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TRABALHO EIRELI

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FACULDADE CIDADE LUZ – FACILUZ
FABIANO MARÇAL DA COSTA
NAYARA DE ALBUQUERQUE DOS SANTOS
OSCAR DIAS PINTO
REGINA APARECIDA NEVES PARDINHO
REINE NATANE SILVA DE ALMEIDA
EIRELI
Ilha Solteira – SP
2020
FABIANO MARÇAL DA COSTA
NAYARA DE ALBUQUERQUE DOS SANTOS
OSCAR DIAS PINTO
REGINA APARECIDA NEVES PARDINHO
REINE NATANE SILVA DE ALMEIDA
EIRELI
Trabalho apresentado ao professor do Curso de Direito da FACILUZ da matéria de Direito Empresarial Contemporâneo para obtenção da nota de trabalho N2.
Prof.° Anderson Paris
Ilha Solteira – SP
2020
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................03
1. EIRELI.................................................................................................................04
1. AS SOCIEDADES UNIPESSOAIS....................................................................05
1. O PATRIMONIO DE AFETAÇÃO....................................................................06
1. UMA NOVA PESSOA JURIDICA....................................................................08
1. QUEM PODE CONSTITUIR EIRELI................................................................11
1. CAPITAL SOCIAL.............................................................................................11
1. ADMINISTRAÇÃO DA EIRELI.......................................................................12
1. DIREITOS, DEVERES E RESPONSABILIDADES.........................................12
1. TRANSFERENCIA DE TITULARIDADE E EXTINÇÃO DA EIRELI..........13
1. CONCLUSÃO.....................................................................................................13
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................16
1. INTRODUÇÃO
A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI foi introduzida no ordenamento brasileiro pela Lei nº 12.441/2011, que modificou o art.980-A, e o art.44, Inciso IV, do Código Civil Brasileiro. 
Inicialmente, antes de tratar da EIRELI, faz-se necessário salientar que antes desta lei em comento, para desenvolver uma atividade empresarial, o empresário só podia optar por ser um empresário individual, ou então se tornar sócio em uma sociedade pluripessoal. 
A pessoa natural, a pessoa física, aquele que sozinho, sem qualquer sócio, organiza e inicia uma atividade empresarial, é chamado de empresário individual. É necessário salientar que o Empresário Individual possui responsabilidade ilimitada, ou seja, a pessoa natural responde com seu patrimônio pelas dívidas contraídas pela atividade empresarial, podendo ser alvo de penhora, ou gravame de qualquer natureza para satisfazer garantias creditícias advindas de obrigações da empresa. 
Nesse contexto, quando havia o interesse específico de uma maior proteção patrimonial, teria que ser constituída uma sociedade. De forma geral, era criada uma sociedade limitada ilusória. Note-se que uma grande quantidade de sociedades por quotas de responsabilidade limitada eram constituídas objetivando a mitigação da responsabilidade empresária frente o capital social. 
Esse procedimento dá azo a uma burocracia exagerada, sem falar nos altos custos administrativos, e nas desnecessárias pendengas judiciais, que nascem da disputa entre sócios minoritários da empresa, principalmente, quando se tratar de micro, pequenas e médias empresas. 
Em outra vertente, pode-se dizer que a formalização do empresário individual de responsabilidade limitada poderá trazer incentivos para que um número considerável de empreendedores saia da marginalização e oficialize seu empre endimento, produzindo, por tabela, consequências econômicas, de modo geral, tal como na arrecadação de impostos. O que se observa com o advento da Lei nº. 12.441/2011 é o atendimento de uma necessidade há muito latente no Direito Empresarial, a saber, o instituto da EIRELI. 
O objetivo geral desse trabalho é trazer maior afinidade aos leitores abordando as inovações, diante de aspectos positivos e negativos, acerca deste novo advento criado.
 Como objetivos específicos, o trabalho abordará os aspectos gerais da nova lei 12.441/2011, no tocante à unipessoalidade da EIRELI e o Empresário individual, a responsabilidade e natureza jurídica de cada instituto; apontando também seus benefícios no que tange a separação patrimonial, o enquadramento da Empresa Individual como Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte, e a possibilidade de criação por outras Pessoas Jurídicas; bem como apontar algumas críticas apresentadas, seja no tocante à nomenclatura, seja da restrição estabelecida no capital social, ou ainda da denominação social. 
Esse trabalho justifica-se por ser um assunto ainda polêmico no meio empresarial, com algumas arestas ainda a serem aparadas, que poderão ser esclarecidas e analisadas pormenorizadamente nesse trabalho, servindo de subsídio para outros trabalhos e/ou pesquisas. 
Partindo de aspectos de direito societário e constitucional, esse trabalho se propõe a responder as seguintes problemáticas: analisara natureza jurídica da EIRELI; fazer um comparativo entre a EIRELI e as demais formas de empresa existente no ordenamento brasileiro; verificar, sob o ponto de vista constitucional, a vinculação do salário mínimo ao capital social na EIRELI e a questão da livre concorrência, já que alguns entendem como exacerbado esse valor, que é de pelo menos, 100 (cem) salários mínimos.
 Encerra-se o assunto com suas conclusões em termos do alcance da proposta inicial, suas limitações, principais achados e sugestões de melhorias para estudos vindouros que possam vir a ser construídos em caráter complementar a este.
2. A EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada
	Empresa Individual de Responsabilidade Limitada criada pela Lei n o 12.441, de 11 de julho de 2011, trazendo que um sujeito poderáter uma empresa, seguindo tendência mundial e trazendo grandes incetivos para economia, além de eliminar ou ao menos diminuir a existência de expedientes fictícios que vinham sendo usados para os mesmos objetivos. 
	Objetivo da criação da EIRELI – a limitação da responsabilidade como incentivo ao exercício da atividade empresarial 
	A ideia da assunção do risco pelo titular da atividade costumava ser reforçada pelo princípio geral da ilimitação de responsabilidade do empresário, de modo que todo o seu patrimônio respondesse pelas obrigações decorrentes da referida atividade, sendo assim essa ideia tinha o aspecto negativo de inibir, uma vez que nem todos estão dispostos a assumir riscos para obter rendimentos econômicos. 
	Em razão disso, o legislador criou técnicas de limitação de responsabilidade para incentivar o desenvolvimento da própria economia, incentivando que as pessoas apliquem seus recursos em atividades econômicas produtivas, sem correr riscos extremos de perda de seu patrimônio. 
	Com a vinda do CC de 2002, criou-se uma hipótese excepcional de limitação dos riscos para o exercício individual da atividade empresarial, no caso de continuação da atividade pelo empresário incapaz (art. 974, § 2 o ). Fora dessa hipótese, os empresários individuais têm riscos ilimitados, o que é um desincentivo à atividade. 
	Para tentar resolver esse problema, foi criada a EIRELI com o objetivo de permitir direta ou indiretamente o exercício individual da empresa com limitação de riscos. A EIRELI atua no mundo concreto e tem uma série de direitos e obrigações próprios que não se confundem com os direitos e obrigações do seu titular. 
	Lembrando que a condição de pessoa jurídica lhe dá uma autonomia patrimonial e obrigacional que permite a separação entre o que diz respeito à atividade empresarial e o que diz respeito a outras atividades do titular, essa separação é o grande motivo da sua criação.
3. AS SOCIEDADES UNIPESSOAIS
Na busca de uma limitação de responsabilidade para o comerciante individual, em alguns países, há uma tendência no sentido da admissão da sociedade unipessoal como situação comum, e não como exceção,como, por exemplo, no direito alemão. No direito português, o conceito de Coutinho de Abreu também indica essa ideia, pois para ele a sociedade é conceituada como “a entidade que, compostas por um ou mais sujeitos (sócio(s)), tem um patrimônio autônomo para o exercício de atividade econômica que não é de mera fruição, a fim de (em regra) obter lucros e atribuí-los ao(s) sócio(s) – ficando este(s), todavia, sujeito(s) a perdas”. Assim, seria possível criar uma sociedade de um único sócio, com a mesma limitação de riscos dos sócios das sociedades limitadas.
Essa técnica de limitação de riscos é bastante usada especialmente no âmbito do direito europeu, partindo-se do modelo da sociedade limitada, em razão de esse modelo ser o mais adaptado às exigências das pequenas e médias empresas. 
Entretanto, tal solução é questionável na sua própria concepção. Não há dúvida de que a pluralidade de sócios não significa reforço para os credores, mas sem sombra de dúvida a pluralidade é uma exigência inerente ao funcionamento orgânico das sociedades, pois afasta a ideia da affectio societatis, a expressão de uma vontade social e especial a existência de um interesse social. A própria ideia de agrupamento que é diretamente ligada a de sociedade seria desvirtuada. Haveria um desvirtuamento das regras do direito societário para essa limitação de riscos, a qual não é necessária nesse caso, pela existência de outras técnicas.
4. O PATRIMÔNIO DE AFETAÇÃO
Uma outra técnica também utilizada para limitação dos riscos no exercício individual da empresa é a criação de um patrimônio de afetação, isto é, a separação de parte do patrimônio do titular para vinculá-lo ao exercício da atividade. Nesse caso, seria separada uma parcela do patrimônio do titular da empresa e só essa parcela seria responsável pelas obrigações decorrentes da atividade. Embora já sejam admitidas sociedades limitadas unipessoais, no direito português existe a possibilidade de instituição de um Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada (EIRL), o qual constitui uma esfera jurídica de afetação. O atual artigo 5.266 do Código Comercial francês também adota essa solução ao afirmar que “Qualquer empresário individual pode afetar à sua atividade profissional um patrimônio separado do seu patrimônio pessoal, sem criação de uma pessoa moral”. Tal solução é considerada, a nosso ver com razão, a melhor técnica de limitação da responsabilidade.
Embora seja o patrimônio, uma universalidade, vem se admitindo para certos objetivos esse tipo de segregação patrimonial. Assim, na incorporação imobiliária, o incorporador poderá constituir um patrimônio de afetação para o referido empreendimento imobiliário. Neste caso, “o terreno e as acessões objeto de incorporação imobiliária, bem como os demais bens e direitos a ela vinculados, manter-se-ão apartados do patrimônio do incorporador e constituirão patrimônio de afetação, destinado à consecução da incorporação correspondente e à entrega das unidades imobiliárias aos respectivos adquirentes” (Lei no 4.591/64 – art. 31-A).
Igualmente no caso do empresário individual incapaz há uma segregação patrimonial, nos termos do artigo 974, § 2°, do Código Civil. Outro exemplo de patrimônio de afetação é o das câmaras e prestadoras de serviços de compensação e liquidação financeira (clearings), integrantes do sistema de pagamentos brasileiro regido pela Lei 10.214/2001. Assim, não se trata de expediente desconhecido, mas algo que já vem sendo utilizado de forma eficaz.
O patrimônio de afetação nada mais é do que uma segregação patrimonial. Ele representa o “conjunto de bens segregados do patrimônio de um sujeito para o cumprimento de finalidades específicas, com direitos e obrigações próprios, o qual não se comunica com o patrimônio geral daquele sujeito”. “Apartado do patrimônio geral para realizar um determinado fim, o patrimônio separado concentra, em si, o ativo e o passivo emergentes do complexo de relações jurídicas necessárias à satisfação desse fim.” Separar uma parcela do patrimônio do titular e vinculá-la ao exercício da empresa é o cerne dessa técnica de limitação de responsabilidade. Esta “se produz como complemento necessário e indeclinável de uma separação patrimonial, onde ficam circunscritos os bens responsáveis de tal modo que, patrimônio separado e responsabilidade limitada, como irmãos siameses, se conjugam numa unidade permanente e indissolúvel”.
Tal técnica não se cria um novo centro de imputação jurídica, mas apenas e propriamente uma limitação de responsabilidade. O sujeito é único, mas, “por atos de essência empresarial deve responder o acervo para este fim reservado e só por eles. Pelos demais atos, ditos da vida civil do sujeito, respondem os demais”. Essa não criação de um novo sujeito é considerada um dos problemas dessa solução, na medida em que não permitiria ao empresário individual o acesso ao crédito desvinculado da sua pessoa, nem haveria a adequada percepção de terceiros da separação patrimonial, sem a capa de uma nova pessoa jurídica.
5. UMA NOVA PESSOA JURÍDICA
Por derradeiro, tem-se admitido a utilização de um novo tipo de pessoa jurídica para limitar os riscos do exercício individual da empresa. Trata-se de uma espécie de personificação da empresa, no que se costumou chamar de Empresa Individual de responsabilidade limitada (EIRL). Nesta técnica, o que se faz é “atribuir personalidade jurídica à empresa individual, a fim de congregar, em torno de sujeito de direito, diverso da pessoa do empresário, as relações jurídicas emergentes da atividade empreendedora”,49 vale dizer, “a criação legislativa da empresa individual de responsabilidade limitada, como sujeito de direito, importaria, necessariamente, na instituição de uma nova classe de pessoa jurídica de direito privado”.50 A personificação da empresa se justificaria por dois motivos básicos: “em primeiro lugar, pela complexidade de sua organização; em segundo lugar, pela multiplicidade e diversidade dos interesses que vem polarizando”. Trata-se, de certa forma, do reconhecimento do perfil subjetivo da empresa.
Tal técnica é criticada, na medida em que não é a personalização da sociedade que limita a responsabilidade, mas a existência de regra específica de limitação de responsabilidade, tanto que nem toda pessoa jurídica está associada a uma responsabilidade. Assim, não haveria motivo para personalizar a empresa individual e criar uma nova pessoa jurídica, uma vez que esse não seria um expediente adequado para os fins almejados. Embora a personificação seja um instrumento a serviço de interesses humanos, seria interessante não desvirtuar e banalizar uma concepção tão importante. Apesar das críticas, trata-se de técnica bastante adotada.
Dentre os vários sistemas possíveis de limitação de riscos para o exercício da empresa, há sérias controvérsias sobre qual sistema o Brasil adotou.
Alguns autores afirmam tratar-se de sociedade unipessoal, pois se trataria de uma pessoa jurídica tendo como substrato uma pessoa para o exercício de atividade econômica. Outrossim, se indica a aplicação das regras da sociedade limitada como um sinal de adoção desse entendimento. Outros autores afirmam tratar-se de um patrimônio de afetação, pois haveria uma separação do patrimônio da pessoa física. Por fim, há quem afirme que se trata de uma nova pessoa jurídica, como o Enunciado 469 da V Jornada de Direito Civil que diz: “A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) não é sociedade, mas novo ente jurídico personificado.” De modo similar, o Enunciado 3 da I Jornada de Direito Comercial, diz: “A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI não é sociedade unipessoal, mas um novo ente, distinto da pessoa do empresário e da sociedade empresária.”
O teor dos dispositivos introduzidos deixa claro que a opção legislativa brasileira não foi a das sociedades unipessoais, uma vez que a EIRELI é expressamente colocada como uma nova pessoa jurídica. Do mesmo não se optou pelo sistema do patrimônio de afetação, pois nenhum dosdispositivos introduzidos faz referência à segregação patrimonial. Portanto, o sistema adotado no Brasil foi o sistema da personificação da empresa que, apesar das acertadas críticas, é um sistema legítimo de limitação da responsabilidade no exercício individual da empresa.
A EIRELI no Brasil representa um instrumento legítimo de limitação dos riscos do exercício individual da empresa, por meio da criação de uma pessoa jurídica. Ao se exercer a atividade empresarial por meio de uma pessoa jurídica, cria-se um centro autônomo de interesses em relação às pessoas que lhe deram origem, de modo que a estas não são imputados as condutas, os direitos e os deveres da pessoa jurídica. Em suma, a EIRELI no Brasil é uma pessoa jurídica criada como centro autônomo de direitos e obrigações para o exercício individual da atividade empresarial.
Pela própria destinação da EIRELI a pequenos e médios empreendimentos é empresarial sem comprometer todo o seu patrimônio pessoal. Trata-se de uma ferramenta muito útil para a pessoa física exercer a empresa, limitando os riscos de perda do patrimônio. Neste caso, porém, a fim de evitar confusões, o artigo 980-A, § 2o, do CC veda a participação de uma pessoa física em mais de uma EIRELI.
Por se tratar de uma nova pessoa jurídica com vida própria, muito similar a uma sociedade limitada, consoante determina o próprio artigo 980-A, § 6o, não vemos a necessidade da capacidade plena para tal pessoa física constituir a EIRELI. Ora, se incapazes podem ser sócios da limitada, eles podem constituir a EIRELI como um investimento que seria feito em uma sociedade, exigindo-se as mesmas condições de tal participação societária. “Na empresa personificada não haverá qualquer problema dessa natureza, pois, considerando que a responsabilidade dos acionistas será sempre a mais limitada possível, sem a menor sombra de solidariedade, e considerando também que a administração empresarial poderá ser confiada sempre a qualquer pessoa, ainda que não possua parcelas de capital, temos, em conseqüência, que subscrever ações da empresa personificada terá apenas o valor de aplicação de capitais, a qual poderá ser feita em nome de incapazes em geral, inclusive menores, desde que integralizada sempre no ato a subscrição efetuada.”
Assim, tomando-se a sociedade limitada como parâmetro, à luz do artigo 974, § 3o do CC, o incapaz poderá ser titular da EIRELI desde que seja devidamente assistido ou representado e não exerça funções de administração. A integralização do capital social no caso é requisito da própria constituição da EIRELI (CC – art. 980-A) e não da participação do incapaz. Preenchidos esses requisitos, o incapaz poderá ser titular da EIRELI,58 mas essa constituição não será causa de emancipação, como não o é a participação em sociedade, pois não se trata de exercício em nome próprio da atividade empresarial. A IN 10/2013 – DREI não admite a constituição de EIRELI por pessoa física incapaz.
Pelos mesmos motivos, os impedimentos atinentes ao exercício da atividade empresarial das pessoas físicas como empresário individual também não se aplicam aqui, uma vez que haverá a criação de uma nova pessoa jurídica. Ora, se tais impedimentos não vedam a condição de sócio de uma sociedade limitada, também não devem vedar a condição de titular da EIRELI, pela própria determinação de aplicação das regras da sociedade limitada (CC – art. 980-A, § 6°). Dessa forma, servidores públicos, magistrados, membros do Ministério Público e militares da ativa podem constituir EIRELI, desde que não exerçam as funções administrativas inerentes ao exercício da empresa.
Apesar da nossa opinião, a Instrução Normativa 10/2013 – DREI afasta esta interpretação, vedando expressamente a participação de incapazes como titulares da EIRELI.
6. QUEM PODE CONSTITUIR EIRELI
Embora normalmente ligada a pessoas físicas, nada impede no nosso ordenamento jurídico que a EIRELI seja constituída também por pessoas jurídicas, inclusive as de fins não empresariais para exercício de atividades lucrativas subsidiárias. Isso é o que se depreende do próprio caput do artigo 980-A que diz que a EIRELI “será constituída por uma única pessoa” sem especificar ou delimitar. Outrossim, a restrição constante do § 2o segundo do mesmo artigo 980-A dirigida especificamente a pessoas físicas, mostra que essa não é a única possibilidade de constituição da EIRELI. Ademais, reitere-se que a aplicação das regras atinentes às sociedades limitadas, corrobora a possibilidade de titularidade por uma pessoa jurídica. Apesar disso, reconhecemos que tal expediente será muito mais útil às pessoas físicas.
A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada poderá ser constituída por:
a) Maiores de 18 anos (brasileiro ou estrangeiro, desde que estiverem em pleno gozo da capacidade civil);
b) Menor de 18 anos, desde que emancipado conforme prevê a lei;
c) Pessoa jurídica nacional ou estrangeira.
No entanto, não pode constituir EIRELI, pessoa física ou jurídica impedida por norma constitucional ou por lei especial.
7. CAPITAL SOCIAL
Para a constituição da EIRELI, o CC exige um capital mínimo de cem vezes o maior salário mínimo vigente no país, devidamente integralizado no ato da constituição da EIRELI, o que torna esse elemento, como um dos elementos essenciais na sua criação. Embora não seja tradicional no nosso direito, tal capital mínimo representa “um mínimo – o tal limiar de idoneidade, de seriedade por parte do ente jurídico com o qual se estabelecem relações contratuais”.66 Sem esse capital mínimo e sua integralização, a EIRELI não poderá ser devidamente constituída. O capital cumpriria três funções básicas: a função de produtividade, a função de garantia e a função de determinação da posição do sócio.
7.1. NOME
Cumpridas as exigências atinentes ao capital social, a EIRELI regularmente constituída, por ser um centro autônomo de direitos e obrigações, terá um nome próprio, pelo qual se vinculará no mundo jurídico. Trata­se de um traço distintivo da EIRELI enquanto sujeito autônomo de direitos e obrigações, vale dizer, é nesse nome que serão assumidas as obrigações relativas ao exercício da empresa, é esse nome que servirá de referência nas relações da EIRELI com o público em geral. Nossa legislação admite o uso de dois tipos de nomes pela EIRELI, a denominação e a firma ou razão social (CC – art. 980­A).
8. ADMINISTRAÇÃO DA EIRELI
Regularmente constituída e com nome próprio a EIRELI irá atuar no mundo jurídico, exercendo atividades econômicas empresariais. Ela inclusive poderá atuar prestando serviços para receber a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional. Em todo caso, sua atuação não será diferente do que ocorre com as demais pessoas jurídicas, isto é, é necessária a interveniência de um órgão para esta atuação no mundo concreto. Exige­se uma espécie de administração da EIRELI para efetivar sua existência concreta.
9. DIREITOS, DEVERES E RESPONSABILIDADES 
Jorge Lobo, mesmo antes da positivação, indicava uma série de direitos que tocam ao titular da EIRELI, afirmando que: “O titular da empresa tem o direito, permanente e ilimitado, (1) de examinar todos os livros e documentos da empresa unipessoal; (2) de examinar, aprovar e desaprovar as contas e o balanço social; (3) de aprovar e desaprovar a proposta de distribuição dos lucros do exercício; (4) de receber os lucros do exercício findo, após a constituição das reservas legais; (5) de modificar os estatutos em todas suas disposições; (6) de aumentar ou reduzir o capital social; (7) de prorrogar o prazo de duração da EURL; (8) de dissolvê­la; (9) de transformá­la em outra forma social, desde que se reúna a mais sócios; (10) de nomear e destituir o gerente a qualquer tempo; (11) de autorizar o gerente a efetuar operações que excedam seus poderes ou sejam estranhas ao objeto social; (12) de autorizar o gerente a contratar com a EURL; (13) de transferir a sedesocial; (14) de decidir pela incorporação ou fusão da empresa com outra sociedade; (15) de tomar decisões que não sejam da competência do gerente etc.”
Em contrapartida a esses direitos, não há deveres específicos na órbita interna da EIRELI, porquanto não há outra parte no contrato. Como a integralização inicial do capital social é obrigatória para a constituição da EIRELI, o dever de integralizar o capital só surgirá em casos de aumento do capital social, devidamente deliberados, os quais serão, porém, raros.
10. TRANSFERÊNCIA DA TITULARIDADE E EXTINÇÃO DA EIRELI
Uma das funções das pessoas jurídicas é permitir o exercício de atividades por prazos superiores à efemeridade da vida humana. A EIRELI poderá também desempenhar esse papel como pessoa jurídica que é. Todavia, para tanto, é essencial que seja possível a transmissão da sua titularidade, permitindo que outra pessoa prossiga ainda que indiretamente com aquela atividade. Em outras palavras, a transferência da titularidade da EIRELI será como a transferência de quotas de uma sociedade limitada, sem, porém, a necessidade de concordância dos sócios, pois esses inexistem no caso. Assim, por sucessão ou por negócios entre vivos poderá haver a mudança do titular da EIRELI, preservando a empresa em funcionamento, mesmo que com outro titular.
11. CONCLUSÃO
O presente trabalho teve por objetivo analisar a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI, suas características, críticas e acertos, desde sua criação até os dias de hoje. 
Percebeu-se ao longo do trabalho que a EIRELI, instituída pela Lei nº 12.441/2011, surgiu no direito brasileiro depois de longos anos de gestação no âmbito legislativo, embora esse modelo de empresa já tivesse guarida no direito comparado, e positivado no ordenamento de países como Alemanha, Itália e França. 
Constatou-se que, com o instituto do empresário individual, muitas fraudes contra credores foram perpetuadas, posto que geralmente o que se via era um sócio majoritário que respondia por 99% do capital social da empresa, enquanto outro sócio servia como escudo, contribuindo com apenas 1% desse mesmo capital. 
Dessa forma, a responsabilidade solidária pelas obrigações da empresa quando recaia sobre os sócios, invariavelmente, atingia seus bens, até o limite de sua quota-parte. No caso específico, um dos sócios arcaria com a grande maioria do ônus, restando ao outro uma parcela irrisória. Ocorre que se nenhum bem fosse encontrado no nome destes, nada poderia ser feito, e os credores amargariam o prejuízo. 
Nesse contexto, a EIRELI surgiu para amenizar esse quadro de práticas fraudulentas contra credores. Sua natureza jurídica ainda é um ponto polêmico, mas pode ser considerada uma pessoa jurídica de direito privado, cujo único sócio, não responde pelas obrigações da empresa, daí porque ela seria uma empresa de responsabilidade limitada. 
Percebeu-se que, dentre as muitas peculiaridades que trouxe a EIRELI para o cenário empresarial, algumas chama a atenção e são objeto de controvérsias. A questão da integralização do capital social cujo valor deve ser de, pelo menos, 100 (cem) vezes o salário mínimo vigente, é uma das particularidades polêmicas, tendo sido objeto da ADI 4.637/2011, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Nessa ADI, questionava-se o valor mínimo a ser integralizado, ao mesmo tempo em que requeria a diminuição desse valor para privilegiar a camada dos pequenos empreendedores. 
No entanto, após solicitar informações, o Ministro Gilmar Mendes recebeu da Presidência da República o veredicto segundo o qual não prosperaria o pedido de Inconstitucionalidade da Lei nº 12.441/2011, no que tange ao valor do capital social a ser integralizado pela EIRELI, bem como em respeito á infringência ao art.170 da CF/88, como forma de dificultar a livre iniciativa por conta do capital social elevado. 
Averiguou-se no decorrer da pesquisa que apesar de ter sido eivada de críticas e controvérsia se ter enfrentado uma Ação Direita de Inconstitucionalidade, a EIRELI ainda é uma das formas empresariais mais procuradas desde seu nascedouro, contribuindo para que a atividade econômica se torne mais atraente, através da proteção do patrimônio de seu sócio em relação ao passivo da empresa. 
Conclui-se, pois, que o advento da EIRELI trouxe consigo a possibilidade de crescimento econômico para o país, gerando empregos e permitindo a diminuição da atividade econômica informal, apesar de todas as suas controvérsias.
REFERENCIA 
CARDOSO, Paulo Leonardo Vilela. O empresário de responsabilidade limitada. São Paulo: Saraiva, 2012.
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado. 2. ed. São Paulo: Método, 2012.
SIMÃO FILHO, Adalberto. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI: aspectos econômicos e legais. São Paulo: MP Ed., 2012.
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário, v. 1 / 8. ed. rev. e atual. – São Paulo: Atlas, 2017.

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