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Atividade física adaptada à gravidez 1 Atividade física adaptada à gravidez Professor Diego Roger Atividade física adaptada à gravidez 2 GESTAÇÃO 3 ALTERAÇÕES PSICOFISIOLÓGICAS 3 ALTERAÇÕES HORMONAIS 3 PROGESTERONA 4 RELAXINA 4 PROLACTINA 4 ESTROGÊNIO 4 ALDOSTERONA 5 OCITOCINA 5 GH 5 ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES 6 DIASTASE ABDOMINAL 7 DIÁSTASE ABDOMINAL PRESENTE 8 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 9 HIPERTENSÃO GESTACIONAL 10 ECLAMPSIA 10 SÍNDROME DE HELLP 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 11 LOMBALGIA GESTACIONAL 12 ALTERAÇÕES POSTURAIS 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 14 DIABETES GESTACIONAL 14 DIAGNÓSTICO 15 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 17 CONSIDERAÇÕES FINAIS 17 LOMBALGIA GESTACIONAL 19 DIABETES GESTACIONAL 19 EXERCÍCIOS E GESTAÇÃO 20 SUMÁRIO Atividade física adaptada à gravidez 3 GESTAÇÃO Iremos abordar nesse capitulo, as melhores formas de treinamento físico, o que podemos ou não podemos realizar para esta população, mitos e considerações sobre as gestantes. Espero que todos aproveitem! Podemos dizer que, a única certeza que temos é que nos, profissionais de educação física/fisioterapia, devemos proporcionar uma atividade que seja prazerosa e segura, respeitando sempre a individualidade e respeitando as regras do bom senso.(BARROS, 1999). Durante nossas atividades profissionais, comumente nos depararemos com inúmeras alunas e pacientes que nos apresentarão atestados médicos, nestes mesmos atestados aparecerão nomenclaturas ou termologias especificas da área médica, dentre elas encontraremos: Pré – termo: Este termo representa o estado gravídico da gestante, neste caso, estamos falando que a gestante se encontra em um período abaixo de 38 semanas gestacional, este período dizemos, caso haja o nascimento, o bebê encontrar-se-ia prematura. Termo: Este período é o esperado, é quando o bebe Além dos termos indicados acima, também é de suma importância sabermos sobre os períodos trimestrais e seus acometimentos, sabermos o que ocorre fisiologicamente em cada trimestre e desta forma, começaremos com o primeiro trimestre (0 à 12 semanas), neste período,há implantação do óvulo fertilizado no útero da mãe, 7 a 10 dias depois da fertilização surgem os primeiros sintomas da gravidez como alterações emocionais, aumento do tamanho e sensibilidade das mamas, aumento da diurese e do cansaço, podendo sentir também náuseas e vômitos. Neste período, espera-se um aumento do peso corpóreo de aproximadamente 1,5kg. No segundo trimestre (13º à 26º semana), todos os sintomas e desconfortos diminuem aumentando sua disposição do dia-a-dia, a barriga torna-se mais visível e os primeiros movimentos fetais ocorrem entre 19º e 21º semana, fazendo com que a mãe sinta-se realmente grávida. Chegando agora no terceiro trimestre, (27º à 42º semana), os sintomas voltam porém, com uma intensidade muito maior, dentre eles: Falta de ar, dificuldade para encontrar uma posição confortável para dormir, constipação intestinal, micção frequente, inchaço nos pés e pernas, cansaço geral e dor na região lombar, e as contrações já se tornam regulares a partir do fim do sétimo mês. Segundo Stoppard, 2000 inúmeras alterações ocorrem durante o período gestacional, dentre elas, alterações psicofiosiológicas, hormonais e cardiovasculares. Veremos agora estas modificações. ALTERAÇÕES PSICOFISIOLÓGICAS - Peso corporal: entre 9 –12 Kg até o fim da gestação - Sobrecarga articular - Dores musculares (coluna, sacro) - Sono (até 4º mês) - Elasticidade ligamentar (risco de lesões) - Débito cardíaco (30 a 50%) - Metabolismo basal - Comprometimento postural - Sensibilidade emocional - Mudança da auto- imagem corporal ALTERAÇÕES HORMONAIS Nestas alterações, é importante o profissional se atentar, pois, neste capitulo falaremos e entenderemos o por que das coisas acontecerem. Por que a gestante pode desenvolver diabetes e como posso evitar estes acontecimentos. Começamos com a gonadotrofina coriônica humana (hCG) é uma glicoproteína hormonal produzida células trofoblásticas sinciciais nos líquidos maternos. No início da gravidez há um aumento das concentrações de Atividade física adaptada à gravidez 4 hCG no soro e na urina da mulher, tendo este, um bom marcador para testes de gravidez. Um hormônio que estimula a liberação de progesterona no inicio da gestação e testosterona no final, principalmente se o feto for do sexo masculino, este hormônio, evita estimula a ovulação e impede a involução do corpo lúteo. PROGESTERONA: Progesterona é um hormônio esteróide produzido, a partir da puberdade, pelo corpo lúteo e pela placenta durante a gravidez. A progesterona é o segundo hormônio feminino e é produzida principalmente no ovário. No processo da ovulação, o Ovócito, célula fértil feminina, se encontra dentro de uma pequena bolinha de líquido chamada folículo. É um hormônio essencial na manutenção da gravidez, é primeiramente produzida pelo corpo lúteo do ovário, até cerca de 20 semanas de gestação, sendo depois sintetizada pela placenta. Se quisermos resumir poderiamos dizer que: - Impede as contrações precoces uterinas - Aumento da melatonina (linha nigrans) - Inibidor da musculatura uterina - relaxamento - Permite uma maior concentração de nutrientes armazenado no endométrio. FIGURA 1. Linha nigra http://www.dermatologia.net/neo/base/fotos/linha_nigra2.jpg RELAXINA A relaxina é um hormônio produzido pelo corpo lúteo e pela placenta, ela produz um amolecimento das articulações pélvicas e das suas cápsulas articulares, facilitando desta forma na hora do parto, pois provoca o remodelamento do tecido conjuntivo, o que diminui a união dos ossos da pelve e alarga o canal de passagem do feto. Outro papel importante na gestação é no útero, por distendê-lo a medida que o bebê cresce. Porém, infelismente este hormonio é responsavel por torções uma vez que as articulações tornam-se instavéis e o risco torna-se maior. PROLACTINA A prolactina (LTH) atua sobre as glândulas mamárias, estimulando seu crescimento e a produção de leite. Esse hormônio é produzido durante a gravidez e, após parto, durante a amamentação. Este hormônio será estimulado após parto através da sucção do bebe na amamentação. A prolactina atua em sinergismo com a progesterona e o estrógeno promove o crescimento e funcionamento das glândulas mamarias. ESTROGÊNIO O estrógeno induz as células de muitos locais do organismo, a proliferar, isto é, a aumentar em número. O estrogênio também provoca o aumento da vagina e o desenvolvimento dos lábios que a circundam, faz o púbis se cobrir de pêlos, os quadris se alargarem e o estreito pélvico assumir a forma ovóide, em vez de afunilada como no homem, provoca o desenvolvimento das mamas e a proliferação dos seus elementos glandulares, e, finalmente, leva o tecido adiposo a concentrar-se, na mulher, em áreas como os quadris e coxas, dando-lhes o arredondamento típico do sexo. Atividade física adaptada à gravidez 5 O estrogênio é responsável pela textura da pele feminina e pela distribuição de gordura. Sua falta causa a diminuição do brilho da pele e uma redistribuição de gordura corporal para partes caracteristicamente mais masculinas, ou seja, na barriga. É a falta de estrogênio que causa a secura vaginal, que acaba por afetar as relações sexuais ao transformá-las em algo desagradável e doloroso. Estudos recentes têm associado a falta de estrógeno ao Mal de Alzheimer. ALDOSTERONA Este hormônio é secretado pela supra renal, mantém o equilíbrio de sódio, pois a progesterona estimula a eliminação do mesmo, e a aldosterona promove sua reabsorção, no entanto, esta redução da excreção de sódio resulta em aumento do teor aquoso do tecidos, os famosos edemas de membros inferiores, que resulta em embebição gravídica. OCITOCINA A ocitocina ou hormonio do parto, é um hormônio que potencializa as contrações uterinastornando-as fortes e coordenadas, até completar-se o parto. Quando inicia a gravidez, não existem receptores no útero para a ocitocina, estes receptores vão aparecendo gradativamente no decorrer da gravidez e quando a ocitocina se liga a eles, causa a contração do músculo liso uterino e também, estimulação da produção de prostaglandinas, pelo útero, que ativará o músculo liso uterino. GH Os níveis séricos de GH (growth hormone) mantêm-se constantes durante a gravidez, embora a origem e a imunorreactividade da GH varie durante a gestação, Após a 25ª semana de gestação há diminuição da secreção de GH hipofisária. Já na fase final de gestação, a supressão pituitária da síntese e da secreção da GH é devida aos níveis elevados de IGFI, que na fase final da gravidez são cinco vezes superiores aos das mulheres não grávidas, desenvolvendo assim, diabetes gestacional. Se pudermos resumir estas alterações hormonais, resumiríamos desta forma: Atividade física adaptada à gravidez 6 Glândula Hormônio Órgão-alvo Principais ações Hipófise FSH Ovário Estimula o desenvolvimento do folículo, a secreção de estrógeno e a ovulação LH Ovário Estimula a ovulação e o desenvolvimento do corpo amarelo. Prolactina Mamas Estimula a produção de leite (após a estimulação prévia das glândulas mamárias por estrógeno e progesterona). Ocitocina Útero e mamas - secretado em quantidades moderadas durante a última fase da gravidez e em grande quantidade durante o parto. Promove a contração do útero para a expulsão da criança. - promove a ejeção do leite durante a amamentação Ovário Estrógeno Diversos Crescimento do corpo e dos órgãos sexuais; estimula o desenvolvimento das características sexuais secundárias. Hipófise Inibe a produção de FSH e estimula a produção de LH Sistema Reprodutor Estimula a maturação dos órgãos reprodutores e do endométrio, preparando o útero para a gravidez Progesterona Hipófise Inibe a produção de LH Útero Completa a regeneração da mucosa uterina, estimula a secreção das glândulas endometriais e mantém o útero preparado para a gravidez. Mamas Estimula o desenvolvimento das glândulas mamárias para secreção láctea. Placenta HGC Corpo lúteo Estimula a produção de progesterona e estrógeno; inibe a menstruação e nova ovulação. ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES Durante a gravidez, a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto, chamado de débito cardíaco (DC), aumenta em torno de 30% a 50%, este aumento ocorre a partir da sexta semana de gestação (1º trimestre) e atinge o seu ponto máximo entre as décima sexta e vigésima oitava semanas (2º para 3º trimestre). Devido este aumento, a frequência cardíaca em repouso aumenta para uns 80 ou 90 batimentos por minuto. Depois da trigésima semana (3º trimestre), o DC pode diminuir ligeiramente, devido ao fato de o crescimento do útero pressionar as veias que favorecem o retorno venoso, sangue oriundo das pernas até ao coração. Atividade física adaptada à gravidez 7 Durante o parto, no entanto, o DC aumenta em 30% e, depois do parto, diminui com rapidez, até chegar em 15% a 25 % acima do nível anterior à gestação. Ao longo das próximas seis semanas, volta ao nível normal, ou seja, antes da gravidez. O aumento do DC durante a gravidez, acredita-se que, esta relacionada ao fornecimento do sangue ao útero (aumento do volume circulante de líquidos), e à medida que o feto cresce, mais sangue chega ao útero da mãe. No fim da gravidez, o útero recebe uma quinta parte de todo o volume sanguíneo materno. Durante o exercício físico, a frequência cardíaca e o consumo de oxigênio, aumentam mais nas mulheres grávidas do que nas não grávidas. No exame cardiológico, taquicardia e sopros podem ser obsevados, todas estas alterações são normais durante a gravidez, mas algumas anormalidades do ritmo cardíaco podem requerer tratamento. A pressão arterial costuma diminuir durante o segundo trimestre, mas pode voltar aos níveis normais no terceiro trimestre da gestação, o volume de sangue aumenta em 50% durante a gravidez, mas a quantidade de glóbulos vermelhos, responsáveis pelo transporte de oxigênios e nutrientes para todo o organismo, só aumenta entre 25% e 30%, podendo ocorrer uma anemia (motivo pelo qual indicasse complexo ferroso). Por motivos desconhecidos, o número de glóbulos brancos, anticorpos que combatem as infecções, aumenta ligeiramente durante a gravidez e, de forma notória, durante o parto e nos dias imediatamente posteriores ao mesmo. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES - A pressão arterial diminui até a metade da gestação, aumentando da metade para o final; - Retorno venoso prejudicado = aumento dos edemas e peso = veias, varizes e varicosas; - A cada 1 hora de exercícios físicos sem hidratação, há um aumento de 1ºC na temperatura corporal; Na tabela abaixo, mostraremos de onde e pra onde vai o peso gravídico. DIASTASE ABDOMINAL Segundo Teixeira (2008), os dois músculos que formam o reto abdominal, são unidos ao meio por uma linha média, a linha alba. Com o avanço da idade gestacional, essa musculatura se estira até o seu limite podendo ocorrer o alongamento e o afilamento da linha alba com a separação dos músculos. Separação maior do que 2 cm ou dois dedos é considerada importante, ocorre em 66% das gestantes no terceiro trimestre de gestação e pode persistir em 30 a 60% destas mulheres durante o período pós-parto. Tanto alterações posturais como endócrinas promovem mudanças mecânicas fisiológicas nos Músculos Retos Abdominais (MRA). Juntamente, à ação da relaxina, o crescimento gravidico impõe forças longitudinais e transversais aos MRA, proporcionando maior tração na divisão entre os dois feixes musculares dos MRA, desta forma, esses dois fatores são os principais causadores da Diástase Abdominais (DA).(BARRON, 1996). A DA é mais frequente em mulheres obesas, multíparas e em primíparas com a musculatura abdominal flácida, ocorrendo maior separação entre os MRA durante o terceiro trimestre ou pós-parto imediato, pois é o momento onde há maior tensão imposta aos MRA, sendo também o melhor momento para a realização do diagnóstico. (BARBOSA, 2005). Atividade física adaptada à gravidez 8 FIGURA 2. Diástase abdominal O diagnóstico de DA é realizado com a gestante em decúbito dorsal com joelhos flexionados e pés apoiados, após, pedisse o levantamento lento da cabeça e dos ombros do solo com extensão dos braços em direção aos joelhos ou, preferencialmente, com as mãos na cabeça até que as escapulas deixem o solo. Logo em seguida o profissional deve palpar da cicatriz abdominal até o processo xifoide. FIGURA 3. Técnica de palpação da diástase abdominal. Fonte: Imagem escaneada do livro Atividade física adaptada e saúde: da teoria ao treinamento Algumas considerações devem ser citadas, dentre elas, quando houver a presença de 1 dedo de separação a diástase não está presente, desta forma, abdominais podem ser realizados de forma habitual, de forma “normal”. Quando houver a presença de dois dedos ou mais, evitasse abdominais com rotação de tronco, flexão de quadril e elevação de “cabeça” (flexão de tronco). Desta forma, pergunto: - O que realizar ou que tipo de exercício abdominal a gestante que tiver diástase abdominal pode realizar? Abaixo, traremos inúmeras formas de realizar abdominal de forma segura, traremos também, exercícios de respiração que favorecem a potencia abdominal. DIÁSTASE ABDOMINAL PRESENTE - Separação com mais de dois dedos - Contração isométrica - Báscula de pelve - Exercícios respiratórios FIGURA 4. Contração isométrica FONTE: desconhecida Vale ressaltar, que neste exercício é de suma importância o cuidado da gestante em contrair e relaxar o abdômen, tanto com ajuda de outra pessoa, bem como, sozinho. Atividade física adaptada à gravidez 9 FIGURA 5. Exercícios respiratórios http://www.gravidafeliz.com.br/imagens/20.jpgFIGURA 6. Báscula de pelve http://4.bp.blogspot.com/_P-MzoBY5JIc/SxFyk5g5GPI/ AAAAAAAAAnM/saN-M1B150I/s400/kegel3.jpg E por fim, podemos realizar exercícios que trabalhem força abdominal sem realizar a flexão de tronco, como por exemplo, as pranchas. FIGURA 7. Exercicios de prancha http://www.leanitup.com/plank-your-way-to- better-abs-with-these-5-variations/2/ FIGURA 8. Exercicios de prancha com joelhos no solo http://www.institutomauroguiselini.com.br/wp-content/ uploads/foto-31.jpg REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - A.C.O.G. Committee on Obstetric Practice. Exercise during pregnancy and postpartum period, Committee Opinion. No.267. Int J Gynaecol Obstet, [Sl], v.77, n.1, p.79-81, jan.2002. - ARTRAL, R; WISWELL, R. A; DRINKWATER, B. L. O exercício na gravidez. 2.ed.São Paulo: Editora Manole, 1999 - BARROS.T.L; GHORAYEB, N. Exercícios, Saúde e Gravidez - in: O Exercício - Preparação Fisiológica, Avaliação Médica, Aspectos Especiais e Preventivos. Ed. Atheneu, 1999. - BATES, A.; HANSON, N. Exercícios aquáticos terapêuticos. São Paulo: Editora, Manole, 1998. - BATISTA, D. C.; CHIARA, V. L.; GUGELMIN, S. A. et al. Atividade física e gestação: saúde da gestante não atleta e crescimento fetal. Rev. Bras. Saúde Mater.Infantil. v.3, n.2. (ISSN 1519-3829). abr./jun., 2003. Atividade física adaptada à gravidez 10 - BARRON WM, Lindheimer MD. Complicações médicas na gravidez. Editora Artes Médicas. 2 ed. Porto Alegre; 1996. - BARBOSA AMP, CARVALHO LR, MARTINS AMVC, CALDERON IMP, RUDGE MVC. Efeito da via de parto sobre a força muscular do assoalho pélvico. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 2005 Nov [citado 2008 Jun 18] ; 27(11): 677-682. - CUNHA, M.C.;LABRONICI, R.H.D.D.; OLIVEIRA, A.S.B.; GABBAI, A . A. Hidroterapia .Ver. Fisioterapia Brasil, 2001, 2(6) ,379-385. - DEGANI, ADRIANA M., Hidroterapia: os efeitos físiológicos e terapêuticos da áqua.Rev. Fisioterapia em movimento1998,11(1),91-106 - BARACHO ES. Fisioterapia aplicada a obstetrícia. 3 ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2002. HIPERTENSÃO GESTACIONAL As síndromes hipertensivas gestacionais (SHG) caracterizam uma gestação de alto risco ocorrendo em 10 a 22% das gestantes, estando a ela relacionadas as intercorrências clínicas materno-fetais. Podem ser classificadas em hipertensão crônica (HC), pré-eclâmpsia leve (PEL), pré-eclâmpsia grave (PEG), eclampsia (E) e hipertensão gestacional (HG) (1, 2). O termo pré-eclâmpsia leve, pressão arterial ≥ 140 × 90 mmHg e abaixo de 160 x 110mmHg em duas aferições com intervalo de no máximo sete dias, refere- se ao aumento da pressão arterial que se manifesta pela primeira vez durante a gestação isto ocorre principalmente no segundo trimestre de gestação, podendo persistir após parto, normalmente até a 12ª semana do puerpério e pode ou não estar acompanhada de proteinúria que varia de 300mg à 2g. (FERRÃO et al. 2006). A pré-eclâmpsia grave, manifesta-se da mesma maneira do que a PEL, porém, a pressão arterial tem que estar acima de 160 x 110mmHg, proteinúria acima de 2g em 24 horas, juntamente com: - Cefaleia persistente, dor epigástrica e ou distúrbios visuais - Alterações de comportamento habitual - Sinais de anemia - Anemia - Constipação intestinal Eclampsia Na eclampsia, os agravamentos são idênticos com os anteriores, contudo, ainda vêm acompanhados de outros fatores ainda mais comprometedores: - Crise convulsiva, precedida pelo agravamento da hipertensão, - Alterações nos sistemas cardiovascular, SNC, rins e fígado. - Acomete em maior incidência o último trimestre da gestação e pode levar a óbito. Essa síndrome é acompanhada de aumento da morbidade e o volume sanguíneo, sofre um aumento progressivo em torno de 35% a 50%, isso ocorre para que o organismo possa suprir as necessidades da parede do útero e da placenta, retornando ao normal dentro de seis a oito semanas após o fim do período gestacional (MARTIN, 1990). Segundo Finkelstein et al. (2006),O aumento do numero de plasmas é superior ao das células vermelhas, graças ao estímulo hormonal para suprir as demandas de oxigênio, este fenômeno faz com que haja uma diminuição no nível de hemoglobina. Esse efeito é conhecido como anemia fisiológica da gestação, através desta, podemos explicar o porquê do cansaço e mal-estar que as gestantes são acometidas. A progesterona age na musculatura lisa da parede dos vasos, produzindo uma hipotonia, o que consequentemente leva a um aumento da temperatura corporal, há uma retenção de água corpórea e de sódio, em virtude do aumento de estrógeno, que por sua vez ativa o sistema renina-angiotensina-aldosterona, que promove retenção de água e de sódio (CLAPP et al. 2000). Além de tudo isso, o coração aumenta o que faz com que o débito cardíaco se eleve também em torno de 30% a 60%. Em decúbito lateral esquerdo, esse aumento é maior, Atividade física adaptada à gravidez 11 isto ocorre devido à diminuição da pressão sobre a orta. Então caros, quando prescrevemos um treinamento para esta população, a quantidade e intensidade de exercício pode influenciar este aumento. (CLAPP et al. 2000). Após o oitavo mês, o débito cardíaco tende a diminuir, por causa da compressão do útero sobre a veia cava inferior, diminuindo o retorno venoso. Síndrome de HELLP HELLP é a sigla usada para descrever a condição de paciente com pré-eclâmpsia grave que apresenta hemólise, níveis elevados de enzimas hepáticas e contagem baixa de plaquetas. Para Finkelstein et al. (2006), a síndrome HELLP é o extremo das alterações que ocorrem na hipertensão gestacional e como seus sinais e sintomas são confundidos com os da pré-eclâmpsia grave (dor epigástrica, náusea e mal estar), o grande problema é que as formas leves podem passar desapercebidas se não é feita a correta avaliação laboratorial, assim, o diagnóstico é feito apenas quando a síndrome HELLP está bastante avançada. Se vocês observarem, não existe estudos referentes a este assunto, aceita-se esta inexistência de literatura expecifica devido a exposição que a paciente, bem como, o seu próprio bebê são expostos. A partir destas considerações, eu pergunto: Vocês futuras mamães, que estão pensando em ser mães ou já estão neste processo, vocês ao estarem grávidas e descobrem que estão com pré-eclampsia, leve ou grave, ou eclampsia, vocês permitir-se-iam participar de algum estudo sabendo que você e seu bebê correriam risco? Acredito que não! É por este motivo que os trabalhos são limitados. Podemos acompanhar um estudo referente a hipertensão, não gestacional, onde compararam drenagem linfática com exercícios físicos, a partir desta, veremos os resultados. Verificamos neste estudo que, a massagem linfática, isoladamente, não é suficiente para a diminuição da pressão arterial. Mas é claro, este estudo é a partir de hipertensos não gestacionais e sim, hipertensos. Referências bibliográficas 1. Ferrão MHL, Pereira ACL, Gersgorin HCTS, Paula TAA, Corrêa RRM, Castro ECC. Efetividade do tratamento de gestantes hipertensas. AMB Rev Assoc Med Bras. 2006;52:390-4. 2. Oliveira CA, Lins CP, Sá RAM, Netto HC, Bornia RG, Silva NR, et al. Síndromes hipertensivas da gestação e repercussões perinatais. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil 2006. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2006;6(1):93-8. 3. Costa HLFF, Costa CFF, Costa LOBF. Idade materna como fator de risco para a hipertensão induzida pela Atividade física adaptada à gravidez 12 gravidez, análise multivariada. Rev Bras Ginecol Obstet. 2003;25(9):631-5. 4. Finkelstein L, Bgeginski R, Tartaruga MP, Alberton CL, Kruel LFM. Comportamento da frequência cardíaca e da pressão arterial, ao longo da gestação, com treinamento no meio líquido. Rev Bras Med Esporte. Rev Bras Med Esport. 2006;12(5):376-80 5. CLAPP III JF, KIM H, BURCIU B, LOPEZ B: Beginning regular exercise in early pregnancy:Effect on fetoplacental growth. Am J Obstet Gynecol 2000;183(6):1484-8 6. SOULTANAKIS-ALIGIANNI HN: Thermoregulation during exercise in pregnancy. Clin Obstet Gynecol 2003; 46(2): 442-55 7. The American College of Obstetricians and Gynecologists: ACOG Committee Opinion nº 267 - Exercise during pregnancy and post partum period. Obstet Gynecol 2002;99(1):171-3 8. Martin JN, Blake PG, Perry KG, McCaul JF, Hess LW, Martin RW The natural history of HELLP syndrome: patterns of disease progression and regression. Am J Obstet Gynecol 1991; 164:1500-13. 9. McMahon LP, O´Coigligh S, Redman CWG. Hepatic enzymes and the HELLP syndrome: a long standing error. Br J Obstet Gynaecol 1993; 100:693-5. 10. José C. Peraçoli, Marilza V. C. Rudge, Iracema M. P. Calderon Izildinha Maestá, Fábio Sgarbosa Síndrome HELLP Recorrente: Relato de Dois Casos; RBGO 20 (3): 165-167, 1998 LOMBALGIA GESTACIONAL Podemos definir lombalgia como dor crônica ou aguda nas regiões lombar e sacral podendo estar relacionada a entorses e distensões ligamentares e musculares, para Cardia, (2001) é uma das alterações musculoesqueléticas mais comuns nas sociedades industrializadas, afeta 70% a 80% da população em algum momento da vida, tendo uma certa disposição por adultos jovens, economicamente ativa, sendo uma das razões mais comuns para aposentadoria por incapacidade total ou parcial. (NACHEMSON, 1999). O interesse sobre a lombalgia na gestação surge devido a esse sintoma, ocorrer em pelo menos 50% das gestantes, podendo apresentar-se de três formas: dor na coluna lombar, dor no quadril e dor combinada.(CAILLIET, 2001). Como sendo um sintoma referido na altura da cintura pélvica, podendo ocasionar proporções grandiosas, o seu diagnóstico pode ser considerado simples, pois geralmente o quadro clínico da lombalgia é constituído por dor, incapacidade de se movimentar, sentar e levantar podendo também ter reflexos para os MMIIs. Existem várias causas prováveis para a lombalgia na gestação: - Aumento do peso do útero; - Aumento da lordose; - Alteração do centro de gravidade e consequentemente da postura; - Frouxidão da musculatura; - Mudanças hormonais, mecânicas e vasculares. Notamos aqui,que a própria gravidez induz para um quadro de lombalgia, decorrente de alterações multifatoriais. FIGURA 9. Ciatalgia http://www.healthcentral.com/chronic-pain/19503-146.html Atividade física adaptada à gravidez 13 Quando a gestante sentir um desconforto nos MMIIs que radia por entre o glúteo, passando pela parte posterior da coxa e por fim, podendo radiar para os três últimos dedos dos pés, isto também é considerado lombalgia, ou melhor, dizendo neste caso, ciatalgia. WANG et al (2005) desenvolveram estudo com 10. 000 gestantes por um ano e verificaram nos Estados Unidos uma prevalência de 68,6% das gestantes com algum tipo de lombalgia durante a gestação, no entanto, Martins e Silva (2005) no Estado de São Paulo encontrou uma prevalência de gestantes com algias na coluna vertebral e pelve de aproximadamente 80%, sendo esta dor mais frequente e mulheres jovens. Por mais que os dados em porcentagem demonstram uma prevalência maior de dores lombares no Brasil,esta epidemia é mundial. Podemos pensar, que tipos de exercícios ou que grupos musculares devemos trabalhar ou reforçar para podermos minimizar os quadros álgicos da lombalgia, vai lá: Exercícios aeróbicos: Devem ser praticados em esteira ou bicicleta ergométrica MMSS: Grande dorsal, romboides e rotadores laterais do ombro, visando impedir a hipercifose compensatória Tronco ou tórax: Extensores de coluna e abdômen. MMII: Músculos contra-nutadores do sacro: períneo, glúteo máximo e piriforme. (ACOG, 2002). É claro que isto não é uma receita de bolo, contudo, caso confiem neste humilde Professor, podem seguir sem medo! Veremos agora um estudo em Pilates sobre dores lombares: O MÉTODO PILATES NA DIMINUIÇÃO DA DOR LOMBAR E GESTANTE: estudo de caso O método Pilates tem uma proposta reabilitadora, aliando a prática física ao relaxamento mental. A meta de alcance do movimento eficiente, retorno dos movimentos funcionais e melhora da performance é o fundamento do Pilates evoluído, que na gestação acredita-se promover a saúde da mulher e do bebê. • Objetivo: verificar a eficácia do método Pilates na diminuição da dor lombar e na melhora da postura da gestante. • Métodos: foi utilizado para avaliação da dor a escala visual analógica e o questionário reduzido de McGill e para avaliar a postura, fotos digitais e programa de análise de imagem MGI Photoshop, aplicação dos exercícios 3x semanais, por 1h por mês • Conclusão: o método Pilates é eficaz na redução do quadro álgico lombar apresentado durante a gestação; que houve o aumento gradativo das curvaturas fisiológicas, inerentes à gestação; que não houve alteração das curvaturas laterais da coluna vertebral, previamente observadas na paciente; que houve uma melhora da consciência corporal e um aumento da motivação em realizar atividades, relatadas pela paciente. ALTERAÇÕES POSTURAIS Devido às posturas compensatórias, a gestante se adapta há um novo padrão de consciência corporal, este padrão acontece porque o peso gravídico, uma vez aumentado, acaba projetando o centro de gravidade da gestante para frente (anteriormente), desta forma, a mãe projeta o seu tórax para trás, aumentando sua curvatura fisiologia da lombar (hiperlordose lombar), para a gravidinha não ficar olhando para cima, a mesma projeta seu ombro para frente, aumentando assim a hipercifose torácica, que consequentemente projeta seu pescoço para frente e assim, desequilíbrio corporal. Atividade física adaptada à gravidez 14 FIGURA 10. Desequilíbrios posturais na gestação http://www.alanhatanaka.com.br/images/stories/dor%20lombar.jpg Vejam alguns outros desequilíbrios: - Pés: pronação aumentada - Joelhos: extensão aumentada - Coluna lombar: lordose excessiva - Coluna torácica: cifose, alteração da respiração, tendência à limitação da caixa torácica - Ombros: tendência à rotação interna - Cabeça: pode pronunciar-se à frente - Marcha: aumento látero-lateral da base de apoio e RE de MMII (Ruoti, Morris & Cole, 2000) Referências bibliográficas 1.BARELA, A.M.F.; DUARTE, M. Utilização da plataforma de força para aquisição de dados cinéticos durante a marcha humana. Laboratório de Biofísica (http://lob. iv. fapesp. br), Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, 2006. 2. BUTLER, E.E. et al. An investigation of gait and postural balance during pregnancy. Gait & Posture, v. 24, p. 128-129, 2006. 3. Cardia MCGM: The School of Posture as a Postural Training Method for Paraíba Telecommunications Operators. International Journal of Occupational Safety and ergonomics 7: 363-70, 2001. 4. Nachemson A: Back pain: delimiting the problem in the next millennium. Int J Law Psychiatry 22: 473-90, 1999. 5. Cailliet R: Síndrome da dor Lombar, 5a ed, Porto Alegre, Artmed, 2001. 6. Johansson G, Norén L, Östgaard HC, Östgaard S. Lumbar back and posterior pelvic pain during pregnancy: a 3-year follow-up. Eur Spine J 2002;11:267-71. 7. Carr CA. Use of a maternity support binder for relief of pregnancy-related back pain. JOGNN. 2003;32:495-502. 8. Pereira JS, Silva ARA. Comparação entre exercícios de alongamento estático e movimentos repetidos na lombalgia. Fisioter MOV 2002;15(1):11-7. 9. Commissaris DA, Dieën JH, Hirschfeld H, Wikmar LBN. Joint coordination during whole-body lifting in women with low back pain after pregnancy. Am Acad Phys Med Rehabil 2002;83(9):1279-89. 10. Balderston KD, Carlson HL, Carlson NL, Pasternak BA. Understanding and managing the back pain of pregnancy. Curr Womens Health Rep 2003;3(1):65-71. DIABETES GESTACIONAL Diabetes gestacional (DG) é definido pela variação da intolerância ao carboidratodurante a gravidez (ARTAL, 2003). Isto significa que durante o período gestacional, a futura mãe começa a apresentar elevadas taxas de glicose (açúcar) no sangue, e caso isto ocorra, a diabetes gestacional persiste por toda a gestação. De acordo com a Associação Americana de Diabetes, a prevalência de DG é de 4%, Por ano, aproximadamente 135.000 mulheres são diagnosticadas com DG (PILOLLA; MANORE, 2008). Esta prevalência varia de 1 a 14% (ADA, 2009). No Brasil, estima-se que 2,4% a 7,2% das gestantes apresentem DG (MIRANDA; REIS, 2008). Atividade física adaptada à gravidez 15 O DG acontece porque o corpo fica resistente aos efeitos da insulina, isto ocorre devido a certos hormônios produzidos durante a gravidez (por exemplo o GH - hormônio do crescimento). Estes hormônios são essenciais a uma gravidez saudável e ao feto, mas eles podem bloquear parcialmente a ação de insulina. O hormônio insulina é um “carreador” de açúcar da circulação sanguínea, este carreador, tem como objetivo levar o açúcar para dentro das células. Na DG, o corpo não responde bem à ação da insulina, a menos que a insulina possa ser produzida ou possa ser suprida em maiores quantidades. Normalmente, a grande maioria das mulheres grávidas tem algum grau de resistência a insulina, mas quando tratamos de mulheres com DG apresentam uma resistência maior (BEM-HAROUSH; YOGEV; HOD, 2004). FIGURA 11. Diabetes gestacional FONTE: http://4.bp.blogspot.com/-oO4KHtDhJxg/Tbdp-4ypqvI/ AAAAAAAAAqA/Bm1BlYHX2aE/s1600/Diabetes-Gestacional.jpg Embora a DG seja temporária, a mesma pode trazer danos à saúde do feto e/ou da mãe, aproximadamente 20% a 50% das mulheres com diabetes gestacional desenvolvem diabetes do tipo 2 mais tardiamente na vida. Alguns riscos fetais/neonatais à DG pode acometer, dentre eles encontramos, anomalias congênitas como malformações cardíacas, do sistema nervoso central e de músculos esqueléticos. A insulina fetal aumentada pode inibir a produção de surfactante fetal (substancias produzidas por células nos alvéolos) podendo causar problemas respiratórios. Em muitos casos, a morte perinatal pode ocorrer, quando isto não ocorre, os bebês tendem a nascer macrossômicos (MIRANDA; REIS, 2008). FIGURA 12. Bebê macrossômico http://2.bp.blogspot.com/_YsKPuuvTvUs/ShactIWFMWI/AAAAAAAAArs/ HdoNhyW_sxc/s400/44eea887e3235319f3481cf7126194d5.jpg Como posso saber se tenho diabetes gestacional? Alguns sintomas são claros quando falamos de DG, mas é obvio que será um médico que dará este diagnóstico. - Sede aumentada; - Diurese mais frequente (urina aumentada); - Perda de peso, apesar do elevado apetite; - Cansaço; - Náuseas ou vômitos; - Infecções por fungos (candidíase vaginal, por exemplo); - Visão turva; Porém, algumas mulheres não têm nenhum sintoma detectável, razão pela qual os exames para o diabetes devem serem feitos de rotina no pré-natal em todas as mulheres grávidas. Diagnóstico O Diabetes Gestacional é diagnosticado durante a o exame de rotina do tratamento pré-natal. Os níveis de glicose, em uma gestação saudável, estão aproximadamente 20% abaixo do que uma mulher não gestante, isto ocorre Atividade física adaptada à gravidez 16 porque o feto absorve uma determinada quantidade de glicose do sangue da mãe. Para a mulher que está acima do peso, ou que têm histórico familiar de diabetes, é recomendável fazer o teste de tolerância à glicose já na primeira visita pré-natal. (ARTAL, 2003) O período recomendado para avaliar os índices glicêmicos é de 24ª e a 28ª semana de gravidez. Exercícios regulares e uma dieta de baixas calorias têm se mostrado eficazes para reduzir o risco de diabetes em pessoas que têm risco alto para o diabetes. Alguns medicamentos como medicamento Metformin (Glicofage) pode ajudar a prevenir o diabetes em mulheres que elevaram um pouco os níveis de glicose no sangue fora da gravidez, mas que não têm níveis altos o bastante para serem rotuladas de diabéticas (ARTAL, 2003). Então vamos falar de treinamento! Os exercícios de resistência e controle glicêmico em mulheres com diabetes mellitus gestacional; American Journal of Obstetrics & Gynecology Objetivo O objetivo do estudo foi avaliar o efeito de um programa de exercícios de resistência com um elástico na exigência de insulina e controle glicêmico em pacientes com diabetes mellitus gestacional (DMG). Desenho do estudo Sessenta e quatro pacientes com diabetes mellitus gestacional foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um grupo de exercício (GE, n = 32) e um grupo controle não submetido ao programa de exercícios (GC, n = 32). Resultados Uma redução significativa no número de pacientes que necessitaram de insulina foi observada no GE (7 / 32), em comparação com o grupo GC (18/32) (P = 0,005). A porcentagem de tempo gasto dentro da meta de glicose no intervalo proposto (de pelo menos 80% das medições semanais abaixo dos limites pré-estabelecidos para a doença) foi significativamente maior no GE comparado com o grupo CG (EG = 0,63 ± 0,30; GC = 0,41 ± 0,31 , P = 0,006). Conclusão O programa de exercício resistido foi eficaz em reduzir o número de pacientes com DMG que necessitaram de insulina e aumentar o controle da glicemia capilar na população. Outro estudo Avaliação do efeito do exercício físico no metabolismo de ratas diabéticas prenhes; Revista Brasileira de Medicina do Esporte; vol.12 no.5 Niterói Sept./Oct. 2006. Objetivo: O objetivo deste estudo foi verificar se a prática do exercício físico (natação), iniciada em diferentes momentos da prenhez de ratas diabéticas, promove alterações no metabolismo materno. Amostra: Três grupos (n = 13 ratas/grupo): não-praticante (G1) ou praticante de exercício desde o dia zero (G2) ou sétimo dia (G3) de prenhez. O exercício consistiu de um programa de natação com intensidade moderada. Durante a prenhez, glicemia e peso corpóreo foram avaliados semanalmente. Resultados: Independente do momento em que foi iniciado, o exercício não alterou os níveis glicêmicos, a evolução do peso corpóreo e as concentrações de proteínas totais e glicogênio hepático e muscular. Porém, a natação iniciada no sétimo dia de prenhez diminuiu as taxas de triglicérides em relação a G1. Atividade física adaptada à gravidez 17 Conclusão: Apesar de não se comprovar a influência do exercício físico sobre os níveis glicêmicos maternos, a prática diária de natação a partir do sétimo dia de prenhez mostrou- se benéfica para o perfil lipídico de ratas diabéticas. Esse resultado reforça a validade da associação da atividade física regular à dieta e insulina na gestação complicada pelo diabete. Espero Senhores que tenham aproveitado bem a literatura até então descrita, qualquer dúvida nos encontramos nos chats. Aproveitem! Referencias bibliográficas 1 - Diabetes Mellitus e Qualidade de Vida. Sociedade Portuguesa de Diabetologia. 2007-2008. Sociedade Portuguesa de Diabetolgia 2 - Edilma Maria de Albuquerque Vasconcelos (2009). Desordens do metabolismo dos carboidratos: Erros Inatos do metabolismo glicídico. PPT. 3 - Nathan DM, Cleary PA, Backlund JY, Genuth SM, Lachin JM, Orchard TJ, Raskin P, Zinman B; Diabetes Control and Complications Trial/Epidemiology of Diabetes Interventions and Complications (DCCT/EDIC) Study Research Group. Intensive diabetes treatment and cardiovascular disease in patients with type 1 diabetes. N Engl J Med 2005;353:2643-53. PMID 16371630. 4 - Avaliação do efeito do exercício físico no metabolismo de ratas diabéticas prenhes; Revista Brasileira de Medicina do Esporte; vol.12 no.5 Niterói Sept./Oct. 2006. Gustavo Tadeu Volpato; Débora Cristina Damasceno; Kleber Eduardo de Campos; Renato Rocha; Marilza Vieira Cunha Rudge; Iracema de Mattos Paranhos Calderon. 5 - The Diabetes Control and Complications Trial Research Group.The effect of intensive diabetes therapy on the development and progression of neuropathy. Ann Intern Med 1995;122:561-8. PMID 7887548. 6 - Os exercícios de resistência e controle glicêmico em mulheres com diabetes mellitus gestacional; American Journal of Obstetrics & Gynecology; Marcelo C. de Barros, MSc ; Marcos AB Lopes MD, PhD; Rossana Francisco PV. MD, PhD; Andreia Sapienza D. MD; Marcelo Zugaib, MD, PhD; Volume 203, Issue 6 , Pages-556.e6 de dezembro de 2010 556.e1 7 - ADA - AMERICAM DIABETES ASSOCIATION. Standards of medical care in diabetes - 2009. Diabetes care, v. 32, supl.1, Jan. 2009b. 8 - AVERY, M. D.; WALKER, A. J. Acute effect of exercise on blood glucose and insulin levels in women with gestational diabetes. Journal of Maternal- Fetal Medicine, v. 10, n. 1, p.2-8, 2001. 9 - BEM-HAROUSH, A.; YOGEV, Y.; HOD, M. Epidemiology gestational diabetes mellitus and its association with type 2 diabetes. Diabet. Med., v. 21, p. 103-113, 2004. 10 - BLOOMGARDEN, Z. T. Cardiovascular Disease and Diabetes. Diabetes Care, v. 26, p. 230-237, 2003. 11 - BRANKSTON, G. N.; MITCHELL, B. F.; RYAN, E. A. Resistance exercise decreases the need for insulin in overweight women with gestational diabetes mellitus. American Journal of Obstetrics and Gynecology, v. 190, p. 188-193, 2004. CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante a evolução destes capítulos podemos deixar bem claro, exercício físico é uma ótima opção para gestante, Batista et al, 2003 nos traduz estes benefícios demonstrando algumas vantagens, dentre elas encontramos: - Menor retenção hídrica - Melhor circulação - Rápida recuperação pós parto - Menor incidência de dor lombar - Manutenção da integridade abdominal - Alinhamento postural - Melhora da auto – imagem Atividade física adaptada à gravidez 18 - Melhora do Humor . Alguns cuidados deverão ser levados em consideração: - Sedentárias só poderão realizar exercícios físicos a partir do 1º trimestre - Não aumentar a intensidade de exercícios antes da gravidez - Evitar a troca de atividade física durante a gestação - Não manter a gestante em decúbito dorsal por mais de 3 minutos. - Continuando... - Evitar exercícios de isometria (eleva a pressão arterial) - Evitar exercícios que levem a gestante a fadiga Não podemos esquecer também de priorizar exercícios para o períneo, pois, é este músculo que vai trazer inúmeros benefícios a gestante, destaco: - Dar suporte aos órgãos pélvicos e seus conteúdos - Suportar aumentos na pressão intra-abdominal - Prover controle esfincteriano às aberturas do períneo - Funcionar em atividades reprodutivas e sexuais Agora pergunto: Quem é este “tal” de períneo? Vamos conhecer? FIGURA 13 - Períneo Técnicas para reforçar o períneo através da contração. - Contrai-relaxa: contrair 6 ´´e relaxar, como se fosse segurar o “xixi” - Exercício do elevador: fazer contrações em tempos (contrai, contrai relaxa, relaxa) - Exercício da sinaleira: Sinal vermelho =contrai, Sinal verde = relaxa - Supercontração: Manter a contração pelo máximo de tempo que puder, sem prender a respiração. Caso queiram saber em que posição é a mais indicada para treinar o períneo, digo que a posição que há maior contração muscular é a decúbito dorsal. Vejamos no estudo a seguir. Existe diferença na contratilidade da musculatura do assoalho pélvico feminino em diversas posições? Mariana Tirolli Rett1, José Antonio Simões2, Viviane Herrmann3, Andréa de Andrade Marques4, Sirlei Siani Morais5 Rev Bras Ginecol Obstet. 2005; 27(1): 20-3 Objetivo: avaliar e comparar resultados da eletromiografia de superfície do assoalho pélvico feminino em diversas posições (decúbito dorsal, na posição sentada e ortostática). Métodos: foram avaliadas 26 mulheres submetidas a um protocolo de exercícios para o fortalecimento do assoalho pélvico como tratamento da incontinência urinária de esforço. Utilizou-se sensor intravaginal conectado ao equipamento Myotrac 3GTM A avaliação consistia em: 60 segundos iniciais de repouso, cinco contrações isométricas, contração mantida por 10 segundos e outra de 20 segundos. Resultados: as amplitudes das contrações foram maiores em decúbito dorsal, decrescendo sucessivamente nas posições sentada e ortostática. Resultados semelhantes também foram encontrados comparando-se a posição ortostática com a posição Atividade física adaptada à gravidez 19 sentada. Todavia, entre o decúbito dorsal e a posição sentada, não foi observada diferença significativa. Conclusão: as amplitudes de todas as contrações do assoalho pélvico feminino foram inferiores na posição ortostática, sugerindo que o fortalecimento muscular deve ser intensificado nesta posição. Quando pensarmos em prescrever os exercícios de uma forma segura, pensamos: - Atividades Cardiopulmonares: entre 60 e 70% da FC máx (sedentárias ou intermediárias) ou 70 e 80% da FC máx (gestantes bem treinadas) - Atividades Neuromusculares: trabalho de força muscular entre 60 e 75% de resistência muscular, evitando-se isometria e cargas extremas. - Necessariamente a presença de exercícios aeróbios, neuromusculares(força) e de alongamentos. Quando quiseres realizar um exercício físico no solo ou aquático, a escala subjetiva de esforço (escala de borg) é uma das opções mais utilizadas como parâmetro de intensidade. FIGURA 14 – Escala subjetiva de esforço http://2.bp.blogspot.com/O38T6yxbYnI/Tp4KeHr7R4I/ AAAAAAAAAK4/tcmfbtTbjxU/s1600/ESCALA+ESFORCO+BORG.jpg E por fim, quando falamos em atividade aquática, não podemos deixar de lembra que: - Há um favorecimento às respostas e funções motoras - Melhora da coordenação e equilíbrio - Promove relaxamento muscular - Há diminuição da dor e edema devido ao empuxo e melhora do retorno venozo As atividades aquáticas visam não só a autonomia do indivíduo no meio líquido mas também a melhoria de suas condições físicas, aumento do repertório de habilidades motoras e também a melhora das condições para o desempenho de AVD, permite ainda reabilitação, condicionamento, e sociabilização. Link de artigos a estudarem: Lombalgia gestacional http://www.portalsaudebrasil.com /artigospsb/reumato075.pdf http://files.bvs.br/upload/S/1983-2451/2010/ v35n3/a1683.pdf http://revistatema.facisa.edu.br/index.php/ revistatema/article/view/41/pdf http://www.scielo.br/pdf/rlae/v9n3/11505.pdf http://chiromt.com/content/pdf/2045-709X-20-18. pdf http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/ PMC3353851/pdf/1471-2393-12-30.pdf Diabetes gestacional http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/ PMC3324899/pdf/IJE2012-892019.pdf http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/ PMC3205727/pdf/EDR2011-985139.pdf http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5054/1/ Gravidez_exercicio.pdf http://www.scielo.br/pdf/abem/v43n1/12048.pdf Atividade física adaptada à gravidez 20 Exercícios e gestação http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22742808 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22643160 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3306269/ pdf/1479-5868-9-12.pdf http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v27n5/25644.pdf http://www.scielo.br/pdf/rbme/v6n6/v6n6a01.pdf
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