Buscar

TC II - 2020 - JULIA C ARAUJO - FINAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

0 
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU 
 
 
 
 
JULIA CARVALHO DE ARAUJO 
 
 
 
 
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA SOB O PRISMA DO 
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2020 
 
0 
JULIA CARVALHO DE ARAUJO 
 
 
 
 
 
 
 
 
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA SOB O PRISMA DO 
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 
 
 
Artigo apresentado como requisito parcial para 
conclusão da disciplina Trabalho de Conclusão 
de Curso II, do Curso de Direito, da 
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU. 
 
Orientador: Professor Dr. João Roberto Gorini 
Gamba 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2020 
 
1 
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA SOB O PRISMA DO 
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 
 
Julia Carvalho de Araujo
1
 
 
RESUMO 
O presente trabalho de conclusão de curso inicia-se apresentando a proposta, objetivos e 
intenções que este artigo irá desenvolver e trazer aos leitores. Visto isso, serão citados 
aspectos como, conceito, finalidade, particularidades, dentre outras características do instituto 
da desconsideração da personalidade jurídica. Iniciam-se os estudos pela origem do tema, 
discutindo questões históricas, origem, importância e o crescimento dessa área dentro do 
cenário jurídico, bem como, no Brasil, introduzindo fundamentações legais e jurisprudenciais, 
para melhor absorção. Posteriormente, será adentrado no âmbito que o presente estudo se 
concretiza: o incidente de desconsideração da personalidade jurídica no âmbito do Novo 
Código de Processo Civil de 2015. Dessa forma, haverá discussões acerca da posição 
processual traga especificamente nos artigos 133 a 137. Importante citar que, será destacado 
sobre as questões que trouxeram mudanças nesse instituto e seu impacto nos processos. Um 
exemplo, é que ele irá assegurar o contraditório e o devido processo legal no que diz respeito 
à desconsideração da personalidade jurídica, além de processualizar tal instituto garantido a 
segurança jurídica. Outro ponto que será objeto de estudo é a questão da citação do sócio 
antes que seja bloqueado os seus bens, para que possa praticar sua defesa, porém, sempre 
comportarão execções, e essas por sua vez serão tratadas neste estudo. A mais, também há a 
possibilidade de se requerer a desconsideração em qualquer fase processual, bem como, em 
segundo grau, entre outras observações que serão amplamente discutidas. Por fim, será 
demonstrado o quão importante foi integrar esse instituto, e o impacto que ele reluz no meio 
empresarial, cível e jurídico. 
 
Palavras-chave: Personalidade Jurídica; Novo Código de Processo Civil; Intervenção de 
Terceiros; Preceitos Constitucionais. 
ABSTRACT 
The present course conclusion work begins by presenting the proposal, objectives and 
intentions that this article will develop and bring to readers. In view of this, aspects such as, 
concept, purpose, particularities, among other characteristics of the institute for disregarding 
legal personality, will be cited. The studies begin with the origin of the theme, discussing 
historical issues, origin, importance and the growth of this area within the legal scenario, as 
well as, in Brazil, introducing legal and jurisprudential grounds, for better absorption . 
Subsequently, it will be entered into the scope that the present study materializes: the incident 
of disregard of the legal personality within the scope of the New Code of Civil Procedure of 
2015. Thus, there will be discussions about the procedural position bring specifically in 
articles 133 to 137. Important mention which will be highlighted on the issues that brought 
about changes in this institute and its impact on the processes. An example, is that it will 
 
1
 Graduanda no 8° semestre do curso de Direito da Universidade São Judas Tadeu. E-mail: 
julia.caarvalho0411@gmail.com 
 
2 
ensure the adversarial and the due legal process with regard to the disregard of the legal 
personality, in addition to processing such an institute guaranteed legal security. Another 
point that will be the object of study is the question of the citation of the partner before his 
assets are blocked, so that he can practice his defense, however, they will always involve 
executions, and these in turn will be dealt with in this study. Furthermore, there is also the 
possibility of requiring disregard at any procedural stage, as well as in the second degree, 
among other observations that will be widely discussed. Finally, it will be demonstrated how 
important it was to integrate this institute, and the impact it shines on the business, civil and 
legal environment. 
 
Keywords: Legal personality; New Code of Civil Procedure; Third Party Intervention; 
Constitutional Precepts; 
1 INTRODUÇÃO 
Ao falarmos de pessoa jurídica, brevemente podemos dizer que é um sujeito fictício 
criado pelo Estado, e este por sua vez oferece direitos e deveres para esse ente, desde que, seja 
devidamente registrado no órgão que lhe compete, dentre outras formalidades. Umas das 
principais importâncias de ter uma empresa registrada, é a autonomia/responsabilidade 
processual, é um benefício que possibilita a separação patrimonial, no caso criando um capital 
social para empresa e separando-a do patrimônio dos sócios. 
A desconsideração da personalidade jurídica é um benefício extremamente importante 
no âmbito jurídico, tendo em vista que, possibilita e amplia as formas de buscar a satisfação 
de seu direito, quando a outra parte se olvida. 
Referido instituo gerou muita polêmica e discussão nas doutrinas e jurisprudências, 
visto que não havia uma processualização da desconsideração da personalidade jurídica. Um 
exemplo fático, é que: antes, não havendo tratamento explícito do tema no Código de 
Processo Civil, era necessário o ingresso de uma ação autônoma especificamente para 
requerer a desconsideração da personalidade jurídica e atualmente isso não é mais um 
problema, ou melhor, um questionamento. 
O tema que será discutido iniciou-se com o advento da edição do Novo Código de 
Processo Civil (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), e mesmo que já tenha se passado 
cinco anos dessa novidade, ainda há muitas considerações e análises a se fazer sobre essa 
questão. O antigo diploma processual civil não havia regulamentação própria e específica 
acerca da desconsideração da personalidade jurídica, sendo assim, a forma que esta era 
aplicada se dava de maneira simples e superficial, pois era apenas necessário que existisse 
uma decisão bem fundamentada nos autos do processo sob aquele que cometeu determinadas 
 
3 
infrações previstas perante a pessoa jurídica. 
Visto isso, o novo diploma legal nos traz meios em que terceiros venha a fazer parte 
do processo, de acordo com as novas alterações, além de ter excluído algumas formas de 
intervenção de terceiros, incluiu algumas outras formas, sendo uma delas o objeto de estudo 
do presente trabalho. 
Estudaremos o conteúdo e suas subjetividades presentes, buscando sempre o apoio 
doutrinário e jurisprudencial para esclarecer as questões que aparecerem no decorrer da 
pesquisa. Ademais, o foco principal se pauta nas alterações advindas no novo código, dessa 
forma o referencial teórico que será utilizado se objetivará nos artigos do Código de Processo 
Civil de 2015, propriamente ditos, em doutrinas de cunho empresarial e cível, bem como em 
artigos científicos, para embasamento formal e material do presente trabalho. 
2 OBJETO DO ESTUDO 
A temática em torno da desconsideração da pessoa jurídica é amplíssima, 
apresentando uma gama de questões polêmicas, encaradas com afinco pela doutrina e pela 
jurisprudência. O objetivo em prosseguir com essa pesquisa e este tema é justamente, 
demonstrar que tal assunto ainda gera vertentes diferentes, principalmente com o advento do 
Novo Código de Processo Civilde 2015, sendo assim, aqui será tratado as possíveis 
problematizações desse instituto, entendendo melhor a questão processual, a aplicação da 
desconsideração pelo magistrado observando as novas regras, bem como, qual a finalidade 
que o legislador quis em incluir esse instituto. 
Visto isso, podemos claramente identificar, que uma das preocupações estabelecidas, é 
o que já foi dito anteriormente, a questão de um preceito constitucional que é o devido 
processo legal, a ampla defesa e o contraditório. 
Ao realizar esse trabalho cientifico, busca-se, esclarecer todas as novidades tragas pelo 
NCPC de 2015, a questão material e processual, as exceções que rondam sob a 
desconsideração da personalidade jurídica, sua verdadeira intenção e importância que isso 
gerou e gera para aqueles que fazem parte do âmbito empresarial, ou seja, os sócios e demais 
sujeitos dentro de uma empresa, além das suas características no processo, dos seus requisitos 
e seus efeitos quando aceito pelo magistrado. 
3 ASPECTOS HISTÓRICOS 
O primeiro caso histórico existente da aplicação da Desconsideração da Personalidade 
 
4 
Jurídica se deu diante o processo de Salomon x Salomon & Co. em 1897 na Inglaterra, dessa 
forma, o direito anglo-saxão chamava o instituto da disregard of the legal entitty, disregard 
doctrine ou lifting the corporate veil. 
O processo supracitado resultou com a condenação da pessoa física de Salomon 
referente às obrigações da pessoa jurídica, pois a mesma tinha sido usada de maneira oposta à 
Lei. Quais seriam então, as formas vedadas pela lei? Conforme disciplina o art. 50 do Código 
Civil, para que haja a desconsideração da personalidade jurídica deve haver abuso da 
personalidade, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. Sendo 
assim, aquele sócio ou administrador que cometer tais ações citadas, terá seu patrimônio 
pessoal afetado. 
Ocorre que, a chegada ao Brasil deste instituto deu-se de uma forma prolongada, pois, 
incialmente não havia previsão legislativa expressa, porém já era sido aplicada e 
principalmente defendida por Rubens Requião (1960 em diante). Posteriormente, com o 
advento e avanço do uso da desconsideração, as outras leis foram integrando e prevendo 
expressamente o seu uso, como por exemplo, no âmbito do Direito do Consumidor, 
Ambiental, Tributário, Trabalhista, Administrativo, entre outros. 
Ocorre que, trata-se de leis especificas e sem cunho de norma geral, mas, conforme 
verificaremos adiante, o Código Civil em seu art. 50, adotou a posição de norma principal e 
norteadora para o uso deste instituto. 
4 A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E SUAS TEORIAS 
De acordo com o art. 50 do Código Civil vigente, para que a personalidade jurídica 
seja desconsiderada é necessária à comprovação de abuso da personalidade jurídica, que se 
substancia no desvio de finalidade na confusão patrimonial. 
E, ainda, dispõe o artigo 1.080 do Código Civil que “as deliberações infringentes do 
contrato ou da lei tornam ilimitada a responsabilidade dos que expressamente as aprovaram”. 
O abuso da personalidade jurídica, sob o aspecto do desvio de finalidade, ocorre 
quando existe a malversação da pessoa jurídica, com o esvaziamento deliberado de seu 
patrimônio a fim de frustrar os credores e terceiros. 
Nestas circunstâncias o patrimônio dos sócios poderá ser alcançado para a satisfação 
dos créditos com os credores prejudicados com o uso abusivo e distorcido da personalidade 
jurídica. 
A esse respeito é ilustrativo trazer à baila as abalizadas palavras do Professor Flávio 
 
5 
Tartuce acerca da matéria: 
Tal instituto permite ao juiz não mais considerar os efeitos da personificação da 
sociedade para atingir e vincular responsabilidades dos sócios, com o intuito de 
impedir a consumação de fraudes e abusos por eles cometidos, desde que causem 
prejuízos e danos a terceiros, principalmente a credores da empresa. Dessa forma, os 
bens particulares dos sócios podem responder pelos danos causados a terceiros.
2
 
Por analogia, importante citarmos a súmula 435 do STJ a qual preleciona que: 
“Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio 
fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da 
execução fiscal para o sócio- gerente.” 
Sobre a desconsideração da personalidade jurídica por abuso de personalidade, os 
tribunais superiores já se consolidaram: 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO. 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. MUDANÇA DE 
ENDEREÇO. NÃO ATUALIZAÇÃO NO REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS 
MERCANTIS E NA RECEITA FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE BENS 
PASSÍVEIS DE PENHORA. RESPONSABILIZAÇÃO DOS SÓCIOS PELAS 
DÍVIDAS DA EMPRESA. NECESSIDADE DE CITAÇÃO. DECISÃO 
REFORMADA. 1 - Havendo evidências de fraude ou exercício abusivo de direito 
por parte de Empresa devedora, mormente se a sociedade muda seu domicílio sem 
promover a atualização do endereço tanto na Junta Comercial quanto na Receita 
Federal, além de não serem encontrados em seu nome bens passíveis de penhora, 
imperioso reconhecer o uso abusivo da personalidade jurídica, o que autoriza a 
aplicação da “disregard doctrine”, prevista no artigo 50 do Código Civil. 2 – 
Cuidando-se de sociedade limitada, a desconsideração da personalidade jurídica 
alcançará todos os sócios da empresa, haja vista a interpretação que deve ser 
conferida aos artigos 50 do Código Civil e 591 do Código de Processo Civil (REsp. 
1169175/DF). 3 – “Impõe-se a citação do sócio nos casos em que seus bens sejam 
objeto de penhora por débito da sociedade executada que teve a sua personalidade 
jurídica desconsiderada. (REsp 686112/RJ). Agravo de Instrumento provido. 
(TJ-DF - AGI: 20150020163370, Relator: ANGELO CANDUCCI PASSARELI, 
Data de Julgamento: 28/10/2015, 5ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no 
DJE : 04/11/2015 . Pág.: 345) 
 
Agravo de Instrumento. Direito Civil. Decisão que indefere pedido de 
desconsideração da Personalidade Jurídica. Inadimplemento da pessoa jurídica. 
Mudança de endereço sem informação aos órgãos competentes. Ausência de 
patrimônio e declaração de imposto de renda da sociedade ré embora ativa junto a 
Receita Federal. Possível encerramento das atividades sem observância das 
formalidades legais. Aplicação do entendimento da Súmula 435 do Superior 
Tribunal de Justiça. Abuso da personalidade jurídica. Provimento do recurso para 
deferir-se o pedido de desconsideração da personalidade jurídica. 
(TJ-RJ - AI: 00103277720158190000 RIO DE JANEIRO CAPITAL 4 VARA 
CIVEL, Relator: CLAUDIO BRANDÃO DE OLIVEIRA, Data de Julgamento: 
10/12/2015, SETIMA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 11/12/2015) 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE EXECUÇÃO POR QUANTIA 
CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE - DESPERSONALIZAÇÃO DA 
PESSOA JURÍDICA - PRESENÇA DOS REQUISITOS - DECISÃO 
 
2
 Tartuce, Flávio. Manual de Direito Civil, Editora Método, São Paulo, 2011, p. 135. 
 
6 
REFORMADA - RECURSO PROVIDO. 1.É obrigação dos gestores das empresas 
manter atualizados os respectivos cadastros junto aos órgãos de registros públicos e 
ao Fisco, incluindo os atos relativos à mudança de endereço dos estabelecimentos e 
especialmente, os referentes à dissolução da sociedade. Precedentes da Corte 
Superior. 2. A impossibilidade de localização da pessoa jurídica pelo credor no 
endereço fornecido como domicílio fiscal constitui indício suficiente do 
encerramento das atividades e consequente dissolução irregular, o que autoriza a 
desconsideração da personalidade jurídica e o redirecionamento da execução à 
pessoa dos sócios (art. 50 do CC), a quem caberá o ônus de provar não ter agido 
com dolo, culpa, fraude ou excesso de poder. 
(TJ-MS - AI: 14058550920168120000 MS 1405855-09.2016.8.12.0000, Relator: 
Des. Fernando Mauro Moreira Marinho, Data de Julgamento: 09/08/2016,3ª 
Câmara Cível, Data de Publicação: 15/08/2016) 
Observamos assim, o que é a desconsideração da personalidade jurídica, com o apoio 
de doutrina e de jurisprudências, as quais se demonstram muito completas, principalmente em 
relação a particularidades como a questão da dissolução irregular e ausência de endereço. 
Ao falarmos das teorias, estas são defendidas e fundamentadas a priori, pela doutrina, 
gerando efeitos nas jurisprudenciais atuais, sendo elas: teoria maior ou subjetiva e teoria 
menor ou objetiva. 
É plenamente importante citá-las, pois, é através das mesmas que se discute sobre a 
incidência da desconsideração, sendo assim, vejamos sobre cada uma delas. 
Podemos dividir que a teoria maior se refere a aplicações em relação ao âmbito civil 
de maneira ampla, pois a mesma determina que, para a apreciação da desconsideração deve-se 
comprovar os elementos contidos no art. 50 do CC, e não apenas sua irregularidade como 
pessoa jurídica. 
A teoria menor por sua vez, esta pacificada nos âmbitos consumeristas e ambientais, o 
qual prevê que a desconsideração poderá ser provada apenas com a irregularidade/insolvência 
da empresa, não sendo essencial comprovar acerca do desvio ou confusão. 
Para finalizarmos este tópico, vejamos jurisprudência a seguir para complementar o 
dito acima: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DIREITO 
DO CONSUMIDOR. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. 
CÓDIGO CIVIL. TEORIA MAIOR DA DESCONSIDERAÇÃO. CÓDIGO DO 
CONSUMIDOR. TEORIA MENOR, ART. 28, § 5º, DO CDC. 1. A 
desconsideração da personalidade jurídica só tem lugar quando demonstrado o abuso 
da personalidade pelos sócios ou administradores da pessoa jurídica, seja por meio 
de desvio de finalidade ou em decorrência de confusão patrimonial, de acordo com o 
que dispõe o art. 50, do Código Civil. 2. Contudo, nas relações de consumo regidas 
pelo CDC, aplica-se a chamada teoria menor da desconsideração da personalidade 
jurídica para alcançar os bens da parte devedora, nos termos do art. 28, § 5º, do 
CDC. Nesses casos, autoriza-se o levantamento do véu da pessoa jurídica nas 
hipóteses em que sua personalidade se constitui em empecilho à reparação dos 
 
7 
prejuízos experimentados pelo consumidor. 3. Agravo de instrumento não provido.
3
 
5 A PROCESSUALIZAÇÃO DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DE 
ACORDO COM O NOVO CPC E SEUS IMPACTOS 
Enfim, o CPC de 2015, nos trouxe diversas questões amplamente importantes em sua 
processualização, e uma delas é extremamente importante no judiciário brasileiro, o 
consagrado princípio do contraditório, possibilitando que o sujeito seja devidamente intimado 
a se contrapor. 
Conforme preleciona o doutrinador André Pagani de Souza: 
O incidente de desconsideração da personalidade jurídica é uma novidade trazida 
pelo CPC/2015. Trata-se de uma espécie de intervenção de terceiros que não era 
encontrada no CPC/1973 e que recebeu disciplina processual expressa pelo novo 
diploma legal com o objetivo de harmonizar a desconsideração da personalidade 
jurídica com o princípio do contraditório (CF, art. 5º, LV, e CPC/2015, arts. 7º, 9º e 
10).
4
 
Previamente podemos citar que uma mudança efetiva acabou visando evitar decisões 
precipitadas quanto à desconsideração da personalidade jurídica, na grande maioria sem que o 
sócio fosse ouvido. 
De tal forma, sendo devidamente seguido o que preleciona o artigo 9º do CPC, o qual 
estabelece que: “não se proferirá decisão contra uma das partes sem que esta seja previamente 
ouvida.” 
Igualmente, observa-se que o incidente além de titular mais ainda os princípios 
constitucionais supracitados e conceder ao sócio ou administrador que seja ouvido em 15 
(quinze) dias conforme artigo 135 do CPC, também, acabou garantindo maior efetividade a 
economia e celeridade processual, tornando fundamental que haja uma pesquisa sobre ele, 
para que, nos ofereça melhor compreensão quanto à eficácia desse incidente. Reitera ainda 
que a citação da empresa não garante a citação dos sócios, sendo assim ambos deverão estar 
cientes do incidente. 
O doutrinador Fredie Didier Júnior ainda complementa dizendo: 
Muito se discute a respeito do problema do cerceamento de defesa e da ofensa ao 
princípio do contraditório, nas hipóteses em que se busca dar efetividade à 
 
3
 TJ-DF 07100987020198070000 DF 0710098-70.2019.8.07.0000, Relator: ARNOLDO CAMANHO, Data de 
Julgamento: 18/03/2020, 4ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 04/05/2020 . Pág.: Sem 
Página Cadastrada. 
4
 
 
SOUZA, André Pagani de. Código de Processo Civil anotado. Sob a coordenação de José Rogério Cruz e 
Tucci, Manoel Caetano Ferreira Filho, Ricardo de Carvalho Aprigliano, Sandro Gilbert Martins, 
Rogéria Fagundes Dotti. Curitiba: AASP, OAB/PR, 2015. p. 227. 
 
8 
desconsideração da personalidade jurídica. O cerne da questão é o seguinte: é 
possível desconsiderar a existência da pessoa jurídica sem prévia atividade cognitiva 
do magistrado, de que participem os sócios ou outra sociedade empresária, em 
contraditório? A resposta é negativa: não se pode admitir aplicação de sanção sem 
contraditório.
5
 
Quanto à legitimidade, é vedado ao juiz, de ofício, determinar a inclusão do sócio ou 
do administrador no polo passivo da demanda, quando fora instaurar referido incidente. 
Sendo assim, o art. 133 do CPC se relaciona claramente com o art. 50 do CC, uma vez 
que, é expresso o requerimento do Ministério Público, ou da parte que possui interesse na 
lide, que postule o incidente, não permitindo intervenção ex officio do magistrado. 
Desta feita, o Executado possui plena capacidade de exercer sua defesa, e esta por 
meio de agravo de instrumento, por se tratar de decisão interlocutória (art. 136 CPC). 
Porém, Guilherme Rizzo Amaral cita em sua doutrina que: 
Há casos especiais em que a legislação permite adoção de medidas de ofício pelo 
juiz em decorrência da desconsideração da personalidade jurídica, como ocorre no 
art. 82, § 2º, da Lei nº 11.101 (regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a 
falência do empresário e da sociedade empresária). Trata-se, contudo, de exceção à 
regra geral estabelecida no CPC.
6
 
Visto isso, recentemente, o Supremo Tribunal Federal se pronunciou sobre uma 
questão muito importante envolvendo o tema aqui discutido, que não é preciso demonstrar a 
insolvência da pessoa para instaurar e dar andamento a um requerimento de desconsideração 
da pessoa jurídica. Conforme julgado a seguir temos a exposição desse pensamento: 
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. REQUISITOS. 
REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. 
A desconsideração da personalidade jurídica é medida de caráter excepcional que 
somente pode ser decretada após a análise, no caso concreto, da existência de vícios 
que configurem abuso de direito, caracterizado por desvio de finalidade ou confusão 
patrimonial, requisitos que não se presumem em casos de dissolução irregular ou de 
insolvência. Precedentes. Rever os fundamentos do acórdão recorrido relativos à 
análise dos requisitos autorizadores importaria necessariamente no reexame de 
provas, o que é defeso nesta fase recursal ante o óbice da Súmula 7/STJ. Agravo 
interno não provido.
7
 
Além das questões acima, muito se discute em relação à desnecessidade de uma ação 
de conhecimento para interpor este incidente. 
 
5
 DIDIER JÚNIOR, Fredie. Aspectos Processuais da Desconsideração da Personalidade Jurídica. P. 10. 
2018. 
6
 AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do novo CPC (livro eletrônico). 1. ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2015. P. 362. 
7
 STJ, 4ª Turma, AgInt no AREsp 1275976/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 05/06/2018, 
publicado em 13/06/2018. 
 
9 
Ora, durante uma ação de execução, em face da pessoa jurídica,é plenamente 
impossível que se busque ou verifique bens, daqueles sócios da empresa, tendo em vista, que 
eles não são parte do processo, bem como, possuem seu patrimônio apartado e protegido pela 
pessoa jurídica. 
Porém, quando todos os meios cabíveis para executar são insuficientes, bem como, ao 
analisar o processo, denota-se que estão presentes os requisitos para desconsiderar a 
personalidade jurídica, deve o Exequente requerer a desconsideração nos autos principais ou 
cumprimento de sentença. 
Anteriormente no antigo CPC, era plenamente possível que uma decisão do 
magistrado fosse proferida durante o processo de conhecimento, confirmando a não 
necessidade de ação autônoma, vejamos entendimento do STJ nesse sentido: “a providência 
prescinde de ação autônoma. Verificados os pressupostos e afastada a personificação 
societária, os terceiros alcançados poderão interpor, perante o juízo falimentar, todos os 
recursos cabíveis na defesa de seus direitos e interesses”.
8
 
Ocorre que, com o advento do novo CPC, foi determinada nos artigos 133 até o 137, a 
processualização e a instauração via incidente da desconsideração, e importante lembrar que 
esta pode se dar em qualquer fase do processo (Novo CPC – art. 134). 
Outro ponto a se considerar é a questão da responsabilidade patrimonial, consagrada 
no art. 790, VII do CPC. Em regra, não haveria como os sócios se responsabilizarem, 
justamente porque não são partes do processo. Mas com o artigo citado, é previsto referida 
responsabilidade. 
Como estamos falando sobre questões processuais, importante questionar sobre o 
requerimento de tutela provisória de urgência nos casos de desconsideração da personalidade 
jurídica de forma suscinta. Bom, será plenamente possível tal requerimento tendo em vista 
que o Executado (os) pode estar diluindo o patrimônio e com uma tutela, evitaria que tais bens 
desaparecerem, bastanto comprovar tal situação. 
Na mesma linha de raciocínio, Rubens Requião, ao comentar a doutrina do disregard 
of legal entity esclarece que: 
O ponto mais curioso da doutrina é que sempre os Tribunais que lhe dão aplicação 
declaram que não põem dúvida na diferença de personalidade entre a sociedade e os 
seus sócios, mas no caso específico de que tratam, visama impedir a consumação de 
fraudes e abusos de direito cometidos através da personalidadejurídica, como, por 
exemplo, a transmissão fraudulenta do patrimônio do devedor para o capital de 
 
8
 STJ - REsp: 228357 SP 1999/0077664-0, Relator: Ministro CASTRO FILHO, Data de Julgamento: 
09/12/2003, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 02.02.2004 p. 332RDR vol. 30 p. 425RNDJ 
vol. 52 p. 111RSTJ vol. 196 p. 297. 
 
10 
uma pessoa jurídica, para ocasionar prejuízo a terceiros. Não temos dúvida de que 
a doutrina, pouco divulgada em nosso país, levada a consideração de nossos 
Tribunais, poderia ser perfeitamente adotada, para impedir a consumação de fraude 
contra credores e mesmo contra o fisco, tendo como escudo a personalidade jurídica 
da sociedade comercial.
9
 
Por fim, em analise de julgados recente, verificou-se o instituto da “sucessão 
processual”, ora, é sabido que a extinção da pessoa jurídica equipara-se à morte da pessoa 
natural, sendo cabível o pedido de sucessão processual, nos termos do artigo 110 do CPC. 
Ademais, no caso de regular encerramento da sociedade empresária sem o pagamento 
das obrigações, poderão os “sócios” virem a responder pelas obrigações no limite do eventual 
saldo recebido na divisão. 
Nesse sentido, conforme importante lição de Fábio Ulhôa Coelho: 
“Se a liquidação não foi completa e regular a ponto de restar pendente uma ou mais 
obrigações, isto não é ato imputável à sociedade, mas aos sócios e ao liquidante, que 
responderão, pessoalmente, pelos atos da liquidação irregularmente feita.” 
10
 
Igualmente, conforme demonstro abaixo, foi verificada a possibilidade, em caso de 
inexistência da pessoa jurídica: 
Compra e venda - Cobrança- Cumprimento de Sentença - Débito de empresa que foi 
dissolvida, com anotação na JUCESP, sem pagamento da dívida - Inviabilidade de 
desconsideração de personalidade jurídica de empresa que não mais existe - 
Possibilidade, porém, de afetação direta dos sócios, no limite de sua 
responsabilidade pessoal - Agravo provido.
11
 
Enfim, nos casos de empresa que já se encontra baixada e extinta não há que se cogitar 
a questão da desconsideração. Destarte, ante a dissolução regular da sociedade executada, é 
cabível a responsabilização dos seus sócios, com a sucessão direta nos autos da execução, não 
prejudicando o Exequente. 
6 OS EFEITOS QUE A PESSOA JURÍDICA E OS SÓCIOS ESTÃO SUJEITOS 
Primeiramente, importante relembrar que a personalidade jurídica é única, não a 
relacionando com a dos sócios. Porém, ela também não é absoluta, permitindo exceções. 
Sobre esse aspecto, Fábio Ulhoa Coelho ensina que: 
Por vezes a autonomia patrimonial da sociedade comercial dá margem à realização 
 
9
 REQUIÃO, R. Curso de Direito Comercial, Saraiva, 21ª edição, 1993, vol. 1, p. 282. 
10
 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa, 20ª edição, Saraiva, 2008, p. 
179. 
11
 TJSP; Agravo de Instrumento 2155535-58.2018.8.26.0000; Relatora: Silvia Rocha; 29ª Câmara de Direito 
Privado; Data do Julgamento: 10/10/2018. 
 
11 
de fraudes. Para coibi-las, a doutrina criou, a partir de decisõesjurisprudenciais, nos 
EUA, Inglaterra e Alemanha, principalmente, a 'teoria da desconsideração da 
personalidade jurídica', pela qual se autoriza o Poder Judiciário a ignorar a 
autonomia patrimonial da pessoa jurídica, sempre que ela tiver sido utilizada como 
expediente para a realização de fraude. Ignorando a autonomia patrimonial, será 
possível responsabilizar-se, direta, pessoal e ilimitadamente, o sócio por obrigação 
que, originariamente, cabia à sociedade.
12
 
O que resta claro demonstrar e citar, é que os efeitos que são acarretados pela 
desconsideração apenas se limitam ao caso específico, ou seja, a pessoa jurídica não será 
extinta, ela continurará a produzir seus efeitos não havendo sua despersonalização, apenas 
será desconsiderada para o caso em concreto. 
Visto isto, o Superior Tribunal de Justiça, se manifestou no sentido de: 
Recurso especial. Direito civil. Artigos 472, 593, II, e 659, § 4.º, do Código de 
Processo Civil. Fundamentação deficiente. Incidência da Súmula 284/STF. 
Desconsideração da personalidade jurídica da sociedade empresária. Medida 
excepcional. Observância das hipóteses legais. Abuso de personalidade. Desvio de 
finalidade. Confusão patrimonial. Dissolução irregular da sociedade. Ato efeito 
provisório que admite impugnação. Bens dos sócios. Limitação às quotas sociais. 
Impossibilidade. Responsabilidade dos sócios com todos os bens presentes e futuros 
nos termos do art. 591 do CPC. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa 
extensão, improvido. (…) IV – A desconsideração não importa em dissolução da 
pessoa jurídica, mas se constitui apenas em um ato de efeito provisório, decretado 
para determinado caso concreto e objetivo, dispondo, ainda, os sócios incluídos no 
polo passivo da demanda, de meios processuais para impugná-la. (…).
13
 
Ainda, esclarece que, os sócios serão atingidos no limite dos bens que geraram a 
confusão patrimonial, e claro, aqueles sócios que foram beneficiados pelo uso da pessoa 
jurídica de forma abusiva, conforme o que preleciona o art. 50 do CC, responderão pelos atos 
praticados. 
Outra questão polêmica a ser abordar, é em razão do ex-sócio, e qual sua 
responsabilidade perante a pessoa jurídica. Como é cediço, o instituto ora estudado possui 
como característica principal a globalização da responsabilidade perante terceiros, ou seja, 
sócios ou administradores. 
Desta feita, o Código Civil em seu art. 1.003e 1.032, prelecionam que mesmo que o 
sócio se retire da sociedade ele permanece responsável pelas obrigações e dívidas por até dois 
anos. A partir de quando é contado este prazo? Verifica-se que será a partir da data de 
averbação do contrato social, que fora devidamente modificado perante a Junta Comercial. 
Em continuidade do dito acima, o doutrinador Marcelo Filho dispõe que: 
A responsabilidade do sócio retirante não se estendem ad eternum, vez que ela está 
delimitada a dois aspectos: “no âmbito temporal, sua vigência respeitará o prazo de 
 
12
 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial, Saraiva, 1988, p. 96. 
13
 REsp 1.169.175/DF, Rel. Min. Massami Uyeda, 3.ª Turma, j. 17.02.2011, DJe 04.04.2011. 
 
12 
dois anos, contando sempre da data em que for requerida a averbação no Oficial de 
Registro Civil de Pessoa Jurídica. No âmbito material, ela abrangerá as obrigações 
do cedente, já existentes na data da cessão, derivadas da aplicação do contrato 
plurilateral e transmitidas ao cessionário.
14
 
 
Tal situação pode ser prevista abaixo, no agravo de instrumento n° 1.0024.07.769457-
8/001 que previu tal responsabilização do sócio retirante, desconsiderando assim a 
personalidade e incluindo no polo passivo da ação todos os sócios que compunham o quadro 
societário na data da emissão do título, visto que, tratava-se de ação monitória, vejamos: 
 
Compulsando os autos verifica-se às fls. que o pedido de desconsideração acolhido 
em primeiro grau foi direcionado a todos os sócios que constavam no contrato social 
da empresa despersonificada no momento da emissão do título (20/07/2006), a teor 
do que se infere às fls. 44-TJ, compreendendo desta feita os bens particulares de 
Josilis Mendes Castro Veloso, ora agravante. Entretanto, o levantamento do véu 
societário neste caso não poderá estender os seus efeitos ao patrimônio do 
recorrente, pois este se retirou da sociedade devedora em 22/08/2006, a teor do que 
se infere da quinta alteração contratual trazidas às fls. 32/36-TJ, registrada na Junta 
Comercial do Estado de Minas Gerais em 01/09/2006, conforme certidão de fls. 36-
TJ.(…) Mostra-se relevante, ainda, salientar que o fato de a sociedade empresária ter 
sido dissolvida em 23/10/2008, por permanecer irregular por prazo superior a 180 
dias, conforme se infere da certidão de fls. 78, não possui o condão de alargar o 
prazo previsto na legislação civil para compreender os bens do sócio retirante”.
15
 
7 CONCLUSÃO 
De acordo com os posicionamentos dos tribunais e da doutrina vistos até o momento, 
podemos verificar que a desconsideração da personalidade jurídica possui como principal 
objetivo a questão da responsabilidade patrimonial pessoal dos sócios perante a pessoa 
jurídica, quando assim se configurar abuso, confusão patrimonial e desvio de finalidade. 
Este instituto prevê uma forma de sanção corretiva para coibir a prática de atos 
abusivos e fraudulentos, daqueles que utilizam a pessoa jurídica como benefício próprio. 
Sendo assim, a autonomia patrimonial existente acaba por ser atingida, tendo em vista 
que o patrimônio pessoal dos sócios ou dos administradores é atingindo, não possuindo mais 
limitação. 
Analisamos que tal instituto já é utilizado há muitos anos, mas anteriormente ao NCPC 
de 2015, não havia sido determinada sua processualização. 
 
14
 FILHO. Marcelo Fortes Barbosa. Código Civil Comentado, Doutrina e Jurisprudência. Barueri: Manole, 
2007, p. 840. 
15
 Tribunal de Justiça de Minas Gerais. 13.ª Câmara Cível. Relatora: Claudia Maia. Julgado em 08/07/2010. 
 
13 
Discutimos que, para tal instituto ser instaurado, este agora possui formalidades mais 
rigorosas, com o fim de proteger a personalidade jurídica e principalmente garantir os 
princípios mais importantes no âmbito processual, que é a ampla defesa, o contraditório e a 
segurança jurídica. 
Visto isso, devem os sócios ou administradores serem citados e não apenas intimados, 
após a distribuição de um incidente distribuído por dependência ao processo principal, 
gerando uma ação autônoma, por parte do Exequente e nunca de ofício pela magistrado. 
Verificamos ainda que, a entrada em vigor do novo Código de Processo Civil, Lei 
13.105/2015, garantiu mais segurança jurídica para que o instituto fosse aplicado, com os 
procedimentos previstos nos artigos 133 a 137. 
A aplicação das teorias por sua vez, orienta de certa maneira a aplicação da 
desconsideração. A teoria maior necessita incondicionalmente que seja comprovado o desvio, 
abuso, confusão, bem como, a insolvência da sociedade ora composta na lide existente. Em 
contrapartida a teoria menor, apenas necessita de comprovação quanto a insolvência, não 
exigindo provas mais generosa, por tal razão que sua aplicação se limita a esfera 
consumerista, trabalhista e ambiental. 
O intuito do presente artigo foi adentrar sob o prisma que é a desconsideração da 
personalidade jurídica sob a ótica da sua importância nas relações jurídicas que envolvam as 
empresas, bem como, buscando esclarecimentos quanto à resposabilidade patrimonial, os 
efeitos a ela inerentes e as formas de aplicação. 
Atualmente, o mundo jurídico e suas relações estão em constante mudança e evolução, 
o que nos permite dizer que referido artigo é fruto dessas inovações, e que elas são constantes 
e infinitas, cabendo a nós sempre estarmos atualizados e atentos às novidades, principalmente 
no cerne processual. 
Conforme estudado, restou claro que a corrente majoritária jurisprudencial, utiliza-se 
de forma incisiva os preceitos da teoria maior, ou seja, os entendimentos que se vislumbrou 
deixa claro que para o deferimento da desconsideração da personalidade jurídica é 
extremamente necessário que se comprove todos os requisitos presentes no art. 50 do Código 
Civil, o qual se caracteriza através da intenção dos sócios de utilizarem a pessoa jurídica para 
fraudar terceiros, bem como, causar confusão patrimonial e abuso. 
Por fim, conclui-se que, a pessoa jurídica possui obrigações e deveres e a aquisição da 
sua personalidade é um reflexo disto, e se os sócios e administradores não agirem de acordo 
com o cerne estabelecido pela lei, responderão pelos seus atos de maneira ímpar e ilimitada. 
 
 
14 
BIBLIOGRAFIA 
AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do novo CPC (livro eletrônico). 
1. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. 
BRASIL. Presidência da República. Lei N° 13.105, de 16 de março de 2015. Institui o 
Código de Processo Civil. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 14 out. 2020. 
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Interno nos Embargos de Declaração no 
Agravo em Recurso Especial nº 100831, Laurette Verena Nussli Alvares. Relator: Raul 
Araújo. Brasília, DF, 16 de agosto de 2016. Disponível em: 
<https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?src=1.1.3&aplicacao=processos.ea&tipoPesq 
uisa=t> Acesso em: 29 abr. 2020. 
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 970635, Fermatic indústria e 
Comércio de Maquinas LTDA. Relator: Nancy Andrighi, DF, 10 de novembro de 2009. 
Disponível em: 
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/inteiroteor/?num_registro=200701587808&dt_publica> 
Acesso em: 18 mar. 2020. 
CÂMARA, Alexandre Freitas. In: WAMBIER, Teresa Arruda et al. (Coord.). Breves 
comentários do Código de Processo Civil (livro eletrônico). 1. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2015. 
COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial, Saraiva, 1988. 
COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa, 20ª Ed, 
Saraiva, 2008. 
COELHO, Fábio Ulhôa. Manual de direito comercial: direito de empresa / Fábio Ulhoa 
Coelho – 23. ed. – São Paulo. Saraiva, 2011. 
DIDIER JÚNIOR, Fredie. Aspectos Processuais da Desconsideração da PersonalidadeJurídica. Pág. 10. 2018. Disponível em: <http://www.frediedidier.com.br/artigos/aspectos-
processuaisdadesconsideração-da- personalidade-juridica/.> Acesso em: 29 abr. 2020. 
DONIZETTI, Elpídio. Novo Código de Processo Civil comentado (Lei nº 13.105, de 16 de 
março de 2015): análise comparativa entre o novo CPC e o CPC/73. São Paulo: Atlas, 
2015. 
FIGUEIREDO, Leonardo Vizeu. Lições de direito econômico. 7. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2014. 
FILHO. Marcelo Fortes Barbosa. Código Civil Comentado, Doutrina e Jurisprudência. 
Barueri: Manole, 2007. 
http://www.frediedidier.com.br/artigos/aspectos-processuaisdadesconsidera%C3%A7%C3%A3o-da-
http://www.frediedidier.com.br/artigos/aspectos-processuaisdadesconsidera%C3%A7%C3%A3o-da-
 
15 
NEGRÃO, Ricardo. Direito empresarial: estudo unificado / Ricardo Negrão. — 5. ed. rev. 
— São Paulo : Saraiva, 2014. 
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial / André Luiz Santa Cruz Ramos. – 7. 
ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. 
REQUIÃO, R. Curso de Direito Comercial, 26 ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 
REQUIÃO, R. Curso de Direito Comercial. Saraiva, 21ª edição, 1993, vol. 1. 
SOUZA, V. R. P; SANTOS, R.R.M. Manual Básico de Direito Empresarial. Curitiba: Editora 
Juruá, 2013. 
TARTUCE, Flávio. Manual De Direito Civil. Editora Método. São Paulo. 2011. 
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário, v. 
1 / Marlon Tomazette. – 8. ed. rev. e atual. – São Paulo: Atlas, 2017.

Continue navegando