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1 ATIVIDADE INDIVIDUAL Matriz de análise Disciplina: Falências e Recuperação Módulo: (Parecer Juridico) Aluno: Robert Lessa Vaz Turma: 0121-1_2 Tarefa: Atividade individual Introdução Trata-se de um parecer jurídico envolvendo um cliente a respeito de um processo de recuperação judicial, com participação das sociedades empresariais, Star Steel Metais S/A, Invest construções S/A, E Investstar Investimentos E Participações Ltda, na egia da lei de falências nº 11.101, de 9 de Fevereiro de 2005, com as alterações incluídas pela pela Lei nº 14.112, de 2020. Importa explicar que, o instituto da recuperação judicial, tem como objetivo o auxílio e ajuda para com a continuidade da atividade empresarial das sociedades empresárias que venham a protocolar tal pedido. Ainda, cabe destacar que a recuperação judicial, trata-se somente de reavaliação de toda a rotina financeira da empresa, não atingindo sua atividade atual em funcionamento ou que venha a causar perdas ou prejuízos aos contratos em andamento. Desenvolvimento Ocorre que o instrumento fundamental da recuperação judicial é o plano de recuperação a ser aprovado pela assembleia geral de credores, o qual poderá ser aprovado, alterado, ou rejeitado, tendo como protagonistas os credores do crédito em aberto e comandado pelo administrador judicial designado pelo juiz da vara falimentar. Assim, tem-se um processo em fases e etapas, que visa a formação de acordo e continuidade das atividades, como forma de continuar a contribuir com a sociedade por meio de empregos, e desenvolvimento de uma função social por parte da empresa em funcionamento. 2 Podemos citar como exemplo o caso da empresa LIDER TELECOM COMERCIO E SERVICOS EM TELECOMUNICACAO LTDA, que teve a recuperação judicial inicial a pedido dos credores por dificuldades no pagamento, e que mesmo diante da recuperação, esteve o tempo todo em funcionamento, ao que remoto o período de 4 anos em exercício, concomitantemente com a elaboração e execução do plano de recuperação judicial sem que tenha havido prejuízo a manutenção de suas atividades e contratos. Do Pagamento Linear De 50 Salário Sobre o pagamento linear de 50 salários mínimos para alguns credores, impende-se opinar que neste caso deverá ser observado o princípio da par condicio creditorum, que trata da igualdade entre os credores da mesma classe de créditos, fazendo referência ao Art. 5 CRFB/88, que diz que Todos são iguais perante a lei, vedando assim a discriminação ou desigualdade, inclusive no que tange ao direito empresarial e recuperação de empresas. Nesse sentido o professor e doutrinador Fábio Ulhoa Coelho traz as seguintes considerações: “Os credores do devedor que não possui condições de saldar, na integralidade, todas as suas obrigações devem receber do direito um tratamento parificado, dando- -se aos que integram uma mesma categoria iguais chances de efetivação de seus créditos. [...] O tratamento paritário dos credores pode ser visto como uma forma de o direito tutelar o crédito, possibilitando que melhor desempenhe sua função na economia e na sociedade” (COELHO, 2015). No mais, apesar da assembleia geral de credores ter autonomia para deliberar sobre os aspectos do plano de recuperação judicial, entende-se que o pagamento aos credores com créditos de até 50 salários mínimos, acarretaria um desequilíbrios entre as classes de créditos, posto que os credores da mesma classe têm o direito de receberem os créditos de igual modo. Outrossim, o correto seria privilegiar o crédito de 50 salários mínimos a todos os credores da mesma classe, independente do excedente que faltar do crédito, posto que o restante seria discutido de forma diversa dentro do plano de recuperação como de forma de privilegiar a igualdade entre os credores, visto que o pagamento ocorre pela ordem e classe dos créditos. Da Participação De Licitações As sociedades empresárias dispostas, poderam normalmente contratar e participarem de licitações públicas, sem a necessidade de apresentação das certidões negativas de débito (CND) e da certidão negativa de falência, concordata e recuperação judicial, tendo em vista que o juízo universal da falência já se manifestou neste sentido deferindo o pleito, e que no atual cenário jurídico Brasileiro, já está amplamente consolidado na jurisprudência dos Tribunais Superiores a permissão, visto que trata-se de uma medida para viabilizar a continuidade das atividades da empresa em recuperação, permitindo a aferição de receita e atingir os objetivos do plano de recuperação judicial, conforme o julgado in verbis: “ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PARTICIPAÇÃO. POSSIBILIDADE. CERTIDÃO DE FALÊNCIA OU CONCORDATA. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. DESCABIMENTO. APTIDÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA. COMPROVAÇÃO. OUTROS MEIOS. NECESSIDADE. 1. Conforme estabelecido pelo Plenário do STJ, "aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas até então pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça" (Enunciado Administrativo n. 2). 2. Conquanto a Lei n. 11.101/2005 tenha substituído a figura da concordata pelos institutos da recuperação judicial e extrajudicial, o art. 31 da Lei n. 8.666/1993 não teve o texto alterado para se amoldar à nova sistemática, tampouco foi derrogado. 3. À luz do princípio da legalidade, “é vedado à Administração levar a termo interpretação extensiva ou restritiva de direitos, quando a lei assim não o dispuser de forma expressa” (AgRg no RMS 44099/ES, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/03/2016, DJe 10/03/2016). 4. Inexistindo autorização legislativa, incabível a automática inabilitação de empresas submetidas à Lei n. 11.101/2005 unicamente pela não apresentação de certidão negativa de recuperação judicial, principalmente considerando o disposto no art. 52, I, daquele normativo, que prevê a possibilidade de contratação com o poder público, o que, em regra geral, pressupõe a participação prévia em licitação. 5. O escopo primordial da Lei n. 11.101/2005, nos termos do art. 47, é viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. 6. A interpretação sistemática dos dispositivos das Leis n. 8.666/1993 e n. 11.101/2005 leva à conclusão de que é possível uma ponderação equilibrada dos princípios nelas contidos, pois a preservação da empresa, de sua função social e do estímulo à atividade econômica atendem também, em última análise, ao interesse da coletividade, uma vez que se busca a manutenção da fonte produtora, dos postos de trabalho e dos interesses dos credores. 7. A exigência de apresentação de certidão negativa de recuperação judicial deve ser relativizada a fim de possibilitar à empresa em recuperação judicial participar do certame, desde que demonstre, na fase de habilitação, a sua viabilidade econômica. 8. Agravo conhecido para dar provimento ao recurso especial.” STJ - AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 309.867 - ES (2013/0064947- 4 3). Relator : Ministro Gurgel De Faria. órgão julgador: Primeira Turma. Publicado em 08/08/2018. Ademais, em sendo deferido o pleito para viabilizar a contratação com o poder público, é de se destacar que a sociedade empresária terá que atender os demais requisitos para contratar com ente público, de possuir capacidade técnica e financeira para desenvolver as atividades, devendo assim ser analisados o caso concreto das empresas pleiteantes, e considerando o estado saúde da própria ao analisaro pleito, sendo este o único empecilho para rejeição de pedidos juntos aos tribunais superiores, considerando que o juízo de primeiro grau tem total liberdade para analisar os aspectos da empresa e possibilidades do pedido. Proposta De Deságio De 80% E 60% Já no que tange em relação ao patamar de deságio apresentado no plano de recuperação judicial, cabe consignar primeiro que, a assembleia geral de credores é o órgão deliberativo sobre os aspectos, e decisões do plano de recuperação judicial, cabendo-lhe assim, legitimidade para decidir sobre todas as características e aprovações dentro do plano a ser apresentado ao juízo falimentar. Neste sentido, cabe dizer que o deságio em torno de 80% e 60% são legais e permitidos, tendo em vista que, visa-se o pagamento da dívida mesmo que de forma parcial, porém com mais brevidade dentro das possibilidades do ativo da sociedade empresarial e características da recuperação em operação. Ainda, em relação ao deságio, ha o entendimento jurisprudência e doutrina de que, a proposta é totalmente válida, cabendo a assembleia de credores aprovar ou apresentar objeção ao patamar, visto que o juízo falimentar , opera tão somente quanto aos requisitos de legalidade e validade da recuperação, cabendo a assembleia geral de credores a análise da viabilidade econômica e interesse dos credores. Nesse sentido o Tribunal de justiça de São Paulo, já se posicionou no sentido de considerar válido o plano que homologou a recuperação de uma empresa com deságio de 90% em uma das classes de credores conforme segue : Recuperação judicial. Decisão que homologou plano de reestruturação. Agravo de instrumento de credora. Deságio elevado (90%) nas classes III (credores quirografários) e IV (microempresas e empresas de pequeno porte), com pagamento imediato por meio de dação em pagamento de imóveis de propriedade da agravada. Questão debatida na assembleia geral de credores e que, ainda assim, redundou na aprovação do plano por todas as classes. Análise de viabilidade econômica da recuperanda que cabe, sobretudo, aos credores que, “in casu”, manifestaram majoritariamente seu interesse na preservação da empresa. Possibilidade de existência de outros interesses econômicos (e.g. a manutenção de contratos e a continuidade de negócios com a recuperanda) que não podem ser ignorados, quando da análise de legalidade do plano. Precedentes das Câmaras Reservadas de Direito Empresarial, a admitir percentuais de deságio elevados. Ausência de violação de dispositivos expressos da Lei de Recuperações e Falências. Manutenção, desse modo, do dispositivo, ressalvada a possibilidade de convolação em falência, caso venham a se revelar irreais as avaliações dos imóveis apresentadas aos credores. Cláusula do plano de reestruturação que prevê a extinção de exigibilidade de créditos contra devedores solidários e garantidores. Violação dos limites impostos pelo art. 59 e pelo § 1º do art. 49, ambos da Lei 11.101/2005, bem como da Súmula 581/STJ e da Súmula 61/TJSP. Inadmissibilidade, ademais, de cláusula que limita as hipóteses de convolação da recuperação em falência, em contrariedade ao disposto no § 1º do art. 61 do diploma recuperacional. Jurisprudência das Câmaras de Direito Empresarial deste Tribunal. Criação de subclasse de quirografários (credores colaboradores) que tampouco merece ser anulada, estando alinhada com os objetivos da Lei 11.101/2005 e com numerosos precedentes das Câmaras Reservadas de Direito Empresarial deste Tribunal. Reforma parcial da decisão agravada. Agravo de instrumento parcialmente provido TJSP - 2176255-80.2017.8.26.0000 . Classe/Assunto: Agravo de Instrumento / Recuperação judicial e Falência. Relator(a): Cesar Ciampolini. Comarca: Órgão julgador: 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial. Data de publicação: 05/03/2018 Assim, ante o julgado e entendimento colacionado, entende-se ser legal o deságio nos patamares de 80 % e 60%, visto que não cabe ao judiciário exercer deliberação no plano de recuperação cabendo tal função aos referidos credores da sociedade empresarial. Posição Contrária À Aprovação Do Plano De Recuperação Pelo Banco Do Brasil De acordo com a Lei De Falências, havendo objeção ao plano apresentado por qualquer dos credores, cabe ao juiz convocar a assembleia geral de credores para deliberação a respeito da rejeição ou modificação, ou aprovação do referido plano. Impende-se destacar que, no caso concreto, o Banco do Brasil representa 85% do crédito da classe de credores com garantia real, sendo necessário analisar os demais credores e a qual classe pertencem, tendo em vista houveram várias objeções e não só pelo Banco do Brasil, para análise do pleito, destacando-se a necessidade de aprovação do plano em todas as classes de credores para aprovação. 6 Ademais, o Art 45 da Lei de Falências, expõe um rol de requisitos para aprovação do plano de recuperação judicial, tendo como o mais importante a necessidade de aprovação por votos que compunham mais da metade de todos os créditos em referência na recuperação. Além disso, outra possibilidade de aprovação do plano de recuperação judicial, com a objeção do Banco do Brasil, está presente nas hipóteses do § 1º do Art. 58 da Lei de Falências, conforme a observâncias do requisitos a saber: I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos presentes à assembléia, independentemente de classes II – a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do art. 45 desta Lei ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas; II - a aprovação de 3 (três) das classes de credores ou, caso haja somente 3 (três) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 2 (duas) das classes ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas, sempre nos termos do art. 45 desta Lei. III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores, computados na forma dos §§ 1º e 2º do art. 45 desta Lei. Assim, fica evidente a possibilidade de aprovação do plano pelo juiz mediante os requisitos presentes na legislação referida, mediante o conhecimento das classes, credores, créditos para apuração específica, bem como a provação por mais votos que comportam mais de 50% dos créditos, e aprovados dos demais titulares da classe de credores com garantia, no chamado sistema cram down. A contagem do stay period Quanto à contagem do Stay period, a mesma ocorre de forma corrida, e prorrogável a depender das especificidades do caso, considerando o tempo necessário para a apresentação do plano de recuperação, sem possível concorrência do devedor na suspensão do referido prazo. É de se destacar que, o § 4º do Art. 6º da Lei nº 11.101/2005, com alteração pela Lei nº 14.112, de 2020, consigna o prazo de 180 dias corridos prorrogável por igual período em casos excepcionais, desde que não haja culpa do devedor em postergar o prazo, demonstrando assim, a possibilidade da prorrogação pela necessidade de mais prazo para finalização do plano, ou ainda conforme a mesma alteração legal, a possibilidade outra prorrogação caso haja um plano de alternativo de recuperação proposto pelos credores da recuperanda. Conclusão Conclui-se por fim, que, o plano de recuperação judicial apresentado sobre as sociedades empresárias, Star Steel Metais S/A, Invest Construções S/A E Investstar Investimentos E Participações Ltda, ainda deverá sofrer alguns ajustes, no que tange a igualdade entre os credores da mesma classe, bem como o alinhamento de votos para aprovação quando aos patamares de deságio em 80% e 60%, indicados na proposta inicial apresentada. Referências bibliográficas Referências COELHO, Fábio Ulhoa.Curso de Direito Comercial. Volume III. 11ª Edição. São Paulo/SP : Editora Saraiva, 2012. BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 05 out 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: Acesso em: 12 fev. 2021. BRASIL. Lei n.º 11.101, de 9 de Fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária.. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 09 fev. 2005. Disponível em: <http:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004- 2006/2005/lei/l11101.htm>. Acesso em: 12 fev. 2021. MARQUES. Leonardo. Falência e Recuperação de Empresas. Direito-FGV. Disponível em: <https:https://ls.cursos.fgv.br/d2l/lor/viewer/viewFile.d2lfile/302210/549803/downloads/falencias_recuperacao_de_empresas.pdf>Acesso em: 12 fev. 2021. MATÉRIA DE APOIO FGV. Sentença homologo o plano OI. ,. https://ls.cursos.fgv.br/d2l/lor/viewer/viewFile.d2lfile/302210/578969/downloads/6_0_0_caso_atividade_individual.pdf>Acesso em: 12 fev. 2021. MATÉRIA DE APOIO FGV. plano de recuperação judicial consolidado de. https://recuperacaojudicialoi.com.br/wp- content/uploads/2020/10/Grupo-Oi-PRJ-12.12.17-FINAL.pdf>Acesso em: 12 fev. 2021. MATÉRIA DE APOIO FGV .Caso Star Steel Metais S/A, Invest Construções S/A E Investstar Investimentos E Participações Ltda. https://recuperacaojudicialoi.com.br/wp-content/uploads/2020/10/2018-01-08-Decisao-Homologacao-PRJ.pdf>Acesso em: 12 fev. 2021. JUS.COM. Princípio da Par Condictio Creditorum . maio de 2019. 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