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FARMACOLOGIA I 2° BIMESTRE – NATHÁLIA BANCI GARCIA Aula 1: Farmacocinética Clínica Roteiro da aula: - Revisão farmacocinética e farmacodinâmica; - Farmacocinética clínica; - Parâmetros farmacocinéticos: - Biodisponibilidade; - Volume de distribuição; - Depuração ou Clearance; - Tempo de meia-vida; - Concentração plasmática; Farmacocinética é um processo que envolve absorção, distribuição, metabolização e excreção dos fármacos. Em termos simples, é o que o organismo faz com o fármaco. Quando o fármaco é absorvido, ele será distribuído através do sangue, e irá se ligar aos receptores das células dos tecidos (afinidade), produzindo uma eficácia ou atividade intrínseca (fármaco age sobre o receptor estimulando-o e produzindo um efeito terapêutico). **O fármaco livre na circulação pode ter afinidade pelos tecidos e se tornar reservatório, ou pode se ligar a proteínas plasmáticas, como a albumina (acabam transportando o fármaco). OBS: Quando um fármaco é metabolizado, pode originar metabólitos ativos ou inativos. Os metabólitos ativos podem interagir com os receptores que já interagiam ou podem interagir com outros receptores. A farmacocinética se correlaciona com a farmacodinâmica (é o que o fármaco faz no organismo) para produzir um efeito farmacológico. O efeito do fármaco, presente no sítio de ação, é determinado pela ligação do fármaco com o receptor. Para a maioria dos medicamentos, a concentração no sítio de ação determina a intensidade do efeito. - Farmacocinética clínica Principal aplicação: aumentar a eficácia (↑ o efeito terapêutico) e reduzir a toxicidade do fármaco no paciente em terapia medicamentosa. Como determino a concentração do fármaco no sitio receptor? É possível dosar aproximadamente a concentração de um fármaco no sítio de ação pelo sangue, urina, plasma, suor, lágrima, saliva e outros líquidos de fácil coleta, para obter uma noção do quanto de fármaco que está saindo em relação a quantidade que entrou. Isso é possível porque existe a homogeneidade cinética: concentração do fármaco no sangue ou em outros líquidos corporais é aproximadamente a mesma que a concentração no sítio de ação. Ao observar as concentrações do fármaco nos receptores, faz-se o monitoramento do paciente em tratamento terapêutico, e avalia se a concentração da droga está dentro da faixa ou se a concentração está toxica. É importante para ajustar a posologia e obter os efeitos desejados. O EFEITO DO FÁRMACO ESTÁ RELACIONADO A SUA CONCENTRAÇÃO NO SÍTIO DE AÇÃO!!! *Parâmetros farmacocinéticos: Utiliza-se os parâmetros farmacocinéticos para planear uma estratégia terapêutica eficaz. Esses parâmetros podem ser determinados utilizando-se dose única ou doses múltiplas do medicamento. Dose única é usada para amenizar a dor, não é sempre que se toma; e doses múltiplas são usadas em doenças crônicas, onde o paciente faz uso diário do fármaco (são mais utilizadas). 1- BIODISPONIBILIDADE 2- VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO (VD) 3- DEPURAÇÃO OU CLEARANCE 4- TEMPO DE MEIA VIDA 5- CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA Ex: DROGA BIODISP. VOL. DIST. DEPURAÇÃO MEIA-VIDA AAS 70% 0,15L/kg 650ml/min 15 min 1-Biodisponibilidade É a fração do fármaco administrada que alcança a circulação sistêmica. Ex: 100 mg (via oral) → 30% é metabolizada → 70% é biodisponível (cai no sangue). *0,7 é a fração e 70% é a concentração do fármaco na circulação em porcentagem. A biodisponibilidade depende da via de administração e da formulação da droga (propriedades físico-químicas dos medicamentos). OBS: Drogas administradas via oral passam pelo efeito de primeira passagem hepática, sendo metabolizadas, antes de atingir a circulação sistêmica, e com isso reduzem significativamente a biodisponibilidade. No caso de drogas administradas via intravenosa, não há absorção e 100% do medicamento é lançado no sangue diretamente, porque primeiro ele é distribuído e depois será metabolizado (não reduz a biodisponibilidade). *ASC: área sobre a curva Fatores que interferem na biodisponibilidade: Associados ao organismo: Peso; Idade; Sexo; Estado psicológico; Estado patológico; Associados ao fármaco: Alimento; Interação com outras drogas; Propriedades químicas/físicas; Forma farmacêutica; Instabilidade química; Metabolismo de 1ª passagem; Via de administração... Em relação às vias de administração, as biodisponibilidades variam. As vias subcutânea, oral, retal e outras vias exigem que o fármaco seja absorvido primeiramente, o que pode reduzir sua biodisponibilidade. Além disso, a droga também pode ser sujeita a um metabolismo antes de alcançar a circulação sistêmica, de novo reduzindo potencialmente a biodisponibilidade. Ex: - Via intravenosa: biodisponibilidade é de 100% - Via intramuscular: 75% a menor ou igual a 100% - Via subcutânea: 75% a menor ou igual a 100% - Via oral: 5% a menor que 100% - Via retal: 30% a menor que 100% - Inalatória: 5% a menor que 100% - Transdérmica: 80% a menor ou igual a 100% 2- Volume de distribuição O VD é o volume necessário – hipotético - para o fármaco estar distribuído de forma homogênea entre o sangue e os tecidos, ou seja, é o volume do fármaco disponível em todo o líquido corporal. O VD aparente serve para dar uma noção da quantidade que está distribuída, pois quanto mais distribuída, maior é a afinidade pelos tecidos. Um VD aparente elevado indica que há altas concentrações do fármaco nos tecidos em comparação a quantidade plasmática e vice-versa. Vd: Quantidade de fármaco no corpo (dose) Concentração plasmática do fármaco *É expresso em litros em relação ao peso (kg) corporal. OBS: Medicamento + hidrossolúvel → + concentração no sangue Medicamento + lipossolúvel → + concentração nos tecidos Ex: Vd do antimalárico cloroquina (altamente lipofílico) é de cerca de 15.000 L. Isso indica que há grandes concentrações nos tecidos, quando comparados com o plasma. Se ele é lipofílico, a tendência é estar mais distribuído pelos tecidos e com isso terá um volume de distribuição elevado. A: Vd= 0,4L/kg C: Vd= 30L/kg B: Vd= 12L/kg D: Vd= 40L/kg 1).Qual desses fármacos tem maior potencial de ser um candidato à monitorização terapêutica de suas concentrações plasmáticas? A, porque possui baixo Vd, o que indica maior concentração do fármaco no sangue, por isso a facilidade em dosar. 2).Qual desses fármacos está mais distribuído nos tecidos? D, porque possui elevado Vd, o que indica elevada afinidade do fármaco com os tecidos. 3- Depuração ou Clearance Logo que o fármaco entra no organismo inicia-se o processo de eliminação, que envolve três vias principais: 1) biotransformação hepática; 2) eliminação na bile – por fezes; 3) eliminação na urina – excreção renal. DP é definida como a taxa de eliminação de um fármaco do corpo em relação à concentração plasmática do fármaco, ou seja, é o quanto do plasma se torna limpo daquela droga. A depuração pode envolver tanto o metabolismo da droga em um metabólito quanto a excreção corporal da droga. A DP estima a quantia de fármaco depurada do organismo por unidade de tempo. DP= 𝑚𝑒𝑡𝑎𝑏𝑜𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜+𝑒𝑥𝑐𝑟𝑒çã𝑜 [𝑓á𝑟𝑚𝑎𝑐𝑜 𝑛𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑠𝑚𝑎] O clearance não indica o quanto da droga está sendo eliminada, mas sim o volume de plasma que está sendo limpo. Ex: depuração plasmática do antibiótico cefalexina é de 4,3 mL/min/kg Metabolização: Os fármacos em sua maioria são eliminados de acordo com a cinética de primeira ordem. Cinética de primeira ordem: quanto maior a concentração do fármaco, mais rápido ele será eliminado (é proporcional). Ex: 400mg e a cada 2 horas ele perde metade= 400 – 200 – 100...Se tivesse 800mg, a cada 2 horas iria perder 400mg. Não importa a quantidade do fármaco, passando o tempo de meia vida, ele “cai” pela metade. Cinética da ordem zero: há uma velocidade de eliminação constante, independentemente da concentração de fármaco. Ex: o álcool é metabolizado a cada 1 hora cerca de 10g. Tanto 100g ou 500g de álcool, a quantidade eliminada é 10g/h. **Nessa cinética de ordem zero, as enzimas são saturáveis 4- Tempo de meia-vida É o tempo necessário para que a concentração plasmática de um fármaco seja reduzida em 50%. Essa meia vida reflete o declínio das concentrações sistêmicas durante um intervalo entre duas doses no estado de equilíbrio. Permite ao médico calcular a frequência de doses necessária para manter a concentração plasmática do fármaco dentro da faixa terapêutica. *Cada medicamento tem seu tempo de meia vida específica. Diante do tempo de meia vida do fármaco é possivel aumentar ou reduzir a dosagem de um fármaco para manter um efeito terapeutico eficaz. Ex: Se um medicamento tem tempo de meia vida (t ½) de 8 horas, quanto tempo levará para que 75% do fármaco seja eliminado do organismo? 100% - 8horas - 50% - 8horas - 25% = 16 horas (2 tempos de ½ vida) Em 16 horas, 75% do fármaco foi eliminado e 25% ainda continuam no organismo. Ex: Vitamina D – t ½= 40 dias Chumbo - t ½= 70 dias Paracetamol - t ½= 170 minutos O cálculo do tempo de meia vida mais próximo da realidade tem que levar em consideração a depuração e o volume de distribuição. T ½= 0,693 X Vd ÷ depuração 5-Dosagem terapêutica / concentração plasmática A dosagem terapêutica de um fármaco procura manter a concentração plasmática máxima do fármaco abaixo da concentração tóxica e a concentração mínima (mais baixa) do fármaco acima de seu nível minimamente efetivo. Essa “área” entre os dois extremos é chamada de janela terapêutica (variação da dose). ↑ dose – toxicidade. ↓ dose – efeito sub terapêutico (menos que o necessário). Uma janela terapêutica estreita indica uma variação de dose mais próxima da toxicidade, por isso deve ter um cuidado maior com as concentrações da dose administradas e também com as interações medicamentosas. Ao saber a concentração de um fármaco no plasma, as implicações clinicas disso levam à determinação da posologia adequada e ajuste posológico. Também permite uso de dose de ataque, como em um aumento da dose de um medicamento antes de uma cirurgia, para obter efeito mais rápido; possibilidade de prever a concentração plasmática máxima, e evitar a toxicidade; e observar a biodisponibilidade de um fármaco, para manter os níveis terapêuticos adequados. O ajuste posológico pode ser feito por: 1- Com uma dose inicial (ataque) seguida por uma dose de manutenção; 2- Com uma série de doses repetidas até que, após quatro a seis meias- vidas da droga, se atinja a concentração sanguínea máxima constante média da droga em questão. Aula 2: Receptores Farmacológicos Existem quatro superfamílias de receptores farmacológicos, onde três delas consistem em receptores de membrana (transmembrana), e a quarta localiza-se no meio intracelular. As drogas agonistas se ligam aos receptores e provocam um uma série de eventos (mecanismos de transdução e transmissão do sinal para o interior da célula), gerando um efeito. Receptores podem ser: proteínas de membrana, canais iônicos, transportadores de membrana, DNA (filamentos cromossômicos). 1) Receptores ligados à canais iônicos/ tipo canal iônico São também chamados de receptores ionotróticos porque permitem o influxo/ efluxo de íons. Geralmente são formados por um conjunto de proteínas que se dispõem formando um poro ao centro, e esse poro é permeável à troca iônica. São os receptores que participam principalmente da neurotransmissão rápida – a resposta do tecido ocorre em milissegundos. Ex: nAch – receptor colinérgico nicotínico: está nos músculos esqueléticos (esse receptor recebe ach na placa motora para ter a contração), nos gânglios do SNA, no SNC. *é um receptor ligado a um canal iônico permeável à cátion. Esse receptor é ligado à um canal de sódio apresenta 5 subunidades (pentâmero) formando um poro ao centro. Quando o agonista se combina com esse receptor, o canal se abre e há um influxo de sódio nessa célula e ocorre a inversão da polaridade – despolarização – gerando um potencial excitatório, e a parte interna se torna positiva. OBS: A parte interna de uma célula em repouso é negativa e a parte externa, positiva. Ex2: GABAA – é um receptor presente no SNC e GABA é o neurotransmissor inibitório que se liga a ele. É um receptor ligado a um canal iônico permeável à ânion (ao canal de cloro). Quando o agonista se liga a esse receptor, promove a abertura do canal de cloro e o influxo desse íon, e isso leva a uma hiperpolarização (na parte interna fica mais negativo), gerando um potencial inibitório. Drogas agonistas como diazepam, rivotril, flonazepam, quando agem nesses receptores acentuam a hiperpolarização da membrana e deixam mais canais de cloro abertos e isso potencializa o efeito inibitório. Ex3: Receptor ligado a canal de potássio. A droga agonista se liga a esse receptor e permite a abertura do canal e efluxo de potássio, gerando um potencial inibitório – hiperpolarização. 2) Receptores ligados à proteína G É a maior família. São também chamados de receptores metabotrópicos, porque interfere com uma etapa bioquímica intracelular, ou seja, mexem com o metabolismo da célula. Proteína G é uma proteína de membrana composta por 3 subunidades: alfa, beta e gama (está na parte interna da membrana celular). A subunidade ativa é a alfa, que tem atividade GTPase. Existem vários tipos de proteína G, que interagem com diferentes receptores e controlam diferentes efetores. É a subunidade alfa que determina o subtipo da proteína G. OBS: A própria proteína G não é o receptor, apenas está acoplada à molécula receptora. Quando o agonista se combina com o receptor, altera sua conformação e ativa a proteína G. A subunidade alfa irá se dissociar das outras, há a conversão de GDP em GTP e dependendo do subtipo, uma via intracelular enzimática efetora (ex: enzima adenilato ciclase; segundos mensageiros intracelulares, AMP cíclico) é estimulada ou inibida. Quando ativa o efetor, altera-se a concentração do mensageiro, que é amplificador de sinal, e é ele quem dará a resposta no tecido através da ativação de proteínas especificas. Quando o efetor é inativado, não há a formação do segundo mensageiro. Ex: mAch – receptor muscarínico colinérgico; adrenorreceptores – receptores adrenérgicos (alfa e beta). Quais são os efetores celulares e mensageiros formados quando a proteína G é ativada? -Duas vias chaves ou sistema enzimático efetor são controladas por receptores acoplados à proteína G. Ambas podem ser ativadas ou inibidas por ligantes farmacológicos. OBS: Via efetora compreende no sistema enzimático e mensageiro formado. 1) Via da adenilato ciclase/cAMP: A enzima adenilato ciclase, quando ativada, converte ATP em AMP cíclico (2ْ mensageiro), e este ativa proteínas especificas no interior da célula. Ex1: Receptor acoplado à proteína Gs. - Receptor β2 adrenérgico no músculo liso brônquico. A adrenalina (substância agonista endógena) se liga ao receptor β2 no músculo liso do brônquio, altera sua conformação e ativa a proteína Gs. A subunidade alfa faz a conversão de GDP em GTP e ativação do sistema enzimático efetor adenilato ciclase. Essa enzima irá converter ATP em AMP cíclico, aumentando a concentração do segundo mensageiro dentro da célula, promovendo um relaxamento – broncodilatação. Não é só a adrenalina que se liga a esse receptor, agonista droga β2 adrenérgico também se liga, como por exemplo: berotec (fenoterol). OBS: *o AMP cíclico pode: ativar proteínas específicas; induzir a fosforilação de outras enzimas; ativar transportador de membrana e proteínas diversas. *Qualquer receptor ligado à proteína Gs na musculatura lisa bronquiolar promove BRONCODILATAÇÃO. *Agonista é qualquer substância que tem afinidade pelo receptor e promove atividade intrínseca. Ex2: Receptor β1 adrenérgico no músculo liso cardíaco. *Adrenalina, no coração, promove aumento de frequência cardíaca – taquicardia- e aumento da força de contração. Adrenalina ou um agonista droga β1 adrenérgico, se liga ao receptor acoplado à proteína Gs, altera sua conformação e ativa a proteína. A subunidade alfa irá converter GDP em GTP e ativar o sistema enzimático efetor. A enzima adenilato ciclase converte ATP em AMP cíclico. O aumento de suas concentrações no interior da célula promove abertura de canais de cálcio. O influxo de cálcio irá promover contração do músculo cardíaco. Ex3: Receptor acoplado à proteína Gi ou zero. - Receptor muscarínico colinérgico (M2) no músculo cardíaco. O agonista que se liga nesse receptor é acetilcolina. Acetilcolina se liga ao receptor M2 no músculo cardíaco, altera sua conformação e ativa a proteína Gi. A subunidade alfa irá converter GDP em GTP, e INIBE o sistema enzimático efetor da adenilato ciclase. Com isso, não há a conversão de ATP em AMP cíclico, então os níveis de AMPc dentro da célula diminuem. Os canais de cálcio vão se fechando e abrem-se os canais de potássio principalmente, levando a uma hiperpolarização (efluxo de K+) e geração de potencial inibitório. Há então a bradicardia (↓ FC). 2) Via da fosfolipase C (PLC) Esse sistema enzimático efetor leva a formação de 2 mensageiros: inositol trifosfato (IP3) e diacilglicerol (DAG). A função do IP3 é liberar o cálcio, que está estocado no retículo, para o meio intracelular. Já o DAG possui inúmeras funções. *O cálcio no meio intracelular determina a resposta: contração, secreção, ativação enzimática e despolarização da membrana Receptor acoplado à proteína Gq ou q/11 Ex1: Receptor 1 adrenérgico no músculo liso de vasos sanguíneos Adrenalina em vasos sanguíneos faz constrição. Agonista se liga ao receptor 1 adrenérgico acoplado à proteína Gq, altera sua conformação e ativa a proteína. A subunidade alfa Q ativa o sistema enzimático efetor da fosfolipase C, e essa enzima forma IP3 e DAG. O IP3 promove a liberação de cálcio estocado no retículo para o interior da célula, e o aumento da concentração desse íon gera a contração do músculo liso dos vasos. OBS: O cálcio liberado do retículo também é considerado um amplificador de sinal (segundo mensageiro). Ex2: Receptor EP3 no músculo liso uterino As prostaglandinas se ligam ao receptor EP3 acoplado à proteína Gq, altera sua conformação e ativa a proteína. A subunidade alfa Q ativa o sistema enzimático efetor da fosfolipase C e há a formação de IP3 e DAG. O IP3 promove a liberação de cálcio estocado no retículo para o interior da célula, e o aumento da concentração desse íon gera a contração do músculo liso do útero, causando fortes dores durante a descamação do endométrio (cólica menstrual). OBS: Durante a descamação do endométrio há alta produção de prostaglandinas. Ao tomar um analgésico ou um anti- inflamatório, melhora a dor pois inibe as prostaglandinas que estão se ligando ao receptor. RESUMO: *Receptor acoplado à proteína Gs → ativa AC → ↑AMPc -Músculo liso brônquico: broncodilatação (receptor β2 adrenérgico) -Músculo liso cardíaco: taquicardia pela abertura dos canais de cálcio (receptor β1 adrenérgico) -Glândulas: ↑ secreção -Neurônios: despolarização - ↑ liberação de neurotransmissores *Receptor acoplado à proteína Gi → inibe AC → ↓AMPc -Músculo liso cardíaco: bradicardia por inibir os canais de cálcio e abrir os canais de potássio (receptor M2 colinérgico) -Glândulas: ↓ secreção -Neurônios: ↓ liberação de neurotransmissores OBS: Não tem receptor acoplado à proteína Gi no músculo liso brônquico. *Receptor acoplado à proteína Gq → ativa PLC → ↑IP3 e DAG → ↑Ca2+ -Músculo liso: contração -Glândulas: ↑ secreção -Neurônios: ↑ liberação de neurotransmissores OBS: No músculo liso do aparelho respiratório, o receptor M3 colinérgico acoplado à proteína Gq, faz broncoconstrição. 3) Receptores ligados à quinases Ou também chamado de receptor ligado à tirosinaquinase ou tirosinacinase – é uma proteína de membrana que se auto fosforila. São receptores para hormônios. Estão envolvidos principalmente em eventos que controlam o crescimento e diferenciação celular e atuam indiretamente ao regular a transcrição gênica. Existem duas vias importantes: a) Via Ras/Raf/MAP quinase (divisão, crescimento e diferenciação celular) b) Via Jak/Stat ativada por citocinas - controla a síntese e liberação de mediadores inflamatórios. Ex: Receptor de insulina (músculo) Insulina é o principal hormônio proteico responsável pelo metabolismo intermediário (carboidrato, proteína e gordura) e pela homeostase da glicose (junto com o glucagon). Os tecidos insulinodependentes são: músculo, fígado e tecido adiposo. Insulina sinaliza o tecido para que haja transporte de glicose para o interior das células pelos GLUT. Os transportadores de glicose não ficam na membrana; eles ficam internalizados e só serão expostos pela sinalização da insulina Agonista se liga ao receptor acoplado à proteína quinase e altera sua conformação. Ocorre a fosforilação dos resíduos de tirosina na face interna da célula e gera inúmeros substratos intermediários, que vão ser responsáveis por ativar proteínas especificas e elas darão a resposta = estímulo para translocação ou exposição do GLUT na membrana, obtendo o transporte de glicose para o interior da célula. **As glicoquinases vão metabolizar essa glicose e armazenar na forma de glicogênio. → acontece muito no tecido muscular. 4) Receptores intracelulares São proteínas intracelulares que podem estar no citoplasma da célula ou no núcleo –DNA. Esses receptores controlam a transcrição de genes. Os ligantes incluem hormônios esteroides (corticoides, hormônios tireoidianos, vitamina D, ácido retinóico), que obrigatoriamente são lipossolúveis (para penetrar na célula e se ligar ao receptor). São os receptores que dão as respostas mais lentas; pode durar horas, até dias – é de início lento, efeito demorado. Ex: Receptor de cortisol (esteroide) Esteroide penetra na célula, se combina com a molécula receptora no citoplasma, formando um complexo e este entra no núcleo da célula, se liga a cromatina do DNA e induz a síntese de novas proteínas. O conjunto de proteínas recém-sintetizado dará a resposta/efeito no tecido. Ex de droga corticoide: dexametasona, betametasona, predinisona. Ação farmacológica: -Anti-inflamatória -Antialérgico -Imunossupressora **Corticoide induz a síntese de LIPOCORTINAS ou ANEXINA, que são proteínas que inibem os mediadores inflamatórios – que causam os sinais inflamatórios: calor, tumor, rubor, dor. Ex: na ação antialérgica, essas proteínas inibem a liberação de histaminas dos mastócitos, amenizando o quadro alérgico. Aula 3: Farmacologia do Sistema Nervoso Autônomo e Sistema Motor Somático O sistema nervoso somático inerva os músculos esqueléticos, e o sistema nervoso autônomo inerva as vísceras. Com relação as fibras: -SNSimpático: apresenta uma fibra pré-ganglionar curta, que vai da medula até o gânglio; e uma fibra pós-ganglionar longa, que vai do gânglio até o tecido. -SNParassimpático: apresenta uma fibra pré-ganglionar longa e uma fibra pós- ganglionar curta. -SNSomático: apresenta uma única fibra, que vai da medula até o músculo esquelético. Com relação aos neurotransmissores: **No SNA, todas as fibraspré-ganglionares são colinérgicas, ou seja, o neurotransmissor liberado na fibra pós-ganglionar é sempre acetilcolina (Ach). -SNSimpático: a fibra pós-ganglionar libera noradrenalina no tecido – é fibra adrenérgica. -SNParassimpático: a fibra pós-ganglionar libera acetilcolina no tecido – é fibra colinérgica. -SNSomático: a fibra é colinérgica, pois libera acetilcolina na musculatura esquelética. OBS: O SNSimpático possui algumas exceções com relação a inervação: Glândulas sudoríparas, alguns vasos sanguíneos e glândula suprarrenal. *É exceção pois há uma variação anatômica. Uma fibra única colinérgica sai da medula até a glândula suprarrenal e libera a acetilcolina. O estímulo desse neurotransmissor sobre a adrenal faz com que ela libere na circulação sistêmica, noradrenalina (20%) e adrenalina (80%). Essa adrenalina liberada irá interagir com os mesmos receptores que a NA liberada pelas terminações simpáticas interage. Com relação aos receptores: Receptores colinérgicos: a) Nicotínicos: se dividem em neuronais (em gânglios do SNA) e musculares (músculos esqueléticos do SNSomático). Esses receptores são ligados à canais iônicos, e permitem a abertura dos canais de sódio e influxo deles, gerando uma despolarização. *Na placa motora, a Ach liberada no receptor nicotínico muscular, promove a contração do músculo. b) Muscarínicos: se dividem em M1, M2, M3, M4 e M5. Estão localizados principalmente nos tecidos, nas terminações pós-sinápticas parassimpáticas, e também no SNC. M1, M3 e M5: receptor acoplado à proteína Gq. M2 e M4: receptor acoplado à proteína Gi. Receptores adrenérgicos: a) α: que se subdivide em α1 (acoplada à proteína Gq) e α2 (acoplada à proteína Gi) b) β: que se subdivide em β1, β2 e β3 (todos acoplados à proteína Gs) Esses receptores estão localizados nas terminações simpáticas nos tecidos, que são α1, β1, β2 e β3. E, na terminação pré-sináptica é o α2. Dependendo do tecido, pode ter dois receptores alfa, ou dois beta... ex: no coração tem receptor β1 e β2; nos vasos há receptores α1 e α2. IMPULSO NERVOSO Drogas autonômicas e drogas que atuam na musculatura esqueléticas agem nas sinapses, que é a região de contato entre células; onde há a transmissão de impulso nervoso de uma célula para outra. O impulso nervoso possui 2 fases: 1. Fase elétrica → A fibra pré-sináptica é permeável à troca iônica, e essa troca gera uma onda que percorre toda a extensão da fibra. OBS: Troca iônica: despolarização, pela abertura dos canais de Na+, e depois a repolarização, pela abertura dos canais de K+. 2. Fase química → Essa fase inicia quando a onda chega aos terminais nervosos e provoca a liberação de neurotransmissores na fenda sináptica, e estes se ligam aos receptores da fibra pós-sináptica, transmitindo a informação, e depois inicia novamente a fase elétrica. OBS: célula nervosa c/ célula nervosa → SINAPSE Célula nervosa c/ célula tecidual → JUNÇÃO NEUROEFETORA. NEUROTRASMISSÃO GENÉRICA Etapas da neurotransmissão: 1) Síntese do neurotransmissor: Transportado p/ dentro do neurônio Molécula precursora/substrato ----------------------------→ substrato ← ação de ↓ enzimas de NT síntese A molécula precursora é adquirida pela dieta (alimentos) ou produto do metabolismo do organismo. Esse substrato é transportado para dentro do neurônio e irá sofrer ação de enzimas de síntese (pode ser uma ou várias), que convertem esse precursor em NT. Essa síntese pode ocorrer em qualquer parte do neurônio. OBS: O substrato para formação de adrenalina e noradrenalina é o aa tirosina; o substrato para formação de Ach é colina + acetilCoA, derivada do metabolismo de glicose. 2) Armazenamento do NT: captação vesicular NT NT NT (sintetizado) -----------------------------------→ NT NT NT NT NT NT Grande parte dos NT sintetizados sofrem captação vesicular e ficarão armazenados no interior de vesículas. OBS: As moléculas de NT que não são armazenadas nas vesículas são INATIVADAS por enzimas no interior dos neurônios. Ex: A enzima MAO (monoaminooxidase), ligada à mitocôndria, e a CONT (catecol-O-metil transferase) inativam as catecolaminas. Elas estão no citosol neuronal. 3) Liberação do NT: Influxo de Ca++ --------------→ fusão das vesículas ------------→ NT NT NT com a mb pré-sináptica (na fenda sináptica) Quando o estímulo chega no terminal nervoso, há o influxo de cálcio e as altas concentrações desse íon estimulam a fusão das vesículas com a membrana pré- sináptica e exocitose dos NT na fenda sináptica. 4) Combinação com os receptores: Receptores pós-sinápticos podem ser de 2 tipos: - Acoplado à canal iônico: ex- nicotínicos *Pode ter a abertura do canal de Na+ e influxo desse íon, promovendo a despolarização (PEPS –potencial excitatório pós-sináptico); ou pode ter a abertura do canal de Cl- e influxo desse íon, promovendo uma hiperpolarização (PIPS – potencial inibitório pós-sináptico). - Acoplado à proteína G: ex: muscarínicos e adrenérgicos *Gs: ativação da AC → ↑AMPc ex: β1, β2 e β3 *Gi: inibição da AC → ↓AMPc ex: α2, M2 e M4 *Gq: ativação da PLC → ↑IP3/DAG → ↑[Ca++] ex: α1, M1, M3 e M5 Receptores pré-sinápticos: Na maior parte das neurotransmissões, esse receptor pré-sináptico é chamado de auto receptor; pode ser excitatório ou inibitório; e pode estar ligado à proteína G ou em canal iônico. OBS: a ligação do NT com o receptor pré-sináptico controla a síntese e a liberação do NT. Ou seja, se tem muita liberação de NT para a fenda sináptica, quando ele se liga a esse receptor, inibe uma maior liberação dessas moléculas. Se tem pouca liberação de NT na fenda, esse receptor estimula a maior síntese no neurônio. **A maioria das neurotransmissões, esses receptores são inibitórios: brecam uma maior liberação de NT de um neurônio para outro. Ex: α2 adrenérgico se liga ao receptor pré ligado a Gi, que inibe liberação de noradrenalina na fenda. 5) Remoção ou finalização do NT: A molécula não pode ficar muito tempo na fenda estimulando o outro neurônio; por isso tem esse mecanismo para finalizar esse efeito. 5.1 Inibição enzimática Ex: a AchE (acetilcolinesterase), presente na fenda sináptica, hidroliza a molécula de Ach em acetato + colina. O acetato vai para o sangue e será eliminado, e a colina (substrato) vai voltar para o neurônio e ser reaproveitada para novas sínteses. 5.2 Recaptação neuronal Na membrana pré-sináptica há neurotransportadores, que transportam a molécula de volta para o neurônio (recaptação neuronal). Ex: na neurotransmissão adrenérgica não tem enzima na fenda, e toda a noradrenalina e a adrenalina (que vem pelo sangue da suprarrenal), sofre esse processo de retorno para o neurônio. Essas moléculas podem ser armazenadas nas vesículas novamente ou podem ser inativadas (o que acontece na maioria das vezes) no botão terminal. INTERVENÇÃO FARMACOLÓGICA NA NEUROTRANSMISSÃO 1) Drogas que interferem com a síntese do NT ou transformação metabólica pela mesma via que o precursor do transmissor. *Se tiver uma droga que inibe alguma enzima que sintetiza o NT, ou se tiver uma droga que compete com o precursor do NT para entrar no neurônio. Nessas situações, a droga DIMINUI a neurotransmissão, porque há menor síntese e consequentemente menor liberação dos NT; e no casoda droga que compete com o substrato para entrar no neurônio, forma um falso transmissor. Ex: Metildopa – anti-hipertensivo que diminui a síntese da noradrenalina; forma falso transmissor e também estimula receptor inibitório pré para reduzir a liberação de NA. 2) Drogas que bloqueiam a captação vesicular do neurotransmissor. Ou seja, drogas que bloqueiam o armazenamento das moléculas neurotransmissoras em vesículas, e moléculas não armazenadas são inativadas por enzimas no interior do neurônio. Essas drogas DIMINUEM a neurotransmissão. Ex: Reserpina – anti-hipertensivo que bloqueia a captação vesicular de noradrenalina. 3) Drogas que bloqueiam a liberação do neurotransmissor. Essas drogas podem bloquear a entrada de cálcio; pode impedir a fusão das vesículas com a membrana pré; pode estimular o receptor inibitório pré-sináptico (ex: metildopa também se liga ao receptor α2 na membrana pré e impede a liberação de noradrenalina na fenda). Essas drogas DIMINUEM a neurotransmissão. Ex: Botox (toxina botulínica) – bloqueia a liberação de Ach, assim não terá contração da musculatura. Também é usada no tratamento de hiperidrose (produção excessiva de suor). 4) Drogas que facilitam a liberação do neurotransmissor ou depletam* as vesículas com NT. *Ruptura de todas das vesículas com NT; libera todo o estoque de uma vez. Essas drogas AUMENTAM a neurotransmissão. Ex: As anfetaminas têm esse efeito mas possuem outros mecanismos; tiramina entra no neurônio e descarrega o estoque de noradrenalina; veneno da aranha viúva negra (é uma α-latrotoxina), que depleta as vesículas com Ach, paciente pode morrer por parada respiratória; veneno de serpente. 5) Drogas que mimetizam* o transmissor nos receptores pós-sinápticos. *Drogas que imitam o efeito de um neurotransmissor endógeno são chamadas de agonistas. Essas drogas AUMENTAM a neurotransmissão por possuírem afinidade pelo receptor e por promoverem uma atividade intrínseca. Ou seja, além dos mediadores endógenos, o agonista também se liga ao receptor, e isso aumenta a ação/efeito desejado. Ex: Qualquer droga agonista: -Adrenérgicos: fenoterol (berotec) – imita a adrenalina nos brônquios e promove broncodilatação. É um agonista β2. -Colinérgicos: pilocarpina – imita a acetilcolina. 6) Drogas que bloqueiam* os receptores pós-sinápticos. *Drogas que bloqueiam os receptores pós são antagonistas; tem afinidade pelo receptor, mas não promove atividade intrínseca. Essas drogas impedem que os neurotransmissores naturais se liguem no receptor, e isso DIMINUIE a neurotransmissão. Ex: Qualquer droga antagonista: - Propranolol (β- bloqueador não seletivo) – anti-hipertensivo. -Atropina (antagonista colinérgico) – efeito contrário a pilocarpina. -Buscopam (antagonista colinérgico). 7) Drogas que inibem a inativação enzimática do NT. Ao inibir a inativação enzimática - que é uma forma de finalizar o efeito - os NT ficarão mais tempo na fenda estimulando os receptores pós, então AUMENTA a neurotransmissão. Ex: Drogas anticolinesterásicas – inibem a ação da acetilcolinesterase, e isso aumenta a concentração de Ach em todas as terminações parassimpáticas. Exemplos dessas drogas: organofosforados; gás dos nervos. 8) Drogas que inibem a recaptação neuronal do NT Ao inibir a recaptação neuronal, aumenta a concentração do NT na fenda, que ficam mais tempo estimulando os receptores pós. AUMENTA a neurotransmissão. Ex: Cocaína – inibe a recaptação de noradrenalina, serotonina, dopamina. -Fluoxetina – antidepressivo que inibe a recaptação de serotonina. OBS: Em uma mesma neurotransmissão NÃO tem recaptação neuronal e inativação enzimática juntos; ou é uma forma de remoção dos NT, ou é a outra. Na neurotransmissão colinérgica tem a inativação neuronal, e na adrenérgica, a recaptação neuronal. Aula 4: Farmacologia do Sistema Nervoso Simpático As catecolaminas – adrenalina, noradrenalina e dopamina – fazem parte do SNSimpático. OBS: norepinefrina = noradrenalina Epinefrina = adrenalina OBS: - A transformação de DOPA em dopamina, pela enzima dopa descarboxilase, ocorre na vesícula da terminação pré-sináptica. - Há formação de adrenalina, principalmente, na medula adrenal. (nessa glândula, tem mais enzimas feniletanolamina e N-metiltransferase do que em outras regiões do corpo). - Dependendo do local, há formação de apenas uma catecolamina. Ex: na via microestriatal, forma mais dopamina; na medula adrenal, forma mais adrenalina. As três catecolaminas endógenas exercem funções fisiológicas importantes no organismo, e a farmacologia sintetizou esses neurotransmissores para ter efeito terapêutico. NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA *Esquema mostra a neurotransmissão da noradrenalina, porém poderia ser com qualquer outra catecolamina. O aa tirosina é o substrato para formação das catecolaminas. Ao entrar no neurônio, há a síntese do neurotransmissor através de enzimas. Nesse caso, há a formação da NA, que por meio da enzima dopamina β-hidroxilase transforma dopamina em NA no interior de vesículas da terminação pré-sináptica. A NA armazenada na vesícula, para ser liberada para a fenda deve ter um estímulo sobre o neurônio, levando a uma despolarização - abertura de canais de cátions e influxo de íons positivos, como cálcio e sódio; nesse caso é cálcio. Após a liberação na fenda sináptica, a NA pode seguir vários caminhos, já que há grande quantidade dessa catecolamina liberada. Ela pode se ligar diretamente nos receptores adrenérgicos na terminação pós-sináptica (localizados na superfície da membrana), produzindo efeito. Ex: em vasos, a NA faz vasoconstrição. *As catecolaminas são agonistas endógenos, pois têm afinidade pelo receptor e o estimula, produzindo uma atividade intrínseca. A NA também pode se ligar ao receptor adrenérgico α 2 na terminação pré- sináptica. Esse receptor é diferenciado, pois controla a liberação de catecolaminas; faz a auto regulação inibitória (manda um sinal para parar a liberação, porque tem muito na fenda). A NA que não se ligou a receptores adrenérgicos pode ser recaptada para o neurônio, já que nessa neurotransmissão não tem enzimas que vão degradar catecolaminas na fenda. As enzimas que degradam/metabolizam as catecolaminas são: MAO (monoamina oxidase) e COMT (catecol-o-metil-transferase). A MAO está localizada próximo a mitocôndria, na terminação pré-sináptica; e a COMT está localizada na terminação pós-sináptica (está no tecido). Se a recaptação da catecolamina for na terminação pré, é chamado de recaptação 1; e se for na terminação pós, é a recaptação 2. *Essas receptações ocorrem por difusão; através de transportadores. Ao ser recaptada para a terminação pré, parte da NA será armazenada novamente nas vesículas e a outra parte será degradada pela MAO. E a NA que ainda está na fenda, será recaptada para a terminação pós (nos tecidos), e vai ser degradada pela COMT. OBS: A dopamina é uma catecolamina que só tem afinidade para receptores adrenérgicos em altas concentrações; ela tem mais afinidade por receptores de dopamina. Receptores adrenérgicos: - 1 - 2 - 1 - 2 - 3 (para a farmacologia não tem importância clínica – não existem drogas que atuem nele). OBS: Receptor : estão acoplados à proteína Gq, que ativa a fosfolipase C, produzindo efeitos através da liberação de Ca2+ intracelular. Receptor : estão acoplados à proteína Gs, que ativa a adenilato ciclase. Ligação das catecolaminas com os receptores: Receptor 1: • Músculo liso vascular contração *Nos vasos, há grandes quantidades de receptores 1, e fazem vasoconstrição, o que ajuda a aumentar a PA. • Músculo liso do trato geniturinário contração • Fígado glicogenólise, gliconeogênese Esse receptor está nas terminações pós-sinápticas; e quem se liga a ele são as catecolaminas: noradrenalina,adrenalina e dopamina em altas concentrações. Receptor 2: *Os receptores 2 são encontrados nas terminações pré e pós sinápticas, com papéis diferentes. • Ilhotas pancreáticas (células ) secreção de insulina (na terminação pós). • Terminações nervosas* liberação de NE (na terminação pré) - Esse receptor 2 é bastante encontrado na terminação pré-sináptica, principalmente nas terminações nervosas no SNC. Quando ativado, tem ação inibitória, manda um sinal para inibir a liberação de NA para a fenda (pois já tem muita) – faz auto regulação inibitória; é o único receptor que faz diminuir a atividade simpática. Quem estimula esse receptor é principalmente a noradrenalina (maior afinidade), adrenalina e dopamina em altas concentrações (menor afinidade). Receptor 1: *Os receptores 1 são encontrados nas terminações pós sinápticas. Adrenalina, NA e dopamina em altas concentrações se ligam a eles. • Coração aumento da frequência cardíaca - taquicardia (efeito cronotrópico positivo) e aumento da força de contração - ↑DC (efeito inotrópico positivo). • Rins (nas células justaglomerulares) aumenta secreção de renina* *Renina converte angiotensinogênio em angiotensina I, e pela enzima conversora de angiotensina (ECA), há a conversão em angiotensina II (mais potente vasoconstritor). -Quanto mais renina liberada, mais angio II será formado. Angio II promove vasoconstrição de arteríola eferente nos rins; estimula liberação de aldosterona (retém sódio e agua e secreta potássio); aumenta a síntese e depósito de colágeno no coração – contribui para o remodelamento cardíaco. Receptor 2: *Somente a ADRENALINA tem afinidade por receptores 2. NA e dopamina não se ligam a eles. • Músculo liso vascular relaxamento (vasodilatação) • Músculo liso brônquico relaxamento (broncodilatação) • Musculatura uterina relaxamento • Músculo esquelético tremor • Fígado glicogenólise, gliconeogênese • Pâncreas aumenta secreção de insulina OBS: No músculo liso vascular, há receptores 2 em menor quantidade e receptores 1 em maior quantidade (predomínio desse receptor nos vasos). -Nos brônquios há grandes quantidades de receptores 2, e quando a adrenalina se liga a eles, promove broncodilatação. *Adrenalina é o mais importante broncodilatador que o organismo produz. -Em situações de estresse ou na reação de luta e fuga, tem a ativação do SNSimpático, e a adrenalina produzida vai se ligar a receptores 2 nos músculos esqueléticos, e isso causa tremor. Receptores 3: • Tecido adiposo Lipólise DROGAS ADRENÉRGICAS OU SIMPATOMIMÉTICAS (imita o SNSimpático) Grupo farmacológico que imita as ações fisiológicas do SNSimpático; produz respostas teciduais semelhantes àquelas provocadas pelo estímulo do SN Simpático. Classificação: - Ação direta - Ação indireta - Ação mista 1. Drogas adrenérgicas de ação direta São drogas que estimulam diretamente os receptores adrenérgicos, que estão nas terminações pós e pré-sinápticas (pré- alfa 2). São agonistas, visto que se ligam aos receptores e produzem um efeito. As drogas são: catecolaminas endógenas; agonistas 1 e 2; agonistas 1 e 2 seletivos. OBS: as drogas catecolaminas endógenas imitam as ações das catecolaminas endógenas (as produzidas pelo organismo), por isso tem esse nome. -Mecanismo de ação = farmacodinâmica. *Catecolaminas endógenas: 1.1 Droga adrenalina Uso terapêutico: - Parada cardíaca - Choque anafilático = reação alérgica acentuada que pode desenvolver até edema de glote. Ex: picada de marimbondo; ingestão de certos alimentos como amendoim, camarão. - Hemorragias superficiais - Broncoconstrição - Associação com anestésicos **Explique a farmacodinâmica da adrenalina no choque anafilático. É uma situação de emergência porque o paciente fica asfixiado. Para reverter o caso, injeta-se adrenalina por via endovenosa ou intramuscular e essa droga por ter afinidade por receptores 2 nos brônquios, promove broncodilatação. É o melhor broncodilatador que existe. Não pode usar NA ou dopamina nesse paciente, pois estes não tem afinidade pelos receptores 2. **Explique a farmacodinâmica da adrenalina na parada cardíaca. A adrenalina administrada no paciente, se liga em receptores 1 no coração e promove um efeito cronotrópico positivo. Para aumentar a frequência cardíaca, a adrenalina é melhor que a NA. **Explique a farmacodinâmica da adrenalina nas hemorragias superficiais. Muitas vezes dentistas usam a adrenalina por via tópica, para controlar hemorragias superficiais. Adrenalina se liga a receptores 1 em vasos e promove vasoconstrição. Efeitos colaterais: - Taquicardia = efeito cronotrópico + (1 no coração) - Liberação de renina (1 nos rins) - Tremor (2 nos músculos esqueléticos) - Agitação, porque a adrenalina tem ação central. 1.2 Droga noradrenalina Uso terapêutico: - Manter a PA estável em algumas condições específicas, por ex: no choque circulatório. Nesse choque, a pressão diastólica reduz muito e começa a ter baixa perfusão tecidual, e pode vir a óbito. É uma condição perigosa, principalmente em idosos. *Explique a farmacodinâmica da noradrenalina no choque circulatório. A NA se liga a receptores 1 nos vasos e promove vasoconstrição, e também se liga em receptores 1 nos rins, e aumenta secreção de renina – para formar angiotensina II. OBS: No coração, a ação da adrenalina para aumentar a frequência cardíaca é melhor do que a NA; mas a ação da NA nos vasos para o efeito vasoconstritor é mais potente do que a adrenalina. Porque nessas situações a NA é mais usada do que a A? Nos vasos tem receptores 1 e 2. A NA tem afinidade apenas por receptores 1, e adrenalina tem afinidade pelos 2 receptores. O 2 faz vasodilatação e o 1 faz vasoconstrição. Por ter grande quantidade do receptor 1 nos vasos, o efeito vasoconstritor permanece, porém pelo fato da adrenalina se ligar nos 2 receptores (faz vasodilatação e vasoconstrição ao mesmo tempo), tem efeito menor do que a NA, que só faz vasoconstrição. *Tanto adrenalina como NA estimulam a secreção de renina (se ligam aos receptores 1 nos rins). Efeitos colaterais: A NA deve ser usada apenas no ambiente hospitalar, em pacientes na UTI, sob monitoramento contínuo. Porque essa droga pode aumentar muito a PA, levando a hipertensão grave; e por ter afinidade por receptores 1 no coração, tendo um efeito cronotrópico positivo, pode levar a arritmias. 1.3 Droga dopamina A dopamina só tem afinidade para receptores adrenérgicos em altas concentrações, e tem mais afinidade para receptores 1 e 1. Uso terapêutico: - Mesmo uso da NA (manter a PA estável em algumas condições específicas, por ex. choque circulatório). * - Insuficiência cardíaca sistólica descompensada. ** (fração de ejeção e DC estão baixos) * Dopamina em altas concentrações se liga a receptores 1 nos vasos → vasoconstrição, e também se liga em receptores 1 nos rins, aumentando secreção de renina. Às vezes, o médico associa droga NA e dopamina para melhorar a ação farmacológica e reestabelecer a pressão do paciente (que nesses casos está muito baixa). ** Paciente com essa patologia apresenta baixa contratilidade do coração, e para aumentar a força de contração usa a dopamina em altas concentrações – por via parenteral, que age nos receptores 1 do coração, promovendo efeito inotrópico positivo. Não se diz usar dopamina para efeito cronotrópico +, porque aumentar FC em um coração fraco não é interessante. Efeitos colaterais: - Aumento elevado da PA (hipertensão grave) - Taquicardia (porque também é um efeito que acontece no coração) OBS: É muito importante controlar a dose da droga no paciente, evitando que os efeitos colaterais se acentuem ainda mais. 1.4 Agonista seletivo de receptor 1 - Dobutamina é ofármaco que representa esse grupo, porque é seletiva para receptores 1, nos rins e coração. Não age em outros receptores. Uso terapêutico: - Insuficiência cardíaca sistólica descompensada (efeito inotrópico positivo - ↑ força de contração). * *Na prática clínica, a dobutamina é muito usada para essa situação. - Choque circulatório (estimula secreção de renina). OBS: Dobutamina X dopamina As duas drogas têm em comum o uso terapêutico, mas no tratamento da insuficiência cardíaca sistólica descompensada, é mais preferível utilizar a dobutamina, porque é mais seletiva (atua apenas em receptor 1) e além disso, possui um efeito inotrópico + maior que efeito cronotrópico +. Nessa condição é melhor o aumento da força de contração do que aumento da frequência cardíaca (que exige esforço cardíaco), porque o coração está fraco. Efeitos colaterais: - Taquicardia (efeito cronotrópico +). - Aumento da PA (ativa 1 nos rins). 1.5 Agonista seletivo de receptor 2 Se liga em receptores 2, localizados nos músculos esqueléticos, músculo liso vascular, músculo liso de brônquios, músculo uterino, pâncreas, fígado. - Salbutamol / Fenoterol (berotec) = curta ação – 4 a 6 horas. - Salmeterol / Formoterol = longa ação – 12 horas. Uso terapêutico: - Tratamento da asma e DPOC (receptor 2 nos brônquios – broncodilatação). OBS: Não é usada a adrenalina no tratamento de asma e DPOC porque ela não é seletiva; pode agir em outros receptores provocando efeitos colaterais. O efeito da adrenalina é mais intenso, por isso em choques anafiláticos se utiliza essa droga, ao contrário de agonistas 2. - Evitar parto prematuro (receptor 2 na musculatura do útero – relaxamento). O uso é apenas no ambiente hospitalar, geralmente por via parenteral. Efeitos colaterais: - Tremor (2 nos músculos esqueléticos). - Dessensibilização (quando os receptores 2 saem da superfície e se escondem no interior das células – tratamento fica comprometido). * - Taquicardia (atuam em receptores 1 no coração – efeito cronotrópico +. Ocorre apenas em doses altas). ** *Ao usar o agonista 2 durante muito tempo, os receptores se dessensibilizam, e o paciente volta a ter crises de asma; para reverter a situação, troca a medicação por um tempo, para que os receptores voltem para a superfície. ** Mesmo uma droga sendo seletiva, quando administrada em altas doses, ela perde sua seletividade. Ela é seletiva em doses baixas e intermediárias. 1.6 Agonista seletivo de receptor 1 - Metoxamina - Metaraminol - Nafazolina (neosoro) - Fenilefrina (antigripal) Uso terapêutico: - Descongestionante nasal *Explique porque a ação vasoconstritora atua como descongestionante nasal. A congestão nasal acontece por vasodilatação. No processo inflamatório, ocorre vasodilatação e aumento da permeabilidade capilar promovendo acúmulo de líquido e esse edema leva a congestão. Ao usar um agonista 1, há a vasoconstrição, que impede a saída de líquido dos vasos e fica sem congestão. Efeito colateral: - Aumento da PA (1 nos vasos – vasoconstrição). OBS: Não é recomendado o uso de antigripal por via oral com frequência, principalmente paciente hipertenso. 1.7 Agonista seletivo de receptor 2 - Clonidina - Metildopa Receptores 2 estão localizados, principalmente, em terminações pré-sinápticas no SNC. É o único receptor adrenérgico que reduz a atividade simpática – ele faz o controle da liberação de catecolaminas; manda um sinal inibitório. *Indique droga adrenérgica que reduz a pressão. Metildopa ou clonidina. São agonista seletivos 2; terá menor ativação de receptores 1; menor ativação em receptor 1. OBS: Quase todos os receptores adrenérgicos auxiliam no aumento de pressão arterial, MAS o receptor 2 é o único que auxilia na redução da PA. Uso terapêutico: - Tratamento da hipertensão arterial apenas em condições especificas. Ex: Clonidina = usada na urgência hipertensiva e na hipertensão refratária; e Metildopa = usada em grávidas hipertensas. *Essas drogas NÃO são usadas frequentemente no tratamento da hipertensão, porque existem classes farmacológicas melhores (ex: captoptil, lozartana). - Urgência hipertensiva é diferente de emergência hipertensiva. Na urgência, o paciente tem uma elevação da PA por estresse momentâneo, por ex., e passa mal e vai para o hospital, mas na emergência, há comprometimento de órgãos alvo, e pode evoluir para óbito se não tratado rapidamente. - Hipertensão refratária = uso de vários anti-hipertensivos e eles não reduzem a pressão. Assim, faz-se associação com outros medicamentos e um deles é a clonidina. - Metildopa não é um medicamento teratogênico; não há comprometimento fetal. Mas pode causar lesão hepática. Quando a grávida se utiliza desse medicamento, é importante verificar a função hepática durante o tratamento (enzimas tgo e tgp). *Quando os valores de tgo e tgp estiverem 3x maior que o valor de referência, desse suspender a droga metildopa. Agonistas 2 podem levar a sedação, porque tem grandes quantidades desses receptores no SNC. Aula 5: Bloqueadores neuromusculares A neurotransmissão muscular é a colinérgica, onde o neurotransmissor envolvido é a acetilcolina. OBS: Em todas as neurotransmissões da fibra pré ganglionar, tanto no SNAutônomo como no SNSomático, o neurotransmissor liberado é a acetilcolina sobre as fibras pós. Ou seja, nas fibras que recebem a ach, tem o receptor colinérgico nicotínico (aonde os bloqueadores neuromusculares agem). A ação desses bloqueadores neuromusculares é impedir/bloquear que a acetilcolina se ligue ao receptor nicotínico* da placa motora neuromuscular do músculo esquelético, e promova uma atividade intrínseca. *Esse receptor é nicotínico muscular. Os receptores colinérgicos são: - Nicotínicos: neuronal (N) e muscular - está na JNM - (M) - Muscarínicos: M1, M2, M3, M4, M5 Os receptores nicotínicos estão acoplados à canais de Na+, e são regulados por ligantes – que é o neurotransmissor. Ou seja, o funcionamento do receptor é regulado pela acetilcolina. A ligação da ach nesse receptor promove a abertura do canal e influxo de íons sódio e isso vai gerar a despolarização da membrana. -Esses receptores nicotínicos não estão presentes apenas na junção neuromuscular (JNM), mas também no SNC, em gânglios autonômicos – simpático e parassimpático na fibra pós-ganglionar. NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA 1) Síntese da acetilcolina Por meio de um co-transporte, a colina entra no neurônio junto com o sódio. No neurônio, a colina se liga ao acetil-CoA (substrato), e forma a molécula neurotransmissora. 2) Captação e armazenamento em vesículas 3) Liberação de neurotransmissor Ocorre um estímulo e a membrana se despolariza, tendo a abertura dos canais de cálcio e influxo desses íons. O cálcio promove a mobilização das vesículas para a margem e fusão com a membrana pré-sináptica, e exocitose da acetilcolina na fenda. 4) Ligação com o receptor A acetilcolina interage com o receptor colinérgico na membrana pós-sináptica, ou pode interagir com um receptor na membrana pré, indicando excesso de NT na fenda – é inibitório e sinaliza para parar a liberação de NT. 5) Degradação de NT A acetilcolina é degrada pela enzima acetilcolinesterase na fenda sináptica, quando tem o excesso desse NT. 6) Reciclagem do NT Acetato é eliminado e a colina é reaproveitada como substrato pelo neurônio. OBS: A toxina botulínica bloqueia a liberação de acetilcolina na fenda; e veneno de aranhas causam a liberação em excesso desse NT. *Quando a acetilcolina se liga em receptores da membrana pós (é excitatório), gera a atividade intrínseca. Tipos de bloqueadores neuromusculares: A. Antagonistas competitivos (tipo não despolarizante): compete pelo mesmo local que a acetilcolina interage; possui uma estrutura semelhante ao NT, tem afinidade pelo receptor,mas não promove atividade intrínseca. (Não terá despolarização da membrana). B. Agonistas (tipo despolarizante): se liga no receptor e gera um efeito. (A membrana se despolariza e leva a um bloqueio). OBS: exemplos A toxina botulínica passa por canais e entra no terminal axonal para bloquear a liberação de ach das vesículas. A tetrodotoxina, comum nos peixes exóticos, promove um bloqueio persistente do potencial de ação nos nervos. Bloqueadores neuromusculares: cada um possui um tempo de ação diferente, o que é importante para o uso em emergências, por exemplo. NÃO DESPOLARIZANTES DESPOLARIZANTES Atracúrio Mivacúrio Pancurônio Rocurônio Vecurônio Galamina Succinilcolina Tempo de ação: CURTO INTERMEDIÁRIO LONGO Mivacúrio Succinilcolina Rocurônio (SUMIRO) Atracúrio Vecurônio (AVE) d-Tubocurarina Metocurina Pancurônio (MEdPAN) OBS: Drogas de tempo de ação curto significa que possuem ação muito rápida e por isso o efeito também passa rápido. Uso terapêutico: - *Facilitar a intubação – endotraqueal, laringoscopia, broncoscopia e esofagoscopia em associação com um anestésico geral (Succinil); - *Adjuvantes da anestesia durante a cirurgia para relaxar os músculos esqueléticos (uso menor quantidade de anestesia); OBS: *Principal uso terapêutico. Sempre deve associar um bloqueador neuromuscular com um anestésico geral; ele nunca substitui totalmente um anestésico. É importante essa associação, porque quanto menos anestésico, mais rápida é a recuperação do paciente. - Cirurgias ortopédicas (alinhamento de fraturas e correção de deslocamentos) – BNM de ação rápida + anestésico - Tratamento eletroconvulsivo (TEC) para distúrbios psiquiátricos: - barbitúricos (depressor do SNC) ou ansiolíticos + BNM (ex: Succinil) - deixam a pessoa mais calma; - Controle de espasmos musculares e rigidez (toxina botulínica); TOXINA BOTULÍNICA É uma toxina isolada de uma bactéria anaeróbia (Clostridium botulinum), não só usada para fins estéticos, mas também para a clínica. Leva a uma paralisia flácida dos músculos esqueléticos; ainda dá certa mobilidade. Interage internamente no terminal do axônio do neurônio e bloqueia a liberação ou a fusão da vesícula contendo neurotransmissor para a fenda sináptica. Dura cerca de 3 a 4 meses. É usada para: estrabismo, blefarospasmo, espasmos hemifaciais, disfonia espasmódica adutora, distonia oromandibular, distonia cervical, espasmos associados às fissuras do esfincter esofágico inferior e do ânus, hiperidrose, remoção de rugas faciais... BLOQUEADORES NÃO DESPOLARIZANTES Mecanismo de ação: interagem com o receptor nicotínico na JNM e leva ao bloqueio. Eles impedem a despolarização da membrana da célula muscular e inibem a contração muscular. Não gera atividade intrínseca. Ex: Tubocurarina (é o protótipo) – tem maior afinidade pelo receptor do que a ach, e quando em maior concentração na fenda, vai “tomar” o lugar desse NT. A tubocurarina vem do curare, que é uma mistura de plantas que apresentava um alcaloide que levava a paralisia, mas não retirava a dor. Era usado em arco e flecha para caçar animais. Esse BNM não é absorvido pelo TGI, por isso a alimentação do animal não causava nada no homem. Existe uma ordem de ação de bloqueio: 1- Músculos pequenos (oculares) 2- Membros, pescoço e tronco 3- Musculatura intercostal 4- Diafragma A recuperação dos músculos é ao contrário: primeiro a voltar ao normal é o diafragma, e o último são os músculos pequenos. 1- Diafragma 2- Musculatura intercostal 3- Membros, pescoço e tronco 4- Músculos pequenos (oculares) *Lembrando que a recuperação é muito mais rápida ao usar um BNM em associação com um anestésico geral. *Estrutura de BNM não despolarizantes: quaternária com conjunto de aminas. Essa estrutura dificulta a absorcao no TGI e passagem pela barreira hematoencefálica. Esses BNM são: - Pouco absorvidos do trato gastrintestinal; - Injetados IV/IM (ineficazes por V.O.) – maioria é IV e em alguns casos pode fazer IM; - Início rápido da ação (intravenosa – efeito imediato); - Não atravessam barreira hematoencefálica; - Excretados inalterados na bile/urina; - Rápida hidrólise pela pseudocolinesterase plasmática (é degradada rapidamente, por isso em caso de cirurgias, faz a infusão constante); - Em geral, são seguros (exceção: em uso de d-tubocurarina, pode levar a HIPOTENÇÃO; ela leva a um bloqueio ganglionar - ↑ histamina, e taquicardia, pois também pode se ligar em receptores muscarínicos. Interações medicamentosas: - Inibidores da colinesterase (inibe a enzima acetilcolinesterase) - neostigmina, fisostigmina, piridostigmina e edrofônio. A ach fica em maior quantidade na fenda e podem superar a ação dos BNMs não despolarizantes, e se ligar ao receptor. - Anestésicos hidrocarbonetos halogenados – ex: desflurano potencializam o bloqueio neuromuscular por ação estabilizante na JNM; - Antimicrobianos aminoglicosídeos - gentamicina e a tobramicina inibem a liberação de ach dos nervos colinérgicos – tem efeito sinérgico ao bloqueio; - Bloqueadores dos canais de cálcio (impede a despolarização da membrana) – aumento do bloqueio neuromuscular dos bloqueadores competitivos. BLOQUEADORES DESPOLARIZANTES Ex: Succinilcolina – é o único BNM despolarizantes utilizado hoje em dia. Esses BNM são mais resistentes a degradação da enzima acetilcolinesterase, por isso ficam mais tempo interagindo com o receptor (interação persistente) na placa motora. Mecanismo de ação: Fase I: BNM se liga ao receptor e promove a abertura dos canais de sódio e influxo desses íons, promovendo a despolarização da membrana, que produz fasciculações transitórias seguidas de paralisia flácida. Fase II: rapidamente após a despolarização, ocorre a repolarização, mas o receptor é dessensibilizado aos efeitos da acetilcolina (receptor foi muito estimulado e perde a sensibilidade). Efeitos adversos - Hipertermia: hipertermia maligna – tem relação genética; causa rigidez muscular, acidose metabólica, taquicardia e hiperpirexia (coma) – halotano (anestésico geral) + succinilcolina; - Apneia: paralisia do diafragma (algumas pessoas têm deficiência da colinesterase plasmática e tem uma paralisia persistente desse músculo); - Hiperpotassemia: liberação reservas de K+ (é grave em pessoas queimadas, pois normalmente elas já perdem muito potássio; pode levar a uma hipopotassemia). AULA 6 DROGAS ADRENÉRGICAS OU SIMPATOMIMÉTICAS- AÇÃO INDIRETA E MISTA Lembrando: no SNSimpático, na terminação axonal, tem as vesículas contendo NA, adrenalina ou dopamina em seu interior. Na membrana pré está o receptor 2, e na membrana pós estão os receptores 1, 1 e 2. 2. Drogas adrenérgicas de ação indireta Essas drogas não se ligam diretamente nos receptores adrenérgicos, mas atuam aumentando de alguma forma a ação das catecolaminas endógenas; permitem um aumento da disponibilidade de neurotransmissor na fenda sináptica. As drogas de ação indireta podem atuar por três mecanismos: 1) Estimulação direta das vesículas na terminação pré-sináptica 2) Inibição da MAO e COMT - drogas irão inibir enzimas que degradam as catecolaminas; a MAO na membrana pré e a COMT na membrana pós. Assim ficam mais tempo na fenda. 3) Bloqueando a recaptação neuronal das catecolaminas – drogas que fazem com que as catecolaminas fiquem mais tempo na fenda. Ex: cocaína, antidepressivos. **Estimulação direta das vesículas na terminação pré-sináptica: Ex: Metilfenidato (= ritalina) e derivados. Essa droga é uma anfetamina. Mecanismo de ação: Essa droga de ação indireta age estimulando diretamente as vesículas na terminação pré, para que haja liberação de NA e dopamina na fenda. *Essas catecolaminas liberadas são endógenas, e a droga tem maior afinidade por essas duas catecolaminas do que com a adrenalina. Essesneurotransmissores liberados vão se ligar em receptores adrenérgicos. A dopamina liberada em baixas concentrações não tem afinidade pelos receptores adrenérgicos, e irá se ligar em receptores dopaminérgicos localizados na terminação pós. Ou seja, essa droga aumenta a concentração de NA e dopamina na fenda. - O metilfenidato possui outros mecanismos de ação, mas esse é o principal. Uso terapêutico: - Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) *Para o tratamento de TDAH usa-se as anfetaminas, porque elas aumentam a concentração de NA e dopamina na fenda. A NA aumentada tem uma ação importante a nível de SNC – isso é evidência clínica. Ela fica mais disponível na fenda e no SNC tem ação estimulante, e isso melhora a capacidade cognitiva dos pacientes (atenção, concentração, foco). O aumento da dopamina reduz o apetite. - Narcolepsia = é um sono excessivo que não dá para controlar; atrapalha as atividades rotineiras. Por isso, com o uso da anfetamina, o paciente fica acordado, pela ação estimulante no SNC. Efeitos colaterais: - Aumento da PA (NA pode se ligar em receptores 1 nos vasos fazendo vasoconstrição, e em receptores 1 nos rins, ↑ secreção de renina). - Taquicardia (NA pode se ligar em receptor 1 no coração, aumentando a frequência cardíaca – efeito cronotrópico +). - Diminui apetite (aumento da dopamina gera isso). - Sintomas depressivos, sensação de medo, tristeza (geralmente quem provoca é o aumento de dopamina). OBS: Todas as anfetaminas, quando usadas a longo prazo, podem causar tolerância. Ou seja, paciente usa a mesma dose, mesma concentração, mas a medicação vai perdendo sua resposta terapêutica, e para ter a mesma ação farmacológica de antes, deve aumentar a dose. É reversível só quando tira a medicação por um tempo maior. -Dopamina no TGI causa náuseas, vômitos e reduz o apetite. *Os efeitos colaterais devem ser monitorados pelo médico. 3. Drogas adrenérgicas de ação mista São drogas que atuam por duplo mecanismo de ação, agindo direta e indiretamente nos receptores adrenérgicos. *Ação direta: atuam diretamente no receptor 1 (receptor que essas drogas tem afinidade). *Ação indireta: mesmo mecanismo de ação das anfetaminas – estimulam diretamente as vesículas a liberarem NA e dopamina). Ex: Efedrina e pseudoefedrina - geralmente são associadas com antialérgicos. *Claritin D (loratadina) = é um antialérgico. Nesse fármaco, a loratadina está associada com a pseudoefedrina. *Essas drogas de ação mista já foram usadas para emagrecer e também já foram associadas com bebidas alcoólicas, por ter ação estimulante no SNC. Uso terapêutico: - Descongestionante nasal (as drogas de ação direta do tipo agonista 1 também possuem esse ação). = o receptor 1 se liga em vasos e faz vasoconstrição, ao contrário do processo inflamatório que faz vasodilatação e promove a congestão nasal. Efeitos colaterais: - Aumento da PA (atua diretamente em receptor 1 e causa vasoconstrição e também estimula indiretamente a liberação de NA, que também vai estimular receptor 1 nos rins aumentando secreção de renina). - Taquicardia (NA pode se ligar em receptor 1 no coração e aumenta FC). Ao usar um antialérgico associado a efedrina ou pseudoefedrina, sempre usa durante um período curto, por causa dos efeitos colaterais. OBS: Antigripais geralmente estão mais associados a fenilefrina – agonista 1 – do que a efedrina ou pseudoefedrina. PORQUE? Pois tem menos efeitos colaterais, já que são agonistas e agem apenas em receptores 1. USOS TERAPÊUTICOS DE DROGAS ADRENÉRGICAS: DROGAS ANTIADRENÉRGICAS OU SIMPATOLÍTICAS Grupo farmacológico que é contrário as ações do SNSimpático, ou seja, antagonizam os efeitos da estimulação simpática (bloqueiam os receptores adrenérgicos). São de ação direta e se dividem em: 1. Bloqueadores não seletivos – reversíveis ou irreversíveis. 2. Bloqueadores seletivos - 1 seletivo e 2 seletivo. 3. Bloqueadores - 1 seletivo e não seletivos. ANTAGONISTAS 1 SELETIVOS Ex: Prazosin; Terazosina. Os receptores 1 estão presentes em grande quantidade no músculo liso vascular, e fazem vasoconstrição. Ao bloquear esse receptor, tem a vasodilatação. Uso terapêutico: - Anti-hipertensivo (os antagonistas 1 promovem vasodilatação, pois inibem a contração dos vasos e isso reduz resistência periférica e consequentemente, reduz a PA. Mas como anti-hipertensivos, essas drogas possuem baixa eficácia). - Hiperplasia benigna de próstata. BETA BLOQUEADORES São antagonistas que bloqueiam os receptores . Se dividem em três grupos: 1. bloqueadores não seletivos = bloqueiam os receptores 1 e 2. Ex: Propranolol. 2. bloqueadores seletivos = bloqueiam apenas receptores 1. Ex: Atenolol; metoprolol. 3. bloqueadores seletivos com atividade vasodilatadora adicional = bloqueiam receptores 1. Ex: Carvedilol (bloqueia receptor 1 e 1) e nebivolol (bloqueia receptor 1 e estimulam liberação de óxido nítrico – promove vasodilatação). -Comum nas 3 classes: bloqueio de receptor 1. (mais importante efeito dos beta bloqueadores). OBS: Os receptores 1 estão presentes no coração (efeito cronotrópico + e inotrópico +) e nos rins (↑ secreção de renina). Ao bloquear o receptor 1, tem: - No coração: efeito cronotrópico e inotrópico - - Nos rins: ↓ secreção de renina Uso terapêutico das 3 classes: - Tratamento da hipertensão arterial * *Explique a boa eficácia anti-hipertensiva dos beta bloqueadores? Essa classe farmacológica bloqueia os receptores 1 especialmente no rim, já que a renina é um “precursor” para formação de angiotensina II, que é o mais potente vasoconstritor. Embora a ação bloqueadora aconteça também no coração reduzindo débito cardíaco, o mais efetivo para reduzir a PA é diminuir a produção de angio II. - Tratamento da arritmia * *Relacione o uso do beta bloqueador no tratamento da arritmia. Essas drogas atuam no coração bloqueando receptor 1, e isso diminui a frequência cardíaca (efeito cronotrópico -). OBS: É usado beta bloqueadores para pacientes infartados que chegam no hospital, porque essas drogas controlam a frequência cardíaca do paciente, reduzindo esforço cardíaco e o consumo de oxigênio. Porque quando acontece um infarto, como mecanismo compensatório, o organismo aumenta frequência cardíaca, aumentando esforço cardíaco e consome muito oxigênio. - Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) **Apenas os beta bloqueadores de terceira geração (carvedilol e nebivolol) não elevam os níveis de glicose e também não alteram o perfil lipídico. Eles são os melhores para o tratamento, porém são caros no mercado e nem sempre estão disponíveis. Isso indica que os beta bloqueadores de primeira e segunda geração podem alterar perfil lipídico e elevar os níveis de glicose. Ainda não existe uma explicação farmacológica para isso. - Paciente diabético ou um paciente dislipidêmico pode usar os de primeira e segunda geração? Sim, mas com cautela avaliando os níveis de glicose e perfil lipídico, ou seja, não é contraindicado o uso desses beta bloqueadores. OBS: Os beta bloqueadores, com exceção do atenolol, – droga que retarda crescimento fetal - podem ser usados em grávidas com hipertensão, assim como o metildopa (agonista 2). *Propranolol é o único beta bloqueador que bloqueia receptor 2, e por isso é usado no tratamento do tremor, já que esses receptores estão localizados nos músculos esqueléticos. Essa droga também é usada no tratamento da enxaqueca e da ansiedade. *Beta bloqueador pode causar impotência sexual, com exceção do nebivolol, que libera NO e permite vasodilatação das artérias, contribuindo para ereção peniana. Contraindicação dos beta bloqueadores - Pacientes asmáticos e DPOCíticos (doença pulmonar obstrutiva crônica) *Ideal é evitar todos as gerações,principalmente os não seletivos, porque existe receptor 2 nos brônquios fazendo broncodilatação. Ao bloquear esses receptores, leva a broncoconstrição e consequente piora da asma e da DPOC. Os seletivos também devem ser evitados, porque dependendo da dose que se utiliza, eles perdem a seletividade, bloqueando também receptores 2. Ex: Paciente infartou e é asmático, o que fazer? Usa um beta bloqueador seletivo em doses baixas. - Pacientes com frequência cardíaca abaixo de 50 bpm *Porque os beta bloqueadores podem reduzir mais ainda a PA, pelo efeito cronotrópico -.
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