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Compostagem Doméstica: Valorização de Resíduos

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COMPOSTAGEM DOMÉSTICA
A compostagem doméstica permite ao cidadão proceder à valorização dos seus resíduos orgânicos, no próprio jardim ou quintal. Este tipo de compostagem promove a decomposição de resíduos domésticos orgânicos por ação de microrganismos, poupando custos ambientais (poluição) e econômicos de transporte e deposição desses resíduos em aterro.
À semelhança dos procedimentos para a Vermicompostagem, deverão cumprir-se os seguintes passos para a compostagem doméstica:
1. Escolha do Local do Compostor
O compostor deve ser colocado num local de fácil acesso durante o ano, com um misto de sombra e sol, de preferência em cima da terra, numa superfície permeável (para facilitar a drenagem da água e a entrada de microorganismos benéficos do solo para a pilha) e debaixo de uma árvore de folha caduca, que permite ter sombra no Verão e sol no Inverno.
O compostor funcionará quer esteja colocado à sombra quer ao sol, mas poderá requerer alguma atenção extra, em particular ao nível da umidade: se o compostor ficar exposto ao sol durante todo o dia, a pilha pode secar demasiado; se for colocado à sombra, não irá tirar proveito do calor solar e poderá ficar com excesso de umidade.
Em locais de clima seco, a localização ideal de uma pilha de composto é debaixo de uma árvore, que proporciona sombra durante parte do dia e evita a secagem e arrefecimento do composto. Em locais de clima úmido, com muita precipitação, convém cobrir a pilha ou compostor porque o excesso de água atrasará a decomposição.
2. Escolha do Compostor
Existem vários tipos de composteiras à venda, tal como os compostores à prova de roedores. No entanto, pode fazer o suua própria composteira, a partir de uma caixa de cartão, de madeira ou de plástico, furada por baixo, de modo a evitar cheiros e facilitar a entrada de microorganismos.
3. Compostagem
1. Material necessário:
2. Materiais orgânicos (ver Tabela 1);
3. Água
4. Compostor de jardim
5. Tesoura de podar (para reduzir a dimensão dos resíduos a compostar)
6. Ancinho (para remexer o material de compostagem)
7. Termômetro
8. Regador
 
Todos os materiais orgânicos contêm uma mistura de carbono (C) e azoto (N), conhecida como razão C:N. Os materiais orgânicos que podem ser compostados classificam-se em castanhos e verdes; os castanhos contêm maior proporção de carbono (C), sendo geralmente secos e os verdes têm maior proporção de azoto (N), sendo geralmente úmidos. Para que a compostagem decorra da melhor forma, convém ter grande diversidade de resíduos.
Procedimentos:
I. Corte os resíduos castanhos e verdes em bocados pequenos.
II. No fundo do compostor coloque aleatoriamente ramos grossos (promovendo o arejamento e impedindo a compactação);
III. Adicione uma camada de 5 a 10 cm de castanhos;
IV. Adicione no máximo uma mão cheia de terra ou composto pronto; esta quantidade conterá microrganismos suficientes para iniciar o processo de compostagem (os próprios resíduos que adicionar também contêm microrganismos); note-se que grandes quantidades de terra adicionadas diminuem o volume útil do compostor e compactam os materiais, o que é indesejável;
V. Adicione uma camada de verdes;
VI. Cubra com outra camada de castanhos;
VII. Regue cada camada de forma a manter um teor de umidade adequado. Este teor pode ser medido através do “teste da esponja”, ou seja, se ao espremer uma pequena quantidade de material da pilha, ficar com a mão úmida mas não a pingar, a umidade é a adequada.
VIII. Repita este processo até obter cerca de 1 m de altura. As camadas podem ser adicionadas todas de uma vez ou à medida que os materiais vão ficando disponíveis.
IX. A última camada a adicionar deve ser sempre de castanhos, para diminuir os problemas de odores e a proliferação de insectos e outros animais indesejáveis.
X. As folhas e resíduos de corte de relva acumulam-se num espaço de tempo muito reduzido e em grandes quantidades.
Caso tenha folhas em quantidades que não caibam no compostor:
I. Enterre algumas no solo; 
II. Utilize-as como cobertura (“mulch“) em volta do pé de plantas e árvores; 
III. Faça uma pilha num canto do jardim, folhas degradar-se-ão rapidamente;
IV. Guarde-as em sacos de plástico, armazene em local seco e acessível e adicione ao compostor à medida das suas necessidades.
Para os resíduos do corte de relva:
Coloque no compostor pequenas quantidades de cada vez e adicione materiais castanhos (os resíduos do corte de relva têm tendência para adquirir uma estrutura pastosa e criar cheiros);
Deixe estes resíduos expostos ao sol a secar; tornar-se-ão materiais ricos em carbono (materiais castanhos), que poderão ser misturados aos mesmos resíduos ainda verdes.
Fatores que influenciam a compostagem
Para que a atividade microbiana se desenvolva em condições desejáveis, deverão ser considerados os seguintes aspectos:
· Tamanho das partículas orgânicas: deverá estar compreendido entre 3 e 7 cm, de acordo com a utilização do produto final;
· Razão carbono(C):nitrogênio(N) do resíduo a ser compostado deve estar compreendida entre 20 e 30:1;
· se C:N for muito superior a 30:1, o crescimento dos microorganismos (e consequentemente a degradação dos resíduos) é atrasado pela falta de Nitrogênio;
· se C:N for muito baixa, o excesso de Nitrogênio acelera o processo de decomposição, com um consumo mais rápido do oxigênio, podendo levar à criação de zonas aeróbias no sistema; o excesso de Nitrogênio é libertado na forma de amônia, provocando maus odores e produção de um composto mais pobre em azoto e por isso menos valioso em termos comerciais;
•	Inoculação – um arranque mais rápido e um tempo global inferior podem ser conseguidos juntando 1:5 a 1:10 de resíduos parcialmente decompostos; podem também ser adicionadas lamas de estações de tratamento de efluentes, desde que tendo em atenção a umidade global;
•	Umidade – os microrganismos que decompõem a matéria orgânica necessitam de umidade para se movimentarem na pilha e para decompor os materiais, visto que só são capazes de decompor os nutrientes que se encontrem na fase dissolvida; teores de umidade inferiores a 30% inibem a atividade microbiana; em processos de arejamento forçado, grandes quantidades de água são removidas por evaporação, pelo que pode ser necessária a adição de água para ajustar o teor de umidade. A estrutura física e a capacidade de retenção de água variam muito com o material a compostar, pelo que o teor de umidade adequado pode variar entre 40 e 70%, pelo que deve proceder ao teste da esponja à sua pilha a fim de determinar o teor de umidade adequado;
•	Mistura/revolvimento – o revolvimento permite a homogeneização inicial (para distribuição uniforme de nutrientes e microorganismos), o fornecimento de oxigênio, controlo da temperatura e umidade do resíduo em compostagem; a sua periodicidade dependerá de vários factores, como a dimensão da pilha, tipo e quantidade de materiais adicionados; para uma umidade de 55-60%, a primeira volta pode ocorrer ao terceiro dia e as seguintes em dias alternados, num total de 4 a 5 vezes; o revolvimento é por vezes acompanhado de cheiros ofensivos;
•	Temperatura – deve ser mantida entre os 50 e 60ºC, idealmente atingindo os 55ºC; para valores muito elevados (a maioria dos microorganismos não sobrevive a temperaturas superiores a 70ºC), a temperatura passa a ter efeito inverso sobre os microorganismos, retardando e até eliminando a actividade microbiana; é importante que a temperatura se obtenha por ação microbiana e não pelo calor do sol.
•	Controle de patógenos – a maior parte dos patógenos é destruída a 55ºC; a eliminação total pode ser conseguida deixando o material atingir os 70ºC durante 1 a 2 horas, o que exige uma operação atenta.
Na Tabela abaixo encontram-se sistematizados alguns dos principais problemas, causas e soluções possíveis num processo de compostagem doméstica.
Se as necessidades nutricionais da pilha forem atendidas, se os materiais forem adicionados em pequenas dimensões, alternando camadasde materiais verdes com materiais castanhos, mantendo o nível ótimo de umidade e remexendo a pilha 1 a 2 vezes por semana, o composto poderá estar pronto em 2 a 3 meses.
Se o material for adicionado continuamente, a pilha remexida ocasionalmente e a umidade controlada, o composto estará pronto ao fim de 3 a 6 meses.
O composto quando acabado não degrada mais, mesmo depois de revolvido. As suas características variam com a natureza do material original, com as condições em que a compostagem se realizou e com a extensão da decomposição. Mesmo assim, o composto é geralmente de cor castanha, apresenta baixa razão C:N e alta capacidade para permuta catiônica e para absorção de água.
4.	Aplicação do Composto
Quando o composto estiver pronto:
•	retire-o da pilha de compostagem; pode usar um crivo para separar o material que ainda não foi degradado.
•	deixe o composto repousar 2 a 4 semanas antes da sua aplicação, especialmente em plantas sensíveis, colocando-o em local protegido do sol e chuva (fase de maturação).
O composto é geralmente aplicado uma vez por ano, na altura das sementeiras, sendo preferível aplicá-lo na Primavera ou no Outono, visto que no Verão o composto seca demasiado e, no Inverno, o solo está demasiado frio.
Se usar o composto em plantas envasadas, misture 1/3 de composto com 1/3 de terra e 1/3 de areia.
Se tiver:
•	pequena quantidade de composto, espalhe-o por cima da terra na vala onde pretende semear.
•	grande quantidade de composto, espalhe-o em camadas de 1 a 2 cm de espessura misturado com o solo, sem enterrar ou espalhe-o em camadas de 2 cm à volta das árvores e não misture com o solo.
E lembre-se que, ao compostar os seus resíduos, está a contribuir para diminuir os resíduos enviados para aterro, assim como a necessidade de fertilizantes químicos.
Curiosidades:
· § As folhas perdem cerca de ¾ do seu volume uma vez compostadas. Uma grande pilha de folhas resultará numa pequena pilha de material compostado.
· § Uma família média precisa de dois sacos de lixo de jardim (76 cm x 91 cm) de folhas, serradura ou feno por mês.

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