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Introdução • É uma emergência neurológica! • Caracterização: extravasamento de sangue para os espaços que cobrem o sistema nervoso central que são preenchidos com fluido cerebrospinal ou líquor; • AVC: representa 20% de todos os acidentes vasculares cerebrais; • Hemorragia intraparenquimatosa (HIP): representa 10%; • HSA: 10%; • Principal causa de HSA não traumática: ruptura de aneurisma intracraniano > representa de 80 a 85% dos casos > alta taxa de mortalidade; • Outras causas: o Coagulopatia; o Malformações arteriovenosas; o TVC. • Causas não aneurismática: o HSA perimesencefálica (10 a 20% dos casos > bom prognóstico); o HSA pretruncal 2ª a hematoma intramural de artéria basilar. • 46% em média dos sobreviventes de HSA podem ter comprometimento cognitivo de longo prazo > efeito sobre o estado funcional e qualidade de vida; • Afeta de 20 a 35 mil pessoas a cada ano nos EUA > incidência estável nos últimos 30 anos; • Mundial: incidência de 10 a 15 casos por 100 mil pessoas-ano; • Risco estimado de apresentar HSA durante a vida: 3% > 15% das vezes com lesões múltiplas > associando condições como HAS, rins policísticos, coarctação da aorta, síndrome de Ehler-Danlos e Marfan; • Incidência aumenta com a idade > média de 55 anos; • Risco 1,6 maior em mulheres; • Risco 2,1 maior em negros; Etiologia e Fisiopatologia • Ruptura de aneurisma sacular: principal causa; • Estresse hemodinâmico, fluxo turbulento e inflamação fazem parte da gênese das lesões que levam ao aneurisma; • Aneurismas micóticos ocorrem por embolização séptica de vasos cerebrais; • Fatores de risco: tabagismo (2 a 7 vezes), variando conforme a intensidade do tabagismo > é o fator mais importante! • Outros fatores: o HAS; o Etilismo; o Fatores genéticoas; o Drogas simpaticomiméticas; o Defici~encia estrogênica; o Drogas antitrombóticas. • Histórico familiar de 1º grau também é fator de risco aumentado; • Risco de ruptura: depende do tamanho e localização do aneurisma (praticamente nula a chance em aneurismas menores de 7 mm e mais de 40% de chance em aneurismas maiores que 25 mm > considerando as artérias carótica interna, cerebral anterior e cerebral média. Na circulação posterior cerebral e na comunicante posterior, há mais chance de ruptura em aneurismas menores que 7 mm e também em aneurismas maiores que 25 mm > cerca de 50%, nesse último caso); Achados clínicos • HSA deve ser suspeitada em pacientes com apresentação típica: o Início súbito de cefaleia grave em 97% dos casos (80% dos casos é referida como “pior dor de cabeça da vida”); o Náuseas (77% dos casos); o Vômito; o Dor cervical; o Fotofobia; o Perda de consciência (50% dos casos) > normalmente é transitória; • Morte súbita (10 a 15% dos pacientes falecem antes de chegar no hospital. • Situações em que o diagnóstico deve ser considerado: • Cefaleia típica em HSA: thunderclap headache = início súbito e atinge a máxima intensidade em 1 minuto; • Cefaleia sentinela (também frequente em HSA): precede a ruptura do aneurisma em 1 a 2 semanas > descrita em até 43% dos casos de HSA; • Pacientes podem apresentar hemorragia vítrea > sinal de mal prognóstico > realizar fundoscopia em todos os pacientes suspeitos de HSA > hemorragia vítrea + HSA = Síndrome de Terson > esses pacientes costumam ter pior pontuação na escala de Hunt- Hess; • Pacientes podem apresentar sinais neurológicos focais: • Sinais focais são mais comuns na hemorragia intraparenquimatosa; • Sinais meníngeos podem demorar várias horas para aparecer > sua ausência não pode ser utilizada para descartar diagnóstico de HSA; • Convulsões ocorrem em média em 10% dos pacientes nas primeiras 24 horas > pior prognóstico; • Na ausência de sinais e sintomas clássicos, a HSA é frequentemente não diagnosticada; • Erro médico chega a 50% nos pacientes que apresentam na primeira visita ao médico. Exames complementares • TC sem contraste: com ou sem punção liquórica > exame essencial para o diagnóstico de HSA. o Realizada nas primeiras 24 horas: 92% de sensibilidade; o Mais de 95% de sensibilidade na primeira hora; o Se negativa nas primeiras 6 horas após a instalação da dor: virtualmente excludente de HSA (100% entre as 6 e 12 horas após, de acordo com alguns estudos); o Característica do sangue extravasado: lesão hiperdensa nos sulcos e cisternas encefálicas; o Cortes finos para perceber pequenas quantidades de sangue; o Pode demonstrar também a ocorrência de hematoma intraparenquimatoso, hidrocefalia e edema cerebral. o Ajuda a prever local da ruptura do aneurisma; o Sensibilidade cai para 50% após 7 dias de sangramento. • RM: o Tem sensibilidade similar a TC, mas, menos validada em emergências; o Sequencias em T2 tem maios sensibilidade para HSA em fase subaguda; • Punção lombar: o Em qualquer paciente com suspeita de HSA; o Em resultados negativos questionáveis na TC ou RM de crânio; o Coletados 4 tubos para contagem de hemácias; o Não há necessidade de ser realizada se TC negativa para HSA nas 6 primeiras horas de dor; o Resultados consistentes para HSA: ▪ Pressão de abertura elevada; ▪ Contagem elevada de eritrócitos que não diminui a partir do primeiro tubo para o último tubo de hemácias; ▪ Xantocromia: que costuma aparecer após 12 horas do início da cefaleia > devido á lesão de células vermelhas detectada por espectrofotometria); • Exames laboratoriais recomendados: o Função renal; o Eletrólitos; o Hemograma; o Coagulograma; o Glicemia; o ECG (em todos os pacientes); • Em pacientes com punção lombrar diagnóstica para HSA > realizar o diagnóstico etiológico da HSA > angiografia cerebral digital (exame de escolha) > evidencia a causa do sangramento em quase todos os casos. o Se o exame for negativo: repetir em 4 a 14 dias > identifica-se aneurisma oculto em cerca de 24% dos casos; • Opções: o Angiotomografia > pode ser o primeiro exame > menos invasiva > reservando a realização de angiografia cerebral para casos de angiotomografia negativa; o Angiorressonância magnética; • Avaliar todos os vasos cerebrais: cerca de 15% dos casos tem múltiplos aneurismas. Diagnóstico diferencial • Outras cefaleias: HIP, TVC, hidrocefalia aguda, meningoencefalites, apoplexia ptuitária (enfarte ou uma hemorragia súbita da glândula pituitária, na presença dum adenoma pituitário) e aneurismas não rotos; • Diagnóstico com o qual mais se confunde o HSA: enxaqueca e cefaleia tensional; • Não obtenção do estudo de imagem adequado é responsável por quase 75% dos asos de erros de diagnóstico > não execução ou interpretação errada de punção lombar representa quase 25% dos casos de erros; • Pacientes não diagnosticados na avaliação inicial tendem a ser menos graves (alguns casos só apresentam complicações neurológicas tardias, no entanto); Classificação • Classificação de Hunt-Hess: • Classificação de Fischer: • Federação Internacional de Neurologia (CFIN): Tratamento • Todos os pacientes com HSA devem ser avaliados e tratados com urgência: o Manutenção da via aérea; o Monitorização cardiovascular; o Pacientes com Glasgow menor ou igual a 8, aumento da pressão intracraniana, hipoxemia ou instabilidade hemodinâmica: entubar e ventilação mecânica; • Após estabilização inicial: o Pacientes devem ser transferidos para centros de experiência neurovascular > preferência com unidade neurológica > cuidados em UTI; • Principais objetivos do tratamento: o Prevenir ressangramento; o Prevenção e manejo do vasoespasmo; o Tratamento de outras complicações. • PAS: deve ser mantida com valores menores que 160 mmHg antes do tratamento do aneurisma > pode ser por via IV com anti - hipertensivos (labelatol e nicardipina). Após tratamento do aneurisma: permitido o aumento da pressão até 200 mmHg; • Analgesia: necessária muitas vezes > indica-se narcóticos; • Glicemia: objetivo émanter o nível entre 80 e 120 mg/dL > infusão contínua de insulina, se necessário; • Temperatura: manter menor ou igual a 37,8ºC > administrar paracetamol ou dipirona se necessário; • Ulcera de estresse: para a profilaxia pode-se usar ranitidina (150 mg, duas vezes ao dia, VO ou 50 mg IV a cada 8-12 horas) ou lansoprazol (30 mg VO diariamente); • Hemoglobina: manter entre 8 e 10 g/dL; • PIC: manter menor que 20 mmHg; • PC: manter maior que 70 mmHg; • Cabeceira elevada a 30º; • Uso de meias compressivas e dispositivos pneumáticos de compressão sequencial > administrar heparina (5 mil U SC, 3 vezes/dia) se necessário > após tratamento do aneurisma; • Anticonvulsivantes: o uso é controverso e não recomendado > ácido valpróico é o mais recomendado, se necessário; • Volemia: PVC entre 5 e 6 mm Hg > manter o paciente em hipervolemia (8 a 12 mmHg ou PCP 12 a 16 mmHg) se ocorrer vasoespasmo cerebral; • Tentar ingestão oral precocemente > tentar enteral se necessário; • Manter o paciente adequadamente sedado; • Avaliar a pressão intracraniana com ventriculostomia > se ventrículos aumentados ou se escore CFIN for maior ou igual a 3; • Ácido tranexãmico: pode ser opção nas primeiras 72 horas em pacientes que não foram submetidos a correção de aneurisma > reduz o ressangramento precoce; • Durante a internação: realizar exame neurológico sumário a cada 4 horas no máximo, e verificar todos os sinais vitais nesse mesmo tempo. Pacientes em uso de anticoagulação ou antitrombóticos • Reversão rápida! • Pacientes em uso de heparina: sulfato de protamina administrado com injeção IV com dose de 1 mg/100 U de heparina (dose máxima de 50 mg) > ajuste com base no tempo decorrido desde a interrupção da infusão de heparina > dose semelhante pode ser utilizada em pacientes que recebem heparina de baixo peso molecular (reversão pode ser incompleta); • Paciente utilizando anticoagulante oral: como a varfarina, com INR alterado > correção rápida dos níveis de INR é recomendada. o É possível utilizar o plasma fresco congelado (PFC) em dose de 15 a 20 mL/kg juntamente com vitamina K; o Vitamina K IV é insuficiente para a reversão nas primeiras horas > mas, deve ser administrada em dose de 5 a 10 mg IV; o Plasma fresco congelado tem risco de reações alérgicas e infecciosas > muitas vezes requer grandes volumes para a correção completa de INR; • Novas estratégias para corrigir coagulopatia: o Complexo concentrado de protrombina (CCP) e complexo concentrado de protrombina ativado (para o tratamento da defici~encia de fator IX (hemofilia B). CCPs contém os fatores II, IX e X e podem ser administrados rapidamente em um pequeno volume (20 a 40 mL) com rápida normalização do INR (minutos) em pacientes utilizando antagonistas de vitamina K; • Rivaroxabana e apixabana: meia-vida relativamente curta (5 a 15 horas): Tratamento cirúrgico do aneurisma • Realizar clipagem cirúrgica ou abordagem endovascular do aneurisma o mais rápido possível > redução do risco de ressangramento; • Endovascular: considerada para pacientes que possam ser submetidos a ambos os procedimentos, porém, a decisão deve ser multidisciplinar baseada na experiência da equipe de neurologia. Prevenção do vasoespasmo • Vasoespasmo: desenvolve-se normalmente entre 3 e 14 dias após o HSA; • Melhor preditor de vasoespasmo: quantidade de sangue na TC de crânio > mais comum o verificado em agiografia do que clinicamente; • Quadro clínico: o Se relaciona à instalação de déficit neurológico focal > que leva à isquemia cerebral > verificada por imagem; o Cerca de metade dos pacientes com HSA desenvolvem vasoespasmo assintomático e 1/3 sintomático; o Entre 15 a 20% dos pacientes desenvolvem isquemia cerebrovascular ou morrem; o Sintomas mais comuns: cefaleia, sinais meníngeos, febre baixa e taquicardia; o Sangue nas cisternas libera oxi-hemoglobina > leva à vasoconstrição; o US com doppler transcraniano deve ser realizada diariamente ou a cada dois dias para monitorizar o vasoespasmo > o qual é definidos como uma velocidade média de fluxo sanguíneo cerebral maior de 120 cm/s em um vaso principal; • Nimodipina 60 mg VO ou por sonda de 4 em 4 horas deve ser administrada em todos os pacientes. o Não reduz vasoespasmo > mas, melhora o prognóstico neurológico > mantida por 14 a 21 dias; o Deve-se evitar hipovolemia com reposição volêmica; o Manter PVC entre 5 e 8 mmHg antes do vasoespasmo; • Medidas clínicas em pacientes com vasoespasmo: Outras complicações e medidas • Pacientes podem desenvolver hiponatremia > secreção inadequada de ADH ou síndrome perdedora de sal > realizar reposição volêmica agressiva > fluidos fisiológicos com salina a 0,9% ou hipertônica; • Corticoides: controverso na literatura. Útil na analgesia > pode ajudar também na prevenção de hidrocefalia tardia > mas, não recomenda-se o uso rotineiro. o Caso ocorra disfunção hipotalâmico-hipofisária, se houver hipotensão refratária a volume e vasopressores, utiliza-se glicocorticoides. • Hidrocefalia sintomática: causada por absorção diminuída do líquor > pode exigir tratamento com drenagem ventricular externa temporária ou colocação de um shunt permanente; • Pacientes em coma: acompanhados com EEG > frequência das crises não convulsivas pode ser alta; • Complicações médicas mais comuns: edema pulmonar (com SARA), arritmias cardíacas e distúrbios eletrolíticos; • Fornecer a médio prazo terapias ocupacionais e fonoaudiologia, terapia física e realizar reabilitação cognitiva; Prognóstico em longo prazo • Pacientes sobreviventes podem ter problemas crônicos e incapacitantes: memória, humor ou função neuropsicológica > diminuição dos papeis sociais; • A maioria é capaz de voltar a trabalhar um ano após HSA; • A avaliação psicológica desses pacientes deve ser realizada durante os programas de reabilitação. Indicações de internação hospitalar, UTI e seguimento • Todos os pacientes com HSA devem ser internados em UTI; • Alta taxa de recorrência > todos devem ser seguidos ambulatoriamente.
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