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Semiologia I - Exame físico geral Rafaela Pelloi Exame físico geral ● O exame físico geralmente começa após as queixas e a história do paciente terem sido documentadas na anamnese ● O paciente deve ser examinado nas posições de decúbito, sentada, de pé e andando ● 1º sentado → 2º deitado → 3º em pé. Pre����ção p��� o ���me �ísi�� ● Ajuste a luz do ambiente ● Separe equipamentos necessários ● Garanta vestimenta adequada do paciente e garanta privacidade do paciente ● Exponha somente as áreas do corpo que serão examinadas no momento → privacidade ● FIQUE SEMPRE À DIREITA DO PACIENTE ● Higienize as mãos antes e após o exame Aspectos qualitativos do Exame físico geral 1. As�e�t� ���al - Es�a�� g��a� ● É uma avaliação subjetiva com base no conjunto de dados exibidos pelo paciente e interpretados de acordo com a experiência de cada um. Em outras palavras, é o que aparenta o paciente, visto em sua totalidade. ● O que você vê na entrada do consultório? ➢ Estado geral bom ➢ Estado geral regular ➢ Estado geral ruim 2. Níve� �� c���ciên�i� ● Consciente (responsivo). ● Sonolento (quando não requisitado, dorme). ● Obnubilado (sonolento + desorientado). ● Torporoso ou Estupor (somente abre os olhos com estímulo doloroso). ● Coma Superficial ● Coma Profundo ● Coma com Decorticação ● Coma com Descerebração Semiologia I - Exame físico geral Rafaela Pelloi 3. Fal� � �i�g���e� ● Disfonia ou afonia: alteração do timbre da voz ● Dislalia: distúrbio no ritmo da fala ● Disartria: decorre de alterações dos músculos da fonação, incoordenação cerebral, hipertonia ou perda de controle piramidal (paralisia pseudobulbar). ● Disfasia: perturbação na elaboração cortical da fala, pode ser sensorial ou de expressão motora. ● Disgrafia: perda da capacidade de escrever ● Dislexia: perda da capacidade de ler 4. Ava���ção d� ���ad� �� �id����ção ● Hidratado ou desidratado (classificar 1+ até 4+) ● Avaliar: Mucosa oral; Globo ocular; Tugor da pele (face interna) e Quantidade de urina ● Estado de hidratação normal: a pele possui boa elasticidade e com leve grau de umidade, as mucosas são úmidas, não há alterações oculares nem perda abrupta de peso. No caso de crianças, as fontanelas são planas e normotensas e o peso mantém curva ascendente; a criança se apresenta alegre e comunicativa. ● Desidratação: ➢ ↓turgor cutâneo: ao puxar a pele e ela demora a voltar ao normal quando desidratado ➢ elasticidade cutânea: quanto ↑elástica, ↓ hidratado ➢ umidade cutânea: quanto mais áspera, ↓hidratado ➢ mucosas secas, olhos com enoftalmia (fundos) ➢ fontanelas: deprimidas (em crianças. 5. Ava���ção d� ���ad� �� �ut��ção ● É um processo dinâmico, feito por meio de comparações entre os dados obtidos no paciente e os padrões de referência ● Obesidade ou sobrepeso: designação clínica para o excesso de peso decorrente do acúmulo de gordura ● Hiponutrição ou desnutrição: condição na qual o peso está abaixo dos valores mínimos normais → Pele seca e rugosa; Pêlos e cabelos mudam de cor, se tornam finos,secos e quebradiços; Olhos com aspecto de sequidão da conjuntiva, perda do reflexo da luz, falta ou diminuição de lágrimas. ➢ Desnutrição de 111 grau: déficit de peso superior a 10% ➢ Desnutrição de 211 grau: déficit de peso superior a 25% ➢ Desnutrição de 311 grau: déficit de peso superior a 40%. Semiologia I - Exame físico geral Rafaela Pelloi Desnutrição infantil MARASMO KWASHIORKOR Caracterização Desnutrição energética (calorias) Desnutrição predominante protéica. Idade Lactente (menores de 2 anos) Lactentes mais velhos e crianças novas (1 a 3 anos) Causa Grave privação ou absorção prejudicada de proteína, energia, vitaminas e minerais Ingestão inadequada de proteína ou, mais comumente, infecções Crescimento Alteração do crescimento Alteração/retardo no crescimento Perda de peso/músculo Perda severa de peso e perda acentuada de músculo (permite visualização de ossos) - Peso corporal menor que 60% do ideal para a idade; Perda acentuada de peso, ocorre atrofia muscular e tecido gorduroso preservado. Edema Ausência Presença 7. Des����l�i��n�� �ísi�� ● Desenvolvimento normal ● Hiperdesenvolvimento → gigantismo. ● Hipodesenvolvimento → nanismo ➢ Todavia, não são condições absolutamente iguais, havendo entre uns e outros diferenças de grau e qualidade. ● Hábito grácil → corresponde à constituição corporal frágil e delgada, caracterizada por ossatura fina, musculatura pouco desenvolvida, juntamente com uma altura e um peso abaixo dos níveis normais. ● Infantilismo Imagem 1. Acromegalia/ Imagem 2. Cretinismo Semiologia I - Exame físico geral Rafaela Pelloi 8. Fáci�� Mongoloide Síndrome de Down → dobras epicantais; língua grande. Acromegálica Queixo proeminente; cristas supraorbitais. Cushingóide Doença de Cushing - excesso de uso de corticoide → Fácies em lua cheia. Hipocrática Estado terminal → olhos fundos, têmporas colapsadas; nariz afilado com crostas nos lábios; testa úmida. Mixedematosa (hipotireoidismo) Inchada; falta de expressão; espessamento da pele; cabelos finos; perda do terço externo das sobrancelhas. Leonina - Hanseníase Pele espessa, super cílios e sobrancelhas caem Semiologia I - Exame físico geral Rafaela Pelloi Fácies basedowiana Hipertireoidismo - olhos são salientes (exoftalmia) e brilhantes, destacando-se sobremaneira no rosto magro Fácies de múmia Fácies de esclerodermia - pele esticada, mas com pregas no lábio. Fácies de depressão Cabisbaixo, os olhos com pouco brilho e fixos em um ponto distante. Renal Edema periorbital, palidez cutânea, equimose, hematomas. Adenoideana Nariz pequeno e afilado, boca entreaberta, portadores de hipertrofia de adenóide. Estenose mitral Rubor malar Fácies lúpica (Lúpus) Asa de borboleta avermelhada Parkinsoniana Sem expressão; ato de piscar infrequente; a cabeça inclina-se um pouco para frente e permanece imóvel nessa posição. Paralisia facial periférica Assimetria da face; Impossibilidade de fechar as pálpebras; Repuxamento da boca. Semiologia I - Exame físico geral Rafaela Pelloi Pseudobulbar Súbitas crises de choro ou riso, involuntárias dando um aspecto espasmódico à fácies. Miastênica (fácies de Hutchinson) Ptose palpebral bilateral que obriga o paciente a franzir a testa e levantar a cabeça. Etílica Olhos avermelhados e certa ruborização da face.. 9. Ati���� e d��úbi�� �r��e��d� �o ���to Atitudes voluntárias ● Ortopénica → o paciente adota essa posição para aliviar a falta de ar decorrente de insuficiência cardíaca, asma brônquica e ascites volumosas. ➢ Ele permanece sentado à beira do leito com os pés no chão ou em uma banqueta, e as mãos apoiadas no colchão para melhorar um pouco a respiração, que se faz com dificuldade. ● Genupeitoral "prece maometana" → derrame pericárdico ➢ O paciente posiciona-se de joelhos com o tronco fletido sobre as coxas, enquanto a face anterior do tórax (peito) põe-se em contato com o solo ou colchão. ● Cócoras → crianças com cardiopatia congênita cianótica. ➢ Ela proporciona algum alívio da hipoxia generalizada, que acompanha essas cardiopatias, em decorrência da diminuição do retorno venoso para o coração ● Parkinsoniana → doença de Parkinson ➢ Ao se pôr de pé, apresenta semiflexão da cabeça, tronco e membros inferiores e, ao caminhar, parece estar correndo atrás do seu próprio eixo de gravidade ● Decúbito Lateral (direito e esquerda): dor de origem pleurítica – ele se deita sobre o lado da dor ● Decúbito dorsal: pernas fletidas sobre as coxas – processos inflamatórios pelviperitonais. ● Decúbito ventral: cólica intestinal. ● Semiologia I - Exame físico geral Rafaela Pelloi Atitudes involuntárias ● Passiva: paciente fica na posição em que é colocado no leito (coma) ● Ortótono: todo tronco e membros estão rígidos. ● Opistótono: contratura da musculatura lombar, o corpo passa a se apoiar na cabeça e calcanhares → observada nos casos de tétano e meningite. ● Emprostótono: O paciente forma uma concavidade voltada para cima. Observada em casos detétano, meningite e na raiva. ● Pleurotótono: o corpo se curva lateralmente. ● Posição em gatilho: contratura dos músculos da nuca, tronco ligeiramente arqueado e perna fletida → Encontrada na irritação meníngea ● Torcicolo: atitude involuntária de um segmento do corpo. ● Mão pêndula da paralisia radial Movimentos involuntários ● Tremores – ex.: tremor essencial – quando há uso da mão. Diferente do Parkinson – quando está parado. ● Flapping (Asterix) – movimentos de asas de pássaros – mais característico de pacientes com cirrose, ou pacientes com IRC. ● Pedir para o paciente esticar os braços e flexionar as mãos formando um ângulo de 90 graus → pressionar a mão do paciente. Se houver movimentos involuntários → Flapping. ● *Encefalopatia hepática – acúmulo de derivados da amônia por não metabolização do fígado em pacientes cirróticos à estágios 2 e 3 da doença pode aparecer flapping. ● Tetania por compressão da artéria braquial (Sinal de Trousseau) → Compressão com esfigmomanômetro até a pressão arterial média – se houver junção do polegar ao dedo mindinho – Há insuficiência de cálcio. 10. Muc����, pe�� � �âne��� ● Corado ou descorado (classificar em 1+ até 4+) → Avaliar mucosas e pele ● Umidade (hidratação) → Avaliar mucosas e pele ● Cianose → Significa cor azulada da pele e das mucosas. Deve ser pesquisada principalmente no rosto e lábios (cianose central) e nos dedos dos pés e das mãos (de extremidades). ➢ Diagnóstico diferencial - Fenômeno de Raynaud ● Icterícia → Pele e mucosas de cor amarelada. Está presente em quadros em que há aumento da bilirrubina que é lipossolúvel e pode atravessar a barreira hematoencefálica e ser tóxica. ➢ Diferenciar da carotenemia – consumo excessivo de betacarotenos – não tem amarelado na mucosa, só pele ➢ Avaliar: Esclerótica, Mucosa jugal e Frênulo de língua. Exame complementar: exame de sangue Semiologia I - Exame físico geral Rafaela Pelloi Metabolismo de bilirrubina: ● Hiperbilirrubinemia não conjugada (indireta) é mais frequentemente causada por: ➢ Produção aumentada ➢ Redução na captação hepática ➢ Conjugação diminuída ● Hiperbilirrubinemia conjugada (direta) é mais frequentemente causada por: ➢ Disfunção hepatocelular (lesão dos hepatócitos) ➢ Lentidão na saída da bile do fígado (colestase intra-hepática) ➢ Obstrução do fluxo biliar extra-hepático (colestase extra-hepática) 11. Mar���/mo����n�o� ● Deve ser analisada solicitando-se ao paciente que caminhe certa distância, caso não tenha reparado na entrada do paciente ao consultório. ● Marcha ceifante ou hemiplégica –é ocasionada por lesão na via piramidal→ AVC – hipertonia da musculatura do membro superior, não há dobra do joelho para andar (arrastar pra fora) e não há dorsiflexão do pé. ● Marcha hanserina ou do pato – perda de estabilidade do quadril, o paciente anda com os braços apoiados no quadril e com as costas levemente para trás– miopatia grave ● Marcha parkisonina – passos curtos, acelera e quando parar a marcha é necessário apoio em algum lugar. ● Marcha escarvante – lesão nervo fibular ou ciático – arrasta o pé porém o movimento do joelho preservado. ● Marcha atáxica ou cerebelar – pernas separadas e andar cruzando as pernas. ● Marcha apráxica – marcha irregular, passos curtos e desordenados (como se fosse uma criança andando). 12. Ede�� ● Edema generalizado: anasarca ● Edema periorbital localizado → Sinal de Romaña: doenças de chagas ● Sinal de Cacifo – digitopressão em edemas de membros inferiores ● Elefantíase: obstrução do sistema linfático – edema duro Semiologia I - Exame físico geral Rafaela Pelloi Aspectos quantitativos do Exame Clínico 1. Fre��ên�i� ��r�íac� ● Palpar pulso radial e auscultar coração simultaneamente – quando diferentes devem ser anotados separadamente → 99% elas são semelhantes ● Se o ritmo for regular e a frequência parecer normal, conte-a durante 30 segundos e multiplique-a por dois. ● Se a frequência for incomumente rápida ou lenta, conte durante 60 segundos. ● Normocárdico: 60 - 100 bpm ● Bradicárdico < 60 bpm ● Taquicárdico > 100 bpm ● Pulso: Quando se nota parede endurecida, irregular ou tortuosa é sinal de uma vasculopatia que se chama genericamente de arteriosclerose. ● Pulso das artérias carótidas → a ocorrência de frêmito – indica estenose ou oclusão. 2. Fre��ên�i� R��pi���óri� ● Conte o número de incursões respiratórias durante um minuto, seja por inspeção visual ou pela ausculta sutil com o estetoscópio pousado na traqueia durante seu exame da cabeça e do pescoço ou do tórax. ● Paciente não pode perceber!!!. ● Unidade: Incursões por minuto (inc/min) ● Normal (eupneico): 14 a 20 inc/min ➢ FR <14 – bradipneia (ex.: overdose por opioides) ➢ FR >20 – taquipneia. Padrão respiratório: ● Uso de musculatura acessória e outros mecanismos com dificuldade para respirar ➢ Tiragem intercostal - músculo intercostal rebaixa ao inspirar ➢ Retração de fúrcula ➢ Batimento de asa de nariz ● Uso excessivo da musculatura abdominal – pode levar a fadiga muscular – parada cardíaca ● Sinais associados: cianose, aumento da FR, sudorese, etc. 3. Tem����tu�� ● Temperatura axilar – deixar de 3 a 5 minutos -normal 35,5 a 37ºC ● Temperatura oral - 36 a 37,4ºC ● Temperatura retal – meio grau acima da temperatura axilar. ● Febrícula: até 37.5ºC ● Febre moderada: 37.6 a 38.5ºC ● Febre alta: Acima de 38,6 ● Febre contínua: tº sempre acima do normal com variações de até 1ºC ● Febre irregular ou séptica: picos muito altos intercalados por ↓T º ou períodos de apirexia Semiologia I - Exame físico geral Rafaela Pelloi ● Febre remitente: hipertermia diária com variações de mais que 1ºC, porém, sem períodos de apirexia ● Febre intermitente: intercalam-se períodos de Tº elevada ou período s de apirexia ● ● ● Febre recorrente:↑ Tº durante alguns dias interrompida por período de apirexia que dura dias ou semanas ● Obs: Sinal de Lenander: quando a temperatura retal mais que um grau acima da temperatura axilar. Indica alguma infecção no TGI 4. Pre��ão �r���i�l ● Os esfigmomanômetros auscultatórios ou oscilométricos são os métodos preferidos para medir a PA ● A PA deve ser inicialmente medida nos dois braços e idealmente estabelecida por medição simultânea. Caso ocorra uma diferença > 15 mmHg da PAS entre os braços, há o aumento do risco CV, o qual pode estar relacionado com a doença vascular ateromatosa. ● Em idosos, diabéticos, disautonômicos ou naqueles em uso de anti-hipertensivos, a PA também deve ser medida 1 minuto e 3 minutos após estar em pé (imóvel).A hipotensão ortostática é definida como uma redução na PAS ≥ 20 mmHg ou na PAD ≥ 10 mmHg dentro do 3o minuto em pé e está associada a um risco aumentado de mortalidade e eventos cardiovasculares. Semiologia I - Exame físico geral Rafaela Pelloi HIPERTENSÃO ARTERIAL ● São considerados hipertensos os indivíduos com PAS ≥ 140 mmHg e/ou PAD ≥ 90 mmHg ● Mais de 90% dos pacientes são assintomáticos ● Tratamento só será feito em danos causados pela HAS ● Considerada um dos principais fatores de risco (FR) modificáveis → um problema de saúde pública PREPARO DO PACIENTE PARA AFERIÇÃO DA PA ● O paciente deve sentar-se confortavelmente em um ambiente silencioso por 5 minutos, antes de iniciar as medições da PA. ● Explique o procedimento ao indivíduo e oriente a não conversar durante a medição. ● Certifique-se de que o paciente NÃO: ➢ Está com a bexiga cheia; ➢ Praticou exercícios físicos há, pelo menos, 60 minutos; ➢ Ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos; ➢ Fumou nos 30 minutos anteriores. ● Três medidas de PA devem ser realizadas, com intervalo de 1 a 2 minutos; e medidas adicionais somente se as duas primeiras leituras diferem em > 10 mmHg. ➢ Registre em prontuário a média das duas últimas leituras da PA, sem “arredondamentos” e o braço em que a PA foi medida. ● O manguito deve ser posicionado ao nível do coração. A palma da mão deve estar voltada para cima e as roupas não devem garrotear o braço. As costas e o antebraço devem estar apoiados;as pernas, descruzadas; e os pés, apoiados no chão. ● Meça a PA nos dois braços na primeira visita, de preferência simultaneamente, para detectar possíveis diferenças entre os braços. Use o braço com o maior valor como referência. ● Registre a frequência cardíaca. Para excluir arritmia, use palpação do pulso. ● Informe o valor de PA obtido para o paciente ● Em idosos → essencial estimar a pressão arterial sistólica na artéria radial, pois evita ouvir algum som devido a calcificação da artéria. 5. An��op����ri� ● Peso → comparado com os valores considerados normais em relação à idade e ao sexo ● Alterações de peso → Indagar se foi voluntária ou não. ● Altura → Planta-vértice ● IMC → razão entre peso e altura ● IMC não deve ser considerado sozinho como uma medida absoluta. ● Circunferência abdominal → mais importante para medir risco cardiovascular. ➢ Homens: até 102 em ➢ Mulheres: até 88 em.
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