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Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Prof. João Motarelli Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância Módulo 1: O que é Mindfulness e Mindful Eating - A teoria e a prática. Mindful Eating tem sua origem em Mindfulness, portanto, compreender os conceitos de Mindfulness se torna essencial, para que possa também compreender os diferentes programas e protocolos de Mindful Eating uma vez que estes programas utilizam as práticas de Mindfulness como parte de seus protocolos. Mindfulness possui origem em tradições religiosas orientais, principalmente budista, porém, é uma prática sem qualquer reminiscência religiosa ou cultural, com uma sólida base científica. Mindfulness é traduzido como “atenção plena” ou “consciência plena” (AUSIÁS CEBOLLA, JAVIER CAMPAYO, 2016). Não significa meditação, mas sim um estado da mente humana presente nos indivíduos, em diferentes níveis de intensidade,(AUSIÁS CEBOLLA, JAVIER CAMPAYO, 2016) que podem ser identificados como Mindfulness Traço (do termo trait ou dispositional) considerado uma característica do inata do indivíduo para se estar atento ao momento presente no cotidiano, ou Mindfulness Estado (do termo state), que remete a um estado que é treinado durante as práticas formais de Mindfulness e ainda podem ser praticadas de forma informal ao serem aplicadas em diversos aspectos da vida (atenção plena ao caminhar ou tomar banho) incluindo a alimentação e o comportamento alimentar (Mindful Eating - atenção plena ao comer)(JORDAN et al., 2014; SIEGLING; PETRIDES, 2014; WARREN; SMITH; ASHWELL, 2017). São diversas as definições para Mindfulness na literatura científica, porém percebe-se em comum entre as definições os seguintes aspectos: capacidade de estar atento ao momento presente, intencionalidade (de forma consciente e atenta) e aceitação (com atitude de curiosidade, abertura, gentileza e sem julgamento) (AUSIÁS CEBOLLA, JAVIER CAMPAYO, 2016; KIKEN; GARLAND; GAYLORD, 2016). Uma das definições mais utilizadas se refere a um dos principais nomes da literatura científica, Jon Kabat-Zinn que define: “Mindfulness é a consciência que surge através da atenção, de propósito, no momento presente, sem julgamento”. Kabat-Zinn é considerado “pai” do Mindfulness por ter desenvolvido o Programa de Redução de Estresse Baseado em Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância Mindfulness, da sigla em inglês MBSR (Mindfulness Based Stress Reduction) em meados de 1979 (AUSIÁS CEBOLLA, JAVIER CAMPAYO, 2016; BROWN; RYAN, 2003; KIKEN; GARLAND; GAYLORD, 2016). Através deste programa surgem as MBI´S (Mindfulness Based Interventions) ou Intervenções Baseadas em Mindfulness (IBM´s) que se demonstram eficazes nos diversos âmbitos da saúde tais como: Estresse, Depressão, Prevenção de recaída e abuso de drogas, obesidade, diabetes e transtornos alimentares (Anorexia, Compulsão Alimentar e Comer Emocional)(AUSIÁS CEBOLLA, JAVIER CAMPAYO, 2016; BROWN; RYAN, 2003; KIKEN; GARLAND; GAYLORD, 2016; STARFIELD et al., 2008). A literatura científica aponta que Mindful Eating, ou sua tradução literária Atenção Plena ao Comer, pode ser caracterizado por uma consciência da fome, saciedade, níveis de energia, emoções e ambiente(KRISTELLER; WOLEVER, 2010). Mindful Eating pode ser também conceituado como estar consciente do presente momento enquanto come, prestar atenção ao efeito desses alimentos nos sentidos e ainda notar as sensações físicas e emocionais em respostas ao ato de comer. Os princípios do Mindful Eating são bem consistentes na literatura científica, apesar de não haver uma definição universal (JORDAN et al., 2014; KRISTELLER; WOLEVER, 2010; WARREN; SMITH; ASHWELL, 2017). Apesar da não definição concisa na literatura científica, compreende-se que Mindfulness assim como Mindful Eating, não podem ser chamadas de ferramentas, uma vez que assim como Mindfulness, Mindful Eating também pode ser considerado um traço psicológico inerente a capacidade inata do indivíduo(O’REILLY, et al., 2015). As definições são importantes, mas ainda, restritas em demonstrar a características importantes do Mindful Eating. Diante disso, os princípios do Mindful Eating se tornam importantes norteadores para sua compreensão. Segundo o centro americano The Center for Mindful Eating (TCME) o principal centro de Mindful Eating mundial e também um órgão regulador, os princípios de comer com atenção plena são: Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância ● Permitir a si mesmo tornar-se consciente das oportunidades positivas e carinhosas que estão disponíveis através da seleção e preparação dos alimentos, respeitando a sua própria sabedoria interior. ● Usar todos os seus sentidos na escolha do que comer, para que seja gratificante para você e nutritivo para o seu corpo. ● Reconhecer respostas aos alimentos (gostos, desgostos ou neutro) sem julgamento. ● Tornar-se consciente da fome e saciedade físicas para guiar suas decisões para começar e parar de comer. Estes princípios básicos, ainda não conseguem demonstram a totalidade do que é o Mindful Eating, porém, são norteadores para que possamos compreender a base com a qual se propõe. Estes princípios foram traduzidos pelo Centro Brasileiro de Mindful Eating, um centro sem fins lucrativos que possui como objetivo difundir o conhecimento teórico e prática de Mindful Eating. Materiais disponíveis em http://mindfuleatingbrasil.com.br/index.php/2017/06/29/materiais-de-apoio/ http://mindfuleatingbrasil.com.br/index.php/2017/06/29/materiais-de-apoio/ Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância Módulo 2: Contexto histórico, diferentes programas e como me tornar instrutor. Como vimos acima, apesar de haver uma reminiscência nas tradições religiosas é importante destacar que Mindfulness não remete a nenhuma religião ou religiosidade. Sabe-se portanto que Jon Kabat-zin, zen budista adaptou as práticas desta tradição para o seu protocolo de redução de estresse (MBSR)(KABAT-ZINN, 1982, 2003). O protocolo de MBSR foi o primeiro protocolo a surgir adaptando as práticas contemplativas e da tradição dentro de um contexto acadêmico, sendo aplicado para pacientes com estresse crônico(KABAT-ZINN, 1982). Em seguida, Mark Willians, Jonh Teasdale e Zindel Seagal adaptam o protocolo de MBSR associando Mindfulness a terapia cognitivo comportamental para o tratamento da depressão, denominando o protocolo de Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness (MBCT – Mindfulness Based Cognitive therapy), um dos protocolos com evidências mais robustas na literatura científica e que modificou as politicas públicas no Reino Unido ao se mostrar tão eficaz quanto o tratamento medicamentoso padrão para a depressão(KUYKEN et al., 2015; TEASDALE et al., 2000). Uma vez que a aplicabilidade de Mindfulness vem se mostrando eficiente em populações diferentes, gerou-se o interesse em diversos âmbitos de pesquisa buscando a sua aplicabilidade nos mais diversos quadros clínicos, outros exemplos são o Mindfulness Based Relapse Prevention (Mindfulness para prevenção de relapso e recaída – MBRP) para indivíduos que apresentam comportamento aditivo tais como drogas, álcool, sexo e compras, assim como para manejo da dor (Manuseio da dor baseadoem Mindfulness – MBPE)(BOWEN et al., 2009; DAY et al., 2014). No ano de 1999 é publicado o protocolo de consciência alimentar baseado em Mindfulness (MB-EAT – Mindfulness Based Eating Awareness Training) da Psicóloga Jean Kristeller, para pacientes com compulsão alimentar se mostrando mais efetivo que a terapia cognitiva comportamental, um protocolo padrão para este tipo de tratamento(KRISTELLER; HALLETT, 1999). Além deste, o protocolo denominado “Eat Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância for life” (Mindfulness Based Eating Solution) publicado mais recentemente (2004) incluindo além de Mindfulness e Mindful Eating como bases do protocolo, mas também habilidades do comer intuitivo, também se mostrou eficiente em reduzir o comer desordenado na população estudada(BUSH et al., 2014). É importante destacar que MB-EAT assim como o protocolo “Eat for Life” não são os únicos protocolos de Mindful Eating existentes, mas sendo os dois protocolos com evidências já estabelecidas na literatura científica, o que conota respaldo técnico científico para aplicação profissional dessas práticas. Outros protocolos, como o “Im i Hungry” da Michelle May, Mindful Eating Concious Living da Jan Chozen Bays (MBCL), Well Nourished da Andrea Liberstein, e Mindful Eating da Dra. Susan Albers são amplamente difundidos, com publicações literárias disponíveis (livros) apenas na versão inglesa. É importante que o profissional que tenha interesse em se aprofundar nessa temática possa conhecer os diferentes protocolos e autores, a fim de encontrar a abordagem que mais se adequa dentro de sua realidade profissional e pessoal. Vale destacar que cada autor ressalta sua visão sobre as práticas de Mindful Eating, sendo possível notar em sua maioria características inerentes à psicologia ou a tradição budista, sendo na tradição budista, destaque, o monge budista Tich Nhat Hahn, e autor de diversas obras que nos mostra sua visão do comer com atenção plena pelos olhos da tradição. Apesar de não ser um protocolo em si, seus ensinamentos podem ser aplicados em nossas vidas diárias e profissionais. Os protocolos de Mindfulness e Mindful Eating são considerados terapias de terceira geração dentro do contexto da psicologia. Portanto, além de Mindfulness e Mindful Eating os programas baseados em autocompaixão também se mostram eficazes na melhoria de transtornos alimentares e desordens relacionadas, assim como a terapia de aceitação e compromisso e a dialética comportamental, já estudadas e com evidências na literatura Científica(BRAUN; PARK; GORIN, 2016; LILLIS; KENDRA, 2014; TELCH; AGRAS; LINEHAN, 2001). Apesar de existirem diversos protocolos e programas, o TCME, principal e mais importante órgão regulamentador internacional das práticas, elaborou as diretrizes e Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância boas práticas para professores e instrutores de Mindful Eating. Essas diretrizes foram baseadas nas diretrizes já existentes para as práticas de Mindfulness. No Brasil, através do Centro Brasileiro de Mindful Eating, essas diretrizes já foram traduzidas e pontos importantes serão destacados abaixo, de suma importância para profissional de saúde que utiliza ou gostaria de aplicar as práticas. 1. Ter diploma profissional em profissões relacionadas à saúde mental ou física, educação ou assistência social ou formação em ecologia, biologia ou ciência das tecnologias alimentares. 2. Ter concluído, como participante, um programa baseado em atenção plena, como exemplo o “Programa de Redução do Estresse com Base na Atenção Plena (MBSR)”, Terapia Cognitiva Baseada na Atenção Plena (MBCT) e/ou prática de longo prazo sob a orientação de um professor sênior numa tradição contemplativa (mínimo 3 anos). 3. Conclusão de uma formação profissional de 5 dias ou mais presencial em Mindful Eating, com um professor que siga as Diretrizes do TCME para Professores de Mindful Eating. 4. Ter conhecimento e experiência das populações específicas às quais o programa de Alimentação Consciente será entregue (pessoas com comportamento alimentar desordenado, comer em excesso, compulsão alimentar, alimentação extremamente restritiva, anorexia, bulimia e ortorexia), incluindo experiência de ensino, outros cuidados com estes grupos e/ou indivíduos. 5. Ter compromisso com uma prática pessoal de atenção plena, através da prática formal e informal diária. Retiros em silêncio de Mindfulness anuais são recomendados para manter e aprofundar a prática de um professor de Mindful Eating. 6. Compromisso com o desenvolvimento contínuo como professor, através de formação contínua. Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância Em suma, as diretrizes são norteadores para que se mantenha padrões de qualidade nas práticas de Mindful Eating e compromisso pessoal dos instrutores com o ensino. Um ponto diferenciado de Mindfulness e Mindful Eating de outras práticas, abordagens ou terapias é a presença de experiências práticas e vivenciais, onde o instrutor deverá também saber como manusear e explorar a experiência do participante através aplicação do inquérito (inquiry) ou partilha. Através do inquiry, perguntas centrais são utilizadas para explorar a experiência do participante, como “O que percebeu em sua experiência? Como se relacionou com isso? Isso é habitual para você?”. Através dessas perguntas, a experiência do participante é explorada de forma a proporcionar o contato do participante de forma compreensiva com sua experiência, trazer o conceito aplicado, seja de Mindfulness ou Mindful Eating. O inquiry é, portanto, peça central uma vez que ele proporciona o contato com a experiência realizada e a ressignificação dos conteúdos mentais relacionados ao comer(CRANE et al., 2013). Os autores Jon Kabat Zinn, 2013 e Roberta Crane, 2013 ressaltam que nenhum conhecimento teórico é capaz de suprir o Para se tornar um instrutor de Mindful Eating, conheça mais os programas, através dos links: - Mindfulness Based Eating Awareness Training (MB-EAT): https://www.mb-eat.com/ - Im i Hungry – Michelle May: https://amihungry.com/ - Well Nourished – Andrea Liberstein: http://yourwellnourishedlife.com/ - Mindful Eating Concious Living – Jan Chozen Bays: http://www.me-cl.com/ - Mindful Eating – Dra. Susan Albers - http://eatingmindfully.com/ - *Mindfulness based Eating Solution (Eat for Life) – Lynn Rossy: http://lynnrossy.com/eat-life-program-registration-open/ *O centro brasileiro anualmente convida um autor para realizar a formação profissional, fornecendo os materiais traduzidos e tradução simultânea. Para mais informações acesse https://www.centrobrasileiromindfuleating.com/formacao https://www.mb-eat.com/ https://amihungry.com/ http://yourwellnourishedlife.com/ http://www.me-cl.com/ http://eatingmindfully.com/ http://lynnrossy.com/eat-life-program-registration-open/ https://www.centrobrasileiromindfuleating.com/formacao Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância conhecimento necessário para saber guiar as práticas e também o Inquiry, destacando a importância da prática pessoal, para que haja conhecimento, expertise e empatia com o processo(CRANE et al., 2013). Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância MÓDULO 3: Porque mindfulness e mindful eating no contextoalimentar atual? Provavelmente você já tenha ouvido dizer a seguinte frase “Nunca se falou tanto em comida e nunca as pessoas estiveram tão acima do peso”. Essa é uma frase da Nutricionista Sophie Deram que brilhantemente resume o atual cenário relacionado ao contexto nutricional e epidemiológico. A obesidade é de fato crescente, e um estudo publicado na renomada revista The Lancet avaliando ao longo de 33 anos a obesidade em diferentes países, demonstrou que a obesidade aumentou 27,5% em adultos e 47,1% em crianças quando comparado o ano de 2013 em relação ao ano de 1980. Além deste dado crescente, outro dado de extrema relevância e destaque neste estudo é a não eficácia de nenhum dos países estudados terem reduzido a obesidade nos últimos 33 anos. Quando comparado este estudo com os últimos dados publicados em 2009 da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) avaliando a população brasileira, observa-se tendência similar a observada mundialmente, sendo a projeção para 2022 que o sobrepeso aumente para 65,2% e a obesidade para 24,8%(NG et al., 2014). Ao observar esse cenário, destaca-se a importância de uma visão integrativa para o indivíduo a fim de auxiliá-lo no processo de mudança, pontos estes que ainda não estão presentes em grande parte das abordagens dos profissionais da área da saúde. Parte da não visão integrativa nasce de um contexto histórico que será brevemente abordado a seguir(ANDRÉIA; OLIVEIRA, 2008). Rene Descartes, Aristóteles e Galileu, esclarecidos filósofos descreviam saúde como ausência de doença, em outras palavras, estes filósofos compreendiam que assim como um relógio que se quebra ao trocar suas peças e consertá-lo ele voltará a funcionar, em outras palavras, este modelo de saúde é conhecido como mecanicista. Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância A falta de uma visão integrativa, tem promovido um tratamento falho no que condiz a obesidade. Observamos esse processo falho nos diversos dados publicados relacionados a reganho de peso após o uso de tais intervenções (OMS,2007). Em especial no que condiz ao contexto nutricional em especial a restrição alimentar como forma de tratamento para a obesidade ou qualquer desvio nutricional. Em 2007 a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou que 95% das pessoas que fazem dieta e conseguem emagrecer, reganham seu peso ou mais em 5 anos (OMS,2007). Além da OMS, o pesquisador Martijn Katan em sua carta editorial escrita ao New England Journal of Medicine destaca que os fatores comportamentais são os influenciadores maiores para a perda de peso do que a própria composição de macronutrientes presente na dieta e ainda destaca que sentimentos e pensamentos possuem extrema relevância nos comportamentos dos indivíduos e por isso abordagens para perda de peso devem incluir o componente comportamental(MARTIJN B, 2009). A figura 1 demonstra como a restrição alimentar pode afetar o comportamento do indivíduo, bem como suas emoções (frustação e tristeza) e pensamentos. Um comportamento reflexo da restrição pode ser o exagero alimentar ou chamado de overeating(CURIONI; LOURENÇO, 2005; DONNELLY et al., 2009). O alimento pode ser utilizado também como forma de lidar com os sentimentos de afeto negativo decorrentes ou não da alimentação. A restrição seguida de consumo alimentar exagerado pode causar reflexos metabólicos importantes sendo estas, características presentes em um comer desordenado(HERMAN, C. PETER AND POLIVY, 1984). Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância Outros pontos destacáveis em relação à restrição alimentar é a dificuldade de se mantê-la ao longo do tempo e a característica da restrição de não englobar os diversos aspectos que promovem auto-eficácia do indivíduo. Segundo Bandura, autoeficácia é a confiança que uma pessoa tem na sua própria capacidade para completar uma determinada tarefa ou resolver um problema(BANDURA, 1977). Na figura 2 adaptado de Marlat e Donavan criadores do protocolo de prevenção de relapso e recaída baseado em Mindfulness (MBRP), é possível compreender a diferente entre ter estratégias de enfrentamento versus a ausência de estratégia de enfrentamento mediante a uma situação de risco no aumento da autoeficácia(BOWEN et al., 2009). Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância Utilizando a figura 1 como exemplo é possível notar que após o processo de restrição alimentar pode haver a perda de controle e de forma subsequente o exagero alimentar, mostrando a ausência de estratégia de enfrentamento do indivíduo frente a situação de risco, no caso uma situação que envolve comida. De modo contrário, ao fornecer estratégias de enfrentamento o indivíduo passa a lidar com os diversos aspectos que influenciam a situação alimentar como o desconforto, a pressão social, o desejo (fissura), expectativa de resultado, etc. A fornecer tais estratégias é possível promover a autoeficácia e sustentar o comportamento a longo prazo que no exemplo utilizado seria o não exagero. Sabe-se, então, que os aspectos presentes na restrição alimentar como os sentimentos de afeto negativo (frustação, culpa, cobrança) e a sensação de perda de controle são componentes que reduzem a autoeficácia e não permitem a sustentação do comportamento adequado a longo prazo. Por outro lado, Mindfulness e Mindful Eating promove o ganho de habilidades centrada no indivíduo (habilidades de enfrentamento) como a manutenção do equilíbrio emocional, não sobre identificação com pensamentos e emoções, uso das sensações físicas de fome para começar a Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância comer e saciedade para parar de comer e ainda a preferir a qualidade acima da quantidade (KRISTELLER; WOLEVER, 2010). Como forma de resgatar os sinais internos de fome, Jean Kristeller desenvolveu a prática da fome em seu protocolo (MB-EAT) para auxiliar indivíduos com compulsão alimentar a resgatar seus sinais internos como forma de se alimentar uma vez que estes indivíduos assim como comedores emocionais e ou desatentos podem comer na ausência da fome física (KRISTELLER; WOLEVER, 2010). É importante saber então diferenciar a fome física da fome emocional como demonstrado na figura 3. Após compreender a diferença entre os tipos de fome a prática formal auxilia os indivíduos a se conectarem com sua fome física e ainda a utilizar uma nota para que possam gerenciá-la. Na figura 4 está descrito a nota da fome com suas respectivas sensações físicas emergentes e padrões de pensamentos. Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância Após a prática o indivíduo se torna mais hábil a compreender a sua fome e a utilizá-la como uma das formas que lhe auxilia a começar a comer e tomar as suas decisões alimentares. É importante salientar que esta prática não é a única utilizada para promover habilidades centradas no indivíduo como forma de promover autoeficácia. No Material complementar é possível observar o cronograma completo do programa MB-EAT. Além da habilidade de se utilizar as sensações físicas de fome como guia para começar a comer, Mindfulness e Mindful Eating podem atuar modificando os sistemas neurais relacionados ao comer. No estudo de Wijngaarden e colaboradores (2015) fora demonstrado em obesos a atividadeelevada em uma região do cérebro chamada de Amigdala e uma atividade reduzida do córtex pré-frontal. Ambas as regiões cerebrais são determinantes do comportamento alimentar, sendo o córtex pré-frontal responsável por escolhas alimentares conscientes e a amigdala por escolhas alimentares mais inconscientes em resposta a estímulos de sobrevivência, como fome excessiva, por exemplo. Este estudo realizado com ressonância magnética funcional, padrão ouro para esse tipo de avaliação, nos esclarece uma das possíveis relações existentes entre a obesidade e os sistemas neurais determinantes do comportamento alimentar. Mindfulness e Mindful Eating podem atuar nesses sistemas neurais através do efeito de neuroplasticidade modificando a atividade dessas regiões explicando parte de seus efeitos no comportamento alimentar(WIJNGAARDEN et al., 2015). Na revisão sistemática de Gotink e colaboradores (2016) fora demonstrado que a prática de meditação Mindfulness em 8 semanas pode promover modificações Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância neurais importantes, similares a meditadores de longa data. Essas modificações atuam promovendo aumento na atividade do córtex pré-frontal e a redução na atividade da amigdala(GOTINK et al., 2016). Vale, portanto, ressaltar que os programas de Mindful Eating possuem como base a prática de Mindfulness e que estes efeitos em nosso sistema neural podem em partes explicar os benefícios observados nas melhorias comportamentais do indivíduo(CARRIÈRE et al., 2018; KATTERMAN et al., 2014; O’REILLY, GILLIAN et al., 2015). MÓDULO 4: Desejo alimentar, comer emocional, compulsão e mindful eating. Nem toda restrição gera compulsão, mas toda compulsão é fruto da restrição. Não somente a compulsão, mas também o comer emocional e o desejo alimentar podem ser frutos da restrição alimentar. Teorias como a ironia da supressão do pensamento, o efeito do fruto proibido, e a teoria da restrição alimentar nos ajudam a compreender como a restrição alimentar pode atuar como gatilhos para esses comportamentos(HERMAN, C. PETER AND POLIVY, 1984). Em relação ao comer emocional pode ser compreendido como uma forma do ser humano se autorregular frente suas emoções. As psicólogas Evelyn Tribole e Elyse Resch o descrevem em uma escala de 1 a 5, sendo elas: 1. Gratificação sensorial ou seja comer para gratificar os seus sentidos; 2. Confort food ou comidas que lhe tragam algum conforto (exemplo: bolinho de chuva da avó); 3. Distração, ou comer de forma a se distrair de alguma emoção; 4.sedação (comer a ponto de não ter contato nenhum com as emoções que queira evitar) 5.Punição (não tem prazer em comer, portanto comer é uma punição, presente em especial em quadros de bulimia e anorexia)(TRIBOLE, 2003). Comer emocional e Compulsão Alimentar podem apresentar traços em comum que podem ser modificados pelas práticas de Mindful Eating. Para isso, vejamos a definição de compulsão alimentar presente na DSM-V que a descreve como a ingestão, Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância em um período limitado de tempo (por exemplo, dentro de um período de duas horas), de uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria em um período similar, sob circunstâncias similares. Um sentimento de falta de controle sobre o episódio (por exemplo, um sentimento de não conseguir parar ou controlar o que ou quanto se come). Além destas descrições para que seja caracterizado compulsão alimentar os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos seguintes critérios: Comer muito e mais rapidamente do que o normal; Comer até sentir-se incomodamente repleto, Comer grandes quantidades de alimentos, quando não está fisicamente faminto; Comer sozinho por embaraço devido à quantidade de alimentos que consome, Sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente. É possível destacar, portanto que tanto no comer emocional quanto na compulsão alimentar dentre outros fatores ambos possuem em comum a desconexão com os sinais de fome e saciedade. Mindful Eating portanto pode atuar de diversas maneiras na compulsão alimentar e no comer emocional, sendo seus efeitos testados e publicados em 2013 por Kristeller e Wolever em seu estudo clínico randomizado com 150 participantes com média, de 46 anos e IMC de 40kg/m², demonstrando-se extremamente eficaz para a compulsão alimentar após um programa de 12 sessões de Mindful Eating(KRISTELLER; WOLEVER, 2010). Em seu estudo Kristeller e Wolever alocaram os participantes de forma aleatória e os distribuíram em 3 diferentes grupos, sendo MB-EAT versus intervenção padrão que utilizou técnicas de Psicoeducação e Cognitivo Comportamental (PECB) ou Lista de espera onde os participantes não receberam nenhum tipo de intervenção durante o estudo. Os resultados mostraram que após um mês de intervenção 80% dos participantes do grupo MB-EAT já não atendiam mais os critérios para compulsão alimentar sendo que 25% reduziram para zero o número de compulsões alimentares. Os resultados ainda, se mostraram eficazes quatro meses após a intervenção, onde 95% do grupo MB-EAT já não atendiam aos critérios diagnósticos para compulsão alimentar. É importante salientar que os Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância resultados dos grupos PECB foram similares ao do grupo MB-EAT, não apresentando diferenças estatisticamente significativas. Os autores ainda realizaram análises com aqueles indivíduos que relataram compulsão alimentar durante a intervenção, a fim de avaliar o tamanho da porção consumida nos momentos de compulsão alimentar representado na figura 4. Pode-se observar, portanto, que no momento pré os grupos se apresentavam com as compulsões alimentares (74-87%) em porções médias e grandes e, quatro meses após a intervenção (F/UP), os participantes do grupo lista de espera ainda relatavam 85% das compulsões em porções médias e pequenas, enquanto que o grupo PECB 59% eram médias e o grupo MB-EAT com melhores resultados, onde compulsão por porções menores eram 60% versus 13% do grupo PECB. Além dos efeitos sobre fome e saciedade a eficácia dos resultados demonstrados no estudo MB-EAT se dá pelos mecanismos de mudança projetados que envolvem a regulação do apetite e processos emocionais, aumentando a sensibilidade aos processos hedônicos e menor reatividade a comportamentos habituais. Os autores destacam ainda o desenvolvimento de habilidades relatadas pelos participantes, como a melhoria substancial em sua capacidade de identificar e usar a fome e saciedade. Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância Ainda, nota-se entre os participantes uma redução significativa no consumo de alimentos doces e alimentos ricos em gordura, de forma quantitativa e qualitativa(KRISTELLER; WOLEVER, 2010). Um importante destaque é dado pelos autores à prática de Mindfulness utilizada pelo estudo, que corrobora com outros achados recentes já publicados, demonstrando que a prática pode auxiliar na reorganização de processos relacionados à compulsão, aumentando a apreciação e a satisfação de pequenas quantidades de alimentos e interrupção de gatilhos que possam desencadear os ciclos compulsivos, como o ambiente e a exposição ao alimento(KRISTELLER; WOLEVER, 2010). Apostila do Curso de ComportamentoAlimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância MÓDULO 5: Evidências científicas No que condiz as práticas de Mindful Eating, este se enquadra dentro das Intervenções baseadas em Mindfulness (IBM´s). O estudo da Kathryn M. Godfrey, realizou uma revisão sistemática da literatura e meta-análise onde reúne diversos artigos para compreender o efeito das IBM´s na compulsão alimentar(GODFREY; GALLO, 2014). Em seu estudo Kathryn, quis entender os efeitos dos programas baseados em Mindfulness (IBM´s) assim como outras práticas baseadas em aceitação como Terapia de aceitação e compromisso e Comportamental Dialética. Em sua maioria os estudos incluídos foram conduzidos nos Estados Unidos, porém, apresentam-se ainda, estudos do Canada, Suíça, Reino Unido e Austrália. Comum em revisões de meta-análise o gráfico de Forest Plot apresentado na figura abaixo, demonstra a cada linha o autor do estudo e seu respectivo resultado. A linha pontilhada representa o efeito médio analisado pela pesquisa de -1.12 do intervalo de confiança, em outras palavras após a analise dos estudos incluídos nessa revisão as IBM´s em média podem promover uma redução de 112% na compulsão alimentar. Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância Após analisado os resultados encontrados nos estudos, Kathryn, comenta em seu artigo que as IBM´s tem grande impacto em reduzir a compulsão alimentar, podendo ser utilizado como uma forma de tratamento para paciente que se enquadre dentro dessas condições (Critérios da DSM-V). Essa meta-análise incluiu o estudo de Kristeller e Wolever comentado no Cápitulo 4 desta apostila. Um ponto não investigado na meta-análise da Kathryn é variação de peso apresentada pelos participantes, mas que foi investigada por Carrière e colaboradores em seu estudo de meta-análise publicado em 2017. Carrière investigou, portanto, os efeitos da IBM´s na perda de peso e em comportamentos relacionados a obesidade em indivíduos com sobrepeso e obesidade. Em seu estudo, após a análise de 18 estudos, demonstrou que tais intervenções podem promover uma perda média de -3,3% do peso corporal(CARRIÈRE et al., 2018). O autor elucida em seu estudo que este efeito não fora observado em estudos onde os participantes realizam apenas práticas informais e observado somente nos Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica Ensino a Distância participantes que realizavam as práticas formais e informais (Para saber mais sobre prática forma e informal, vide capítulo 1 desta apostila). Por outro lado, um ponto valioso deste estudo, é a análise da manutenção de peso dos estudos avaliados. Os autores ressaltam ao comparar as IBM´s versus Dieta, os estudos das IBM´s demonstram que os participantes continuaram perdendo peso após a intervenção, enquanto os participantes que realizavam dieta e exercício reganharam (0,4% de peso), sugerindo que as alterações em perda de peso são moderadas pelas mudanças no comportamento alimentar. O estudo ainda, analisou a mudança em comportamentos alimentares como comer emocional, compulsão alimentar e comer restritivo demonstrando que as IBM´s são eficazes em promover melhorias a esses comportamentos. Os autores destacam o papel dos exercícios de Mindful Eating como coadjuvante na melhoria de tais comportamentos, mediada pela percepção da fome e saciedade e satisfação e o papel da meditação em promover autoregulação aos indivíduos e os auxiliando a se tornar conscientes dos gatilhos e padrões automáticos responsáveis pelos comportamentos desordenados. Os efeitos das IBM´s em comportamentos relacionados a obesidade, são bem explorados na literatura científica. O estudo publicado por O´reilly e colaboradores também evidenciou o efeito das IBM`s sobre o comer emocional. Os autores discutem ainda como as IBM´s podem atuar nos indivíduos, em especial em obesos, pois estes, podem engajar mais facilmente no comer emocional que indivíduos não obesos. Os autores explicam que o comer emocional pode ser uma estratégia mal adaptativa a emoções negativas caracterizadas por impulsos a comida de forma a suprimir as emoções negativas e que a prática de Mindfulness pode auxiliar esses indivíduos a não reagirem e aceitarem as emoções negativas de forma habilidosa, ao invés tentar suprimi-las evitando o exagero ao comer que ocorre quando os indivíduos comem de forma emocional(O’REILLY, GILLIAN A.; COOK, LAUREN; SPRUIJT-METZ, DONNA; BLACK, 2015). 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