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Hapuinã Rabelo @hapuivet Farmacodinâmica O QUE É A FARMACODINÂMICA? ⮩ Estudo a maneira pelas quais um medicamento atua nas funções bioquímicas ou fisiológicas de um organismo vivo. ⮩ Realiza estudo quantitativo, ou seja, a relação dose-resposta dos efeitos biológicos ⮩ Um medicamento não cria uma função no organismo, apenas modifica uma preexistente QUAL SUA IMPORTÂNCIA? ⮩ Através dele podemos entender os efeitos farmacológicos e adversos causados pelos medicamentos e fornecer informações mais adequada de tratamento das intoxicações causadas por estes agentes MECANISMO DE AÇÃO • Os medicamentos podem ser divididos em dois grupos: ⮩ Medicamentos estruturalmente inespecíficos: ➢ Conceito: são aqueles cujo efeito farmacológico não decorre diretamente da estrutura química da molécula agindo em um determinado receptor, mas sim provocando alterações nas propriedades físico-químicas (como grau de ionização, solubilidade, tensão superficial e atividade termodinâmica) ➢ Mecanismo: Acarretando mudanças em mecanismos importantes das funções celulares e levando à desorganização de uma série de processos metabólicos. Exemplo: Os anestésicos gerais inalatórios e os desinfetantes são característicos deste grupo de medicamentos. ⮩ Medicamentos estruturalmente específicos ➢ Conceito: são aqueles cuja ação biológica decorre essencialmente de sua estrutura química ➢ Mecanismo: Eles se ligam a receptores, isto é, macromoléculas existentes no organismo, formando com eles um complexo, o que leva a uma determinada alteração na função celular. ➢ Conceito: Os vários medicamentos estruturalmente específicos apresentam certas características estruturais em comum Hapuinã Rabelo @hapuivet ➢ Mecanismo: pequenas variações nestas estruturas químicas podem resultar em alterações substanciais na atividade farmacológica ➢ Mecanismo: ação farmacológica destes agentes ocorre com concentrações menores do que as necessárias pelos estruturalmente inespecíficos. RECEPTORES ⮩ O termo indica o componente do organismo com o qual o agente químico interage. Esse componente faz parte da célula ⮩ Existe uma especificidade do medicamento pelo receptor • Teoria da ocupação: ⮩ Correlaciona a intensidade do efeito farmacológico diretamente ao número de receptores ocupados pelo medicamento ⮩ Essa teoria é a base de todos os estudos sobre ralação dose/efeito de um, medicamento ⮩ Três características encontradas em alguns grupos de medicamentos reforçaram a hipótese da existência dos receptores: ➢ Alta potência: algumas substâncias atuam, apresentando efeito farmacológico, em concentrações muito baixas ➢ Especificidade química: isômeros ópticos apresentando diferentes ações farmacológicas ➢ Especificidade biológica: a epinefrina exerce um efeito acentuado sobre o músculo cardíaco, porém apresenta fraca ação sobre o músculo estriado. Hapuinã Rabelo @hapuivet ALVO PARA A AÇÃO DOS MEDICAMENTOS ⮩ O alvo de ligação de um medicamento no organismo animal são macromoléculas proteicas de: enzimas, moléculas transportadoras, canais iônicos, receptores de neurotransmissores e ácidos nucleicos. ⮩ A ligação dos medicamentos aos receptores envolve todos os tipos de interação química conhecidos: as iônicas polares (íondipolo ou dipolodipolo), as de ponte de hidrogênio, as hidrofóbicas, as de van der Waals e as covalentes. ‼ Dependendo do tipo de ligação entre o receptor e o medicamento, a duração do efeito poderá ser fugaz ou prolongada. ‼ As ligações do tipo covalente são muito difíceis de se desfazerem ‼ Um mesmo receptor pode ligar-se ao medicamento utilizando mais de um tipo de interação química. ⮩ O conhecimento sobre receptores tem permitido com que desenvolvêssemos medicamentos cada vez mais específicos e com menores efeitos colaterais • Enzimas ⮩ Vários medicamentos têm como seu efeito farmacológico interações com enzimas, atuando principalmente como inibidores destas. Exemplo: ácido acetilsalicílico inibindo a ciclo-origenase ⮩ Um medicamento também pode sofrer alterações em sua estrutura química provocadas pela interação com determinadas enzimas, transformando-se em produto anormal, que acarreta a desorganização de determinada via metabólica Hapuinã Rabelo @hapuivet Exemplo: Como exemplo, tem-se o agente anti-hipertensivo, metil-DOPA, que apresenta estrutura semelhante ao substrato precursor da norepinefrina a DOPA (ácido dihidroxifenilacético); a metilDOPA, ao sofrer descarboxilação pela DOPA- descarboxilase, transformando-se em metilnorepinefrina, substitui a norepinefrina nos depósitos sinápticos, reduzindo o tônus nervoso simpático. • Moléculas transportadoras: ⮩ Alguns medicamentos exercem sua ação farmacológica interferindo com as proteínas transportadoras ⮩ Conceito: Estas proteínas transportadoras possuem locais de reconhecimento que as torna específicas para identificar e transportar moléculas para o interior do citoplasma celular. ⮩ Mecanismo: Esses locais de captação são alvo da ação de alguns medicamentos, cuja função é bloquear o sistema de transporte Exemplo: cocaína (impedindo a captação das catecolaminas) • Receptores celulares: ⮩ Conceito: Atuam como receptores de substâncias endógenas como hormônios, neurotransmissores e autacoides ⮩ Mecanismo: transmissão de uma mensagem, quer de forma direta (Via canal iônico existente nas membranas plasmáticas), ou indireta (via um segundo mensageiro, que acarretará mudanças bioquímicas em células-alvo). • Receptores ligados à proteína G: ⮩ As proteínas G são os mensageiros entre os receptores e as enzimas responsáveis pelas mudanças no interior das células ⮩ A proteína G (Figura 3.2) é constituída de três subunidades, denominadas α, β e γ (complexo αβγ), sendo que a porção β e γ não se dissociam ⮩ Atualmente se conhecem vários tipos de proteína G: ➢ Gs: estimulante (stimulation) dos receptores da adenilatociclase ➢ Gi: inibidora (inhibition) dos receptores da adenilatociclase ➢ Go: relacionada aos canais iônicos ➢ Gq: ativadora da fosfolipase C. ⮩ A proteína G atua nos sistemas (ver Figura 3.3): ➢ Adenilatociclase/3’,5’monofosfato de adenosina cíclico (cAMP) ➢ Guanilatociclase/3’,5’monofosfato de guanosina Hapuinã Rabelo @hapuivet ➢ cíclico (cGMP) Fosfolipase C/fosfato de inositol/diacilglicerol ➢ Fosfolipase A2 /ácido araquidônico/eicosanoides ➢ Na regulação de canais iônicos. Hapuinã Rabelo @hapuivet RELAÇÃO DOSE-RESPOSTA ⮩ A intensidade de efeito produzido pelo medicamento em geral depende da quantidade administrada ⮩ A resposta farmacológica é diretamente proporcional ao número de receptores com os quais este agente efetivamente interage e que o efeito máximo é alcançado quando todos os receptores estão ocupados • Agonista: ⮩ Indica que uma determinada substância, ao ligar-se ao receptor, ativa-o, acarretando o efeito farmacológico • Antagonista: Refere-se a uma substância que, ao combinar-se com o receptor, não o ativa • Potência: ⮩ A potência de um medicamento está representada ao longo do eixo da concentração ou dose, isto é, quanto menor a concentração ou dose do medicamento necessária para desencadear determinado efeito (seja este mensurado in vivo ou in vitro), mais potente é este medicamento. ‼ A potência não está necessariamente relacionada com nenhuma outra característica do medicamento, portanto, é falsa a afirmação de que um medicamento mais potente é clinicamente superior quando comparado a outro menos potente ‼ Medicamentos muito pouco potentes apresentam como desvantagem a necessidade de doses muito elevadas, o que muitasvezes torna incômoda sua administração. ‼ Medicamentos extremamente potentes devem ser manipulados com mais cuidado, podendo acarretar intoxicações. • Eficácia máxima: ⮩ Os termos efeito máximos e eficácia máxima ou simplesmente eficácia se equivalem, sendo estes determinados por propriedades inerentes à ligação medicamento- receptor ⮩ Na prática, os fatores que limitam a eficácia de um medicamento são normalmente o aparecimento de efeitos colaterais, isto é, um determinado agente terapêutico pode ser bastante eficaz para o tratamento de uma enfermidade, porém a dose necessária para se alcançar o efeito máximo (que é o desejado) é a mesma dose que acarreta efeitos tóxicos indesejáveis. • Inclinação: ⮩ A inclinação da curva dose/efeito reflete o mecanismo de ação de um agente terapêutico, bem como sua ligação com o receptor Hapuinã Rabelo @hapuivet ⮩ Medicamentos com mesmo mecanismo de ação não apresentam entre si diferenças significativas na inclinação de suas respectivas curvas e que a existência de diferenças entre a inclinação das curvas de dois ou mais medicamentos indica que eles têm mecanismos de ação diversos. • Variação biológica: ⮩ Em qualquer população, há indivíduos que apresentam variabilidade na intensidade da resposta a determinado medicamento, uma vez que nem todos os indivíduos respondem com a mesma magnitude de resposta. EFEITOS ANORMAIS AOS MEDICAMENTOS • Adverso: efeito prejudicial ou indesejável que ocorre durante ou após uma intervenção ou o uso de um medicamento, em que há possibilidade razoável de relação causal entre o tratamento e o efeito • Colaterais: é um efeito não pretendido (adverso ou benéfico) causado por medicamento utilizado em doses terapêuticas • Hiperreativo: indivíduos que apresentam respostas a doses baixas de determinado medicamento que não causam efeitos na grande maioria da população • Hiporreativo: em oposição ao hiperreativo, este termo identifica os indivíduos que necessitam de doses maiores do que as normalmente utilizadas pela população para desencadear determinado efeito farmacológico • Tolerância: a hiporreatividade pode ser denominada também de tolerância, indicando que a baixa sensibilidade em questão resulta de uma exposição prévia ao medicamento, o qual causa alterações farmacocinéticas e/ou farmacodinâmicas, promovendo, com o decorrer do tempo, uma resposta farmacológica menor • Taquifilaxia ou dessensibilização: são expressões sinônimas utilizadas para descrever a hiporreatividade que se desenvolve em alguns minutos e não em vários dias ou semanas, como necessário para a ocorrência da tolerância • Idiossincrasias ou efeito incomum: representam o aparecimento de um efeito não esperado após uso de um medicamento e que ocorre em pequena porcentagem dos indivíduos • Supersensibilidade: termo utilizado para referirse a aumento do efeito de um medicamento, sendo este causado pela elevação da sensibilidade de receptores sinápticos e que normalmente ocorre após bloqueio prolongado de receptores sinápticos ou ainda por denervação • Hipersensibilidade: este termo deve restringirse somente aos fenômenos causados pelas reações alérgicas que têm como explicação a ligação antígenoanticorpo, com consequente liberação de histamina. Hapuinã Rabelo @hapuivet INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA ⮩ Muitas vezes é necessário a utilização concomitante de mais de um medicamento, podendo ocorrer modificação do efeito de ambos ou de um deles quando associados ⮩ As interações medicamentosas podem levar a aumento ou diminuição dos efeitos deles: sinergismo ou antagonismo Sinergismo: Efeito de dois medicamentos ocorrendo na mesma direção ⮩ Sinergismo por adição ou apenas adição: ➢ O efeito combinado de dois ou mais medicamentos é igual à soma dos efeitos isolados de cada um deles ⮩ Sinergismo por potenciação ou apenas potenciação ➢ Efeito combinado de dois ou mais medicamentos é maior do que a soma dos efeitos isolados ➢ Neste caso, uma das substâncias potencializa a outra por interferir na sua biotransformação, distribuição ou excreção Antagonismo: Interação de dois medicamentos pode levar também a diminuição ou anulação completa dos efeitos de um deles • Antagonismo farmacológico: Competitivo E não competitivo ⮩ Competitivo quando há competição do agonista e do antagonista pelo mesmo receptor, e o antagonista impede ou dificulta a formação do complexo agonista- receptor. ⮩ Não competitivo ocorre quando há ligação com sítio alostérico presente no receptor ou bloqueio em algum ponto da cadeia de eventos desencadeada pela ligação do agonista ao receptor. • Antagonismo farmacológico competitivo: classificado em pleno (ou total) reversível, parcial reversível ou irreversível ⮩ Antagonismo farmacológico competitivo pleno reversível ➢ o antagonista compete com o agonista pelos mesmos locais receptores, formando com ele um complexo inativo ⮩ Antagonismo farmacológico competitivo parcial reversível ➢ Os dois medicamentos utilizados são agonistas, porém com diferentes capacidades de desencadear efeitos farmacológicos, isto é, com diferentes atividades intrínsecas. ➢ O agonista menos eficaz nesta situação experimental atua como antagonista parcial do agonista principal. Hapuinã Rabelo @hapuivet ⮩ Antagonismo farmacológico competitivo irreversível ➢ o antagonista se dissocia muito lentamente ou não se dissocia, dos receptores. • Antagonismo farmacológico não competitivo: o antagonista bloqueia algum ponto importante da cadeia de eventos que levaria à resposta desencadeada pelo agonista ⮩ Antagonismo não farmacológico: não há o envolvimento direto do antagonista com um receptor; pode ser ➢ Antagonismo farmacocinético ou disposicional: uma substância química (medicamento) reduz efetivamente a concentração plasmática de outra administrada a um animal. > A velocidade de biotransformação do medicamento pode estar aumentada > A velocidade de absorção ou a quantidade do medicamento ativo no trato gastrintestinal pode estar reduzida > A velocidade de excreção renal pode estar aumentada ➢ Antagonismo fisiológico ou funcional: ocorre quando os dois agonistas interagem em sistemas de receptores independentes, porém produzindo efeitos opostos que se anulam ➢ Antagonismo químico ou antidotismo: As duas substâncias não reagem com os receptores do organismo, mas sim reagem quimicamente, em solução, entre si se antagonizando
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