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AULA 4: DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS EM CÃES E GATOS PÂNCREAS ENDÓCRINO Pacientes tratados de maneira correta têm sobrevida boa Pâncreas: porção endócrina produz três hormônios → insulina, glucagon e somatostatina Somatostatina (células δ): hormônio que faz parte do controle glicêmico de maneira secundária Insulina (células β) retira a glicose da corrente sanguínea e leva para dentro da célula para ser utilizada como fonte de energia Um estoque de glicose fica armazenado como glicogênio no fígado Glucagon (células α) quebra o glicogênio armazenado no fígado e libera na corrente sanguínea quando a taxa de glicose sanguínea está baixa DIABETES MELITO Caracteriza-se por hiperglicemia causada por secreção anormal de insulina, ação anormal da insulina ou ambos Etiologia em cães DMID (Diabetes melito insulino dependente) Hipoinsulinemia (necessidade absoluta de insulina exógena) Perda da função das células beta → irreversível Forma transitória de DMID → infrequente Doença antagonista de insulina (diestro: a ação dos hormônios do cio compete com a ação da insulina) População de células beta funcional (residual) → perda gradual DMID Etiologia em gatos 50-70% portadores de DMID 30-50% DMNID Obesidade (cronicamente inflamado – mediadores inflamatórios liberados atrapalham a ação da insulina): intolerância reversível à insulina Redução da afinidade de ligação Defeitos pós receptores na ação da insulina Gatos com diabetes transitório → estado diabético subclínico Diabetes melito não insulino dependente (DMNID) Hiperglicemia persistente → células beta → Hipoinsulinemia → DMID Fisiopatogenia (multifatorial) Cão: fatores genéticos, imunomediado (insulinite), pancreatite, obesidade, infecção, doenças concomitantes, drogas (glicocorticóides) Gato: amiloidose, obesidade, infecção, doenças concomitantes, drogas (acetato de megestrol), pancreatite, fatores genéticos (?), imunomediado (?) Incidência Cão: 1:100 e gato 1:500 Idade: 7 a 9 anos Fêmea X macho: (2:1) Fisiopatogenia Deficiência ou resistência à insulina ↓ glicose no centro de saciedade ↓ glicose celular HIPERGLICEMIA POLIFAGIA PERDA DE PESO Ultrapassa limiar POLIDIPSIA de filtração renal Glicosúria Diurese osmótica POLIÚRIA Diabetes é caracterizado como doença dos 4P’s: poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso Catabolismo: ocorre retirada de músculo e gordura para obter energia: emagrecimento Glicose é reabsorvida nos túbulos → alta quantidade diminui a reabsorção → glicose na urina Mais água é liberada para tentar dissolver o excesso de glicose → poliúria Para não desidratar, ocorre polidipsia (compensatória) Exame clínico → Anamnese 4P’s Cegueira súbita (catarata) Gatos: caixinha de areia Fraqueza de membros pélvicos (Plantigrada → por conta da degradação muscular, o tendão fica frouxo → apoio no tarso - achinelado) → Exame físico Obesos ou bom escore corporal Não tratados: perda de peso Catarata Hepatomegalia Pelame Diagnóstico Anamnese (4P’s) Exame físico Hiperglicemia e glicosúria Hiperglicemia: DM x glicosúria renal Glicosúria: DM x outras causas de hiperglicemia Cetonúria = cetoacidose diabética Avaliação do paciente com DM Causando x contribuindo para hiperglicemia → Hiperadrenocorticismo Resultando da hiperglicemia → cistite bacteriana Demandar da modificação da terapia → pancreatite Exames laboratoriais Hemograma normal (pancreatite) Hiperglicemia Cão: 65-118mg/dL; gato: 73-134mg/dL Em jejum, glicemia acima de 200mg/dL acende a “luzinha” para diabetes Pós alimentação: acima de 270mg/dL Urinálise/ urocultura Testes auxiliares (amilase, lipase, TLI, US) Tratamento Objetivo: eliminar sinais → hiperglicemia e glicosúria Insulinoterapia Hipoglicemiantes orais (poucas situações = gatos) Dieta Exercício (prevenção da obesidade) Tratar afecções concomitantes INSULINOTERAPIA Ponto chave do tratamento Apresenta várias preparações: TIPO DE INSULINA VIA DE ADMINISTRAÇÃO INÍCIO DO EFEITO TEMPO DE EFEITO MÁXIMO DURAÇÃO Cão Gato Cão Gato Regular IV Imediato 0,5-2h 0,5-2h 1-4h 1-4h IM 10-30min 1-4h 1-4h 3-8h 3-8h SC 10-30min 1-5h 1-5h 4-10h 4-10h NPH/Caninsulin SC 0,5-3h 2-10h 2-8h 4-24h 4-12h Glargina SC 1h - - 24h 24h Insulina regular (de uso hospitalar): pacientes em emergência → cetoacidose Insulina intermediária: controle glicêmico Caninsulin necessita de seringas específicas para utilização Glargina: utilizada para gatos Origem: suína, bovina, suína/bovina, humana Cão e gato: 0,25 a 0,5 U/kg (NPH) Preferencialmente BID Glargina: SID/BID (1U/gato) – petiscar CUIDADO COM A HIPOGLICEMIA Orientações Conservação (refrigerada – prateleiras intermediárias da geladeira) Homogeneização (rolamento – suave) Validade (depois de aberta, a insulina dura 28 dias) Aspecto (não pode ter partículas sólidas) Locais de aplicação (SC – gradil costal) Verificação da dosagem (seringas de100U cada risco 2U, 50U cada risco 1U, 30U cada risco 0,5U) HIPOGLICEMIANTES ORAIS Gatos com DMNDI Sulfonilureais (Glipizida) 2,5mg/kg BID/ refeições Biguanidas (Metformina) – diminui absorção, inibe produção hepática, captação de glicose pelos tecidos, ligação ao receptor Resposta variável Não utilizar em cetoacidótico TERAPIA DIETÉTICA Obesidade Horário e conteúdo calórico Minimizar aumento pós-prandial de glicose Dietas ricas em fibras → esvaziamento gástrico x absorção intestinal x liberação hormônios TERAPIA DIETÉTICA – GATOS Alimento disponível para consumir quando desejar Fibras: inapetência x palatabilidade RESTRIÇÃO DE CARBOIDRATOS Alta proteína, baixo carboidrato e baixa fibra Monitorização Reavaliação semanal até equilíbrio Cão: 100 a 250mg/dL Gato: 100 a 300mg/dL Hipoglicemia (<80mg/dL) Reduzir a dose (25 a 50% de 2 a 3 dias) Melhor avaliação no pico de ação da insulina FRUTOSAMINA SÉRICA (altas concentrações em casos de hiperglicemia) Proteínas glicadas = controle glicêmico Não dependente de insulina ou enzimas Glicosilação das proteínas ↔ glicemia Não afetada por aumentos agudos (estresse, excitação) História x exame físico x glicemias seriadas Acima de 500umol/L → mau controle Efeito Somogyi (situação de hiperglicemia como consequência da hipoglicemia → efeito rebote) → indica doses altas de insulina Glicemia → glicogenólise + secreção de hormônios diabetogênicos (epinefrina e glucagon) → estímulo da produção de glicose pelo fígado → HIPERGLICEMIA CURVA GLICÊMICA Avaliação da dose de insulina empregada Tempo pico/ duração do efeito Valores mais altos e baixos (mais importantes) 100 < glicemia < 250mg/Dl Monitoração (domiciliar) Sinais clínicos: consumo hídrico, consumo alimentar, produção de urina, ganho de peso, sinais de hipoglicemia HIPOGLICEMIA Overdose de insulina Redução da necessidade de insulina: cessação da resistência insulínica, exercício, restrição calórica, anorexia Sinais de hipoglicemia: letargia, alteração mental, tremores, fraqueza e ataxia, perda da consciência, convulsões CETOACIDOSE DIABÉTICA Causas Falta de tratamento Doses inadequadas Fatores que aumentam a resistência à insulina: diestro, infecções, Hiperadrenocorticismo, hormônios diabetogênicos, neoplasia Fisiopatogenia ↓Insulina hiperglicemia Glicosúria HIPEROSMOLARIDADE Diurese osmótica Perda de água e solutos ↑ Lipólise DESIDRATAÇÃO AGL Cetonúria Acidose metabólica Fígado Corpos cetônicos NAUSEA, VÔMITO, PERDA DE KAcetona (HÁLITO CETÔNICO), Acetoacetato, β-hidroxibutirato Severa acidose Diurese osmótica Desidratação Desequilíbrio eletrolítico MORTE Exame físico (cetoacidose) Desidratação, depressão, fraqueza, taquipneia, vômito, odor de acetona na expiração Terapia → Crise de cetoacidose Emergencial Fluidoterapia (NaCl 0,9%) + K + Bicarbonato Insulina regular Iniciar: 0,2U/kg IM 0,1U/kg a cada hora até <250mg/dL 0,1 – 0,4U/kg a cada 6-8 horas Débito urinário Orientação ao proprietário Não subestime o poder da insulina Diferenciar causas de hiperglicemia e glicosúria Cuidado com fatores de resistência Gato não é um cachorro pequeno
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