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Filosófia e Leiturade Texto Filosóficos

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Prévia do material em texto

FILOSOFIA E 
LEITURA DE TEXTOS 
FILOSÓFICOS
Professor Dr. Edson Barbosa da Silva
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
https://apigame.unicesumar.edu.br/getlinkidapp/3/407
C397CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; SILVA, Edson Barbosa da. 
Filosofia e Leitura de Textos Filosóficos. Edson Barbosa da Silva. 
Maringá-Pr.: Unicesumar, 2019. Reimpressão 2020.
232 p.
“Graduação - EaD”.
1. Filosofia. 2. Leitura . 3. Textos Filosóficos 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-1857-8
CDD - 22 ed. 101
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Pós-graduação 
Bruno do Val Jorge
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Gerência de de Contratos e Operações
Jislaine Cristina da Silva
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Coordenador de Conteúdo
Eder Rodrigo Gimenes
Designer Educacional
Amanda Peçanha Dos Santos
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Editoração
Robson Yuiti Saito
Qualidade Textual
Meyre Barbosa da Silva
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Crian-
do oportunidades e/ou estabelecendo mudanças 
capazes de alcançar um nível de desenvolvimento 
compatível com os desafios que surgem no mundo 
contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi-
ca e encontram-se integrados à proposta pedagógica, 
contribuindo no processo educacional, complemen-
tando sua formação profissional, desenvolvendo com-
petências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos 
em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no 
mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm 
como principal objetivo “provocar uma aproximação 
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o 
desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe-
cimentos necessários para a sua formação pessoal e 
profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fó-
runs e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma 
equipe de professores e tutores que se encontra dis-
ponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
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RR
ÍC
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LO
Professor Dr. Edson Barbosa da Silva
Doutor em Educação (2018) pela UEM - Universidade Estadual de Maringá. 
Mestre em Filosofia das Ciências Humanas (1997) pela PUC-SP. Graduado 
em Filosofia pela PUC-PR (1990) e em Pedagogia (2013), pelo Instituto 
Superior de Educação do Paraná. Atualmente, é professor na Unicesumar, em 
Maringá, e desenvolve pesquisas sobre Filosofia, Representações Educativas 
e epistemologia a partir do século XVII, ministrando aulas com os temas: 
Filosofia - Educação – Filosofia do Direito e Propaganda.
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4790019D8 
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), esta obra Filosofia e leitura de textos filosóficos tem o desejo de ser uma 
ferramenta para apropriação de conteúdos, exercícios de leitura, reflexão e criação de 
novos conceitos filosóficos. Estes elementos constituem os fundamentos necessários 
aos novos amantes da sabedoria, a fim de avançarem nos estudos e na produção de 
textos de filosofia.
Na primeira unidade, apresentamos a leitura, de forma ampla, partindo dos primórdios 
do entendimento sobre ler o texto e o mundo, ou seja, a leitura ultrapassa as fronteiras 
dos textos, da sala de aula em direção ao mundo. Procuramos esclarecer como podemos 
superar as dificuldades na compreensão dos textos filosóficos.
Na segunda unidade, nossa atenção volta-se para a compreensão dos elementos que 
compõem o cenário dos textos filosóficos. Faz-se necessário identificar no cenário as 
polifonias, no sentido criado pelo filósofo russo Mikhail Bakhtin (1895-1975). Compre-
ender as dificuldades e as funções da primeira e da terceira pessoa nas cenas dos textos 
filosóficos, além dos problemas de precisão e rigor dos conceitos na filosofia. 
Na terceira unidade, apresentamos a importância do problema fundamental, a tese ou 
resolução do problema, a argumentação, a fundamentação e o problema dos exemplos 
na compreensão dos textos filosóficos. O problema fundamental é aquele incômodo 
que perturba o pensador, que não permite descansar e o impulsiona a criar conceitos 
para responder ou buscar solucioná-lo de forma clara e convincente.
Na quarta e quinta unidades, veremos que a dissertação é um exercício acadêmico que será, 
necessariamente, realizado com suas especificidades, quer seja com certa frequência, quer 
seja de forma esporádica ou no final do curso, como o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) 
ou um artigo científico a ser submetido à avaliação pelas revistas especializadas. Por fim, 
concluiremos com a hermenêutica filosófica e os exercícios de leituras de artigos filosóficos. 
APRESENTAÇÃO
FILOSOFIA E LEITURA DE TEXTOS FILOSÓFICOS
SUMÁRIO09
UNIDADE I
PRESSUPOSTOS DA LEITURA FILOSÓFICA
15 Introdução
16 Como Ler um Texto Científico? 
21 Leitura Como Ato de Estudar o Mundo 
25 Leitura de Textos Filosóficos e Suas Dificuldades 
33 Ler Para Explicar os Textos 
39 Ler Para Comentar os Textos 
47 Considerações Finais 
53 Referências 
54 Gabarito 
UNIDADE II
OS CENÁRIOS E OS CONCEITOS NOS TEXTOS FILOSÓFICOS
57 Introdução
58 Sujeito nas Cenas dos Textos 
64 Variações dos Sujeitos e Destinatários 
70 A Terceira Pessoa nas Cenas dos Textos 
77 Conceitos no Cenário dos Textos 
86 O Sentido no Cenário dos Textos 
92 Considerações Finais 
99 Referências 
100 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE III
FILOSOFIA COMO RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
103 Introdução
104 Filosofia e Seus Problemas 
110 Problemas Para Criar Novos Conceitos na Filosofia 
116 Há Problemas Filosóficos? 
121 Argumentos e Suas Conexões 
127 Filosofia Contra Exemplos 
134 Considerações Finais 
140 Referências 
UNIDADE IV
DISSERTAÇÃO FILOSÓFICA
143 Introdução
144 Exercício da Dissertação Filosófica 
150 Complexidade do Exercício de Dissertar 
156 Imposições do Tema Numa Dissertação 
162 Definições Para Dissertar 
168 Dissertação Filosófica e Sua Especificidade 
175 Considerações Finais 
183 Referências 
184 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
EXERCÍCIOS DE LEITURAS FILOSÓFICAS
187 Introdução
188 Exercício de Diferenciação de Artigos Científicos e Filosóficos 
194 Exercício Sobre Escrever Artigo Filosófico 
201 Exercício de Análise do Artigo de Kant Sobre o Esclarecimento 
210 Exercícios Sobre Esclarecimento e Liberdade 
216 Exercício de Hermenêutica nas Leituras Filosóficas 
223 Considerações Finais 
229 Referências 
230 Gabarito 
231 Conclusão
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Professor Dr. Edson Barbosa da Silva
PRESSUPOSTOS DA 
LEITURA FILOSÓFICA
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Apresentar os pressupostos elementares para fazer boa leitura de 
textos científicos. 
 ■ Demonstrar como a leitura ultrapassa as fronteiras dos textos e da 
sala de aula em direção ao mundo. 
 ■ Esclarecer como podemos superar as dificuldades na compreensão 
dos textos filosóficos.
 ■ Explicitar os pressupostos de leituras para a explicação de textos 
filosóficos.
 ■ Demonstrar como podemos avançar das explicações para os 
comentários de textos filosóficos.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Como ler um texto científico?
 ■ Leitura como ato de estudar o mundo
 ■ Leitura de textos filosóficos e suas dificuldades
 ■ Ler para explicar os textos
 ■ Ler para comentar os textos
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), bem-vindo (a) à Unidade I do livro “Filosofia e leitura de tex-
tos filosóficos”. Esperamos que seja uma jornada muito proveitosa de estudos. 
“Todo começo é difícil; isso vale para qualquer ciência” (MARX, 1978, p. 11). 
Por isso, partimos do principio da leitura, com o intuito de facilitar o máximo 
possível este estudo, e aos poucos, como por degraus, avançar em direção aos 
assuntos mais complexos de um texto filosófico.
Nos dois primeiros tópicos, apresentamos a leitura em senstido amplo, desde 
a mecânica da leitura comum até a leitura do mundo, destacamos as dimensões de 
um texto e suas implicações, tanto nos aspectos de sua estrutura interna quanto nos 
aspectos externos. Em seguida, apresentamos as ideias do educador Paulo Freire, 
demonstrando a possibilidade de aprendizado nos diferentes contextos, inclusive 
quando trabalhamos. Além disso, tratamos da para os disciplina e autodisciplina 
nos estudos de textos e da importância do esforço pessoal para aprender.
Nos três últimos tópicos, procuramos responder a seguinte questão: Por que 
os textos de filosofia são considerados tão difíceis? Há luta do leitor com o texto 
para o compreender e fazer a análise necessária. Daremos dicas nas escolhas do 
que se deve ler, e uma delas é a escolha dos textos clássicos da história da filo-
sofia. No quarto tópico, discutiremos a problemática do ator de ler, de explicar 
um texto filosófico e de fazer o esquadrinhamento das palavras fundamentais 
que dão suporte às teses, aos parágrafos e para esclarecer os pressupostos e as 
implicações de tais afirmações.
Por fim, no último tópico, “Ler para comentar os textos”, apresentamos os 
elementos necessário da leitura para comentar um texto, inclusive, em forma de 
carta. Com isto, desejamos a vocês, estudantes ou iniciantes nos textos filosófi-
cos, bons estudos e uma proveitosa leitura desta unidade.
Introdução
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PRESSUPOSTOS DA LEITURA FILOSÓFICA
Reprodução proibida. A
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COMO LER UM TEXTO CIENTÍFICO?
A leitura é um aprendizado para toda a vida e, uma vez desenvolvida, nunca mais 
se esquece. O professor doutor José Carlos Bruni, da USP (Universidade de São 
Paulo), preparou um texto para seus alunos, no ano de 2003, ainda muito opor-
tuno para este momento, por isso apresentamos na íntegra. Contudo faremos 
algumas intervenções e observações, pequenas pausas na leitura para melhor 
compreendê-lo.
Aprende-se a mecânica de ler aos sete anos de idade. No entanto, a lei-
tura, concebida como instrumento de compreensão de uma ideia, é pro-
cesso bem mais complexo. Seu aprendizado não pode ser fixado em uma 
idade determinada e o aprimoramento da técnica de leitura é tarefa de 
toda uma vida. Vamos tratar, aqui, só de alguns aspectos mais impor-
tantes dessa técnica e de modo extremamente esquemático. A leitura é 
exercida sobre um texto, nome genérico para toda e qualquer porção de 
linguagem escrita. As dimensões do texto são variáveis. Textos podem 
ser: uma obra inteira, com vários volumes; um livro inteiro; uma par-
te de um livro, com vários capítulos; um capítulo de um livro; às vezes, 
uma página apenas, mas de conteúdo bastante rico. O texto científico, 
caracterizado por um certo rigor de pensamento e expressão, uma certa 
ordem na concatenação das ideias e pela demonstração das afirmações, 
comporta uma leitura interna e uma análise externa. A leitura interna 
atém-se ao que o texto diz explicitamente. A análise externa utiliza dados 
que não aparecem no texto, mas que o explicam (BRUNI, [s. d.], p. 1).
Destacamos o aspecto, no breve texto apresentado, o trecho em que autor afirma 
que aprendemos a ler durante toda a vida. Quando lemos, aperfeiçoamos a mecâ-
nica da leitura. Outro aspecto que destacamos é o fato de o texto possuir duas 
estruturas, uma interna e outra externa, o texto e o contexto. Estas estruturas 
são os aspectos que podem melhor explicar o texto. Avancemos no conheci-
mento desses aspectos.
Como Ler um Texto Científico?
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A ESTRUTURA DA LEITURA INTERNA DO TEXTO
A leitura interna deve, sempre, intencionar a busca pela a ideia central do texto, 
pois não há texto sem ela. Esta ideia ainda não é o tema do texto, às vezes, o tema 
não coincide com a ideia central. A posse desta ideia ajuda a compreender todo 
livro, se for o caso, ou toda a obra filosófica. 
A Leitura interna. “A ideia básica. Ler é, fundamentalmente, o ato de apro-
priação da ideia central do texto, isto é, da ideia principal, básica, que con-
tém a essência do texto. Esse deve ser o princípio norteador de toda leitura. 
Todos os outros princípios estão subordinados a esse e devem contribuir 
para a sua realização. A ideia básica não está localizada em um ponto per-
feitamente identificável do texto. Não se constitui em uma ou duas frases 
do texto. Anima o texto inteiro, podendo transparecer mais claramente 
em certas frases do que em outras. Há certos trechos mais, em que certas 
frases são muito importantes. Mas a leitura desses trechos não é suficiente 
para produzir a ideiabásica do texto. Tendo em vista essas considerações, 
podemos tentar fixar a primeira regra da técnica da leitura: o esquema aqui 
proposto aplica-se especialmente a textos de Ciências Humanas, 1º Ler 
inicialmente o texto inteiro, para obter uma visão de conjunto, do todo. 
Nessa leitura, deve-se procurar prestar atenção apenas no que se destaca, 
deixando-se de lado os pormenores, o que não é essencial, como exemplos, 
repetições, dados ilustrativos etc. Terminada essa primeira leitura, neces-
sariamente a mais superficial, é interessante tentar fazer, mentalmente ou 
por escrito, um apanhado geral de ideias que se revelaram mais salientes, 
que mais chamaram a atenção, das que formam um conjunto global, sem 
consultar o texto novamente. Essa ideia geral será guia para os passos res-
tantes do trabalho de leitura. 2º As ideias secundárias como vimos, a ideia 
básica percorre o texto inteiro, isto é, ela não se apresenta de choque repen-
tino, mas é o desenrolar ordenado do discurso, são parte a sucessivas do 
discurso que formam a ideia básica. A ideia básica vai estruturar o texto, 
vai comandar a articulação das várias partes do texto. Em geral, todo texto 
encontra-se dividido em partes, cada uma contendo ideias, não a central, 
mas outras secundárias, acessórias, que servem de apoio para a central. As 
partes que se sucedem no texto estão relacionadas entre si de um modo 
determinado e é esse modo de relacionamento das diversas partes entre si 
que chamamos de estrutura de um texto” (BRUNI, [s. d.], p. 1).
No trecho apresentado, chamamos a atenção do(a) aluno (a) sobre a importân-
cia da ideia central, das ideias secundárias e acessórias. Na leitura do texto, esses 
três elementos devem ser considerados para se estabelecer o diálogo necessário, 
PRESSUPOSTOS DA LEITURA FILOSÓFICA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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que constitui toda a leitura de um texto, afinal, ler é dialogar com o autor. O 
princípio fundamental de um diálogo é a possibilidade da discordância, se não, 
é monólogo. Ela possibilita outro olhar sobre o objeto ou problema em questão. 
Quanto mais olhares sobre um objeto, melhor a compreensão e, consequente-
mente, melhor a ação no mundo.
Com isso, podemos formular a segunda regra de leitura. Na segunda 
leitura, procurar identificar as partes do texto que contêm as ideias se-
cundárias, bem como o modo como estão relacionadas. Nessa leitura, já 
mais aprofundada que a anterior, deve-se prestar atenção aos pormeno-
res, aos elementos subordinados à ideia central, como os exemplos, os 
dados ilustrativos e como de uns se passa aos outros. 3º Os conceitos. As 
partes de um texto, por sua vez, são compostas por vários elementos que 
podemos chamar, de maneira geral, de conceitos, ou seja, as ideias mais 
elementares de um texto. São como os tijolos de uma casa, assim como as 
partes corresponderiam a seus vários cômodos. A análise do texto deve 
chegar aos conceitos que o constituem. Daí a terceira regra leitura. Uma 
terceira leitura do texto deve apreender os vários elementos componen-
tes de suas diferentes partes: os conceitos. Trata-se, evidentemente, da 
leitura mais cuidadosa, mais minuciosa. Não é necessário ter em men-
te, a cada momento, a ideia básica, mas deve-se tentar compreender as 
minúcias das ideias, ou antes, os elementos mínimos de que as ideias 
são formadas. Procura-se, então determinar o sentido de cada palavra, 
servindo-se das indicações dadas no próprio texto (BRUNI, [s. d.], p. 2).
Neste trecho, merece destaque o fato das ideias secundárias, que percorrem todo o 
texto, nos forçar a ter mais atenção na sua relação com a ideia central. Aparecem, 
aqui, os conceitos que possuem uma função muito importante, pois garante a 
profundidade do tema e a forma como eles dão sustentação à ideia central. Os 
conceitos devem ser observados com muito cuidado, buscando os detalhes, as 
minúcias da sua escolha. Em um texto, nada está posto por acaso ou é resultado 
da falta de atenção, tudo tem uma intenção consciente e objetiva. Segundo Bruni:
A leitura interna de um texto deve, portanto, captar sua ideia básica, sua es-
trutura e seus conceitos. Trata-se de um movimento que parte do mais geral, 
do mais global, para terminar no mais particular, no mais elementar. Pode-
mos chamar a ideia básica, a estrutura e os conceitos de níveis de um texto. A 
leitura correta é aquela que consegue apreender os vários níveis do texto sem 
confundir um com o outro. Há outros níveis menos importante mas que 
convém conhecer para não imaginar que todo texto tenha apenas os men-
cionados. Quando em um texto predomina a intenção polêmica, por exem-
plo, devemos tomar cuidado com os recursos de estilo, como a ironia, para 
Como Ler um Texto Científico?
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não confundir o que o autor afirma com aquilo que ele próprio critica. Em 
suma, deve-se ler um texto científico três vezes. A primeira leitura deve apre-
ender a ideia básica, a segunda deve procurar as partes e sua concatenação e a 
terceira deve fixar os conceitos. Obs.: A prática constante da leitura de textos 
científicos vai aos poucos dispensando o leitor das três leituras obrigatórias; 
com o treino e o tempo, já numa primeira leitura pode-se distinguir, com 
bastante segurança, os vários níveis do texto. Para o principiante, porém, es-
tudar um texto significa lê-lo, no mínimo, três vezes” (BRUNI, [s. d.], p. 2).
A parte final da leitura interna chama a nossa atenção quanto ao uso do método 
dedutivo (raciocínio do geral para o particular), pois possibilita captar a estrutura 
textual na essência, que identifica um objeto ou ideia de uma outra e distingui-
-la com certa clareza. Outro aspecto são é os vários níveis conceituais presentes 
no texto e que precisam ser identificados com clareza. Além dos níveis de com-
preensão, os iniciantes não devem estranhar o fato de receber como orientação 
fazer o uso das três leituras obrigatórias de um texto, algo muito comum. Muitos 
alunos (as) afirmam que ler três vezes demora muito, um pouco mais adiante, 
falaremos das velocidades de leitura: lenta, média e a rápida.
CONTEXTO DO TEXTO E SUA ESTRUTURA 
Todo texto possui um contexto que precisa ser compreendido. O contexto é tudo 
aquilo que o ser humano tem constituído de múltiplos elementos, tais como social, 
político, econômico, educacional, cultural, em determinado período. O texto pro-
duzido está, historicamente, localizado e condicionado por estes fatores, e o autor 
não está descontextualizado ou acima das suas circunstâncias. O texto sempre 
responde aos desafios e problemas apresentados pela realidade concreta, e o filo-
sófico jamais pode ser compreendido como algo puramente abstrato, sem sujeitos 
e destinatários. Continuamos a ver como o professor Bruni nos orienta ver com-
preender a análise externa do texto.
Análise externa. Todo texto está inserido em um contexto. Ao contrário 
do texto, o contexto é invisível, isto é, não se apresenta diretamente ao 
leitor. O contexto deve ser procurado, pesquisado, reconstruído. Con-
texto é o conjunto de elementos que cercam, de algum modo, o texto. 
O contexto lógico é composto pelos elementos de ordem intelectual 
que envolvem o texto. Tudo aquilo que antecede logicamente o texto e 
de que o texto depende pode ser chamado de os pressupostos do texto. 
PRESSUPOSTOS DA LEITURA FILOSÓFICA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Todas as consequências que o texto acarreta, tudo aquilo a que o texto 
leva, pode ser chamado de as implicações do texto. Os pressupostos do 
texto com as suas implicações do contexto (BRUNI, [s. d.], p. 2).
Merece destaque o contexto lógico de ordem intelectual para sempre pesqui-
sarmos sobre a formação educacional, as influências recebidas da históriada 
filosofia, dos seus mestres e as correntes com as quais simpatiza. Por exemplo, 
Sócrates teve Platão como aluno, Platão teve Aristóteles como aluno, Edmund 
Husserl teve Martin Heidegger como assistente. Por mais que quase todos se dis-
tanciassem dos seus mestres, sempre os carregam como parte da sua história de 
forma inerente, como veremos um pouco mais adiante.
O contexto histórico indica o conjunto de acontecimentos - fatos de or-
dem política, econômica e social que determinam o contexto do texto. 
Todo o texto tem uma data, a data de sua produção que o marca como 
produto de uma história e de uma época. O trabalho do texto exaustivo 
ou total deve dar conta da estrutura interna do texto (compreensão das 
idéias manifestas no texto), bem com como da situação histórica (com-
preensão dos fatores determinantes do texto, que se situam fora dela) 
Só depois de compreendido, um texto pode ser discutido, criticado, 
aceito ou rejeitado (BRUNI, 2019, p. 20).
O conjunto de acontecimentos históricos e datados deve ser levado em considera-
ção, mas não é fácil, tanto que professor Bruni classifica o contexto como invisível. 
O contexto não é invisível, mas aparece como se fosse, e isto ocorre porque os filó-
sofos raramente fazem menção a eles, mas estão sempre batendo à porta do texto. 
Se for negligenciada a análise do texto, seja de explicação seja de comentário, ela 
pagará a conta no final, isto é, poderá ser classificado como superficial e incompleta.
A leitura é um aprendizado para toda a vida e, uma vez desenvolvida, nunca 
mais se esquece. O texto resultado de uma leitura do mundo e é produzido 
por você, que está historicamente localizado e condicionado por diversos 
fatores. Lembre-se: você não está descontextualizado ou acima das suas cir-
cunstâncias. 
Fonte: o autor.
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LEITURA COMO ATO DE ESTUDAR O MUNDO
O ATO DE ESTUDAR - PRIMEIRA PARTE
O autor deste texto, o educador Paulo Freire (1921-1997), terceiro mais citado 
no mundo, serve de fundamento para a educação nos países classificados com os 
melhores índices de desempenho escolar, como a Finlândia, Noruega, Alemanha 
e Itália entre outros, que sofreram influências dos filósofos Martin Heidegger, 
Jean Paul Sartre, Karl Marx, Sören Kierkegaard, entre outros. Ele entende que 
a leitura não é somente de textos, mas de problemas da vida cotidiana a serem 
solucionados dentro de uma visão de mundo, a weltanschauung, em alemão. 
Tinha chovido muito toda noite. Havia enormes poças de água nas par-
tes mais baixas do terreno. Em certos lugares, a terra, de tão molhada, 
tinha virado lama. Às vezes, os pés apenas escorregavam nela. Às vezes, 
mais do que escorregar, os pés se atolavam na lama até acima dos torno-
zelos. Era difícil andar. Pedro e Antônio estavam transportando numa 
camioneta cestos cheios de cacau para o sítio onde deveriam secar. Em 
certa altura, perceberam que a camioneta não atravessaria o atoleiro 
que tinham pela frente. Pararam. Desceram da camioneta. Olharam o 
atoleiro, que era um problema para eles. Atravessaram os dois metros 
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de lama, defendidos por suas botas de cano longo. Sentiram a espessura 
do lamaçal. Pensaram. Discutiram como resolver o problema. Depois, 
com a ajuda de algumas pedras e galhos secos de árvores, deram ao 
terreno a consistência mínima para que as rodas da camioneta passas-
sem sem se atolar. Pedro e Antônio estudaram. Procuraram compre-
ender o problema que tinham a resolver e, em seguida, encontraram 
uma resposta precisa. Não se estuda apenas na escola. Pedro e Antônio 
estudaram enquanto trabalhavam. Estudar é assumir uma atitude séria 
e curiosa diante de um problema (FREIRE, 1986, p. 67).
A descrição da realidade em que estava presente Pedro e Antônio revela que 
a leitura da situação em que se encontraram não é diferente daquela quando 
estamos com um texto em mãos. A situação problema enquanto paradigma, 
modelo ou padrão exige do leitor reflexão e atitude de resposta para a resolução 
da dificuldade, isto é muito prazeroso. O ato de estudar, a partir das leituras que 
fazemos de um texto ou do mundo ao nosso redor, faz com que o ser humano 
sinta-se útil e dê um sentido à sua existência. Portanto, o ato de ler é uma ativi-
dade extremamente prazerosa e nos ajuda a viver melhor no mundo repleto de 
desafios. Viver é bom, porque resolvemos, a todo momento problemas dos mais 
simples aos mais complexos.
ATO DE ESTUDAR - SEGUNDA PARTE 
Neste momento, o educador orienta-nos a dar um passo no sentido de alargar 
o nosso entendimento em direção a apropriação dos pressupostos necessários 
para o estudo dos textos. Esta apropriação constitui o fundamento para o ato 
de estudar durante toda a vida. Sem estes pressupostos, o iniciante nos estudos 
reunirá todas as condições para desistir do ato de estudar de forma intencio-
nada, sistemática e organizada, uma vez que ele é difícil e exige muito esforço, 
caso contrário, as escolas estariam abarrotadas de estudantes por todos os can-
tos do mundo. Muitos iniciantes nos estudos desistem pelas dificuldades sociais, 
econômicas, psicológicas, educacionais, culturais e religiosas, mas outros pelas 
dificuldades do próprio ato de estudar.
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Esta atitude séria e curiosa na procura de compreender as coisas e os 
fatos caracteriza o ato de estudar. Não importa que o estudo seja feito 
no momento e no lugar do nosso trabalho, como no caso de Pedro e 
Antônio, que acabamos de ver. Não importa que o estudo seja feito nou-
tro local e noutro momento, como o estudo que fazemos no Círculo de 
Cultura. Em qualquer caso, o estudo exige sempre esta atitude séria e 
curiosa na procura de compreender as coisas e os fatos que observamos. 
Um texto para ser lido é um texto para ser estudado. Um texto para ser 
estudado é um texto para ser interpretado. Não podemos interpretar um 
texto se o lemos sem atenção, sem curiosidade; se desistimos da leitura 
quando encontramos a primeira dificuldade. Que seria da produção de 
cacau naquela roça se Pedro e Antônio tivessem desistido de prosseguir 
o trabalho por causa do lamaçal? Se um texto às vezes é difícil, insiste em 
compreendê-lo. Trabalha sobre ele como Antônio e Pedro trabalharam 
em relação ao problema do lamaçal. Estudar exige disciplina. Estudar 
não é fácil porque estudar é criar e recriar e não repetir o que os outros 
dizem. Estudar é um dever revolucionário (FREIRE, 1986, p. 67).
Merece a nossa atenção, neste fragmento, quando o educador fala da atitude curiosa 
e séria. A ciência só avança no desenvolvimento de novos conhecimentos e, conse-
quentemente, novas descobertas se houver curiosidade, que precisa ser alimentada, 
segundo Aristóteles, na Metafísica, livro I, “Todos os homens têm por natureza, 
desejo de conhecer” (1979, p.11). O conhecimento é inerente ao homem, por isso, 
busca-o sempre que motivado e estimulado. Sem o conhecimento e as informa-
ções o ser humano sofre, paga um preço muito alto pela ignorância. Quanto mais 
conhecimentos e informações, maior a possibilidade de ser uma pessoa feliz.
Outro aspecto que merece a nossa atenção é a ideia de que um texto, para 
ser lido, é também para ser estudado. Um texto a ser estudado é, também, a ser 
trabalhado. Ler é, inclusive, um trabalho. Não é possível estudar um texto sem 
uma atitude séria. A seriedade exige que o iniciante na leitura de textos filosóficos 
encare esta atividade como a coisa mais importante a ser feita neste momento, 
como um momento único e imprescindível. A seriedade tem como característicafundamental a preocupação com a destreza na execução desta tarefa, ou seja, já 
que se dispôs a fazer, faça bem feito para não precisar refazer.
As dificuldades que se impõem ao estudo de um texto são inúmeras, desde 
a falta de pressupostos para a leitura até a disponibilidade e o interesse pelo 
assunto. É comum ouvirmos de estudantes algumas expressões que traduzem a 
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falta de interesse e sentido para estudar um texto, como: Isto serve para quê? Por 
que tenho que estudar isto? Entre outras. O educador destaca o porquê de não 
desistir do ato de estudar um texto, pois pode haver consequências desagradá-
veis, ademais, pode evitar, ou diminuir o sofrimento e usufruir dos prazeres do 
bem viver nesse mundo. Muitas pessoas desistem porque não refletiram direito, 
ou não receberam orientações de como ler.
Estudar exige disciplina, mas preferimos utilizar o termo autodisciplina. A 
disciplina vem de fora para dentro, ou seja, alguém diz a você o que deve fazer. A 
autodisciplina vem de dentro para fora, ou seja, é você que diz a si mesmo o que 
deve fazer, levando a si mesmo a fazer escolhas, estabelecer prioridades, objetivos, 
metas a serem cumpridas. Contudo toda escolha implica renúncia. O problema não 
é escolher, mas renunciar as coisas que também queremos ou das quais gostamos. 
Isto é muito difícil e exige esforço mental para garantir o foco nas prioridades. A 
autodisciplina só ocorre quando você está convicto, quando tem uma ideologia, 
quando se convenceu de que o estudo de texto é necessário para atingir os seus 
objetivos e, às vezes, de outras pessoas, como os objetivos dos seus pais.
Estudar é uma atividade de criação e recriação diante dos problemas que as 
circunstâncias impõem a nós. O educador brasileiro destaca, além disso, que é 
um dever revolucionário, entendido em relação a si mesmo no sentido de que o 
estudo modifica o ser humano em sua totalidade, no aspecto pessoal, social, eco-
nômico e cultural. Ele também tem a possibilidade de modificar o mundo a nossa 
volta, ou seja, provocar alterações sociais em nossa cidade, país e mundo. Este 
é um poder que a atividade educativa, por meio da leitura de textos e mudança 
de comportamento, não raramente acontece no dia a dia.
Estudar é um trabalho. Para isto, faz-se necessário ter atitude séria e curiosa 
diante de um problema. Ler também é um trabalho, que deve ser encarado 
com profissionalismo, a fim de criar autodisciplina nos estudos.
Fonte: o autor.
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LEITURA DE TEXTOS FILOSÓFICOS E SUAS 
DIFICULDADES
A leitura dos textos filosóficos, efetivamente, cumpre dois objetivos ao mesmo 
tempo, e não podem estar separados de forma alguma: o primeiro, a iniciação à 
filosofia propriamente dita, o segundo, que não há conhecimentos filosóficos sem 
iniciação à leitura de seus textos e com a retomada de pensamentos já produzi-
dos na sua história. Com isso, surge um problema inerente aos objetivos: Como 
iniciar para conhecer? É necessário conhecer-se para iniciar. É caminhando que 
se faz o caminho, e o primeiro passo precisa ser dado o quanto antes. 
Os primeiros passos nesta trajetória necessitam dos pressupostos de leitura 
mencionados nos tópicos anteriores e devem ser dados na busca pela totalidade 
da filosofia. Aconselha-se, desse modo, que sejam feitos com conhecimento em 
blocos, que possuem vantagens e desvantagens e se multiplicam na aprendizagem 
filosófica. Vejamos o itinerário apresentado por Platão, no livro VII da República, 
sobre o famoso mito da caverna cuja problemática gira em torno da educação e 
da ignorância.
Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com 
uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de per-
nas e pescoço acorrentados […]. Assemelham-se a nós. […] Se forem 
libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte 
um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediata-
mente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao 
fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á 
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de distinguir os objetos de que antes via as sombras. […] E, quando tiver 
chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir 
uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras? Glauco – Não o 
conseguirá, pelo menos no início (PLATÃO, 1978, p. 226).
Platão revela bem que a iniciação filosófica pressupõe, portanto, um caminho longo 
e difícil. Por que isso ocorre? Devido à ignorância (o não saber). Quando ele afirma 
que os homens estão ali desde a infância significa que não nasceram na caverna, 
mas estão presos. Quem os levou até a caverna? Quem os acorrentaram pelo pes-
coço e pernas? Veja que Platão não fala em mãos, o que representa o pescoço e as 
pernas diante do não saber? São questões que dificultam a compreensão do texto. 
Após percorrer um caminho, a luz adquirida brilha com força, em seguida, diante 
de novos questionamentos e informações, ofusca-se, exigindo novas luzes. Assim, a 
iniciação filosófica exige novos esforços para a compreensão das coisas e, aos pou-
cos, afasta-se da ignorância.
A leitura de textos filosóficos apresenta dificuldades, além daquelas da própria 
língua vernácula, “[…] parece que toda obra filosófica – esta é uma caracte-
rística do gênero – elabora ou pretende elaborar as condições de sua própria 
validade e, portanto, enuncia as próprias regras da leitura que se pode fazer dela” 
(COSSUTTA, 2001, p. 3). Essa característica desenvolvida pelos textos filosófi-
cos, de forma geral, apresenta-se como se aprisionasse o texto dentro do próprio 
sistema filosófico. O filósofo Ludwig Wittgenstein, em sua obra Tratactus Logico-
philosophicus, no aforismo 6.54, afirma:
Minhas proposições são elucidativas para aquele que, compreende-me, as 
toma finalmente como contra-sensos, quando, passando por elas – sobre 
elas -, delas se afasta. É preciso que ele transponha essas proposições; então 
adquire uma justa visão do mundo (WITTGENSTEIN, 1994, p. 281).
Veja que, caso o leitor compreenda o seu enunciado, entende uma impossibilidade, 
ou seja, o autor convida-o para uma leitura no mesmo momento em que o torna 
impossível. Contudo cada filosofia explicita as condições de sua possibilidade ou 
impossibilidade de sua leitura, revelando um fenômeno abrangente para sair das 
contradições e nos coloca num confronto filosófico perpétuo. O confronto do leitor 
com o filósofo constitui a luta pela compreensão do texto. O iniciante na filosofia 
deve ter ciência dessas dificuldades para se tornar um andarilho pelos textos filo-
sóficos, sabendo que as alegrias proporcionadas pelo conhecimento, com muito 
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esforço desde o início do caminho, deve ser um esforço organizado e crítico. Ao 
menos, perceberá que, ao apoiando-se nas dificuldades, elas mesmas constituirão 
pedras e galhos para dar sustentação à caminhada filosófica. 
É fácil ler e-mails com mensagens de texto, um site com curiosidades engra-
çadas, um artigo de jornais e revistas não científicas, porém é difícil compreender 
um texto filosófico. Nada mais normal. Portanto, faz-se necessário não misturar 
os gêneros literários. Na filosofia não se pode, nem se deve, esperar entendimento 
imediato. Se assim fosse, poderia ser um sinal de superficialidade, ou seja, não 
se atingiu o essencial. Diante disso, não devemos nosassustar e nem nos sur-
preendermos com as dificuldades. Os textos filosóficos podem ser enfrentados 
como mediações do pensamento, a luta pela sua compreensão caracteriza com 
frequência aquilo que denominamos trabalho intelectual. Assim como todo tra-
balho, o trabalho intelectual tem suas regras que devem ser seguidas e criadas 
de acordo com as exigências estabelecidas pelos filósofos.
COMO SUPERAR AS DIFICULDADES NOS TEXTOS?
Ajuda muito vencer as dificuldades, observar que todas as obras elaboram uma 
teoria do conhecimento, do sentido dos termos e dos conceitos da linguagem, 
deduzindo uma hermenêutica filosófica. Por exemplo, Marx (1978), na sua obra 
Contribuição à crítica da economia política, descreve que as categorias de análise 
só podem vir à tona na mente de um pensador na medida que os condiciona-
mentos sociais determinados historicamente, ou seja, em um contexto específico.
O concreto é concreto porque é a síntese de muitas determinações, 
isto é, unidade do diverso. Por isso, o concreto aparece no pensamento 
como o processo de síntese, como resultado, não como ponto de parti-
da, ainda que seja o ponto de partida do efetivo, e, portanto, o ponto de 
partida também da intuição e da representação. No primeiro método, 
a representação plena volatiliza-se em determinações abstratas, no se-
gundo, as determinações abstratas conduzem à reprodução do concre-
to por meio do pensamento. Por isso é que Hegel caiu na ilusão de con-
ceber o real como resultado do pensamento que se sintetiza em si, se 
aprofunda em si, e se move por si mesmo; enquanto que o método que 
consiste em elevar-se do abstrato ao concreto não é senão a maneira de 
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proceder do pensamento para apropriar do concreto, para reproduzi-lo 
como concreto pensado. Mas este não é de modo nenhum o processo da 
gênese do próprio concreto. A mais simples categoria econômica, su-
ponhamos, por exemplo, o valor de troca, pressupõe a população, uma 
população produzindo em determinadas condições e também certos 
tipos de famílias, de comunidades ou Estados (MARX, 1978, p. 117).
As suas categorias, como o valor de troca de uma mercadoria, só podem ser con-
cebidas a partir das relações concretas, não abstratas e descoladas da realidade. 
O alicerce proposto do seu método depende da legitimidade do alicerce filosó-
fico do qual ele deduz. Nesse caso, Marx apontou que seu alicerce é a filosofia de 
Hegel, apesar de deixar claro as suas divergências com ele. Mesmo assim, Marx 
continua a ser fortemente influenciado por Hegel, ou seja, no caminho percor-
rido por ele, Hegel estará presente, ocupando um espaço privilegiado. Todo 
filósofo quer escapar do círculo hermenêutico, no entanto todos entram na sua 
órbita no exato momento em que querem evitá-lo. 
Encontramos na história da Filosofia muitos fenômenos que apresentam as 
peculiaridades da reflexão filosófica na sua relação com a retomada de pensa-
mentos consolidados, tornando, assim, difícil a sua compreensão.
Com isso, compreendemos que a aprendizagem da leitura só pode ser filosófica, 
não dispensando, de forma alguma, a reflexão. Nem por isso deve dispensar uma 
análise metodológica na sua compreensão, diminuindo, assim, as suas dificuldades 
inerentes aos textos. Entretanto essa reflexão preliminar das dificuldades leva-nos a 
tomar consciência de que a filosofia busca atingir a verdade na universalidade, mas, 
a todo momento, busca apagar ou ocultar essa mesma universalidade nos seus textos. 
O texto filosófico possui um encadeamento, às vezes, uma linearidade no tempo 
e na escrita, mas há textos que fogem a esta estruturação. Tais elementos, devido às 
suas referências internas, cruzam-se e colocam-se numa dupla presença (o leitor 
e o escritor) ideal dos momentos da sua construção. Um texto ou uma obra, em 
Filosofia, deve ser apresentada em forma de um tratado dedutivo ou de aforismos 
brilhantes que constituem o todo, aberta ao mundo e ao sentido captado pelo lei-
tor. Por exemplo, no livro Assim falou Zaratustra, no aforismo sobre ler e escrever:
De tudo o que se escreve, aprecio somente o que alguém escreve com seu 
próprio sangue. Escreve com sangue; e aprenderás que o sangue é espíri-
to. Não é fácil compreender o sangue alheio; odeio todos os que leem por 
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desfastio. Aquele que conhece o leitor nada mais faz pelo leitor. Mais um 
século de leitores – até o espírito estará fedendo. Que toda a gente tenha 
o direito de aprender a ler, estraga, a longo prazo, não somente o escrever, 
senão, também, o pensar. […] Aquele que escreve em sangue e máximas 
não quer ser lido, mas aprende de cor (NIETZSCHE, 1998, p. 66).
O texto possui mobilidades, tanto interna quanto externa (leitor), que se desen-
volve num mundo de virtualidades provocado pela própria estrutura discursiva, 
suscetíveis de serem analisadas e explicitadas. Isto ocorre a partir do momento em 
que tomamos o texto em nossas mãos, com acesso ao título, ao índice, prefácio e 
que tenhamos uma visão de totalidade, antes de uma leitura detalhada. A curiosi-
dade vence a estranheza, o primeiro contato com o estilo do texto, e, aos poucos, 
o leitor apropria-se da conceituação filosófica com mais facilidade, percorrendo 
o caminho traçado pelo texto. As informações tornam-se familiares à medida 
que é necessário ler e reler sem cessar. É justamente aí que começa a dificuldade: 
ao entrar no labirinto das terminologias filosóficas da argumentação, surgem as 
questões, como: De que maneira pode-se separar o superficial do fundamental nas 
argumentações? Não só em nível conceitual do texto, como das imagens e exem-
plos que parecem desviar das argumentações centrais? 
Ler e reler um texto com inteligência, ou seja, com um esforço organizado, 
faz-se necessário para que tenhamos domínio dos procedimentos utilizados na 
compreensão, é o que chamamos de método. Chamamos a atenção para o fato 
de que não há um método que sirva para todos os textos, mas sim regras para 
ler um texto e se apropriar dos conteúdos. Cada filosofia apresenta elementos 
necessários para as percebermos naquela leitura, mas a atenção aos seus procedi-
mentos no próprio texto constitui um aspecto tão importante quanto o método.
ESCOLHAS DOS TEXTOS A SEREM LIDOS
Os textos filosóficos consagrados, os chamados clássicos da história da filoso-
fia, devem fazer parte da nossa prioridade de escolha. A principal justificativa é 
que eles foram submetidos à crítica de grandes filósofos e resistiram ao ponto de 
se tornaremm uma referência de reflexão na resolução de problemas, tanto no 
período em que foi construído quanto na atualidade. Os outros textos ainda não 
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submetidos ao crivo da crítica na história, devemos submetê-los aos seguintes 
questionamentos: Este texto é, ou não, redutível à inteligência filosófica? Quais 
os fundamentos conceituais deste conhecimento e a forma como os problemas 
são postos e respondidos por tal reflexão?
A filosofia não pode ser vista como a “ciência humana”, contrariamente, o 
que sugerem as classificações fixadas por algumas Universidades ou diplomas 
emitidos por elas e governos constituídos, assim como a psicologia, a sociologia 
entre outras, mas sim a reflexão crítica das chamadas “ciências humanas”. Com 
isto, numerosos textos das chamadas “ciências humanas” e literatura podem ser 
objetos de uma leitura filosófica. Por exemplo, textos de Freud, Thomas Mann, 
Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Lacan, Max Weber, Dürkheim entre outros. 
Podemos chamá-los de textos intermediários que os estudantes de filosofia devemestudá-los de forma sistemática e crítica.
Não esqueça de que a prática da filosofia, que pode submeter a exame 
qualquer objeto, ganha em sutileza e pertinência quando acompanhada 
de uma verdadeira cultura geral. Conforme os gostos, as competên-
cias ou as lacunas, convém, portanto, se esforçar sempre para ampliar e 
aprofundar essa cultura através da leitura regular de livros de literatura, 
de história, de psicologia, ou relativos às ciências da natureza, etc. Só 
que será preciso distinguir os gêneros e as coisas, evitando misturar o 
que tem a ver com a informação, com o conhecimento e com a reflexão 
propriamente dita (FOLSCHEID, 2002, p. 15).
No caso dos estudantes de filosofia, os professores apresentam os textos a serem 
rigorosamente lidos, portanto, não há nenhum problema na escolha. Durante 
o curso de filosofia, muitas serão as abordagens, mas o iniciante nos estudos se 
familiarizará e se identificará com o tipo pensamento ou com o pensamento de 
determinada época: filosofia antiga, medieval, moderna, contemporânea (atuali-
dade) diante de si. Em cada período da história da filosofia, os textos apresentam 
dificuldades específicas daquele momento histórico, além do estilo e da forma 
de reflexão exteriorizada pelos dos pensadores.
O processo de escolha dos textos filosóficos para os iniciantes deve ser feito em 
forma espiral, não podemos começar com um livro extremamente difícil, como 
Crítica da razão pura de Kant ou Enciclopédia das ciências filosóficas de Hegel, mas 
é possível, no primeiro momento, a leitura dos livros de entendimento medianos, 
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como os Fundamentos da metafísica dos costumes de Kant e, no segundo momento, 
Lições sobre a estética de Hegel. Na filosofia antiga, é aconselhável começar com o 
livro República de Platão, do que com livro Parmênides do mesmo autor. Contudo 
isto não significa que devemos demorar muito nos textos considerados de menor 
dificuldade, os textos mais difíceis devem ser enfrentados o quanto antes, nem 
que seja pelos prefácios e pelas introduções. Os prefácios e as introduções cons-
tituem a filosofia propriamente dita, visto que não é possível introduzir e ficar de 
fora do texto. A forma de leitura em espiral é uma estratégia que significa avançar 
e retomar, reler e reler de forma progressiva, avançando na compreensão do pen-
samento, iniciando pelos mais simples até chegar aos mais complexos. 
LEITURA COM REGULARIDADE
As dificuldades na leitura dos textos filosóficos podem ser amenizadas com a 
regularidade nos exercícios de ler e reler algumas vezes por dia, ou por semana, 
se possível. Porém não convém postergar os momentos de aprendizagem para 
enfrentar os textos filosóficos de difícil compreensão, esperando estar melhor 
preparado para tal. Esta forma de pensar pode aumentar as dificuldades, em vez 
de superá-las. Este tipo de dificuldade só é superado com esforço organizado 
e paciência, aos poucos e com o tempo a compreensão conceitual ganha mais 
repertório intelectual na aprendizagem.
O período de iniciação na filosofia não tem um tempo definido em anos. 
Diferente do esporte ou de outras ocupações, o estudante percebe aos poucos o 
seu progresso, que pode dar os primeiros sinais em poucos meses, e isto se veri-
fica ao fazer uma retrospectiva desde o início, voltando-se para o seu passado 
próximo. Ao destacar a necessidade do esforço organizado e a paciência diante 
dos textos filosóficos, significa que falamos em mudança de atitude para ser 
mais racional, não dramatizando as dificuldades e criando ilusões por um lado, 
nem as simplificar como se elas não estivessem a todo momento batendo à sua 
porta. Por exemplo, os pensamentos de Platão, Descartes, Hegel entre outros, 
em que alguns textos são considerados, por muitos, como de fácil compreensão 
e outros herméticos e difíceis.
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Um texto passa a ser tecnicamente fácil na medida em que você possui os 
recursos, as chaves de leitura, fazendo as identificações das problemáticas, dos 
conceitos e das categorias que fundamentam a tese central daquela filosofia. Diante 
disso, podemos afirmar que o texto não é, objetivamente, difícil, mas é o leitor 
que ainda não se encontra com as suas capacidades desenvolvidas ao ponto de 
decodificar o texto diante de si. Portanto, os chamados textos difíceis são ques-
tões mal colocadas que se voltam contra o leitor, desarmando-o dos recursos 
necessários para ler o texto. Em vez de encorajar o leitor, esta forma de pensa-
mento tira a coragem e impede a pessoa de dar o melhor de si. O essencial não 
é ser o vencedor na compreensão do texto, como se fosse um concurso público, 
mas os progressos pessoais diante de todos os tipos de textos diante de si.
Todo leitor, mesmo com conhecimentos modestos adquiridos no ensino 
médio, possuem os elementos necessários que permitem uma iniciação em forma 
de espiral para a leitura e compreensão de qualidade. Contudo essas indicações 
sobre a apropriação dos conteúdos das teses, conceitos e categorias filosóficas 
apresentam resultados se forem colocados em prática efetiva da leitura. Só se 
aprende a ler os filósofos, lendo. Só o exercício de leitura é a garantia dos pro-
gressos pessoais, do desenvolvimento da capacidade crítica e outras habilidades 
menores, mas necessárias na compreensão da filosofia escolhida.
O exercício da leitura é melhor praticado quando o iniciante nos textos filosó-
ficos procura determinar velocidades de leitura. Há três tipos de leitores: vagarosos, 
médios e velozes. Os vagarosos são considerados aqueles que leem até 400 palavras 
por minuto; o leitor médio é aquele que lê até 800 palavras por minuto; os velozes 
são aqueles que leem acima deste número de palavras por minuto. A leitura tem 
como pressuposto que lemos por sentenças, e não por palavras, pois nos comuni-
camos por frases e de forma rápida. O mesmo ocorre com a leitura, quanto maior 
a velocidade melhor a compreensão do pensamento a ser apropriado. O bom lei-
tor é aquele que determina a velocidade da leitura de acordo com a necessidade. 
Há textos que podem e devem ser lidos vagarosamente, objetivando a com-
preensão detalhada das ideias, e outros que devem ser lidos da forma mais rápida 
possível. A leitura rápida ou dinâmica é um instrumento a ser utilizado para o 
conhecimento de totalidade do livro ou da obra dos pensadores. Ela é, também, 
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muito útil para todos os meios escritos: jornais, documentos, e-mails, revistas, 
romances, ensaios entre outros. Esta leitura é indispensável em todas as áreas 
do conhecimento, contudo o bom leitor é aquele que alterna velocidades dela 
de acordo como a necessidade de cada texto. Há textos filosóficos que necessi-
tam de uma leitura vagarosa e atenta, às vezes, desesperadamente lenta, dando 
a impressão de que não está saindo do lugar. No entanto devemos tomar cui-
dado, pois, ao esmiuçar o texto, podemos nos perder em detalhes periféricos da 
tese central, afastando-nos, assim, do essencial, das discussões fundamentais.
LER PARA EXPLICAR OS TEXTOS
A leitura atenta do texto deve ser o foco, buscando um esquadrinhamento das 
palavras fundamentais que dão suporte às teses, dos parágrafos para esclarecer 
os pressupostos e as implicações de tais afirmações. Estes aspectos são os sinais 
de uma leitura genuinamente filosófica que, posteriormente, sera explicada. O 
tempo gasto numa página não é fundamental, o que interessa é a compreensão 
para provocar as fissuras e, assim, chegar na medula central do texto ou da tese. 
Um exercícioimportante é escolher uma parte do texto e explicá-la como se fosse 
uma questão de prova a ser respondida com detalhes. Com isto, encurtará a dis-
tância entre leitura e explicação das reflexões filosóficas nos textos.
Você sabia que há velocidades de leituras? O bom leitor determina as ve-
locidades de acordo com os textos: leitura devagar (até 400 palavras por 
minutos), leitura média (de 400 a 800 palavras) e leitura rápida (800 a 1200 
palavras por minutos). Esta deve ser feita com jornais e revistas. Um texto 
filosófico, como, por exemplo, a Crítica da Razão Pura, de Immanuel Kant 
(1787), a leitura deve ser feita devagar e com muita atenção.
Fonte: o autor
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No treinamento, é importante exercitar-se, alternando velocidades na leitura para não 
perder a visão de totalidade dos textos. O tempo de leitura e o resultado obtido deve 
ser analisado de forma racional, tendo em vista que, nesse momento, o importante 
é o aspecto oral, o escrito será em outro momento. Ter o domínio da leitura é o pri-
meiro pressuposto do estudante de filosofia, o que será, progressivamente, ampliado 
dia a dia na sua ocupação intelectual. Este primeiro pressuposto do estudante e ini-
ciador da filosofia, constitui aquilo que denominamos a normalidade da atividade de 
leitura e reflexão do futuro filósofo. Os passos seguintes só poderão ser dados com 
consistência se houver o domínio da alternância entre a leitura rápida e a aprofun-
dada dos tipos de escritos do autor. Além dos textos com as principais categorias 
ou conceitos, é importante fazer leituras de poemas, poesias e romances se houver.
LER E ANOTAR
O segundo passo fundamental após a leitura, para 
os iniciantes, são as anotações das ideias funda-
mentais do textos, indispensáveis para registar o 
esforço de compreensão naquele momento. Aos 
poucos aumentará a sua cultura filosófica. Um 
princípio básico é que aquilo que não anotamos 
podemos esquecer. O esquecimento do que foi 
lido força, a todo momento, retomar um caminho 
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já percorrido, tornando a leitura enfadonha. As anotações são os primeiros pas-
sos para que um texto seja estudado, e não apenas lido. Podemos classificar, de 
modo geral, dois tipos de anotações, a primeira destinada a atender uma exigên-
cia acadêmica: avaliações, dissertações e teses; a outra é destinada ao uso pessoal, 
aos esboços, esquemas, resumos, fichamentos entre outros.
As anotações com objetivo de atender às exigências acadêmicas são aquelas 
que realizamos sob pressão, devido ao fato de ser um estudo direcionado, com 
tempo determinado, orientado para a disciplina em específico e para atender aos 
critérios determinados pelos professores ou orientadores. Atender às exigências 
de leitura de textos determinados por outrem faz com que as atividades acadê-
micas sejam consideradas, por muitos, como desagradáveis, pelo fato de agirmos 
por dever, e não por prazer. Contudo são necessárias exigências que servem para 
nos ajudar a moldar o nosso caráter (força que vem de dentro para fora) e para 
termos uma formação completa enquanto cidadãos, para o mercado de traba-
lho e para a vida intelectual que se iniciou.
As anotações dos textos lidos que visam atender ao estudo estritamente pes-
soal são mais importantes que as primeiras já mencionadas, porque são movidas 
pelos seus desejos racionais livres de exigências de outrem. As anotações pesso-
ais resultam de análise objetiva do texto, em que prevalece a transcrição literal 
das ideias centrais e periféricas, que devem ser muito precisas em relação às 
referências bibliográficas para serem utilizadas em novas produções dissertati-
vas ou explicativas. Elas também resultam de reflexões críticas sobre tais ideias 
do pensador em questão. Nestas anotações, devem ficar muito claras a distin-
ção entre citação literal e as reflexões críticas suas, se possível, faz-se necessário 
datar o período de tal análise.
A clareza de tais anotações dos textos filosóficos lidos faz-se necessário pelo 
fato de o iniciante e os filósofos frequentarem estes escritos com certa frequên-
cia, ora para ampliá-los, ora para corrigi-los, ora para as dissertações, de modo 
geral, de artigos, livros, palestras, enfim, são ferramentas de trabalho da ocupação 
filosófica. O Padre Antônio Vieira (1608-1697), intelectual de máxima grandeza, 
relata como as anotações eram importantes naquele período.
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[...] Indo estudar Filosofia de idade de vinte anos, no mesmo tempo 
compus uma filosofia própria; e passando à Teologia, me consentiram 
os meus prelados que não tomasse apostila, e que eu compusesse por 
mim as matérias, como com efeito compus, que estão na mesma Pro-
víncia, onde de idade de trinta anos fui eleito mestre de Teologia, o que 
não prossegui por ser mandado a este Reino na ocasião da restauração 
dele (VIEIRA, 2015, t. III, v. IV, p. 439)
Desde os primórdios da filosofia, os estudantes eram orientados a fazerem as pró-
prias anotações e a escreverem os seus textos. O próprio Vieira relata que sempre 
andavam com os chamados “papelinhos” ou “borrões” em mãos, ora para memo-
rização para depois pregar, ora como fonte de consultas para auxiliar na escrita 
dos famosos Sermões (a principal obra literária do século XVII). Os professores 
deveriam escrever as suas apostilas para ministrar as aulas. Aulas compreendi-
das pelos estudantes desde a Antiguidade, significa que deveriam ser anotadas.
ANOTAÇÕES PARA LER
As anotações, num passado próximo, eram feitas, exclusivamente, em papéis, 
fichas de leituras e cadernos. Com o advento da rede mundial de computado-
res, a chamada Internet, a partir de necessidades bélicas, no início dos anos de 
1980, nos Estados Unidos, e a sua liberação no Brasil, no final do ano de 1997, 
surgiram novas formas de anotações não mais, exclusivamente, em papéis. Estes 
passaram a dividir os espaços das anotações dos textos com as formas eletrônicas. 
A Internet com as novas mídias, os computadores em rede, os celulares smar-
tfones, os livros eletrônicos e as novas formas de armazenamento de dados em 
nuvens. Ou seja, a própria Internet fez com que os papéis e os livros escritos em 
papéis começassem a perder a preferência dos leitores e escritores. A Internet 
passou a ser uma poderosa ferramenta de consulta e armazenamento de dados 
para os filósofos e os seus iniciantes nos estudos de textos filosóficos.
As anotações em fichas de leituras bibliográficas, descritivas, analíticas, per-
manentes, transitórias entre outras, constituem uma forma de estudos e registro. 
Os resultados das leituras dos textos em resumos, os conceitos fundamentais, os 
esquemas de estudos, os livros mais importantes daquele assunto em específico, as 
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referências de textos a serem usadas numa dissertação, tese ou avaliações, constitu-
íram a principal e mais eficaz forma de anotações para a atividade intelectual diária 
conhecida até então. Todo o trabalho duro e penoso do estudo do filósofo e dos ini-
ciantes não caía no esquecimento, ou não eram confiados, unicamente, à memória.
Com efeito, os pensamentos dos outros não podem se tornar para nós 
“lembranças” no sentido estrito. Existe aí como que uma distorção de nos-
sas funções. A memória está de uma certa maneira envolvida, mas ela não 
predomina – e não deve predominar, sob pena de transvestir o pensamen-
to de saberes exteriores. Independente da integração dos pensamentos dos 
outrosem nosso pensar, o verdadeiro lugar onde se depositam os pensa-
mentos é o papel. Isso vale tanto para o filósofo experiente quanto para o 
aprendiz. O tempo passado sobre os textos, mas que não se concretiza em 
fichas, é praticamente tempo perdido (FOLSCHEID, 2002, p. 24) 
As fichas de anotações são tão pessoais que se tornam quase impossível descre-
ver quais as melhores formas de suas confecções, contudo elas são indispensáveis 
no estudo pessoal. A partir delas é que temos uma visão global e minuciosa dos 
textos estudados e dos seus autores. Os resultados das fichas de anotações são 
imensos, desde a preparação para as avaliações e os trabalhos intelectuais de modo 
geral. Apesar de ser impossível fazê-las com rapidez ou às vésperas de avaliações 
e demais trabalhos. As suas confecções devem se estender durante todo o ano 
ou durante toda a vida intelectual. Contudo as consultas às fichas de anotações 
devem ser feitas de forma frequente com as devidas atualizações.
ANOTAÇÕES DE LEITURAS ELETRÔNICAS 
Na contemporaneidade, a Internet ocupa um tempo enorme na vida das pessoas, 
e, de modo geral, passa a ocupar também um enorme espaço de armazenamento 
de livros eletrônicos, imagens, sons e artigos científicos. A Internet passou a ser 
a principal fonte de acesso à pesquisa de informações, conhecimentos científicos 
e filosóficos como nunca se viu na história da humanidade. A questão que surge, 
agora, é: Como fazer o registro das nossas anotações de forma eletrônica? Quais os 
principais desafios e riscos das anotações eletrônicas? Estas questões são importan-
tes pelo fato de constituir uma novidade e, portanto, não termos resultados claros 
para fazermos afirmações das vantagens ou desvantagens das anotações de papéis.
PRESSUPOSTOS DA LEITURA FILOSÓFICA
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Antes de responder às questões apresentadas, faz-se necessário destacar que tanto 
o filósofo quanto o iniciante nos textos filosóficos devem estabelecer um padrão ou 
um sistema de anotações e como fazê-las. Por exemplo, é necessário estabelecer o 
significado das abreviações, os esquemas e mantê-los durante o processo. O sistema 
de abreviações próprias ajuda a agilizar as anotações, como se fosse um telégrafo 
(mas inteligível), economizando espaço, ganha-se tempo para poder ter mais den-
sidade filosófica na ficha eletrônica a ser confeccionada. Quanto maior a densidade 
filosófica, melhor será a ficha, e as consultas serão mais frequentes. A precisão nas 
referências constitui um aspecto fundamental a ser observado. Outro aspecto é obe-
decer as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), seguindo 
sempre a ordem: autor, título do livro, lugar da edição, editor, ano e página.
Para fazer os registros em fichas eletrônicas deve haver as mesmas caracterís-
ticas científicas da ficha de papel, reservando em torno de 10 a 15 fichas para um 
livro, por exemplo, a Crítica da razão pura. Cada ficha deve corresponder a uma 
página de caderno do tipo universitário. Nas fichas, são necessárias algumas infor-
mações básicas fundamentais, como o título de ficha de leitura (de forma bem 
visível e em caixa alta) e numeração em cada uma. A numeração deve ser a pri-
meira coisa a ser feita e ficar sempre visível como meio de controle e identificação, 
com suas subdivisões, quando houver. As referências bibliográficas, como o con-
junto de informações que permite identificar o livro, o jornal, a revista, o artigo, 
os textos de Internet ou qualquer obra publicada. O autor deve ser identificado 
pelo sobrenome e nome, título, volume ou tomo e número da edição, tradutor (se 
houver), local, editora, ano e páginas. Estes registros podem ser feitos de várias 
maneiras, como o arquivo simples dos redatores de textos e armazenados em HD 
(externo) como se fosse uma biblioteca móvel, que é o menos aconselhável, mas 
pode servir como um plano B em caso de perda de dados. O mais seguro são as 
chamadas nuvens, o Google Drive, Google doc, OneDrive entre outros. 
Nas fichas eletrônicas, o iniciante deve anotar, com precisão, para obter sem-
pre mais clareza nas referências e nas ideias centrais do texto lido. Se preferir, 
coloque as ideias centrais em itálico, evite as aspas em títulos ou termos, melhor 
grifar aquilo que merece destaque para a sua atenção. As observações são sem-
pre oportunas, caso julgue necessárias e pertinentes na compreensão da ideia 
central. As reflexões feitas pelo autor das fichas devem ser destacadas ao ponto 
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de não fazer confusão entre as ideias centrais e argumentos que dão sustentação 
a esta, garantindo, assim, o máximo de objetividade no resumo ou fichamento 
do livro ou texto em questão.
LER PARA COMENTAR OS TEXTOS
O bom leitor procura sempre uma leitura enriquecedora, e o caminho a per-
correr passa, necessariamente, pela classificação dos conceitos encontrados e 
identificados com o contexto da produção da filosofia naquele livro ou naquela 
obra. Este trabalho é indispensável para aumentar a cultura filosófica e poderá 
recorrer a todos os tipos de exercícios e trabalhos intelectuais. A organização 
deste trabalho deve seguir as preferências do autor, mas alguns aspectos meto-
dológicos merecem ser observados, primeiro que há termos não filosóficos que 
podem se tornar; segundo, termos filosóficos universalmente consagrados, por 
exemplo: substâncias, essência, ideia, razão entre outras adquirem significações 
diferentes conforme o contexto e o autor. E, por fim, há termos absolutamente 
específicos, impossível de se retirar do seu contexto, caso ocorra, pode levar ao 
erro, como o termo “transcendental” no sentido kantiano.
No processo de estudo para a compreensão dos textos filosóficos, faz-se 
necessária a utilização de dicionários especializados dos filósofos e de filosofia 
geral. Há muitos dicionários de filosofia geral e específicos dos principais sis-
temas filosóficos, além dos clássicos de termos em grego e latim, disponíveis, 
eletronicamente. Os termos que estão nos dicionários ajudam-nos a compre-
ender o sentido no sistema filosófico, mas as conceituações apresentam-se de 
forma engessada, não possibilitando alterações, obrigam-nos a aceitar do jeito 
que estão. Contudo os dicionários constituem uma base fundamental para refle-
xão filosófica.
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Diferentemente dos dicionários, a reflexão filosófica, a partir de um determi-
nado texto ou problema, faz com que os termos e as noções filosóficas ganhem 
versatilidade e dinâmica a serviço do exercício, máxima de liberdade, na escrita. 
A atividade racional de criação jamais parte do sentido dos termos filosóficos, 
ao contrário, todo texto tem como ponto de chegada um novo sentido, ou seja, 
jamais se parte do sentido. Portanto, os dicionários são constituídos de termos 
filosóficos como uma ferramenta para auxiliar na elaboração de novos signifi-
cados. Consultando os dicionários, exercitando a escrita filosófica, o iniciante, 
aos poucos, deixa de lado a visão ingênua de pensar que os dicionários dão sen-
tido aos termos, e passa a vê-los apenas como mais um dado a ser trabalhado, 
um dado como ponto de partida para a reflexão filosófica.
DA LEITURA EXPLICATIVA PARA A LEITURA COMENTADA DO TEXTO
O leitor deve ter presente em suas intenções que a explicação é algo inerente à ativi-
dade de leitura e, em um texto, está longe de ser difícil, ela nada mais é do que um 
exercício como os outros, podendo ser o melhor caminho para se chegar à reflexão 
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filosófica. Nas universidades, ela cumpre função secundária, que são as avaliações. 
Ao mesmo tempo em que ela é um teste, é um alimento. Antes de explicar ou disser-
tar, é necessário saber o que realmente os filósofos disseram, porque disseram e como 
disseram para só depois começar a explicar e dissertar sobre o assunto em questão.
A explicação de um texto está intimamente ligada à leitura rigorosa, a prin-
cipal característica da leitura filosófica por excelência. Há uma distância entre 
a dissertação e a explicação. A dissertação trata de um tema, já a explicação é 
sobre um texto em específico, em que é necessário apoderar-se do tema do texto 
em sua totalidade. Com isto, o texto trabalhado é um de pretexto a ser esquadri-
nhado, dissecado pelo filósofo ou iniciante da explicação, e, no final, o texto fica 
de lado diante do objetivo alcançado. Tudo isso para que seja dito exatamente o 
que o autor expôs no texto.
Toda explicação de texto é uma atividade extremamente limitada e delimitada. 
Há dois elementos que devem levar em consideração numa explicação. O primeiro 
elemento refere-se à erudição relacionada ao contexto analisado. A erudição deve 
ser deixada de lado para traduzir o pensamento numa linguagem clara e precisa, 
com o objetivo da compreensão do texto dito. O segundo elemento trata de situar 
o texto na obra do autor e fazê-los dialogar. Além disso, o pensador deve estar 
contextualizado nos aspectos históricos, sociais, econômicos e culturais, para não 
ser visto como um ser descolado da realidade. Os seres humanos são eles e suas 
circunstâncias e respondem aos seus problemas situados no seu tempo historica-
mente delimitado, quer sejam problemas filosóficos, quer sejam sociais entre outros. 
Um aspecto importante é procurar atender objetivamente ao que foi solici-
tado. Alguns cuidados devem ser tomados na explicação do texto, o primeiro é 
fugir da paráfrase, considerado o maior pecado dos iniciantes. 
Parafrasear, como a palavra indica, consiste em fraser ao lado do texto, 
a propósito do texto. Por que recusar a paráfrase? Porque ela é a arte de 
repetir de outro modo o que é enunciado, simplesmente juntando-lhe um 
coeficiente multiplicador de quantidade. Falando claro: substitui-se um 
texto bom e breve por outro, longo e ruim – a obra de um mestre pela 
imitação de um aluno. A paráfrase é antifilosófica porque oculta o texto 
em vez de manifestá-lo, aplaina suas asperezas em vez de realçá-las, ig-
nora o que ele pressupõe, subentende, cala ou implica em vez de mostrar, 
apaga as articulações em vez de exibi-las. A paráfrase dilui, aborrece, en-
fraquece, torna cego, surdo e mudo (FOLSCHEID, 2002, p. 31)
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A explicação de um texto deve ser cuidadosa com as palavras, com os signos para 
não destruir o sentido atribuído aos termos dado pelo pensador, isto serve não 
só para o texto filosófico, mas todo e qualquer texto que seja pedido uma expli-
cação. A dissecação de um texto, do início ao fim parece ser algo complicado, 
mas se avança aos poucos e quando menos se espera a análise acabou e o texto 
foi desmembrado. Explicar um texto é uma tarefa relativamente fácil e prazerosa, 
porque é um ato de desdobramento e retirada de informações e conhecimen-
tos daquilo que está posto em um determinado lugar delimitado. Além disto, 
a explicação sempre vai em direção ao outro e favorece o autoconhecimento.
FOCO NA COMPREENSÃO DO TEXTO
Para que uma explicação possa atrair a atenção de todos os envolvidos no pro-
cesso é necessário seguir alguns passos, primeiro separar o tema da tese do autor. 
O segundo, identificar e destacar os movimentos e articulações da argumentação, 
e em terceiro, destacar as noções filosóficos. Estas questões deve estar na mente do 
iniciante em filosofia para que faça uma leitura objetiva e foque naquilo que inte-
ressa. Outro aspecto que merece destaque, é buscar as informações e conhecimentos 
de forma desarmada, sem preconceitos com o texto, deixando o texto falar por si. 
O primeiro aspecto, separar o tema da tese do autor pressupõe que o iniciante 
nos textos busca de forma implacável compreender qual o problema apresentado 
pelo autor. Não há filosofia que não surge a partir de um problema, a filosofia 
nada mais é do que uma atividade intelectual que busca a resolução de problemas. 
Quais os tipos de leitura?
A leitura racional, a sensorial e a emocional. A leitura racional deve merecer 
a nossa atenção? Ela está na base de todas as outras? Sim. Como articular o 
sensorial e o emocional nas leituras?
Fonte: o autor.
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Ao encontrar o problema central a ser resolvido, o passo seguinte é separar o 
tema da tese defendida pelo autor, o comum deveria ser os dois coincidirem ou 
se complementar, mas nem sempre isso ocorre. A tese a ser desenvolvida cons-
titui a medula central do texto, o elemento que serve de comparação com outros 
olhares e entendimento do mesmo problema. 
O segundo aspecto é destacar os movimentos e as articulações que dão o 
suporte argumentativo necessário para o desenvolvimento e explicitação da tese 
central. Todo o edifício argumentativo gira em torno da tentativa de provar a tese 
central. O argumento é constituído por ideias que são logicamente organizadas e 
relacionadas entre si com a finalidade de esclarecer para a resolução de um deter-
minado problema ou sustentar uma tese. Nos argumentos as ideias são organizadas 
em forma de premissa, proposições ou frases para dar um sentido lógico, cujo o 
resultado final pode ser um raciocínio verdadeiro ou falso, válido ou inválido. O 
raciocínio parte sempre do conhecido para chegar ao não conhecido ou partir do 
que se sabe para chegar ao que não se sabe. Nos argumentos são incluídos, além 
de ideias, fatos ou acontecimentos, provas em forma de relatos com imagens, figu-
ras de linguagens entre outros, para convencer o leitor da sua tese em questão.
O terceiro e último aspecto em destaque, é destacar as noções filosóficas 
utilizadas no texto. As noções são ideias aplicadas na aplicação a uma situação 
em específicos e com peculiaridades ou particularidades extremamente especí-
ficas. A noção é o esclarecimento do uso de uma ideia num determinado caso. 
Um exemplo disto, é a noção como uso em Voltaire (1694-1778) nas Cartas 
Filosóficas e Tratado de Metafísica, apresentada por uma iniciante em filosofia.
Nas Cartas Filosóficas, a razão é estreitamente ligada ao uso que se faz 
dela – de modo que não é tanto saber o que ela seja que interessa, mas 
saber como se deve usá-la. Este conhecimento é crucial, pois interfere 
diretamente na vida humana: uma vez que os homens são esclarecidos 
pela razão, são mais felizes. Portanto, quando se pensa em “razão” não 
se pode perder de vista o fim a que ela se propõe. No entanto, para 
entendermos o uso que os homens devem fazer da razão segundo Vol-
taire, é preciso entender primeiro a maneira como ele pensa esses dois 
termos: “homem” e “razão”. Se no caso desta última não chegaremos 
a uma definição completamente esclarecedora, poderemos ao menos 
entender como nosso filósofo estrutura essa noção e como ela se rela-
ciona com a ideia de “homem”, e para tanto recorreremos ao Tratado de 
Metafísica (MACHADO, 2015, p. 116).
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A noção de razão em Voltaire ajuda a compreender como o emprego de 
uma ideia difere dos outros, a chave de leitura para uma interpretação próxima 
daquilo que o pensador procurou explicitar é decisiva quando buscamos expli-
car um texto. A chave de leitura interpretativa, neste caso sobre a noção de razão, 
possibilita um olhar correto

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