulino Guimarães 13 
/ 
Palacio de monarca egípcio 
Fonte: Viollet-le-Duc 
Civilização e comunidade urbana 
A civilização urbana teve seu inicio na Suméria, entre 4.000 e 
3.000 a.C., surgindo concomitantemente no Egito e onde é hoje o 
Paquistão. Apareceu depois na China e em torno do Mediterrâneo. 
Despertou no México, na Guatemala e no Peru pouco antes da 
era Cristã. 
Os centros de civilização do Velho Mundo eram interligados, 
influenciando-se mutuamente. Por outro lado, o que teria influencia-
do o aparecimento das civilizações do Novo Mundo, na América do Sul 
e América Central permanece desconhecido. É provável, contudo, que 
os centros de civilização da América Central e dos Andes tenham surgi-
do independentemente um do outro. 
Que condições influíram no desenvolvimento de um alto nível 
de civilização? Por que determinadas civilizações progrediram, algu-
mas paralisaram ao atingir certo estágio e outras permaneceram no 
primitivo?. O homem pode adaptar-se a quase todos os ambientes na-
turais. A civilização, porém, só se desenvolveu numa estreita faixa, nos 
limites de circunstâncias geográficas específicas. Toynbee argumenta 
que as civilizações surgiram em ambientes difíceis, onde a vida não era 
Bairro operário junto à necrópole - Pirâmide de Sesostris (1879-1897 a.C.) 
Casa típica - Planta 
1. Rua, 2. Saguão, 3. Sala de estar. 4. Quarto 
fácil, nem muito hostil. Onde a vida era muito fácil faltava motivação, 
e onde era muito hostil todo esforço era concentrado na sobrevivência 
imediata. (6) 
A vida na cidade sofreu grandes mudanças ao longo dos sécu-
los. Algumas características, porém, permanecem. As cidades foram o 
berço das artes e das ciências. Quase todas ac; invenções e descober-
tas estiveram a cargo de homens urbanos. As cidades, por outro lado, 
foram também fonte de progresso e de transformações. O homem 
urbano acabaria por adquirir o gosto por mudanças, sejam de valores 
permanentes ou transitórios (moda). A cidade introduziu segregação 
de classe e, na opinião de Munford, também a falta de sentimentos afe-
tivos e a insensibilidade, a dissimulação, o controle autoritário e a vio-
lência extremada <4l 
A cidade não é boa ou má, apresentando tendências contra-
ditórias. A cidade propiciou o surgimento de grandes impérios e tam-
bém contribuiu para a sua queda Patrocina a ciência e o progresso, 
alimentando, porém, o crime e a corrupção. Sem ela, não haveria dvi-
lização, q~e não é uma questão de virtude, mas de poder. <7> 
14 CONFIGURAÇÃO URBANA Pedro Paulino Guimarães 
Palácio de Sargon 11 em Korsabad (restauração) 
Jardins Suspensos Da Babilônia 
restauração: J. Lacam 
Jardins Suspensos Da Babilônia 
CONFIGURAÇÃO URBANA Pedro Paulino Guimarães 15 
Pirâmide de Guizeh, Egito 
16 CONFIGURAÇÃO URBANA Pedro Paulino Guimarães 
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