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1 MORCEGOS (MAMMALIA, CHIROPTERA): REPRESENTAÇÃO SOCIAL E DESMISTIFICAÇÃO Ana Carolina dos Santos Silva¹, Andreza Dias da Silva¹, Carmen Nicole de Sousa¹, Karina dos Prazeres Neves¹. 1Escola de Ciências da Saúde da Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, SP/Brasil. RESUMO: Morcegos, pertencentes à ordem Chiroptera, mamíferos míticos que despertam curiosidade, medo, asco e que incitam o imaginário humano. Presentes no planeta há mais de 50 milhões de anos, a convivência com o homem tem sido conturbada nos últimos dois séculos. Classicamente representados por duas grandes subordens: Megachiroptera e Microchiroptera, são os únicos mamíferos com capacidade real de voo e animais extraordinariamente benéficos. Atuando como polinizadores, dispersores de sementes ou predadores de pragas agrícolas, apresentam papel indispensável na natureza. Acerca do estigma carregado pelos quirópteros, este presente projeto propõe-se a analisar a produção científica através de uma revisão da literatura, com a busca por artigos publicados sobre morcegos presentes em diferentes áreas e com tipos específicos de dieta alimentar. Foram revistos vinte e três artigos que demonstram sua diversidade e contribuição ecossistêmica, visto que os morcegos obtêm papel fundamental no processo ecológico, sobretudo no que diz respeito ao quesito da restauração e regeneração florestal. Dessa forma, foram necessários diferentes estudos para a demonstração dos reais e significativos benefícios desses mamíferos, contribuindo, assim, para a desmistificação dos mesmos. Palavras-chave: Morcegos; Chiroptera; Dieta; Benefícios. BATS (MAMMALIA, CHIROPTERA): SOCIAL REPRESENTATION AND DEMYSTIFICATION ABSTRACT: Bats, belonging to the order Chiroptera, mammals that arouse curiosity, fear, disgust and incite the human imagination. Present on the planet for more than 50 million years, the relationship with man has been troubled in the last two centuries. Classically represented by two major suborders: Megachiroptera and Microchiroptera, they are the only mammals with real flying capacity and extraordinarily beneficial animals. Acting as pollinators, seed dispersers or predators of agricultural pests, it plays an indispensable role in nature. About the stigma carried by chiropterans, this project aims to analyze scientific production through a literature review, with the search for published articles on bats present in different areas and with specific types of diet. Twenty three articles were reviewed, demonstrating their diversity and ecosystem contribution, since bats play a fundamental role in the ecological process, especially with regard to forest restoration and regeneration. Thus, different studies were necessary to demonstrate the real and significant benefits of these mammals, contributing to their demystification. Keywords: Bats; Chiroptera; Diet; Benefits. 2 INTRODUÇÃO Os Morcegos são mamíferos voadores que pertencem à ordem Chiroptera e constituem grande parte da mastofauna de áreas tropicais, tanto em número de espécies quanto em diversidade ecológica (Taddei, 1983). O nome da ordem Chiroptera provém do grego “cheir” (mão) e “pteron” (asa) indicando que a asa de um morcego é uma mão altamente modificada. Essa é uma das ordens mais características de mamíferos, pois os morcegos são os únicos a apresentar estruturas especializadas que permitem um voo verdadeiro (Peracchi et al., 2006). Ainda segundo Peracchi et al. (2006), a ordem Chiroptera tem sido classicamente dividida em duas subordens: Megachiroptera e Microchiroptera. Assim, a subordem Megachiroptera apresenta somente a família Pteropodidae, com espécies conhecidas como raposas voadoras e que caracteristicamente não apresentam sistema de ecolocalização. Essas espécies são frugívoras e ocorrem no Velho Mundo, geralmente vivendo em grandes colônias em árvores na África, Ásia e Oceania (Simmons & Geisler, 1998). Enquanto que a subordem Microchiroptera tem distribuição no Novo e Velho Mundo, com centenas de espécies, 17 famílias e quatro superfamílias: Rhinolophoidea, Emballonuroidea, Noctillionoidea e Vespertillionoidea (Teeling et al., 2005). Os morcegos desta subordem são, em sua maioria, insetívoros. Porém, há algumas espécies com especializações para se alimentar de pólen, frutas, néctar, brotos de plantas, até outros animais (vertebrados e invertebrados) e sangue. São animais de vida longa que podem conviver em colônias com uma ou mais espécies e de poucos a milhares de indivíduos, sendo raramente solitários (Nowak, 1991). Vale lembrar que muitas espécies de morcegos atuam como dispersoras de sementes, polinizadoras e controladoras de populações de insetos (Kunz et al., 2007). A sobrevivência dos morcegos depende principalmente da sua mobilidade na procura de comida e na presença de abrigo (Savani et al., 2010; Aguiar et al., 2014). Contudo, sua importância ecológica é ignorada e estes costumam ser lembrados como animais indesejáveis e causadores de doenças. Os mitos sobre os morcegos estão presentes em muitas culturas e, também, nos principais meios de comunicação, sendo este o grupo de mamíferos, e talvez o de animais, mais rodeado de mitos, o que não lhes dá uma imagem carismática ao grande público (Marinho-Filho; Sazima, 1998). Algumas confusões e mitos acerca de morcegos dizem respeito principalmente aos espécimes que têm hábito hematófago, como ressaltam Esberard et al. (1996), quando afirmam que um dos pontos destacados para a perseguição dos morcegos é o medo do vampirismo. Segundo Silva et al. (2013, p. 2), a má interpretação influencia na preservação dos morcegos visto que as lendas e os mitos acabam desvirtuando a verdadeira função deles no meio ambiente. 3 Nesse sentido: A grande falta de informação sobre um determinado grupo biológico pode causar uma significativa diminuição de sua população, no caso os morcegos são extremamente atingidos pela ausência de informação ou o excesso dela que neste último caso vem sendo passada pela mídia de uma forma extremamente negativa causando consequentemente um grande preconceito de várias culturas em relação a estes animais (Silva et al., 2013, p. 2). Reconhecendo o grau de ameaça e a importância ecológica do grupo, o presente projeto propõe-se, através de uma revisão da literatura, corrigir os conceitos distorcidos a respeito da espécie para a sua preservação. OBJETIVOS Desmistificar a visão negativa associada aos morcegos e esclarecer a importância ecológica desses animais para o meio ambiente através da realização de uma revisão da literatura. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo desenvolvido trata-se de um levantamento bibliográfico, de caráter qualitativo conduzido através de análise de produção científica acerca da ordem Chiroptera, a qual buscou examinar e compreender estudos referentes às principais contribuições ecológicas e características biológicas das espécies de morcegos. Segundo Severino (2007), a modalidade de pesquisa feita através de revisão contém como característica, estudos que já foram realizados e que encontram-se disponíveis em diferentes materiais, tais como em livros, artigos, teses e documentos impressos. Para a realização deste projeto, foram levantadas publicações em artigos científicos nos idiomas português e inglês, entre os anos de 1968 e 2020. Efetuou-se uma revisão da literatura, com os artigos sendo pesquisados nas bases de dados Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e ResearchGate, utilizando as palavras-chave Bat*, Morcego*, Chiroptera*, Mammal*, Diet* e Conservation*. Além disso, utilizou-se o livro “Mamíferos do Brasil”, pertencente ao acervo da biblioteca digital da Universidade Anhembi Morumbi, na plataforma “Minha Biblioteca”.A coleta de dados foi realizada através de leitura exploratória de todo o material selecionado, registrando informações extraídas de publicações consultadas, objetivando apenas material de interesse acerca da ordem Chiroptera, a qual buscou examinar e compreender estudos referentes às principais contribuições ecológicas e características biológicas das espécies de morcegos. As publicações analisadas descrevem os aspectos ecológicos em que os morcegos vivem, pois, determinadas espécies apresentam diferentes hábitos no que diz respeito à alimentação e locais de ocorrência. Posteriormente, uma leitura analítica foi realizada a fim de ordenar as informações presentes nas fontes. A amostra constituiu-se de vinte e três trabalhos sobre morcegos de diferentes regiões, devido a importância dos mesmos no processo de manutenção e regeneração de ecossistemas. 4 RESULTADOS Tanto Knight (2008), Frank et al. (2015) e Johansson et al. (2016) concordam que existem evidências bem estabelecidas que indicam que pessoas raramente protegem, e frequentemente desprezam, ou até matam, os animais que temem. Kingston et al. (2016) mencionam que ao longo da história, morcegos foram objetos de medo e hostilidade em muitas culturas, provavelmente devido ao seu comportamento noturno e evasivo. Além disso, segundo López-Baucells et al. (2017), a cobertura tendenciosa da mídia classificou os morcegos como reservatórios de vírus excepcionalmente perigosos, gerando manchetes assustadoras em todo o mundo, colocando em risco décadas de progresso na conservação. Embora ofereçam serviços ambientais e econômicos vitais, as populações de morcegos estão diminuindo em todo o mundo, principalmente como resultado da atividade humana. Vale ressaltar que o fato de que a maioria dos morcegos repousa durante o dia e se alimenta à noite, dispersando dos seus refúgios diurnos ao entardecer (Peracchi et al., 2006) dificulta a identificação e o reconhecimento das diferenças entre as espécies. Além disso, características como o aspecto morfológico, os sons que os morcegos emitem, seus voos rasantes e o distanciamento que as pessoas mantêm desses animais alimentam o medo e o preconceito com relação ao grupo (Soares et al., 2011; Silva et al., 2013). A perda de habitat continua sendo o perigo mais difundido no mundo. As florestas que muitos morcegos usam para empoleirar e/ou procurar alimentos estão desaparecendo a um ritmo assustador - encolhidas por colheitas de madeira ou desmatadas para abrir espaço para plantações agrícolas, operações de mineração, pastagens ou cidades. Isso é especialmente crítico nas florestas tropicais, com uma rica diversidade de espécies de morcegos e uma perda vertiginosa de florestas. Além disso, inúmeros morcegos estão sendo expulsos de ninhos em cavernas e minas abandonadas por causa da mineração inadequada de guano (excrementos de morcegos, ou guano, são um fertilizante valioso) ou turismo impensado. Durante os meses de inverno, um grande número de morcegos hiberna em cavernas e minas. Se despertados da hibernação, geralmente por distúrbios humanos, os morcegos podem queimar os estoques de gordura de que precisam para sobreviver no inverno. Trajano (1984) afirma que as cavernas são abrigos naturais para morcegos que atingem as maiores dimensões, fornecendo grande proteção não só em função da estabilidade climática, mas também pela raridade de outros mamíferos, aves ou répteis que atuem como predadores ou competidores nesses locais. Em grande parte do mundo, os morcegos ainda são mortos casualmente por causa de mitos prejudiciais e medos equivocados. Na América Latina, colônias inteiras de morcegos benéficos são rotineiramente destruídas na crença equivocada de que todos os morcegos são vampiros. Na realidade, apenas três das mais de 1.300 espécies de morcegos se 5 alimentam de sangue. Segundo Fenton e Simmons (2015), a ordem Chiroptera é a segunda maior ordem de mamíferos do mundo, com mais de 1300 espécies de morcegos descritas, sendo encontradas em todos os continentes, com exceção da Antártica. Tradicionalmente composta por duas subordens, Megachiroptera e Microchiroptera, denominação essa indicativa dos tamanhos grandes e pequenos, respectivamente, dos morcegos. Os Megachiroptera restritos ao Velho Mundo e os Microchiroptera cosmopolitas (Simmons, 2005). Cleveland et al. (2006) e Weber et al. (2007) relatam que morcegos são considerados um dos vertebrados silvestres que mais interagem com seres humanos, seja por meio do uso de habitações, se alimentando em árvores frutíferas ou caçando insetos em áreas urbanas e rurais. Mais de 1.390 espécies de morcegos em todo o mundo desempenham papéis ecológicos que são vitais para a saúde dos ecossistemas naturais e das economias humanas. Essenciais para a saúde dos ecossistemas terrestres graças a grande diversidade de hábitos alimentares, executando papéis cruciais na manutenção de serviços ecológicos. São indispensáveis em florestas tropicais (KALKO 1998). Podem controlar populações de insetos (PINE 1968, HOWEL & BURCH 1974, KUNZ & WHITAKER 1974), incluindo algumas das pragas agrícolas mais prejudiciais. Outros polinizam muitas plantas valiosas, garantindo a produção de frutas que auxiliam as economias locais, bem como diversas populações de animais. Os morcegos que se alimentam de frutas nos trópicos dispersam sementes essenciais para restaurar as florestas tropicais desmatadas ou danificadas. Até os excrementos de morcegos (chamados guano) são valiosos como um fertilizante natural rico. Guano é um importante recurso natural em todo o mundo e, quando extraído de maneira responsável, tendo em mente os morcegos, pode fornecer benefícios econômicos significativos para os proprietários de terras e as comunidades locais. Vastas extensões de floresta tropical do mundo são limpas todos os anos para exploração madeireira, agricultura, pecuária e outros usos. E os morcegos frugívoros são atores- chave na restauração dessas florestas. Os morcegos são tão eficazes na dispersão de sementes em florestas devastadas que foram chamados de "agricultores dos trópicos". Vários outros animais dispersam sementes, porém, os morcegos voam grandes distâncias todas as noites e tem um processo digestivo muito acelerado, o que faz com que espalhem as sementes mais rapidamente e em distâncias muito maiores do que o realizado por aves e mamíferos não voadores (LAURINDO & NOVAES, 2015). E muitas das sementes dispersas por morcegos são de plantas pioneiras resistentes, as primeiras a crescer nas condições quentes e secas das clareiras. Morcegos dispersam as sementes de tâmaras, figos e cajus - entre muitos outros. Os morcegos insetívoros representam 70% de todas as espécies de morcegos e são amplamente distribuídos (SIMMONS, 2005). Eles desempenham um papel ecológico importante no controle de populações de insetos, incluindo pragas 6 agrícolas (BOYLES et al. 2011). A presença de morcegos em zonas rurais reduz drasticamente as pragas agrícolas, possibilitando a diminuição no uso de agrotóxicos (LAURINDO & NOVAES, 2015). Diferente do que pensa a maioria das pessoas, a maior parte das espécies de morcegos é insetívora. Morcegos frugívoros, que se alimentam de frutos e outras partes vegetais, também são abundantes. Muitas espécies se alimentam do néctar secretado pelas flores, e também são considerados ótimos polinizadores. Durante o consumo do néctar, os morcegos mantêm contato com os grãos de pólen da planta que acabam aderidos à sua pelagem. Como um indivíduo de morcego nectarívoro visita muitas plantas em uma mesma noite, acaba carregando o pólen de uma planta para outra, contribuindo assim para a polinização e reprodução de centenas de espéciesflorais. Há espécies vegetais que são polinizadas somente por morcegos, e algumas dessas espécies possuem um grande interesse econômico. No Brasil os morcegos polinizam plantas como o pequi, maracujás nativos, sumaúma, munguba, jatobá, xique-xique, facheiro, bromélias e muitas outras (LAURINDO & NOVAES, 2015). Das mais de 1.330 espécies de morcegos que habitam a Terra, há apenas três que bebem sangue: o morcego-vampiro comum (Desmodus rotundus), a espécie mais comum e abundante, e ocorre em praticamente todo o Brasil. Este morcego se alimenta de sangue de mamíferos e aves, e os mais raros morcegos-vampiros Diphylla ecaudata e Diaemus youngi. Os dois últimos preferem aves. Aliás, um mito que deve ser rebatido é que morcegos atacam as pessoas, os “temíveis” morcegos-vampiros. Com certeza podem acontecer ataques a humanos, mas são casos isolados, eles preferem se alimentar de presas que não têm como espantá-los durante a refeição (OPREA, 2005). Oprea (2005) relata que, como todos os animais, eles vão se defender caso se sintam acuados. É lógico que se alguém tentar pegar um morcego ele irá morder. Aí está o problema. Como qualquer outro animal, os morcegos podem transmitir doenças. Nesse caso a raiva é a mais preocupante. Mas é comprovado que os casos de raiva provocados por morcegos são significativamente menores do que os provocados por outros animais como cachorros e gatos. Vale ressaltar que, os morcegos são hospedeiros naturais de coronavírus, incluindo alguns que estão intimamente relacionados ao vírus SARS-CoV-2. Os coronavírus são membros da subfamília Coronavirinae da família Coronaviridae e da ordem Nidovirales (Jie Cui et al., 2019). Com relação à pandemia atual de COVID-19, sabe-se apenas que o vírus é de origem animal, provavelmente de um animal silvestre. Uma análise do genoma viral completo demonstrou que o vírus SARS-CoV-2 está intimamente relacionado (89% de similaridade) a um grupo de coronavírus do tipo SARS que havia sido encontrado anteriormente em morcegos na China. Contudo, outra comparação do genoma viral completo do SARS-CoV-2 mostrou uma grande similaridade (91%) com um 7 betacoronavírus de pangolins (Pangolin-CoV). Apesar de haver evidências de que o novo coronavírus tenha se originado em morcegos, isso não significa que foi transmitido diretamente de morcegos para humanos. Pesquisadores envolvidos no estudo da revista científica Nature apontam que as diferenças biológicas entre morcegos e humanos indicam que é provável que o novo coronavírus precise passar por outro mamífero para se multiplicar ou sofrer mais mutações antes de chegar aos seres humanos. Dessa forma, mais pesquisas são necessárias para estabelecer exatamente como o vírus foi transmitido do animal para os seres humanos. Existem muitas lacunas em nosso conhecimento sobre morcegos e vírus zoonóticos, e associar os animais à proliferação dessas doenças é um desserviço. Afinal, a conservação desses mamíferos é particularmente indispensável, pois afeta a todos nós. Se você acha que não mora perto de morcegos ou que sua vida não é impactada por morcegos, pense novamente. Os morcegos estão distribuídos por todo o planeta, exceto em ilhas isoladas do continente, em regiões muito frias (Ártico e Antártica), e em regiões de altitudes extremas (LAURINDO & NOVAES, 2015). Ao contrário do quadro pintado por mitos e superstições, os morcegos não vivem suas vidas isoladas em cavernas escuras; pelo contrário, eles interagem diariamente com os mesmos campos, florestas e cursos de água que nós. Sua ampla distribuição se dá pela diversidade de hábitos alimentares, onde encontramos animais frugívoros, insetívoros, nectarívoros, carnívoros, piscívoros e hematófagos (REIS et al., 2007). Essa diversidade alimentar faz dos morcegos grandes aliados na manutenção dos ecossistemas (REIS et al., 2007). Dessa forma, seus serviços ao meio ambiente, à agricultura e à saúde e bem-estar humanos estão disponíveis ao nosso redor, sustentando nossos modos de vida. Quer você perceba ou não, existe uma conexão estreita entre os morcegos e as pessoas ao redor do mundo e, portanto, a conservação destes é do nosso interesse comum, pois o benefício é para todos. 8 A seguir, é apresentada a distribuição de artigos nos idiomas português e inglês, que foram selecionados para o embasamento teórico deste projeto. CONCLUSÃO Historicamente, morcegos são associados ao mal, são alvo de perseguição e discriminação, gerando grandes obstáculos para a sua conservação. Contudo, morcegos desempenham papéis indispensáveis ao ambiente. O desconhecido causa medo; porém, a partir do momento que informações sobre quirópteros chegam à população, através de palestras, oficinas ou cursos, auxiliando e orientando diferentes públicos, conseguimos alcançar a finalidade de esclarecer e demonstrar a importância do grupo à natureza e às pessoas, contribuindo, assim, para a sua desmistificação e consequentemente, sua conservação. 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