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FPM II PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES HOSPITALARES 1. O QUE É E O QUE CAUSA Infecção adquirida durante a hospitalização (não só internação) e que não estava presente ou em período de incubação da admissão. Diagnosticada a partir de 48h após a internação. Consideradas as principais causas de morbidade e mortalidade. Aumenta o tempo de hospitalização, elevando os custos do tratamento. CAUSA → pode ser atribuída às condições do paciente (extremos de idade, estado de imunossupressão, portadores de doenças metabólicas ou vasculares) e pode decorrer de falhas no processo de assistência/gestão, que elevam o risco de aquisição de infecções. As chamadas antigamente de infecções hospitalares não são doenças infectocontagiosas, mas sim complicações infecciosas de doenças preexistentes e/ou procedimentos médicos cirúrgicos invasivos ou imunossupressivos a que o paciente foi submetido. Desde meados da década de 1990, o termo infecção hospitalar tem sido substituído por Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS). Além da infecção adquirida no hospital é também aquela relacionada a procedimentos feitos em ambulatório, durante cuidados domiciliares e à infecção ocupacional adquirida por profissionais de saúde (médico, enfermeiros, fisioterapeutas etc). 2. IRAS Infecções adquiridas e relacionadas à assistência em qualquer ambiente. CAUSAS → falta de higiene das mãos, uso indiscriminado de antibióticos, quebra de protocolos assistenciais e contaminações ambientais. Maiores causas de morte e aumento da morbidade entre os pacientes hospitalizados. A cada 100 pacientes internados, estima-se que, pelo menos, 7, em países subdesenvolvidos, e 10, em países desenvolvidos, irão adquirir IRAS. BRASIL → segundo a OMS, estima-se que entre 16-37 pessoas contraem infecções a cada 1000 pacientes atendidos. ANVISA aponta que a taxa média de infecção hospitalar é de 9% e letalidade de 14,35%. 3. PRINCIPAIS INFECÇÕES EM AMBIENTE HOSPITALAR · Infecções de corrente sanguínea (ICS); · Infecções de trato urinário (ITU); · Infecções de sítio cirúrgico (ISC); · Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV). SINTOMAS: · Febre ou hipotermia; · Taquicardia; · Taquipneia; · Leucocitose ou leucopenia. No Brasil, estima-se que 25-35% dos pacientes em UTI adquirem algum tipo de infecção relacionada à assistência à saúde, sendo ela a 4a causa de mortalidade (ITU 18%; ISC 7%; ICS 12%; PAV 45%). 4. PREVENÇÃO E CONTROLE · HISTÓRICO 1983 – Portaria MS, no 196 de 24 de junho de 1983 → “todos os hospitais do país, independente da natureza, devem manter Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH)”. 1985 – presidente Tancredo Neves → operado às pressas de uma diverticulite intestinal, desenvolveu IH, falecendo – projetos sobre IH ganharam força. Formados os Centros de Treinamento. 1992 – revogada a Portaria MS 196/83 e criada a Portaria MS 930/922 → criação do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) e realização de busca ativa de casos. 1995 – realizado inquérito nacional sobre a magnitude das infecções hospitalares no Brasil → identificou uma taxa de IH de 15,5% e que menos de 30% das instituições pesquisadas realizavam busca ativa de casos. 1997 – lei federal no 9431 → obrigatoriedade da manutenção de Programas de Controle de IH (PCIH) pelos hospitais. 1998 – revogada a Portaria MS 930/92 pela Portaria MS 2616, 12 de maio de 1998 → somatório do que foi atribuído à CCIH/SCIH, acrescido de normas importantes, destacando-se o uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares, além de um anexo dedicado à lavagem das mãos. Portaria GM/MS 2.616/98 → diretrizes e normas para a prevenção e controle das infecções hospitalares e indicadores epidemiológicos de infecção hospitalar. MEMBROS CONSULTORES: · Serviço médico; · Serviço de enfermagem; · Serviço de farmácia; · Laboratório de microbiologia; · Administração. MEMBROS EXECUTORES: · Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (médico e enfermeiro). · LEIS E PORTARIAS Decreto N77.052 (1976) → “nenhuma instituição hospitalar pode funcionar no plano administrativo se não dispuser de meios de proteção capazes de evitar efeitos nocivos à saúde dos agentes, pacientes e circunstantes”. Portaria N196 (1973) → “todos os hospitais do país deverão manter ‘Comissão de Controle de Infecção Hospitalar’ (CCIH) independente da entidade mantedora”. Lei federal N9431 (1997) → obriga hospitais a constituírem um programa de CCIH. Portaria N2616 (1998) é composta por 5 anexos: I. Organização e competências da CCIH e do PCIH; II. Conceito e critérios diagnósticos da IH; III. Orientação sobre a vigilância epidemiológica das IH e seus indicadores; IV e V. Recomendações sobre a lavagem das mãos. · PREVENÇÃO · Higienização das mãos; · A limpeza de lugares e móveis; · Conscientizar pacientes e visitantes sobre a importância da higienização das mãos e cuidado com objetos. · CONTROLE O planejamento e normatização das ações de controle são feitas pela CCIH e sua ação pelo SCIH. O controle também é feito através da prevenção. CCIH – FUNÇÕES: · Realização da vigilância epidemiologia para detecção de casos de infecção hospitalar a fim de entender sua ocorrência e panejar ações de melhoria em conjunto com a direção hospitalar e equipe assistencial; · Elaboração de diretrizes para a prevenção das infecções relacionadas à assistência à saúde com o objetivo de diminuir os riscos de ocorrência de uma infecção relacionada à assistência à saúde. Colaboração no treinamento de todos os profissionais da saúde no que se refere à prevenção e controle das infecções hospitalares; · Elaboração de orientações para prescrição adequada de antibióticos e implantação de ações que contribuam para o controle de seu uso, evitando que os mesmos sejam prescritos de maneira indevida; · Medidas de precaução e isolamento para pacientes com doenças transmissíveis ou portadores de bactérias resistentes a antibióticos, a fim de reduzir o risco de transmissão desses agentes entre pacientes ou profissionais de saúde; · Oferecer apoio técnico à administração hospitalar para aquisição correta de materiais e equipamentos e para o planejamento adequado da área física dos estabelecimentos de saúde. MEDIDAS DE CONTROLE: · Higienização das mãos - água e sabão ou fricção com álcool 70% (recomendação para pacientes, visitantes e profissionais de saúde); · Manter as unhas limpas e curtas · Plano terapêutico otimizado e orientado para garantir a brevidade do período de internação na medida do que for possível; · Adequada nutrição do paciente; · Controle da doença de base; · Redução das medicações imunossupressoras na medida do possível; · Atenção para técnicas adequadas de inserção e manutenção de dispositivos invasivos (sondas, drenos, cateteres, cirurgias). 5. FISCALIZAÇÃO: NOTIFICAÇÕES CORRETIVAS · Realização de Blitz: · Não utilização de adornos (brincos, pulseiras, anéis, relógios); · Norma regulamentadora 32 (NR 32) → estabelece que todo trabalhador do serviço de saúde que exerce atividades de promoção e assistência à saúde exposto a agente biológico, independente da sua função, deve evitar o uso de adornos e sapatos abertos no ambiente de trabalho; · Coletas de swab surpresa. · Ação educativa com acompanhantes sobre a higiene das mãos com colaboradores; · CME/lavanderia/nutrição; · Verificação de potabilidade da água; · Higienização hospitalar; · Controle de pragas e vetores; · Vacinação dos profissionais de saúde → protege o próprio profissional e também previve a disseminação de doenças no ambiente hospitalar, protegendo também os pacientes. Todos os profissionais e estagiários do hospital devem ter sua carteira vacinal atualizada periodicamente. 6. HIGIENE DAS MÃOS PREPARAÇÃO ALCOÓLICA: · Aplique uma quantidade suficiente de preparação alcoólica em uma mão em forma de concha para cobrir todas as superfícies das mãos; · Friccione as palmas das mãos entre si; · Friccione a palma direita contra o dorso da mão esquerda entrelaçando os dedos e vice-versa; · Entrelace os dedos e friccione os espaços interdigitais; · Friccioneo dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta, segurando os dedos, com movimento de vai e vem e vice-versa; · Friccione o polegar esquerdo, com auxílio da palma da mão direita, utilizando-se de movimento circular e vice-versa; · Friccione as polpas digitais e unhas da mão direita com a palma da mão esquerda, fazendo movimento circular e vice-versa; · Espere secar. ÁGUA E SABÃO: · Molhe as mãos com água; · Aplique na palma da mão quantidade suficiente do sabonete líquido para cobrir todas as superfícies das mãos; · Friccione as palmas das mãos entre si; · Friccione a palma direita contra o dorso da mão esquerda entrelaçando os dedos e vice-versa; · Entrelace os dedos e friccione os espaços interdigitais; · Friccione o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta, segurando os dedos, com movimento de vai e vem e vice-versa; · Friccione o polegar esquerdo, com auxílio da palma da mão direita, utilizando-se de movimento circular e vice-versa; · Friccione as polpas digitais e unhas da mão direita com a palma da mão esquerda, fazendo movimento circular e vice-versa; · Enxague bem as mãos com água; · Seque com papel toalha; · No caso de torneiras com contato manual para fechamento, sempre utilize papel toalha. 7. PRECAUÇÕES · PADRÃO: devem ser seguidas para todos os pacientes, independente da suspeita ou não de infecções. · Higiene das mãos; · Luvas e avental – quando houver risco de contato com sangue, secreções ou membranas mucosas; calce-as imediatamente antes do contato com o paciente e retire-as logo após o uso, higienizando as mãos em seguida; · Óculos e máscara – quando houver risco de contato com sangue ou secreções, para proteção da mucosa, olhos, boca, nariz, roupa e superfícies corporais; · Caixa pérfuro-cortante – descarte, em recipientes apropriados, seringas e agulhas, sem desconectá-las ou reencapá-las. · DE CONTATO: em casos de infecção ou colonização por microrganismo multirresistente, varicela, infecções de pele e tecidos moles com secreções não contidas no curativo, impetigo, herpes zoster disseminado ou em imunossuprimido; · Higiene das mãos; · Luvas e avental – durante toda manipulação do paciente e objetos; · Quarto privativo – se não for possível, a distância entre leitos deve ser de um metro. · PARA GOTÍCULAS: em casos de meningites bacterianas, coqueluche, difteria, caxumba, influenza, rubéola etc. · Higiene das mãos; · Máscara cirúrgica (profissional); · Máscara cirúrgica (paciente durante o transporte); · Quarto privativo. · PARA AEROSSÓIS: TB e coronavírus. · Higiene das mãos; · Máscara PFF2 (N-96) (profissional); · Máscara cirúrgica (paciente durante o transporte); · Quarto privativo – bem ventilado e porta fechada. obs.: higiene das mãos → antes do contato, antes da realização de procedimento asséptico, após risco de exposição a fluidos corporais, após contato, após contato com áreas próximas ao paciente. 8. MISSÃO DA CCIH 9. RESISTÊNCIA MICROBIANA A restrição de acesso a exames microbiológicos acarreta a adoção de terapias empíricas sem conhecimento do padrão de resistência local, favorecendo: o uso desnecessário de antimicrobianos, prolongamento da internação e aumento da morbidade, na mortalidade e nos custos assistenciais. A insuficiência de políticas hospitalares de uso racional de medicamentos e produtos com a ação antimicrobiana contribui para a seleção e a disseminação de cepas de microrganismos multirresistentes em serviços de saúde. REALIDADE: · Profissionais sem conhecimento adequado da atividade; · Carência de recursos humanos e materiais nas instituições; · Ausência de CCIHs atuantes.
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