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Apostila - Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica

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Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica 
Ensino a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Comportamento Alimentar, 
Mindfulness e Mindful Eating na 
Prática Clínica 
 
 
 
 
 
 
Prof. João Motarelli 
 
 
Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica 
Ensino a Distância 
 
 
 
Módulo 1: O que é Mindfulness e Mindful Eating - A teoria e a prática. 
Mindful Eating tem sua origem em Mindfulness, portanto, compreender os conceitos 
de Mindfulness se torna essencial, para que possa também compreender os diferentes 
programas e protocolos de Mindful Eating uma vez que estes programas utilizam as 
práticas de Mindfulness como parte de seus protocolos. 
 Mindfulness possui origem em tradições religiosas orientais, principalmente 
budista, porém, é uma prática sem qualquer reminiscência religiosa ou cultural, com 
uma sólida base científica. Mindfulness é traduzido como “atenção plena” ou 
“consciência plena” (AUSIÁS CEBOLLA, JAVIER CAMPAYO, 2016). Não significa 
meditação, mas sim um estado da mente humana presente nos indivíduos, em 
diferentes níveis de intensidade,(AUSIÁS CEBOLLA, JAVIER CAMPAYO, 2016) que 
podem ser identificados como Mindfulness Traço (do termo trait ou dispositional) 
considerado uma característica do inata do indivíduo para se estar atento ao momento 
presente no cotidiano, ou Mindfulness Estado (do termo state), que remete a um 
estado que é treinado durante as práticas formais de Mindfulness e ainda podem ser 
praticadas de forma informal ao serem aplicadas em diversos aspectos da vida 
(atenção plena ao caminhar ou tomar banho) incluindo a alimentação e o 
comportamento alimentar (Mindful Eating - atenção plena ao comer)(JORDAN et al., 
2014; SIEGLING; PETRIDES, 2014; WARREN; SMITH; ASHWELL, 2017). 
 São diversas as definições para Mindfulness na literatura científica, porém 
percebe-se em comum entre as definições os seguintes aspectos: capacidade de estar 
atento ao momento presente, intencionalidade (de forma consciente e atenta) e 
aceitação (com atitude de curiosidade, abertura, gentileza e sem julgamento) (AUSIÁS 
CEBOLLA, JAVIER CAMPAYO, 2016; KIKEN; GARLAND; GAYLORD, 2016). Uma das 
definições mais utilizadas se refere a um dos principais nomes da literatura científica, 
Jon Kabat-Zinn que define: “Mindfulness é a consciência que surge através da atenção, 
de propósito, no momento presente, sem julgamento”. Kabat-Zinn é considerado “pai” 
do Mindfulness por ter desenvolvido o Programa de Redução de Estresse Baseado em 
 
Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica 
Ensino a Distância 
 
 
Mindfulness, da sigla em inglês MBSR (Mindfulness Based Stress Reduction) em 
meados de 1979 (AUSIÁS CEBOLLA, JAVIER CAMPAYO, 2016; BROWN; RYAN, 2003; 
KIKEN; GARLAND; GAYLORD, 2016). Através deste programa surgem as MBI´S 
(Mindfulness Based Interventions) ou Intervenções Baseadas em Mindfulness (IBM´s) 
que se demonstram eficazes nos diversos âmbitos da saúde tais como: Estresse, 
Depressão, Prevenção de recaída e abuso de drogas, obesidade, diabetes e transtornos 
alimentares (Anorexia, Compulsão Alimentar e Comer Emocional)(AUSIÁS CEBOLLA, 
JAVIER CAMPAYO, 2016; BROWN; RYAN, 2003; KIKEN; GARLAND; GAYLORD, 2016; 
STARFIELD et al., 2008). 
 A literatura científica aponta que Mindful Eating, ou sua tradução literária 
Atenção Plena ao Comer, pode ser caracterizado por uma consciência da fome, 
saciedade, níveis de energia, emoções e ambiente(KRISTELLER; WOLEVER, 2010). 
Mindful Eating pode ser também conceituado como estar consciente do presente 
momento enquanto come, prestar atenção ao efeito desses alimentos nos sentidos e 
ainda notar as sensações físicas e emocionais em respostas ao ato de comer. Os 
princípios do Mindful Eating são bem consistentes na literatura científica, apesar de 
não haver uma definição universal (JORDAN et al., 2014; KRISTELLER; WOLEVER, 2010; 
WARREN; SMITH; ASHWELL, 2017). 
 Apesar da não definição concisa na literatura científica, compreende-se que 
Mindfulness assim como Mindful Eating, não podem ser chamadas de ferramentas, 
uma vez que assim como Mindfulness, Mindful Eating também pode ser considerado 
um traço psicológico inerente a capacidade inata do indivíduo(O’REILLY, et al., 2015). 
 As definições são importantes, mas ainda, restritas em demonstrar a 
características importantes do Mindful Eating. Diante disso, os princípios do Mindful 
Eating se tornam importantes norteadores para sua compreensão. Segundo o centro 
americano The Center for Mindful Eating (TCME) o principal centro de Mindful Eating 
mundial e também um órgão regulador, os princípios de comer com atenção plena 
são: 
 
Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica 
Ensino a Distância 
 
 
● Permitir a si mesmo tornar-se consciente das oportunidades positivas e 
carinhosas que estão disponíveis através da seleção e preparação dos 
alimentos, respeitando a sua própria sabedoria interior. 
● Usar todos os seus sentidos na escolha do que comer, para que seja gratificante 
para você e nutritivo para o seu corpo. 
● Reconhecer respostas aos alimentos (gostos, desgostos ou neutro) sem 
julgamento. 
● Tornar-se consciente da fome e saciedade físicas para guiar suas decisões para 
começar e parar de comer. 
Estes princípios básicos, ainda não conseguem demonstram a totalidade do que é o 
Mindful Eating, porém, são norteadores para que possamos compreender a base com 
a qual se propõe. Estes princípios foram traduzidos pelo Centro Brasileiro de Mindful 
Eating, um centro sem fins lucrativos que possui como objetivo difundir o 
conhecimento teórico e prática de Mindful Eating. Materiais disponíveis em 
http://mindfuleatingbrasil.com.br/index.php/2017/06/29/materiais-de-apoio/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://mindfuleatingbrasil.com.br/index.php/2017/06/29/materiais-de-apoio/
 
Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica 
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Módulo 2: Contexto histórico, diferentes programas e como me tornar 
instrutor. 
Como vimos acima, apesar de haver uma reminiscência nas tradições religiosas é 
importante destacar que Mindfulness não remete a nenhuma religião ou religiosidade. 
Sabe-se portanto que Jon Kabat-zin, zen budista adaptou as práticas desta tradição 
para o seu protocolo de redução de estresse (MBSR)(KABAT-ZINN, 1982, 2003). 
 O protocolo de MBSR foi o primeiro protocolo a surgir adaptando as práticas 
contemplativas e da tradição dentro de um contexto acadêmico, sendo aplicado para 
pacientes com estresse crônico(KABAT-ZINN, 1982). Em seguida, Mark Willians, Jonh 
Teasdale e Zindel Seagal adaptam o protocolo de MBSR associando Mindfulness a 
terapia cognitivo comportamental para o tratamento da depressão, denominando o 
protocolo de Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness (MBCT – Mindfulness Based 
Cognitive therapy), um dos protocolos com evidências mais robustas na literatura 
científica e que modificou as politicas públicas no Reino Unido ao se mostrar tão eficaz 
quanto o tratamento medicamentoso padrão para a depressão(KUYKEN et al., 2015; 
TEASDALE et al., 2000). 
 Uma vez que a aplicabilidade de Mindfulness vem se mostrando eficiente em 
populações diferentes, gerou-se o interesse em diversos âmbitos de pesquisa 
buscando a sua aplicabilidade nos mais diversos quadros clínicos, outros exemplos são 
o Mindfulness Based Relapse Prevention (Mindfulness para prevenção de relapso e 
recaída – MBRP) para indivíduos que apresentam comportamento aditivo tais como 
drogas, álcool, sexo e compras, assim como para manejo da dor (Manuseio da dor 
baseadoem Mindfulness – MBPE)(BOWEN et al., 2009; DAY et al., 2014). 
 No ano de 1999 é publicado o protocolo de consciência alimentar baseado em 
Mindfulness (MB-EAT – Mindfulness Based Eating Awareness Training) da Psicóloga 
Jean Kristeller, para pacientes com compulsão alimentar se mostrando mais efetivo 
que a terapia cognitiva comportamental, um protocolo padrão para este tipo de 
tratamento(KRISTELLER; HALLETT, 1999). Além deste, o protocolo denominado “Eat 
 
Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica 
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for life” (Mindfulness Based Eating Solution) publicado mais recentemente (2004) 
incluindo além de Mindfulness e Mindful Eating como bases do protocolo, mas 
também habilidades do comer intuitivo, também se mostrou eficiente em reduzir o 
comer desordenado na população estudada(BUSH et al., 2014). 
 É importante destacar que MB-EAT assim como o protocolo “Eat for Life” não 
são os únicos protocolos de Mindful Eating existentes, mas sendo os dois protocolos 
com evidências já estabelecidas na literatura científica, o que conota respaldo técnico 
científico para aplicação profissional dessas práticas. Outros protocolos, como o “Im i 
Hungry” da Michelle May, Mindful Eating Concious Living da Jan Chozen Bays (MBCL), 
Well Nourished da Andrea Liberstein, e Mindful Eating da Dra. Susan Albers são 
amplamente difundidos, com publicações literárias disponíveis (livros) apenas na 
versão inglesa. É importante que o profissional que tenha interesse em se aprofundar 
nessa temática possa conhecer os diferentes protocolos e autores, a fim de encontrar 
a abordagem que mais se adequa dentro de sua realidade profissional e pessoal. Vale 
destacar que cada autor ressalta sua visão sobre as práticas de Mindful Eating, sendo 
possível notar em sua maioria características inerentes à psicologia ou a tradição 
budista, sendo na tradição budista, destaque, o monge budista Tich Nhat Hahn, e autor 
de diversas obras que nos mostra sua visão do comer com atenção plena pelos olhos 
da tradição. Apesar de não ser um protocolo em si, seus ensinamentos podem ser 
aplicados em nossas vidas diárias e profissionais. 
 Os protocolos de Mindfulness e Mindful Eating são considerados terapias de 
terceira geração dentro do contexto da psicologia. Portanto, além de Mindfulness e 
Mindful Eating os programas baseados em autocompaixão também se mostram 
eficazes na melhoria de transtornos alimentares e desordens relacionadas, assim como 
a terapia de aceitação e compromisso e a dialética comportamental, já estudadas e 
com evidências na literatura Científica(BRAUN; PARK; GORIN, 2016; LILLIS; KENDRA, 
2014; TELCH; AGRAS; LINEHAN, 2001). 
 Apesar de existirem diversos protocolos e programas, o TCME, principal e mais 
importante órgão regulamentador internacional das práticas, elaborou as diretrizes e 
 
Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica 
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boas práticas para professores e instrutores de Mindful Eating. Essas diretrizes foram 
baseadas nas diretrizes já existentes para as práticas de Mindfulness. No Brasil, através 
do Centro Brasileiro de Mindful Eating, essas diretrizes já foram traduzidas e pontos 
importantes serão destacados abaixo, de suma importância para profissional de saúde 
que utiliza ou gostaria de aplicar as práticas. 
1. Ter diploma profissional em profissões relacionadas à saúde mental ou física, 
educação ou assistência social ou formação em ecologia, biologia ou ciência das 
tecnologias alimentares. 
2. Ter concluído, como participante, um programa baseado em atenção plena, como 
exemplo o “Programa de Redução do Estresse com Base na Atenção Plena (MBSR)”, 
Terapia Cognitiva Baseada na Atenção Plena (MBCT) e/ou prática de longo prazo sob a 
orientação de um professor sênior numa tradição contemplativa (mínimo 3 anos). 
3. Conclusão de uma formação profissional de 5 dias ou mais presencial em Mindful 
Eating, com um professor que siga as Diretrizes do TCME para Professores de Mindful 
Eating. 
4. Ter conhecimento e experiência das populações específicas às quais o programa de 
Alimentação Consciente será entregue (pessoas com comportamento alimentar 
desordenado, comer em excesso, compulsão alimentar, alimentação extremamente 
restritiva, anorexia, bulimia e ortorexia), incluindo experiência de ensino, outros 
cuidados com estes grupos e/ou indivíduos. 
5. Ter compromisso com uma prática pessoal de atenção plena, através da prática 
formal e informal diária. Retiros em silêncio de Mindfulness anuais são recomendados 
para manter e aprofundar a prática de um professor de Mindful Eating. 
6. Compromisso com o desenvolvimento contínuo como professor, através de 
formação contínua. 
 
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 Em suma, as diretrizes são norteadores para que se mantenha padrões de 
qualidade nas práticas de Mindful Eating e compromisso pessoal dos instrutores com o 
ensino. 
 
 
 Um ponto diferenciado de Mindfulness e Mindful Eating de outras práticas, 
abordagens ou terapias é a presença de experiências práticas e vivenciais, onde o 
instrutor deverá também saber como manusear e explorar a experiência do 
participante através aplicação do inquérito (inquiry) ou partilha. 
 Através do inquiry, perguntas centrais são utilizadas para explorar a experiência 
do participante, como “O que percebeu em sua experiência? Como se relacionou com 
isso? Isso é habitual para você?”. Através dessas perguntas, a experiência do 
participante é explorada de forma a proporcionar o contato do participante de forma 
compreensiva com sua experiência, trazer o conceito aplicado, seja de Mindfulness ou 
Mindful Eating. O inquiry é, portanto, peça central uma vez que ele proporciona o 
contato com a experiência realizada e a ressignificação dos conteúdos mentais 
relacionados ao comer(CRANE et al., 2013). Os autores Jon Kabat Zinn, 2013 e Roberta 
Crane, 2013 ressaltam que nenhum conhecimento teórico é capaz de suprir o 
Para se tornar um instrutor de Mindful Eating, conheça mais os programas, através dos 
links: 
- Mindfulness Based Eating Awareness Training (MB-EAT): https://www.mb-eat.com/ 
- Im i Hungry – Michelle May: https://amihungry.com/ 
- Well Nourished – Andrea Liberstein: http://yourwellnourishedlife.com/ 
- Mindful Eating Concious Living – Jan Chozen Bays: http://www.me-cl.com/ 
- Mindful Eating – Dra. Susan Albers - http://eatingmindfully.com/ 
- *Mindfulness based Eating Solution (Eat for Life) – Lynn Rossy: 
http://lynnrossy.com/eat-life-program-registration-open/ 
*O centro brasileiro anualmente convida um autor para realizar a formação profissional, fornecendo os 
materiais traduzidos e tradução simultânea. Para mais informações acesse 
https://www.centrobrasileiromindfuleating.com/formacao 
 
https://www.mb-eat.com/
https://amihungry.com/
http://yourwellnourishedlife.com/
http://www.me-cl.com/
http://eatingmindfully.com/
http://lynnrossy.com/eat-life-program-registration-open/
https://www.centrobrasileiromindfuleating.com/formacao
 
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conhecimento necessário para saber guiar as práticas e também o Inquiry, destacando 
a importância da prática pessoal, para que haja conhecimento, expertise e empatia 
com o processo(CRANE et al., 2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica 
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MÓDULO 3: Porque mindfulness e mindful eating no contextoalimentar 
atual? 
Provavelmente você já tenha ouvido dizer a seguinte frase “Nunca se falou 
tanto em comida e nunca as pessoas estiveram tão acima do peso”. Essa é uma frase 
da Nutricionista Sophie Deram que brilhantemente resume o atual cenário relacionado 
ao contexto nutricional e epidemiológico. 
 A obesidade é de fato crescente, e um estudo publicado na renomada revista 
The Lancet avaliando ao longo de 33 anos a obesidade em diferentes países, 
demonstrou que a obesidade aumentou 27,5% em adultos e 47,1% em crianças 
quando comparado o ano de 2013 em relação ao ano de 1980. Além deste dado 
crescente, outro dado de extrema relevância e destaque neste estudo é a não eficácia 
de nenhum dos países estudados terem reduzido a obesidade nos últimos 33 anos. 
 Quando comparado este estudo com os últimos dados publicados em 2009 da 
Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE) avaliando a população brasileira, observa-se tendência similar a 
observada mundialmente, sendo a projeção para 2022 que o sobrepeso aumente para 
65,2% e a obesidade para 24,8%(NG et al., 2014). 
 Ao observar esse cenário, destaca-se a importância de uma visão integrativa 
para o indivíduo a fim de auxiliá-lo no processo de mudança, pontos estes que ainda 
não estão presentes em grande parte das abordagens dos profissionais da área da 
saúde. Parte da não visão integrativa nasce de um contexto histórico que será 
brevemente abordado a seguir(ANDRÉIA; OLIVEIRA, 2008). 
 Rene Descartes, Aristóteles e Galileu, esclarecidos filósofos descreviam saúde 
como ausência de doença, em outras palavras, estes filósofos compreendiam que 
assim como um relógio que se quebra ao trocar suas peças e consertá-lo ele voltará a 
funcionar, em outras palavras, este modelo de saúde é conhecido como mecanicista. 
 
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 A falta de uma visão integrativa, tem promovido um tratamento falho no que 
condiz a obesidade. Observamos esse processo falho nos diversos dados publicados 
relacionados a reganho de peso após o uso de tais intervenções (OMS,2007). Em 
especial no que condiz ao contexto nutricional em especial a restrição alimentar como 
forma de tratamento para a obesidade ou qualquer desvio nutricional. Em 2007 a 
Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou que 95% das pessoas que fazem dieta e 
conseguem emagrecer, reganham seu peso ou mais em 5 anos (OMS,2007). Além da 
OMS, o pesquisador Martijn Katan em sua carta editorial escrita ao New England 
Journal of Medicine destaca que os fatores comportamentais são os influenciadores 
maiores para a perda de peso do que a própria composição de macronutrientes 
presente na dieta e ainda destaca que sentimentos e pensamentos possuem extrema 
relevância nos comportamentos dos indivíduos e por isso abordagens para perda de 
peso devem incluir o componente comportamental(MARTIJN B, 2009). 
 A figura 1 demonstra como a restrição alimentar pode afetar o comportamento 
do indivíduo, bem como suas emoções (frustação e tristeza) e pensamentos. Um 
comportamento reflexo da restrição pode ser o exagero alimentar ou chamado de 
overeating(CURIONI; LOURENÇO, 2005; DONNELLY et al., 2009). O alimento pode ser 
utilizado também como forma de lidar com os sentimentos de afeto negativo 
decorrentes ou não da alimentação. A restrição seguida de consumo alimentar 
exagerado pode causar reflexos metabólicos importantes sendo estas, características 
presentes em um comer desordenado(HERMAN, C. PETER AND POLIVY, 1984). 
 
Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica 
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Outros pontos destacáveis em relação à restrição alimentar é a dificuldade de se 
mantê-la ao longo do tempo e a característica da restrição de não englobar os diversos 
aspectos que promovem auto-eficácia do indivíduo. Segundo Bandura, autoeficácia é a 
confiança que uma pessoa tem na sua própria capacidade para completar uma 
determinada tarefa ou resolver um problema(BANDURA, 1977). Na figura 2 adaptado 
de Marlat e Donavan criadores do protocolo de prevenção de relapso e recaída 
baseado em Mindfulness (MBRP), é possível compreender a diferente entre ter 
estratégias de enfrentamento versus a ausência de estratégia de enfrentamento 
mediante a uma situação de risco no aumento da autoeficácia(BOWEN et al., 2009). 
 
Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica 
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 Utilizando a figura 1 como exemplo é possível notar que após o processo de 
restrição alimentar pode haver a perda de controle e de forma subsequente o exagero 
alimentar, mostrando a ausência de estratégia de enfrentamento do indivíduo frente a 
situação de risco, no caso uma situação que envolve comida. De modo contrário, ao 
fornecer estratégias de enfrentamento o indivíduo passa a lidar com os diversos 
aspectos que influenciam a situação alimentar como o desconforto, a pressão social, o 
desejo (fissura), expectativa de resultado, etc. A fornecer tais estratégias é possível 
promover a autoeficácia e sustentar o comportamento a longo prazo que no exemplo 
utilizado seria o não exagero. 
 Sabe-se, então, que os aspectos presentes na restrição alimentar como os 
sentimentos de afeto negativo (frustação, culpa, cobrança) e a sensação de perda de 
controle são componentes que reduzem a autoeficácia e não permitem a sustentação 
do comportamento adequado a longo prazo. Por outro lado, Mindfulness e Mindful 
Eating promove o ganho de habilidades centrada no indivíduo (habilidades de 
enfrentamento) como a manutenção do equilíbrio emocional, não sobre identificação 
com pensamentos e emoções, uso das sensações físicas de fome para começar a 
 
Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica 
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comer e saciedade para parar de comer e ainda a preferir a qualidade acima da 
quantidade (KRISTELLER; WOLEVER, 2010). 
Como forma de resgatar os sinais internos de fome, Jean Kristeller desenvolveu a 
prática da fome em seu protocolo (MB-EAT) para auxiliar indivíduos com compulsão 
alimentar a resgatar seus sinais internos como forma de se alimentar uma vez que 
estes indivíduos assim como comedores emocionais e ou desatentos podem comer na 
ausência da fome física (KRISTELLER; WOLEVER, 2010). 
 É importante saber então diferenciar a fome física da fome emocional como 
demonstrado na figura 3. 
 
 Após compreender a diferença entre os tipos de fome a prática formal auxilia 
os indivíduos a se conectarem com sua fome física e ainda a utilizar uma nota para que 
possam gerenciá-la. 
 Na figura 4 está descrito a nota da fome com suas respectivas sensações físicas 
emergentes e padrões de pensamentos. 
 
Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica 
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 Após a prática o indivíduo se torna mais hábil a compreender a sua fome e a 
utilizá-la como uma das formas que lhe auxilia a começar a comer e tomar as suas 
decisões alimentares. É importante salientar que esta prática não é a única utilizada 
para promover habilidades centradas no indivíduo como forma de promover 
autoeficácia. No Material complementar é possível observar o cronograma completo 
do programa MB-EAT. 
 Além da habilidade de se utilizar as sensações físicas de fome como guia para 
começar a comer, Mindfulness e Mindful Eating podem atuar modificando os sistemas 
neurais relacionados ao comer. No estudo de Wijngaarden e colaboradores (2015) 
fora demonstrado em obesos a atividadeelevada em uma região do cérebro chamada 
de Amigdala e uma atividade reduzida do córtex pré-frontal. Ambas as regiões 
cerebrais são determinantes do comportamento alimentar, sendo o córtex pré-frontal 
responsável por escolhas alimentares conscientes e a amigdala por escolhas 
alimentares mais inconscientes em resposta a estímulos de sobrevivência, como fome 
excessiva, por exemplo. Este estudo realizado com ressonância magnética funcional, 
padrão ouro para esse tipo de avaliação, nos esclarece uma das possíveis relações 
existentes entre a obesidade e os sistemas neurais determinantes do comportamento 
alimentar. Mindfulness e Mindful Eating podem atuar nesses sistemas neurais através 
do efeito de neuroplasticidade modificando a atividade dessas regiões explicando 
parte de seus efeitos no comportamento alimentar(WIJNGAARDEN et al., 2015). 
 Na revisão sistemática de Gotink e colaboradores (2016) fora demonstrado que 
a prática de meditação Mindfulness em 8 semanas pode promover modificações 
 
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neurais importantes, similares a meditadores de longa data. Essas modificações atuam 
promovendo aumento na atividade do córtex pré-frontal e a redução na atividade da 
amigdala(GOTINK et al., 2016). Vale, portanto, ressaltar que os programas de Mindful 
Eating possuem como base a prática de Mindfulness e que estes efeitos em nosso 
sistema neural podem em partes explicar os benefícios observados nas melhorias 
comportamentais do indivíduo(CARRIÈRE et al., 2018; KATTERMAN et al., 2014; 
O’REILLY, GILLIAN et al., 2015). 
 
MÓDULO 4: Desejo alimentar, comer emocional, compulsão e mindful 
eating. 
 Nem toda restrição gera compulsão, mas toda compulsão é fruto da restrição. 
Não somente a compulsão, mas também o comer emocional e o desejo alimentar 
podem ser frutos da restrição alimentar. Teorias como a ironia da supressão do 
pensamento, o efeito do fruto proibido, e a teoria da restrição alimentar nos ajudam a 
compreender como a restrição alimentar pode atuar como gatilhos para esses 
comportamentos(HERMAN, C. PETER AND POLIVY, 1984). 
 Em relação ao comer emocional pode ser compreendido como uma forma do 
ser humano se autorregular frente suas emoções. As psicólogas Evelyn Tribole e Elyse 
Resch o descrevem em uma escala de 1 a 5, sendo elas: 1. Gratificação sensorial ou 
seja comer para gratificar os seus sentidos; 2. Confort food ou comidas que lhe tragam 
algum conforto (exemplo: bolinho de chuva da avó); 3. Distração, ou comer de forma a 
se distrair de alguma emoção; 4.sedação (comer a ponto de não ter contato nenhum 
com as emoções que queira evitar) 5.Punição (não tem prazer em comer, portanto 
comer é uma punição, presente em especial em quadros de bulimia e 
anorexia)(TRIBOLE, 2003). 
 Comer emocional e Compulsão Alimentar podem apresentar traços em comum 
que podem ser modificados pelas práticas de Mindful Eating. Para isso, vejamos a 
definição de compulsão alimentar presente na DSM-V que a descreve como a ingestão, 
 
Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica 
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em um período limitado de tempo (por exemplo, dentro de um período de duas 
horas), de uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das 
pessoas consumiria em um período similar, sob circunstâncias similares. Um 
sentimento de falta de controle sobre o episódio (por exemplo, um sentimento de não 
conseguir parar ou controlar o que ou quanto se come). Além destas descrições para 
que seja caracterizado compulsão alimentar os episódios de compulsão alimentar 
estão associados a três (ou mais) dos seguintes critérios: Comer muito e mais 
rapidamente do que o normal; Comer até sentir-se incomodamente repleto, Comer 
grandes quantidades de alimentos, quando não está fisicamente faminto; Comer 
sozinho por embaraço devido à quantidade de alimentos que consome, Sentir repulsa 
por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente. 
 É possível destacar, portanto que tanto no comer emocional quanto na 
compulsão alimentar dentre outros fatores ambos possuem em comum a desconexão 
com os sinais de fome e saciedade. Mindful Eating portanto pode atuar de diversas 
maneiras na compulsão alimentar e no comer emocional, sendo seus efeitos testados 
e publicados em 2013 por Kristeller e Wolever em seu estudo clínico randomizado com 
150 participantes com média, de 46 anos e IMC de 40kg/m², demonstrando-se 
extremamente eficaz para a compulsão alimentar após um programa de 12 sessões de 
Mindful Eating(KRISTELLER; WOLEVER, 2010). Em seu estudo Kristeller e Wolever 
alocaram os participantes de forma aleatória e os distribuíram em 3 diferentes grupos, 
sendo MB-EAT versus intervenção padrão que utilizou técnicas de Psicoeducação e 
Cognitivo Comportamental (PECB) ou Lista de espera onde os participantes não 
receberam nenhum tipo de intervenção durante o estudo. Os resultados mostraram 
que após um mês de intervenção 80% dos participantes do grupo MB-EAT já não 
atendiam mais os critérios para compulsão alimentar sendo que 25% reduziram para 
zero o número de compulsões alimentares. Os resultados ainda, se mostraram eficazes 
quatro meses após a intervenção, onde 95% do grupo MB-EAT já não atendiam aos 
critérios diagnósticos para compulsão alimentar. É importante salientar que os 
 
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resultados dos grupos PECB foram similares ao do grupo MB-EAT, não apresentando 
diferenças estatisticamente significativas. 
Os autores ainda realizaram análises com aqueles indivíduos que relataram compulsão 
alimentar durante a intervenção, a fim de avaliar o tamanho da porção consumida nos 
momentos de compulsão alimentar representado na figura 4. 
 
 
 
 Pode-se observar, portanto, que no momento pré os grupos se apresentavam 
com as compulsões alimentares (74-87%) em porções médias e grandes e, quatro 
meses após a intervenção (F/UP), os participantes do grupo lista de espera ainda 
relatavam 85% das compulsões em porções médias e pequenas, enquanto que o grupo 
PECB 59% eram médias e o grupo MB-EAT com melhores resultados, onde compulsão 
por porções menores eram 60% versus 13% do grupo PECB. 
 Além dos efeitos sobre fome e saciedade a eficácia dos resultados 
demonstrados no estudo MB-EAT se dá pelos mecanismos de mudança projetados que 
envolvem a regulação do apetite e processos emocionais, aumentando a sensibilidade 
aos processos hedônicos e menor reatividade a comportamentos habituais. Os autores 
destacam ainda o desenvolvimento de habilidades relatadas pelos participantes, como 
a melhoria substancial em sua capacidade de identificar e usar a fome e saciedade. 
 
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Ainda, nota-se entre os participantes uma redução significativa no consumo de 
alimentos doces e alimentos ricos em gordura, de forma quantitativa e 
qualitativa(KRISTELLER; WOLEVER, 2010). 
 Um importante destaque é dado pelos autores à prática de Mindfulness 
utilizada pelo estudo, que corrobora com outros achados recentes já publicados, 
demonstrando que a prática pode auxiliar na reorganização de processos relacionados 
à compulsão, aumentando a apreciação e a satisfação de pequenas quantidades de 
alimentos e interrupção de gatilhos que possam desencadear os ciclos compulsivos, 
como o ambiente e a exposição ao alimento(KRISTELLER; WOLEVER, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO 5: Evidências científicas 
 
 No que condiz as práticas de Mindful Eating, este se enquadra dentro das 
Intervenções baseadas em Mindfulness (IBM´s). O estudo da Kathryn M. Godfrey, 
realizou uma revisão sistemática da literatura e meta-análise onde reúne diversos 
artigos para compreender o efeito das IBM´s na compulsão alimentar(GODFREY; 
GALLO, 2014). 
 Em seu estudo Kathryn, quis entender os efeitos dos programas baseados em 
Mindfulness (IBM´s) assim como outras práticas baseadas em aceitação como Terapia 
de aceitação e compromisso e Comportamental Dialética. Em sua maioria os estudos 
incluídos foram conduzidos nos Estados Unidos, porém, apresentam-se ainda, estudos 
do Canada, Suíça, Reino Unido e Austrália. 
 Comum em revisões de meta-análise o gráfico de Forest Plot apresentado na 
figura abaixo, demonstra a cada linha o autor do estudo e seu respectivo resultado. A 
linha pontilhada representa o efeito médio analisado pela pesquisa de -1.12 do 
intervalo de confiança, em outras palavras após a analise dos estudos incluídos nessa 
revisão as IBM´s em média podem promover uma redução de 112% na compulsão 
alimentar. 
 
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 Após analisado os resultados encontrados nos estudos, Kathryn, comenta em 
seu artigo que as IBM´s tem grande impacto em reduzir a compulsão alimentar, 
podendo ser utilizado como uma forma de tratamento para paciente que se enquadre 
dentro dessas condições (Critérios da DSM-V). Essa meta-análise incluiu o estudo de 
Kristeller e Wolever comentado no Cápitulo 4 desta apostila. 
 Um ponto não investigado na meta-análise da Kathryn é variação de peso 
apresentada pelos participantes, mas que foi investigada por Carrière e colaboradores 
em seu estudo de meta-análise publicado em 2017. Carrière investigou, portanto, os 
efeitos da IBM´s na perda de peso e em comportamentos relacionados a obesidade em 
indivíduos com sobrepeso e obesidade. Em seu estudo, após a análise de 18 estudos, 
demonstrou que tais intervenções podem promover uma perda média de -3,3% do 
peso corporal(CARRIÈRE et al., 2018). 
 O autor elucida em seu estudo que este efeito não fora observado em estudos 
onde os participantes realizam apenas práticas informais e observado somente nos 
 
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participantes que realizavam as práticas formais e informais (Para saber mais sobre 
prática forma e informal, vide capítulo 1 desta apostila). Por outro lado, um ponto 
valioso deste estudo, é a análise da manutenção de peso dos estudos avaliados. Os 
autores ressaltam ao comparar as IBM´s versus Dieta, os estudos das IBM´s 
demonstram que os participantes continuaram perdendo peso após a intervenção, 
enquanto os participantes que realizavam dieta e exercício reganharam (0,4% de 
peso), sugerindo que as alterações em perda de peso são moderadas pelas mudanças 
no comportamento alimentar. O estudo ainda, analisou a mudança em 
comportamentos alimentares como comer emocional, compulsão alimentar e comer 
restritivo demonstrando que as IBM´s são eficazes em promover melhorias a esses 
comportamentos. Os autores destacam o papel dos exercícios de Mindful Eating como 
coadjuvante na melhoria de tais comportamentos, mediada pela percepção da fome e 
saciedade e satisfação e o papel da meditação em promover autoregulação aos 
indivíduos e os auxiliando a se tornar conscientes dos gatilhos e padrões automáticos 
responsáveis pelos comportamentos desordenados. 
 Os efeitos das IBM´s em comportamentos relacionados a obesidade, são bem 
explorados na literatura científica. O estudo publicado por O´reilly e colaboradores 
também evidenciou o efeito das IBM`s sobre o comer emocional. Os autores discutem 
ainda como as IBM´s podem atuar nos indivíduos, em especial em obesos, pois estes, 
podem engajar mais facilmente no comer emocional que indivíduos não obesos. Os 
autores explicam que o comer emocional pode ser uma estratégia mal adaptativa a 
emoções negativas caracterizadas por impulsos a comida de forma a suprimir as 
emoções negativas e que a prática de Mindfulness pode auxiliar esses indivíduos a não 
reagirem e aceitarem as emoções negativas de forma habilidosa, ao invés tentar 
suprimi-las evitando o exagero ao comer que ocorre quando os indivíduos comem de 
forma emocional(O’REILLY, GILLIAN A.; COOK, LAUREN; SPRUIJT-METZ, DONNA; BLACK, 
2015). 
 
 
 
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