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ALINE - REVISADO 1

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57
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JAGUARIÚNA
	
ALINE AZEVEDO TEIXEIRA
O IMPACTO DA SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL SOBRE OUTROS TIPOS SOCIETÁRIOS NO BRASIL
	
Jaguariúna 
2020
ALINE AZEVEDO TEIXEIRA
O IMPACTO DA SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL SOBRE OUTROS TIPOS SOCIETÁRIOS NO BRASIL
Monografia realizada como Trabalho de Conclusão de Curso, para a obtenção do título de Bacharel em Direito.
Prof. orientador: Raphael Jorge Tannus
Jaguariúna
2020
	
	
Ficha catalográfica elaborada
Biblioteca Paulo Freire - UniEduk
Maria Virginia Rosa – CRB - 7790/8
 (
 Teixeira
, 
Aline Azevedo
 T
264
i
 O impacto da Sociedade Limitada Unipessoal sobre outros tipos 
 societários no Brasil
 / 
Aline Azevedo Teixeira – Jaguariúna, SP: [s.n.], 2020
.
 Orientador: 
Raphael Tannus
TCC - Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Curso Direito, 
Centro Universitário de Jaguariúna.
 1.
Direito Empresarial. 2. Direito Civil. 3. Sociedade Limitada 
Unipessoal. I. Tannus, Raphael
 Jorge
. II. Centro Universitário de Jaguariúna, Curso 
de Direito. III. Título.
 CDD 340 
)
ALINE AZEVEDO TEIXEIRA
O IMPACTO DA SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL SOBRE OUTROS TIPOS SOCIETÁRIOS NO BRASIL
Exemplar correspondente a redação final da Monografia, aprovada como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito pela Comissão Julgadora, no Centro Universitário de Jaguariúna.
Data de aprovação: ____ / ____ / ______
Orientador: _________________________________________________________
Componente da banca: ________________________________________________
Componente da banca: ________________________________________________
Jaguariúna
2020
Dedico esse trabalho ao pai Olorum, ao pai Baiano e a meus pais com todo carinho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao meu pai Olorum e aos meus guias, pois sem eles essa jornada não seria possível.
Agradeço a Yá Judite por todo o carinho, amor e atenção que me foi apresentado pela primeira vez.
Agradeço ao Pai Baiano, por todos os passes, por todas às noites em que não sabia se conseguiria complementar essa árdua jornada e graças a sua ajuda pude chegar até esse importante momento.
Agradeço a família que tenho e a que criei, a que me apoio e a que me incentivou, a que me reergueu quando me achei incapaz de levantar.
Agradeço, em especial, à minha mãe, que apenas pode ver o início desta jornada, mas que de alguma forma sei que estará vendo o fim dela.
Aos meus amigos e colegas dessa jornada, principalmente à Carolyne Covissi que percorreu todo este trajeto comigo, que compartilhou das minhas dores, que me ajudou e me entendeu quando ninguém mais entendia.
Ao meu professor e orientador, Raphael Jorge Tannus, pelas orientações, as quais foram primordiais para conclusão deste trabalho, pelo lado humano e solidário que depositou em mim, acolhendo minhas lágrimas em um momento de desespero.
A todos os professores que com seu amor pela profissão nos incentivam diariamente a continuar e persistir.
Agradeço também aos membros da banca, por estarem presentes participando e contribuindo para a finalização desse ciclo tão importante.
E a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.
	Meus mais sinceros, 
 Muito obrigada.
Teixeira, Aline Azevedo, O impacto da Sociedade Limitada Unipessoal sobre outros tipos societários no Brasil, Jaguariúna, 2020. Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de Bacharel em Direito – Centro Universitário de Jaguariúna (UniFaj), 2020. 
RESUMO
O presente trabalho analisa o impacto trazidos pela criação da sociedade limitada unipessoal sobre os outros tipos societários, percorrendo as características e os conceitos relativos ao entendimento eficaz deste trabalho. Explica as discussões que percorreram o tempo e a motivação da necessidade de criarem novas normas legais e sociais para a evolução dos direitos empresariais, além de demonstrar todos os argumentos sobre a sua necessidade, fato estes que levaram ao tema deste trabalho, onde será demonstra da por qual motivo foi necessário fazer o uso de novas normas para atender ao mercado de trabalho, principalmente em meio a uma crise econômica ao qual o país se encontra, de forma a qual poderá ser garantido o direito a todos os que possuem o interesse de empreender uma solução mais simplificada, menos burocrática e com valor monetário inferior, porém o trabalho irá um pouco mais além do que mostrar apenas as discussões atuais, sendo apresentado de forma a qual não fira matérias básicas, porém importantes para o mundo jurídico.
Caracterizam as normas constitucionais discutidas, os elementos jurídicos e a aplicabilidade do instituto, provando que a mesma não fere princípios básicos, sendo totalmente o contrário disto e mostrando os princípios que norteavam a manutenção de uma forma societária inacessível.
Por fim, defenderei a sua evolução com base em normas constitucionais, indo de acordo com os princípios e normas regentes no Código Civil Brasileiro, a qual é o objetivo central do presente trabalho, trazendo pontos os quais darão ao leitor motivos para acreditar e confiar de forma científica que este é o melhor meio para a efetivação real da justiça.
Palavra-chave: Empresa; Empresário; Direito.
Teixeira, Aline Azevedo, The impact of SociedadeLimitadaUnipessoal on other corporate types in Brazil, Jaguariúna, 2020. Graduation work to obtain the title of Bachelor of Law - Centro Universitário de Jaguariúna (UniFaj), 2020.
ABSTRACT
The present work analyzes the impact brought about by the creation of a sole proprietorship on other types of companies, covering the characteristics and concepts related to the effective understanding of this work. It explains the discussions that went through time and the motivation for the need to create new legal and social norms for the evolution of business rights, in addition to demonstrating all the arguments about their need, a fact that led to the theme of this work, where it will be demonstrated by why it was necessary to make use of new standards to meet the labor market, especially in the midst of an economic crisis that the country is in, so that the right to all who have the interest to undertake a a more simplified solution, less bureaucratic and with a lower monetary value, but the work will go a little further than showing just the current discussions, being presented in a way that does not hurt basic matters, but important for the legal world.
They characterize the constitutional rules discussed, the legal elements and the applicability of the institute, proving that it does not hurt basic principles, being quite the opposite of this and showing the principles that guided the maintenance of an inaccessible corporate form.
Finally, I will defend its evolution based on constitutional norms, going according to the principles and norms governing the Brazilian Civil Code, which is the central objective of this work, bringing points which will give the reader reasons to believe and trust in scientific way that this is the best means for the realization of justice.
Keyword: Company; Businessman; Right.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
art - Artigo.
Art - Artigo.
ART - Artigo.
arts- Artigos. 
CF - Constituição da República Federativa do Brasil.
CC – Código Civil
SLU – Sociedade Limitada Unipessoal
EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada
ABNT - Associação brasileira de Normas Técnicas
UniFaj - Centro Universitário de Jaguariúna. 
nº - Número.
Nº - Número.
§ - Parágrafo.
P - Página.
STF – Supremo Tribunal Federal.
STJ – Superior Tribunal de Justiça
Sumário
1. INTRODUÇÃO.	12
2. OBJETIVO.	14
3. ORIGEM DAS RELAÇÕES COMERCIAIS.	15
4. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ESSENCIAIS.	17
4.1. O conceitode Pessoa Jurídica e sua origem histórica.	17
4.1.1. Conceito	19
4.1.2. Direitos da Personalidade da Pessoa Jurídica	20
4.1.3. Do conceito da Sociedade Empresária.	21
4.1.4. Das sociedade empresariais e seus tipos societários	22
5.O PAPEL DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO BRASIL	25
5.1. História das Micro e Pequenas Empresas no Brasil.	25
5.1.1. Da importância em âmbito nacional	28
6. O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL E A LIMITAÇÃO DA RESPONSABILIDADE.	30
6.1. Do Empresário Individual.	30
6.1.1 Da EIRELI.	31
6.1.2 Das sociedades de “Sócios Laranjas” e a pluralidade de sócios	32
7. DA SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL	35
7.1 Projeto de Lei nº 6.698/13	35
7.1.1. Medida Provisória nº 881 de 2019	37
7.1.2. Da alteração trazida pela MP 881/19 sobre o Código Civil Brasileiro.	38
7.1.3. Exemplos da Unipessoalidade no Direito Societário Brasileiro.	39
7.1.4. Da Sociedade Limitada Unipessoal e suas distinções entre a EIRELI, Empresário Individual e a MEI	41
7.1.5. Das alterações nos modelos societários já legislados trazidas pela Sociedade Limitada Unipessoal	43
8.DA APLICAÇÃO DA TEORIA MAIOR E MENOR DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA	47
8.1. Da desconsideração inversa	50
8.1.1. Da aplicabilidade da teoria maior e menor emrelação à EIRELI e a Sociedade Limitada Unipessoal	52
9. CONCLUSÃO.	56
10. BIBLIOGRAFIA.	57
	
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo principal apresentar o impacto da sociedade limitada unipessoal sobre outros tipos societários no Brasil.
Apresentar a definição de todos os componentes, quais sejam “pessoa jurídica” e “sociedade empresária, etc.
Percorrer o contexto histórico, como a origem global do surgimento das sociedades e sua criação no Brasil, apresentando as mudanças dos entendimentos sobre os tipos societários ao longo dos anos.
Por fim, analisar sua aplicação constitucional e as formas as quais esse novo modelo poderá recair sobre os outros tipos societários já existentes, transmitindo-se, assim, o conhecimento completo sobre todos os assuntos relacionados ao impacto da aplicação da sociedade limitada unipessoal sobre outras modalidades societárias.
A realização deste trabalho objetiva o título de Bacharel em Direito, pela conclusão do curso de direito do Centro Universitário de Jaguariúna (UniFaj).
A escolha do tema é de interesse pessoal e social, possui forte relevância por se tratar de um tema presente no cotidiano da justiça cível e de inúmeras pessoas, sendo elas, membros pertinentes a área como bacharéis, advogados, promotores, juízes, como também aos membros da sociedade que possam vir a ser afetados de forma positiva ou negativa pela mudança.
O objetivo geral deste trabalho é estudar o impacto da sociedade limitada unipessoal sobre outros tipos societários no Brasil dentro das normas sociais e cíveis.
O objetivo específico deste trabalho é analisar os artigos da Constituição Federal que possibilitam a aplicação do instituto, juntamente com o disposto em princípios legais, dando com base a efetiva garantia da norma jurídica sem afronte a constituição.
Os artigos que demonstram a igualdade das partes nas relações econômicas e estão previstos no artigo 170 da Constituição Federal onde os pontos principais sobre as discussões também podem ser encontrados nos arts. 966, 981 etc do Código Civil, sendo estes essenciais para comprovar a constitucionalidade da aplicação da sociedade limitada unipessoal. 
Considera-se uma sociedade limitada unipessoal aquela em que há a representação jurídica individual, onde o sócio proprietário não precisa integralizar um limite mínimo de seu capital social no momento da constituição da empresa, desta forma o sócio proprietário não tem seus bens pessoais atrelados aos débitos de seu negócio.
Outra vantagem da sociedade limitada unipessoal permite que o proprietário abre mais de uma empresa neste formado, onde até então só era permitido através das Sociedades Limitadas – LTDA.
Não é objetivo e interesse deste trabalho estender-se sobre questões políticas ou morais sobre o que cada indivíduo considera como sendo o certo ou errado socialmente, reservando-se apenas para trazer um ponto de vista diverso ao da maioria dos entendimentos afim de que abra a discussão para um ponto maior e além do pensamento atual.
O presente trabalho foi estruturado em seis pontos principais, os quais são intitulados como capítulos, o primeiro trata dos conceitos inerentes as sociedades, o segundo ponto trata da origem das relações comerciais e o surgimento das sociedades empresárias, o terceiro ponto trata da Medida Provisória nº 881/2019, o quarto ponto trata da aplicação constitucional da sociedade limitada unipessoal, o quinto ponto trata do impacto da sociedade limitada unipessoal sobre outros tipos societários e o sexto ponto trata dos procedimentos de abertura da sociedade limitada unipessoal.
O trabalho foi realizado por meio de pesquisas bibliográficas, analisando artigos, revistas, doutrinas, jurisprudências e leis.
A estrutura utilizada para composição deste trabalho segue o padrão de normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
A finalização do presente trabalho forma-se pela conclusão de todas as informações apresentadas, transmitindo, assim, o conhecimento completo sobre todos os assuntos relacionados ao impacto da sociedade limitada unipessoal sobre outros tipos societários no Brasil.
Por fim, será apresentada informações relacionadas ao tema, observando-se a legislação vigente, doutrinas e jurisprudências para que assim aja a abordagem precisa das alterações trazidas pela MP nº 881/2019.
2. OBJETIVO
A Sociedade Limitada Unipessoal foi introduzida no ordenamento jurídico com a criação da Medida Provisória nº 881 de 2019, tornando-se na Lei nº 13.874/2019 sendo confundida com a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI, porém as duas trazem configurações jurídicas divergentes, sendo a primeira inovadora em diversos pontos.
A Sociedade Limitada Unipessoal também traz efeitos que até então só eram aplicados em tipos societários específicos, como a criação de outras empresas no mesmo formato que era uma modalidade regulada apenas pelas Sociedades Limitadas.
Este novo modelo societário traz conflitos de interesse empresarial, vez que suas características únicas de aplicação de diversas bases societárias trazem algumas confusões na hora de determinar qual o melhor tipo societário individual a ser aplicado.
Todos estes pontos e muitos outros, que serão melhor explanados posteriormente, são imprescindíveis para o tratamento deste tema, sendo esta nova modalidade societária tema de diversas discussões atuais.
3. ORIGEM DAS RELAÇÕES COMERCIAIS
Antes de iniciarmos qualquer tipo de apresentação referente ao objetivo principal deste trabalho, o leitor deve compreender um estágio simples, mas que muitas vezes é esquecido: a origem da comercialização.
Na aurora da humanidade, quando os meios produtivos ainda eram escasos, todos os membros da sociedade viviam próximos ao limite da subsistência e por não haver a moeda a circulação de bens ocorria apenas por meio de escambos, pelos quais os individuos podiam mercantalizar objetos, fazendo a mercantilização desde alimentos por vestes até a troca de objetos e serviços.
Com o passar do tempo cada país foi desenvolvendo uma forma de tornar o escambo em um ato determinado por um papel-moeda, como exemplo a China em 1.000 a.c que fazia o uso de conchas como papel de troca, no entanto, tem-se notícias de que um século antes de Cristo já havia a produção de moedas feitas de ouro, prata e cobre.
Após a criação da moeda não demorou para que as comunidades estabelecessem um sistema comum para facilitar a venda e a compra, fazendo assim, a substituição da troca como meio habitual de escambo.
Conforme os anos foram passando e as sociedades foram evoluindo começaram a surgir instrumentos de trabalho aperfeiçoados para cada atividade, que facilitavam a produção e exigiam maior demanda por mão de obra, devido a este novo sistema muitos indivíduos deixaram as tarefas maisrudimentares, como a caça e a extração e começaram a trabalhar nos setores produtivos ou ao que conhecemos hoje como: atividade comercial.
Pois bem, é neste momento que vemos uma primeira diferença no sistema de trocas, onde anteriormente havia um produto utilizadoo apenas com o intuito de satisfazer as necessidades humanas básicas para a sobrevivência, passou a se tornar uma moeda com valor, onde os mais vigilantes começaram a obter um ganho em cada operação. Deste novo modelo de comercialização surgiram os primeiros mercadores, sendo eles os responsáveis por fazer a mercadoria circular, adquirindo-as dos que precisavam vender e vendendo para aqueles que precisavam comprar, porém o trabalho domercador era realizado de forma solitária, isolada, sendo sua atividade individual, vez que até aquele momento não existiam os modelos de comércios societários.
No princípio não existiam sociedades mercantis, porém o homem com sua necessidade de associação não tardou em solucionar esta questão e criou formas de exploração conjunta, pois como já dizia Henry Capitant em sua obra “Direito Civil – Noções Gerais” de 1927:
L’associationest un besoininhérent à l´homme. Elle corrige la faiblesse de ses forces, la breèvetè de as vie.
Tradução: a associação é uma necessidade inerente ao homem. Ela corrige o enfraquecimento de suas forças, a brevidade de sua vida. (Henry Capitant, 1927, p. 24)
Por fim, sem mais delongas, percebemos que com a evolução das necessidades humanas à sociedade também evoluiu de forma geral, trazendo á tona o desejo do homem por compartilhar suas lutas e conquistas, fazendo com que houvesse a criação do fator mais importante para a manutenção da sociedade atual: a moeda.
4. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ESSENCIAIS
Um dos maiores benefícios que a sociedade limitada unipessoal pode conferir ao seu sócio é permitir a instituição de uma Personalidade Jurídica para que o mesmo execute seu negócio/objeto, tornando-se possível a imputação de deveres e direitos a um “sujeito” independente da figura do próprio sócio. O presente capítulo busca, em um primeiro momento, por meio de uma regressão histórica, entender a origem do conceito de Pessoa Jurídica alcançando, por fim, os respectivos Direitos de Personalidade.
Superado tal ponto, faz-se necessário o estudo de outro conceito: sociedade. Retornando às origens, e compreendendo os conceitos, almeja-se trazer à discussão sobre a possibilidade ou não de uma sociedade composta por um único sócio e sua real aplicabilidade no ordenamento jurídico atual. Diante da complexidade do tema, não se pretende estudar a fundo os tipos societários já existentes no direito brasileiro, contudo, busca-se realizar uma breve análise de cada um de forma a esclarecer a necessidade de criação da sociedade limitada unipessoal.
4.1 O Conceito de Pessoa Jurídica e sua origem histórica
Antes de adentrar a questão de fato da “Pessoa Jurídica”, deve-se elaborar uma breve regressão temporal com intuito de entender a origem do vocábulo “Pessoa”, cuja evolução remeterá aos tempos atuais. Sendo assim, e fundamentando-se nos ensinamentos de Sylvio Marcondes, o vocábulo “pessoa” provém da palavra latina persona, a qual era utilizada para designar as máscaras utilizadas pelos atores em suas representações teatrais, vinculando-se ao próprio ator e seu personagem, e por fim ao homem, tornando-o um sujeito de direitos e obrigações.
Utilizando dessa concepção de pessoa advinda do teatro, como preleciona Sylvio Marcondes acima citado, o Direito Romano, a partir do século II a.C., como consequência da expansão do Império, passou a considerar principalmente uma autonomia do que viriam a ser as pessoas jurídicas, já que até o referido século ignorava-se por completo seu conceito, e os bens públicos, por exemplo, acabavam por não estar vinculados ao patrimônio de uma “pessoa” específica.
Mesmo assim, é perceptível que o conceito de pessoa jurídica não sofreu grande evolução com o decorrer do tempo, já que, conforme descrito acima, com o aumento da autonomia das cidades é que os entes passaram a ter o mesmo tratamento dos cidadãos privados, ou seja, tendo patrimônio e capacidade de agir em juízo era possível ter direito à capacidade jurídica. Contudo, apenas em meados do primeiro milênio (565 d. C.) é que o termo “pessoa” passou a ter um significado moderno, sendo utilizado, inclusive, para as corporações de ofício.
A partir da experiência romana, o Direito Germânico deu início à distinção entre o indivíduo como instituição e o indivíduo como parte de um órgão institucional. A pessoa passa a ser considerada autônoma, uma vez que suas vontades como indivíduo eram diversas de suas vontades como integrante de um grupo. Sendo assim, evidencia-se o que havia sido esboçado no Direito Romano, uma vez que surgem traços diferenciadores entre pessoa natural e pessoa coletiva.
Desta forma, o Direito Canônico também desenvolveu a ideia de pessoa jurídica. Almejando definir as instituições oficiais, unidades corporativas e patrimoniais que existiam previamente na estrutura do catolicismo, houve uma distinção entre indivíduos, de modo a ser atribuída autonomia aos entes eclesiásticos, conferindo uma personalidade própria, independente da coletividade de pessoas.
Com a convergência de ideias entre o Direito Romano, Direito Germânico e Direito Canônico, ocorreu o desenvolvimento do que viria a ser o instituto da pessoa jurídica, contudo, apenas no século XIX que a expressão passou a ser utilizada pelo alemão Heise, substituindo outras expressões como pessoa moral e pessoa mística.
Com isso, dá-se início aos mais distintos estudos e surgem as teorias que fundamentariam o instituto da pessoa jurídica nas mais diversas culturas do direito contemporâneo,quais sejam: a teoria da ficção, a teoria orgânica e a teoria da realidade técnica.
A teoria da ficção concebe a pessoa jurídica como uma criação artificial, cuja existência, por isso mesmo, é simplesmente uma ficção. Num outro sentido, a teoria orgânica entende que a pessoa jurídica é uma realidade viva, análoga à pessoa física. Para esta teoria as pessoas jurídicas possuem tanto um corpo que administra e mantém a entidade em contato com o mundo, como um animus, que é a ideia dominante, manifestada nas associações e nas sociedades pela vontade do grupo componente e nas fundações pela de seu criador. 
Portanto, a teoria da realidade técnica situa a pessoa jurídica como produto da técnica jurídica, rejeitando a tese ficcional para considerar os entes coletivos como uma realidade, que não seria objetiva, pois a personificação dos grupos se opera por construção jurídica, ou seja, o ato de atribuir personalidade não seria arbitrário, mas à vista de uma situação concentra.
Por fim, entende-se que a teoria da realidade técnica é a que mais se aproxima do tratamento conferido ao instituto da pessoa jurídica pelo ordenamento brasileiro, isto porque, a partir da análise do artigo 45 do atual Código Civil é possível afirmar que a personificação da pessoa jurídica é de fato uma construção técnica jurídica, podendo inclusive suspender seus efeitos por meio da desconsideração.
4.1.1 Conceito
O conceito de pessoa jurídica no Brasil foi inicialmente normatizado com o Código Civil de 1916, o qual tratava de maneira mais ampla das pessoas naturais ou jurídicas, como sujeitos de direitos e obrigações, dessa forma, o referido dispositivo passou a diferenciar a existência da pessoa jurídica propriamente dita de seus membros.
Contudo, vale ressaltar que houve leis anteriores ao Código Civil de 1916 que preconizaram a existência da pessoa jurídica no direito brasileiro, como exemplo, pode-se citar a Consolidação das Leis Civis de 1857, que trazia o rol de pessoas coletivas, como cidades, vilas, etc a Lei nº 173 de 1983 que regulou as organizações de fins religiosos, científicos, artísticos, políticos ou de simples recreio; ou ainda o próprio Código Comercial de 1850 que legislava sobre as sociedades comerciais, mas não as associava a uma pessoa jurídica e ao tratardas sociedades anônimas já determinava a limitação da responsabilidade dos acionistas. Deste modo, também é notório abordar que o projeto que não prosperou, pois trazia o conceito de pessoas jurídicas de existência necessária e de existência possível, reconhecendo, inclusive, as fundações, as quais não estavam previstas no ordenamento então vigente. 
Como dito, foi o Código Civil de 1916 que inaugurou o instituo da pessoa jurídica como sujeito de direitos e obrigações, já que ele previa a necessidade do nome próprio, registro, domicílio, a comprovação da vontade, o patrimônio, e suas formas de extinção e sucessão. Apesar disso tudo, o referido código não trouxe o conceito propriamente dito de pessoa jurídica, sistemática este que foi seguido pelo código de 2002.
Isso posto, tem-se que a conceituação de pessoa jurídica no direito brasileiro dá-se predominantemente pela doutrina, a qual apresenta diversos posicionamentos onde algumas doutrinas aplicam que as pessoas jurídicas são como entidades cridas para a realização de um fim e reconhecidas pela ordem jurídica como pessoas, sujeitos de direitos e deveres.
Por outra vertente doutrinária temos que a principal característica do instituto da pessoa jurídica é a separação do patrimônio pessoal do sócio e da sociedade empresária, com incentivo ao empreendedorismo e redução do risco empresarial.
Nesta mesma linha, temos a doutrina que faz a relação entre o art. 20 do Código Civil de 1916 e o art. 52 do atual Código Civil para definir pessoa jurídica, aplicando que as pessoas jurídicas possuem existência distinta da dos seus membros, não se tratando de uma ficção e, sim, de uma investidura que o Estado defere a certos entes, sendo, portanto, uma realidade jurídica e não física.
Portanto, analisando estas definições doutrinárias percebe-se que a doutrina coloca a pessoa jurídica como uma organização de pessoas e esforços comuns com um único objetivo, trata-se de uma criação do próprio Direito, definido a partir da identificação do interesse coletivo com a formação de grupos associativos para atingir uma finalidade própria.
4.1.2 Direitos da Personalidade da Pessoa Jurídica
Passadas as importantes considerações a respeito da evolução histórica do conceito de pessoa jurídica, bem como uma análise do próprio conceito no ordenamento jurídico brasileiro, faz-se necessário adentrar em outra importante noção introdutória quando o objetivo é analisar os impactos da criação da sociedade limitada unipessoal como novo tipo societário no Brasil: os efeitos da personalidade jurídica.
Inevitavelmente, ao referir-se aos direitos da personalidade, logo se remete a análise diante da pessoa natural, como se essa fosse exclusivamente detentora de tais direitos, até mesmo porque, o Código Civil normatizou esta questão. Isto ocorre visto que a pessoa jurídica não se desenvolve como a pessoa física, nem faz jus a todos os direitos da personalidade a ela inerentes, e inúmeros são os exemplos dessa afirmação, como os direitos físicos da personalidade, pois, como se viu, a pessoa jurídica não passa de um ente fictício.
O Código Civil de 2002, especificamente no artigo 52, reconheceu a necessidade de aplicação dos direitos da personalidade à pessoa jurídica, sendo assim, é importante destacar quais direitos da personalidade podem ser atribuídos à pessoa jurídica de acordo com a doutrina vigente.
Maria Helena Diniz entende ser compatível com a pessoa jurídica os direitos da personalidade como “o nome, à marca, à honra objetiva, à imagem, ao segredo etc., por serem entes dotados de personalidade pelo ordenamento jurídico-positivo”.
Como evidenciado, mesmo carente de atributos personalíssimos próprios das pessoas naturais, é nítida a perfeita adequação de importantes direitos da personalidade à situação fictícia da pessoa jurídica, mormente considerando-se que se trata de um ente ideal dotado de personalidade jurídica própria e que, nos dias atuais, pode e deve ser considerada como relevante instrumento social especialmente no tocante a circulação de riqueza e consequente equilíbrio e desenvolvimento social.
4.1.3 Do conceito da Sociedade Empresária
Com o objetivo de se chegar ao conceito de sociedade empresária, deve-se analisar outros dois institutos jurídicos fundamentais para sua concepção: a pessoa jurídica e a atividade empresarial. Profunda foi a abordagem do instituto da pessoa jurídica, a qual mereceu um tópico próprio no presente trabalho, cabendo agora dedicar-se à compreensão da atividade empresarial. Sendo assim, analisando os artigos 966 e 982 do Código Civil, de maneira rápida, tem-se que exercem atividade empresarial aquelas sociedades que possuem por objeto social o desenvolvimento de atividade típica de empresário, ou seja, exercem profissionalmente atividade econômica organizada voltada à produção e circulação de bens ou serviços. Ressalto que há apenas duas exceções ao princípio de atividades empresarias estritamente conectado ao conceito de sociedade empresária, independentemente do objeto da respectiva sociedade, ambas descritas no parágrafo único do artigo 982 do Código Civil: (i) Considera-se empresárias as sociedades por ações; e (ii) as cooperativas serão sempre consideradas sociedades simples.
Pelo fato do presente trabalho dedicar-se em caráter especial sobre a criação de um novo tipo societário no Brasil, em que prevê-se uma sociedade composta por uma única pessoa,cumpre fazer uma regressão ao conceito tradicional e contratualista de sociedade que o ordenamento jurídico brasileiro adotou, o qual entende por sociedade comercial apenas aquela entidade dotada de personalidade jurídica, patrimônio próprio, que exerça atividade mercantil e tenha por fim o lucro, composta por duas ou mais pessoas.
Desta forma, esse conceito contratualista ainda muito utilizado no Brasil encontra-se superado em boa parte dos ordenamentos estrangeiros, prevalecendo, nesses casos, o conceito de pessoa jurídica, contudo, como dito, ainda é uma realidade no Brasil, fazendo-se necessária uma breve abordagem dos atuais tipos societários existentes nesse ordenamento.
4.1.4 Das Sociedades Empresárias e seus tipos societários
O Código Civil de 2002, em seu artigo 983 prevê que a sociedade empresária pode adotar qualquer dos tipos sociais previstos nos artigos 1039 a 1092 do mesmo Código, ou seja, podem ser sociedades em nome coletivo, em comandita simples, limitada, em comandita por ações ou sociedade por ações. Desta forma, como intuito de estudar um pouco de cada tipo societário de forma a ficar claro que a sociedade limitada unipessoal engloba conceitos e características distintas dos atuais tipos societários existentes, passa-se a fazer uma breve análise de cada um deles, não cabendo aprofundar o tema.
A sociedade em nome coletivo tem sua origem na Itália no período da Idade Média, quando se presumia a existência de uma sociedade entre todos os membros da família do mercador, considerando as obrigações assumidas por um sócio como comum a todos os demais. Surgia assim, a responsabilidade solidária e ilimitada dos sócios. No ordenamento brasileiro, está regulada pelo artigo 1039 do Código Civil, onde está previsto justamente a responsabilidade solidária e ilimitada entre os sócios desse tipo de sociedade, e a responsabilidade subsidiária em relação à sociedade. Como preconiza o artigo citado, esse tipo societário deve ser composto exclusivamente por pessoas naturais a quem compete a administração da sociedade. Deve-se destacar que é possível, entre os sócios, que haja uma limitação de responsabilidade, contudo, tal limitação não poderá ser arguida perante terceiros, servindo assim, apenas em casos de direito de regresso.
A sociedade em comandita simples teve sua origem intrinsecamente ligada ao desenvolvimento das expedições marítimas, onde um sócio capitalista em confiança a um portador financiava um projeto. Atualmente está prevista no artigo 1045 do Código Civil, tendo como principais características a necessária existência de sócios comanditados que, necessariamente serãopessoas físicas que respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais e sócios comanditários os quais respondem até o limite de sua quota no capital social. 
Sendo assim, fica claro que aos sócios comanditários é conferido o benefício de limitação da responsabilidade em relação às obrigações sociais em contrapartida à sua vedação ao exercício da gestão do negócio e de ter seu nome incluído na firma social, sem prejuízo ao exercício do direito de voto, de fiscalização e de participação nos lucros.
A sociedade em comandita por ações está regulada pelo artigo 1090 do Código Civil, nesse tipo societário somente o acionista pode ser administrador e, neste caso, responde subsidiaria e ilimitadamente pelas obrigações assumidas, enquanto os acionistas não administradores respondem de forma ilimitada ao montante da ação subscrita, tal qual ocorre na sociedade anônima. Desta forma, considerando a responsabilidade assumida pelos diretores, determinadas matérias dependem de aprovação em assembléia geral. É por todas essas peculiaridades que este tipo societário não é mais considerado de grande aplicabilidade atualmente.
Outro tipo societário possível de ser adotado por sociedades empresárias é a sociedade limitada, de natureza contratual que pode ser considerada de natureza intermediária já que o artigo 1053 do Código Civil faculta a adoção supletiva das normas das sociedades simples, enquanto que o parágrafo único do mesmo artigo prevê a adoção das normas das sociedades anônimas, colocando esse tipo societário entre a sociedade de pessoas e a sociedade de capital. 
Nas sociedades limitadas, a responsabilidade dos sócios é limitada, como o próprio nome já diz, ao valor da cota condizente à sua parcela da sociedade, porém ilimitada na falta de integralização das cotas por algum sócio, já que preferiu o legislador garantir segurança a terceiros sem que isso torne-se uma obrigação dos demais sócios de integralizarem aparcela do sócio faltante. Um dos tipos societários mais comuns no contexto econômico brasileiro, permite ao administrador praticar suas atividades empresariais sem que isso comprometa seu patrimônio de forma lesiva, contudo, como visto acima no conceito de sociedade, esse é mais um exemplo de que se exige duas ou mais pessoas para constituição de uma pessoa jurídica, provocando o surgimento das chamadas “sociedades fictícias”, essas, com a presença de “sócios laranjas”.
A sociedade anônima é uma pessoa jurídica de direito privado, regida pela Lei nº 6.404/76, cujo capital social está dividido em ações nominativas, com ou sem valor nominal, podendo ser de capital aberto ou de capital fechado, autorizado ou não, limitando-se a responsabilidade do sócio acionista ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas posteriormente, sem que haja solidariedade entre os acionistas em relação às obrigações sociais. Sua constituição poderá ocorrer através de instrumento público ou particular. Seu capital social pode ser subscrito no todo ou em parte e integralizado em dinheiro ou bens, e, em princípio não se exige um capital mínimo.
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5. O PAPEL DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO BRASIL
As micro e pequenas empresas vêm adquirindo, ao longo dos últimos 30 anos, uma importância crescente no país, sendo inquestionável o seu papel socioeconômico desempenhado. Em estudo divulgado em fevereiro de 2015 pelo SEBRAE constata-se que os pequenos negócios são responsáveis por mais de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, onde cerca de nove milhões de micro e pequenas empresas representam 27% do PIB e esse número não para de crescer. Outros números também mencionados nesse estudo e que merecem destaque é que a fatia que os pequenos negócios respondem do total dos empregos com carteira assinada é de cerca de 52% e a dos salários pagos é de cerca de40%.
Tais dados demonstram a importância de se incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte, pois apesar de, isoladamente, um pequeno negócio representar pouco, juntos eles são decisivos para economia e não se pode pensar no desenvolvimento do país sem eles.
Diante de tais fatos e números, não resta dúvidas sobre a necessidade de regulamentação de um tipo societário que favoreça micro e pequenos empreendedores, razão pela qual dedica-se o presente capítulo a tal setor da economia, o qual será um dos grandes beneficiados com a instituição da Sociedade Limitada Unipessoal.
5.1 História das Micro e Pequenas Empresas no Brasil
Os anos 80 ficaram conhecidos como a década perdida no que se refere ao desenvolvimento econômico do Brasil, neste período foram verificadas grandes reduções no PIB do país, reflexo da grande queda do percentual de crescimento médio da economia nacional, que era, nos anos 70, em torno de 7% ao ano e passou à marca de 2% na década de 80, devido a isto como alternativa, os pequenos negócios passaram a ganhar espaço no cenário econômico nacional, principalmente como alternativa para a ocupação da mão de obra excedente que não encontrava alocação nas grandes empresas. 
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Nesse contexto de crise, foi desenvolvida uma política nacional de desburocratização, onde foi adotado medidas que incentivassem a abertura de micro e pequenas empresas, como o primeiro Estatuto da Microempresa conhecido como a Lei nº 7.256/84, que trouxe tratamento diferenciado e simplificado às micro empresas nos campos administrativos, trabalhistas, creditício, tributário e alguns dispositivos com intuito de trazer desenvolvimento ao setor empresarial. Deve-se destacar que a nomenclatura “Estatuto” se deve ao fato de referida lei ter sido a primeira a trazer em seu bojo vários assuntos de interesse das micro empresas.
Dando seguimento a esse cenário, a Constituição Federal de 1988 conferiu de fato todos os benefícios acordados quatro anos antes. Em seu artigo 179, institui-se que a União, Estados, Distrito Federal e Municípios deveriam dispensar às microempresas e empresas de pequeno porte, tratamento jurídico diferenciado e favorecido, visando a incentivá-las pela simplificação, eliminação ou redução de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias.
Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definida sem lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. (Brasil, 1988. Constituição da República Federativa do Brasil)
Em 1994, entrou em vigor a Lei nº 8.864/94, que por sua vez trouxe algumas alterações e revogou alguns dispositivos do Estatuto da Microempresa, como exemplo de algumas dessas alterações tem-se a criação da empresa de pequeno porte, até então não especificada.
Em 1995 houve a criação da Emenda Constitucional nº 6, que normatizava o tratamento diferenciado como condição de princípio geral da atividade econômica, conforme:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim as segurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
(...)
IX-tratamentofavorecidoparaasempresasdepequenoporteconstituídassob as leis brasileiras e que tenham suas e de administração no País.(Brasil, 1988. Constituição da República Federativa do Brasil)
Com o passar dos anos, diversas outras normas foram publicadas buscando efetivar as previsões contidas na Lei 7.256/84, sem resultar, entretanto, em um conjunto consistente e integrado de normas específicas a tal segmento econômico. Em 1996 foi aprovada a Lei 9.317/96, mais conhecida como a Lei do Simples, a qual abordava exclusivamente aspectos tributários das micro e pequenas empresas e consistiria em um marco jurídico no tratamento desse setor. Trazia em seu bojo a revogação de alguns preceitos tipificados nas Leis 8.864/94 e 7.256/84.
A alteração mais importante que trouxe foi a modificação do tratamentofiscal da microempresa, pois o regime da nova lei tornou-se incompatível com aquele praticado nas Leis anteriores.
A substituição total das Leis nº 7.256/84 e 8.864/94 ocorreu em 1999 com a entrada em vigor do novo Estatuto das Microempresas e Empresa de Pequeno Porte que, em conjunto com a Lei do Simples, estenderia de forma legal o tratamento diferenciado e benefícios às micro e pequenas empresas.
Como nota-se, as grandes partes das tentativas de simplificação estavam sendo aplicadas de forma desordenada, onde cada estado e município estabeleciam critérios próprios de adesão a Lei. Corroborando tal ponto, do ponto de vista do contribuinte, uma mesma empresa tinha que prestar conta separadamente nas três esferas do governo (federal, estadual e municipal), o cálculo de impostos era feito em datas distintas, o que diminuía a agilidade na prestação de contas e na eficiência do Simples.
E foi justamente com intuito de unificar os entendimentos relacionados ao assunto que criou-se a Lei Complementar nº 123/06, conhecida como o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, onde estabeleceu-se algumas vantagens sobre o tratamento diferenciado para as microempresas e empresas de pequeno porte, além de consubstanciarem um único Estatuto todas as matérias relacionadas ao tema, facilitando entendimentos e, principalmente, o dia a dia do contribuinte.
5.1.1 Da importância em âmbito nacional
O Brasil é um país de empreendedores. Muitos brasileiros têm ideias de novos negócios e as concretizam sob a forma de micro e pequenas empresas, aproveitando das vantagens que o setor proporciona, garantem a desburocratização administrativa e jurídica, simplificação nos tributos e acessos facilitados a determinadas linhas de crédito. A grande abrangência dos pequenos negócios e a necessidade de gerar mais dinâmica à economia faz com que eles estejam presentes desde os pequenos municípios até as grandes metrópoles, permitindo assim uma enorme abrangência para o segmento. Por lidarem com menor quantidade de trabalhadores, detêm certas facilidades tanto para conseguirem crédito como também na área tributária, fazendo com que lidem melhor com momentos de crise e possam estabelecer um crescimento médio e duradouro. De acordo com o levantamento do SEBRAE são mais de 6,4 milhões de micro e pequenas empresas no Brasil, número esse que, segundo o IBGE, equivale a 99% dos estabelecimentos formais do país.
Segundo dados divulgados pelo SEBRAE, em 2014, a participação das micro e pequenas empresas brasileiras somadas representou 27% de todo o PIB do Brasil. Ao estabelecer uma comparação com números de décadas passadas, percebe-se que a tal participação vem crescendo acentuadamente. Em 1985, o segmento representava 21% do PIB. Já em 2001, 23,2%. Ao tratar de valores absolutos, de 2001 a 2011, o faturamento do setor saltou de R$ 144 bilhões para R$ 599 bilhões, em valores não corrigidos.
Ao segregar o PIB em três grandes vertentes, comércio, serviços e indústria, fica clara a forte participação no setor comercial, já que as micro e pequenas empresas representam nada mais que 53,4% do PIB desse segmento, em seguida, vem o setor de serviços, o qual tem 36,3% do seu PIB dos pequenos negócios e por fim a indústria, com 22,5% do seu PIB.
Quando o assunto é o mercado de trabalho, a importância dos pequenos negócios ganha ainda mais destaque, pois, segundo o SEBRAE, 52% da mão de obra formal do Brasil está empregada em pequenos negócios, o equivalente a 40% da massa salarial brasileira.
Resta esclarecer que todos os números acima apresentados se referem exclusivamente à economia forma, ou seja, empresas com registro nos órgãos competentes e inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Ao considerar o setor informal descobre-se uma realidade de números ainda maiores, mas não oficiais. Tais empresas, apesar de beneficiarem a economia em razão da ocupação de pessoal e distribuição de renda, trazem consigo enormes prejuízos quando se considera a falta de recolhimento de tributos e os danos causados aos demais empresários em razão da concorrência desigual.
A questão da “informalidade” não é algo exclusivo do Brasil, mas apresentam-se com maior força nos locais em que o grau de burocratização é mais elevado. O combate a informalidade, sem que com isso desestimule também a iniciativa dos pequenos empresários, é tema de enorme discussão e que a muito agrega o país, uma vez que além do aumento significativo na arrecadação tributária também é possível obter a formalização de milhares de empregados e empregadores e a consequente distribuição de benefícios trabalhistas, previdenciários e sociais daí decorrentes.
Justamente neste ponto que o tema das micro e pequenas empresas se aproxima do assunto principal do presente trabalho: a Sociedade Limitada Unipessoal. Nesse capítulo, buscou-se traçar um panorama da extraordinária importância do setor das micros e pequenas empresas tanto no âmbito econômico, quanto no social, no Brasil e no mundo, cujo objetivo era demonstrar que através do fortalecimento de tal setor com o fornecimento de incentivos, ampliação de crédito,e principalmente, com a desburocratização e facilitação da legalização dos pequenos negócios informais, é que poderá ser dado um importante passo em direção ao crescimento econômico e social do país. Nesse sentido, surge a Sociedade Limitada Unipessoal como alternativa viável e carregada de benefícios à organização desses negócios.
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6. O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL E A LIMITAÇÃO DA RESPONSABILIDADE
A limitação da responsabilidade do empresário individual sempre foi polêmica, e objeto de muito debate, é cada vez mais comum a adoção pelos mais diversos ordenamentos jurídicos da responsabilidade limitada àqueles que exercem empresa de forma individual, seja por meio do reconhecimento da limitação em formas não societárias, como é o caso do Paraguai com a Lei 1.034/83, seja pela instituição das sociedades unipessoais, como Portugal através do Decreto Lei nº 248/86.
Há uma evolução clara sobre a responsabilidade do devedor, no passado o devedor, respondia com a própria vida, passando para a restrição à liberdade e em seguida, para responsabilização exclusiva de seu patrimônio, o que nos leva a conclusão de que a limitação da responsabilidade do empresário individual, nada mais é do que a última fase de evolução jurídica de responsabilidade.
Trazendo essa realidade ao ordenamento jurídico brasileiro, deve-se destacar que desde a Constituição Federal de 1934 está prevista a impossibilidade de prisão civil por dívidas, o que se reafirma atualmente, na Constituição Federal de 1988, conforme seu artigo 5º, inciso LXVII, com exceção do inadimplemento voluntário e inescusável de obrigações alimentícias e a infidelidade do depositário.
Por fim, não se pode deixar de destacar a grande diferença entre as leis modernas, que o Código Civil de 2002 praticou ao não trazer qualquer novidade nesse setor da responsabilidade do empresário individual.
6.1 Do empresário Individual
Segundo o Portal do Empreendedor, o empresário individual, anteriormente chamado de firma individual, é aquele que exerce em nome próprio uma atividade empresarial, é a pessoa física titular da empresa. O patrimônio da pessoa natural e o do empresário individual são os mesmos, logo o titular responderá de forma ilimitada pelas dívidas.
Nesse sentido, pode-se afirmar que os empresários individuais assumem pessoalmente os riscos da atividade empresarial, pois mesmo tendo sua atividade matriculada no registro competente, a empresa individual não possui personalidade jurídica distinta da pessoa física, por isso não há que se falar em diferenciação patrimonial entre os bens pessoais do sócio e os bens destinados ao exercício da atividade empresarial, ou seja, com exceção dos bens impenhoráveis, todos os demais bens do sócio respondem pelas dívidas contraídas pela empresa, da mesma forma que todos os bens afeados ao exercício da empresa respondem por débitos eventualmente contraídos em caráter particulardo sócio.
A limitação da responsabilidade é um importante redutor dos riscos da atividade, o que por vez incentiva o desenvolvimento do setor e ao considerar que, segundo o Ministério da Previdência Social no Brasil, em 2015, existiam cerca de 4,7 milhões de empreendedores individuais, fazendo com que os Empresários Individuais constituam grande parcela das micro e pequenas empresas no Brasil, não resta dúvidas de que o não reconhecimento da limitação de responsabilidade para tal segmento é uma atitude que vai à contramão das tendências mundiais, incentiva o uso de estruturas alternativas para viabilizar a criação do próprio negócio, e desestimula a criação de pequenos negócios ou a sua formalização, prejudicando o país como um todo, tanto no aspecto econômico quanto no social.
6.1.1 Da EIRELI
Após inúmeros projetos, a Lei nº 12.441/2011, publicada no dia 12 de julho, e com entrada em vigor no dia 09 de janeiro de 2012, promoveu mudanças no Código Civil para criar a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), espécie de pessoa jurídica formada por apenas uma pessoa.
Com base nesses estudos a Lei 12.441 foi desenvolvida sem que houvesse alteração quanto à conceituação da figura do empresário individual, já que a EIRELI foi pensada como uma nova espécie de pessoa jurídica, de titularidade unipessoal e de natureza jurídica própria, uma vez que o artigo 2º da Lei 12.441/11, determina a inclusão desse instituto no rol de pessoas jurídicas de direito privado previsto no artigo 44 do Código Civil.
Sendo assim, a doutrina passou a estudar o empresário em três modalidades: (i) empresário individual, com natureza de pessoa física, com responsabilidade ilimitada ou pessoal sobre as obrigações da atividade; (ii) as sociedades empresárias, tratando-se de pessoas jurídicas de pluralidade de titulares, cujas responsabilidades se verificam a cada espécie; e (iii) a empresa individual de responsabilidade limitada, pessoa jurídica com titularidade unipessoal, com responsabilidade limitada das obrigações da atividade ao patrimônio constituído.
Dito isso, vale o destaque às características próprias desse instituto: (i) a EIRELI deve observar as normas gerais que tratam das sociedades empresárias (art. 966 à 1.195 do Código Civil); (ii) possui apenas um sócio, que detém a totalidade do capital social; (iii) o capital social deve ser integralizado na instituição da empresa e no montante equivalente a pelo menos 100 salários mínimos; (iv) a utilização da expressão “EIRELI” no nome empresarial, ao final da firma ou da denominação social e (v) a limitação à participação de cada pessoa em apenas uma empresa individual de responsabilidade limitada, ou seja, quem for sócio de uma EIRELI pode ter outras empresas individuais ou ser sócio em sociedades coletivas, mas não de mais uma EIRELI.
6.1.2 Das Sociedades de “Sócios Laranjas” e a pluralidade de sócios
Não há dúvidas de que em um ordenamento em que esteja previsto que haverá limitação de riscos exclusivamente para sociedades que contenham pluralidade de sócios, surjam “sociedades de favor”, onde um empresário individual se vale do auxílio e a concordância de um terceiro para constituir uma sociedade e se beneficie da responsabilidade limitada no exercício de suas atividades. Este fator é denominado como sociedades fictícias, que em sua maioria estão estruturadas na forma de sociedades limitadas e que um dos sócios detém a grande maioria do capital social, enquanto que um “sócio laranja”, que em geral é um membro da família, completa o quadro societário sem que tenha qualquer participação na sociedade apenas com intuito de garantir a pluralidade de sócios exigida por lei para que se tenha a limitação de responsabilidade.
Para alguns autores como Tulio Ascarelli, a limitação de responsabilidade do empresário individual em si não é resultado proibido pelo legislador, apenas carece de forma jurídica que possibilite obter tal resultado. Por esse entendimento, seria legítimo a utilização indireta de outros instrumentos admitido sem direito para alcançar o resultado desejado. 
Apesar desse posicionamento, deve-se destacar que para terceiros, a constituição da sociedade e o próprio negócio aparecem exatamente como o que foi celebrado, pois a vontade declarada é equivalente à vontade real, pois o sócio, mesmo que minoritário, é sócio efetivo e não se pode dizer que tenha prestado declaração diversa de seu intento de ser efetivamente sócio e assumir as obrigações daí decorrentes, sendo o negócio perfeitamente válido se satisfeitas as formalidades legais de constituição e registro.
A forma que se tem hoje, com responsabilização ilimitada do empresário individual leva ao incentivo da criação das sociedades ficitícias, mediante a utilização de “sócios laranja” para a constituição de verdadeiras sociedades unipessoais. Não se tem um número exato dessas sociedades no mercado brasileiro, entretanto, diante das circunstâncias atuais, resta claro dizer que tais sociedades representam a maioria das entidades constituídas, provocando graves problemas.
Apesar da participação diminuta no capital social, tais “sócios laranja” acabam por, vez ou outra, serem responsabilizados em razão de irregularidades praticadas pela sociedade ou mesmo são atingidos pela desconsideração da personalidade jurídica e, para agravar, sem sempre a proporção de sua participação no capital é respeitada para fins de quantificação da responsabilização pessoal, como pode-se observar nos exemplos abaixo:
PENHORA EM CONTA BANCÁRIA - EXECUÇÃO DEFINITIVA -
SÓCIO MINORITÁRIO – VALIDADE. Irrelevante a condição da agravante de sócia minoritária e sem poderes de administração, tendo em vista a natureza alimentar do crédito trabalhista, que, por isso, não pode ficar indefinidamente à espera de ver adimplido os seus créditos apenas pela devedora principal. Ademais, a penhora sobre numerário existente em conta bancária encontra respaldo na gradação do art. 655 do CPC, cuja ordem preferencial visa garantir a rápida e completa satisfação do credor, o que se revela ainda mais pertinente em face do mencionado caráter alimentar do débito executado (Inteligência do art. 646 do CPC e da Súmula 417, I, do TST). Agravo desprovido.” (TRT/MG, AP 00206-2005-025-03-00-2, Rel. Des. Deoclecia Amorelli Dias, 10ª Turma, d.j.11.02.2009)
AGRAVO DE PETIÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. SÓCIOMINORITÁRIO. Já é pacífico, na doutrina e na jurisprudência, o entendimento pelo qual, à ausência de bens da empresa devedora, suficientes para a garantia da execução, responderão os bens patrimoniais de seus próprios sócios pelas dívidas por ela contraídas, ainda que sejam detentores minoritários do capital social, não possuam poderes de gestão e administração e não tenham participado da fase processual de conhecimento. Esse entendimento, amplamente aceito na esfera do Direito do Trabalho e aplicado na sistemática processual trabalhista, decorre da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, consagrada no art. 28 da Lei nº. 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), sendo que, nesta. Especializada, a sua aplicação ainda decorre de princípios protetivos próprios, que visam a garantir, com a maior celeridade possível, o pagamento da verba alimentar ao trabalhador hipossuficiente” (TRT/MG, AP 00794-1996-018-03-00-4, Rel. Des. Márcio Ribeiro do Valle, 8ª Turma, d.j.30.08.2008)
Nesse mesmo sentido, a interpretação do magistrado pode levar a situações de não reconhecimento da sociedade fictícia como válida, ocasionando a responsabilização ilimitada do “sócio único” pelas dívidas sociais.
Por fim, com essas questões que dificultam o acesso à limitação de responsabilidade, como destacado acima, tem-se ainda o fato de que por menor que seja a participação ou influência dos demais sócios, há todas as dificuldades do relacionamento interpessoal e da affectio, sujeito a modificações repentinas.
7. DA SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL
7.1 Projeto de Lei 6.698/13
O Projeto de Lei 6698/2013 de autoria do Senador PauloBauer, basicamente busca aperfeiçoar a disciplina da empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) e permitir a constituição da sociedade limitada unipessoal.
No que consiste às EIRELI’s, o presente projeto busca, especificamente, abolir a obrigatoriedadedeintegralizaçãodetodoocapitalnomomentodaconstituiçãodaEIRELIe retirar a exigência de que o capital dessa empresa não apresente valor inferior a 100 vezes o maior salário mínimo vigente. Além disso, também com esse projeto, almeja-se findar com a polêmica relacionada ao fato de pessoas jurídicas poderem ser titulares de uma EIRELI, já que se esclarece que apenas a pessoa natural poderá titularizar uma EIRELI e essa pessoa poderá constituir mais de uma EIRELI.
Adentrando de fato ao ponto crucial para a presente exposição desse Projeto de Lei: a constituição da Sociedade Limitada Unipessoal (SLU), deve-se destacar que o Senador Paulo Bauer, buscou instituir um novo tipo societário no Brasil, já que tal forma é resultado de uma mescla da então conhecida sociedade limitada com a EIRELI.
Pelo Projeto, seriam incluídos seis artigos ao Código Civil Brasileiro (Artigos1.087-A à 1.087-F), os quais abordarão, dentre outros temas, a constituição da SLU, a eventual transformaçãodessasociedadeemsociedadelimitadaevice-versa,ascompetênciasdosócio único, os negócios jurídicos celebrados entre o sócio e a sociedade, o arquivamento de documentosnoregistropúblicocompetenteeaextensãodeaplicaçãodasnormasqueregema sociedade limitada à SLU, conforme abaixo:
Seção IX
Da Sociedade Limitada Unipessoal
Art. 1.087-A. A sociedade limitada unipessoal, empresária ou simples, pode ser constituída, mediante ato unilateral, por sócio único, pessoa natural ou jurídica, titular da totalidade do capital social.
§ 1º A sociedade limitada unipessoal pode resultar da concentração, na titularidade de um único sócio, das quotas de uma sociedade limitada, independentemente da causa da concentração.
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§ 2º A transformação prevista no § 1º efetua-se mediante declaração do sócio único na qual manifeste sua vontade de transformar a sociedade limitada em sociedade limitada unipessoal, podendo essa declaração constar do próprio documento que titule a cessão de quotas.
§ 3º Por força da transformação prevista no § 1º, deixam de ser aplicáveis todasasdisposiçõesdocontratodesociedadequepressuponhamapluralidade de quotas.
§ 4º O empresário pode, a qualquer tempo, transformar-se em sociedade limitada unipessoal, mediante declaração escrita do interessado.
§ 5º Enquanto não estiver formalmente extinta a sociedade, a qualquer tempo, mesmo ultrapassado o prazo previsto no art. 1.033, inciso IV, poderá o sócio remanescente requerer ao registro público competente sua transformação em sociedade limitada unipessoal.
Art. 1.087-B. O nome empresarial da sociedade limitada unipessoal conterá a expressão “Sociedade Limitada Unipessoal” ou a forma abreviada “SLU”.
Art. 1.087-C. O sócio único de uma sociedade limitada unipessoal pode transformá-la em sociedade limitada, mediante divisão e cessão da quota ou aumento de capital social pela entrada de um novo sócio, devendo ser eliminada do nome empresarial a expressão “Sociedade Limitada Unipessoal”.
§ 1º O documento que consigne a divisão e cessão de quota ou o aumento do capital social é título bastante para o registro da modificação.
§ 2º Se a sociedade tiver adotado anteriormente o tipo de sociedade limitada, passará a reger-se pelas disposições do contrato de sociedade que, nos termos do § 3º do art. 1.087-A, eram a ela inaplicáveis em consequência da unipessoalidade.
§ 3º No caso da concentração prevista no § 1º do art. 1.087-A, o sócio único pode evitar a unipessoalidade se, no prazo legal, restabelecer a pluralidade de sócios.
Art. 1.087-D. Na sociedade limitada unipessoal, o sócio único exerce as competências das reuniões ou assembléias gerais, podendo nomear administradores.
Parágrafo único. As decisões do sócio único de igual natureza das deliberações da reunião ou assembléia geral devem ser registradas em ata por ele assinada e arquivada no registro público competente.
Art. 1.087-E. Os negócios jurídicos celebrados entre o sócio único e a sociedade devem servir à prossecução do objeto da sociedade.
§1º Os negócios jurídicos entre o sócio único e a sociedade obedecem à forma legalmente prescrita e, salvo em relação às operações correntes celebrada sem condições normais, devem observar a forma escrita.
§2º A violação do disposto no caput e no §1º implica a nulidade dos negócios jurídicos celebrados e responsabiliza ilimitadamente o sócio.
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Art. 1.087-F. À sociedade limitada unipessoal aplicam-se as normas que regulam a sociedade limitada, salvo as que pressupõem a pluralidade de sócios.(Brasil, 2002. Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002)
Diante de tais artigos, resta evidente que o autor do Projeto considera que a SLU se trata de um modelo societário que atende tanto ao interesse da pessoa natural quanto ao da pessoa jurídica, em que, no primeiro caso, esse novo tipo societário serviria de instrumento de organização e de limitação patrimonial de pequenos negócios, já no segundo, seria forma de organização administrativa de grupos societários, trata-se de uma inovação há muito tempo requerida pela sociedade brasileira, que por si só incentiva a criação de novos negócios ou a regularização dos já existentes. 
7.1.1 Medida Provisória nº 881 de 2019
Após o projeto citado acima, em 11 de abril de 2019 foi apresentado ao Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, uma proposta da medida provisória conhecida como MP nº 881/19, esta medida foi formulada pelos Drs. Marcelo Pacheco dos Guaranys, Sérgio Fernando Moro e Renato de Lima França.
Esta medida tinha como objetivo incentivar a liberdade econômica no país e determinar garantias de livre mercado, de acordo com o estipulado no art. 170 da Constituição Federal, conforme:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - Soberania nacional;
II - Propriedade privada;
III - Função social da propriedade;
IV - Livre concorrência;
V - Defesa do consumidor;
VI - Defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)(Brasil, 1988. Constituição da República Federativa do Brasil)
Ademais, esta medida visava proteger e garantir os direitos à liberdade econômica dos empresários iniciantes e dos consumidores, garantindo uma forma de empreendimento que fosse mais acessível ao pequeno empresário, além de possibilitar a criação de uma sociedade sem sócio e sem a integralização de cem salários mínimos, conforme ocorre na EIRELI.
O projeto utilizou como argumento a dependência estatal que as empresas ainda devem se sujeitar no Brasil e que devido a isso o país estaria em contraposição ao restante do mundo, pois os empresários não veem segurança em produzir, gerar renda e emprego no mercado econômico brasileiro atual, além de demonstrarem que atualmente o Brasil aparece como o 150º país no ranking de liberdade econômica, conforme o Heritage Foundation/Wall Street Journal, fator este que é extremamente chocante visto que há 193 países no mundo que são reconhecidos pela ONU (Organização das Nações Unidas), ou seja, o Brasil encontra-se em uma posição muito abaixo da média, podendo até mesmo ser classificado, economicamente, como um paísemergente.
Devido a isto, podemos verificar que o número de desempregos tende a aumentar, criando uma estagnação econômica que versou e versará para a falta de renda dos brasileiros, portanto com todos estes argumentos o projeto tinha como intuito a criação da Sociedade Limitada Unipessoal.
7.1.2 Da alteração trazida pela MP 881/19 sobre o Código Civil Brasileiro.
Como visto acima, o projeto foi apresentado em 11 de abril de 2019, porém foi assinada no dia 30 de abril do mesmo ano e trouxe em seu bojo a criação da Sociedade Limitada Unipessoal.
Primeiramente, deve-se destacar que parece inconcebível o fato de uma sociedade ser representada por apenas um sócio, porém o Código Civil determina em seu art. 966 a terminologia da sociedade empresária, que é aquela feita de forma organizada, para a circulação de bens ou serviços, bem como também já determinou sobre este conceito ao definir sobre a EIRELI.
Ademais, a MP 881/19 trouxe uma alteração no art. 1.052, do Código Civil, acrescentando o parágrafo único, qual seja:
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.
Parágrafo único.  A sociedade limitada pode ser constituída por uma ou mais pessoas, hipótese em que se aplicarão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato social. (Brasil, 2002. Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002)
Deste modo, temos que a MP 881/19, possibilitou a adesão de novos empresários ao criarem uma sociedade limitada que não tenha a necessidade de convidar qualquer pessoa para o amparar como sócio, bem como garantiu a proteção patrimonial a este empresário ao limitar sua quota parte.
Por fim, o intuito deste projeto foi o de acabar com a dependência que a maioria dos tipos societários traz onde, muitos empresários, acabam dispondo de sócios com baixo percentual de quota parte ou participação apenas para que fosse possível empreender.
7.1.3 Exemplos de Unipessoalidade no Direito Societário Brasileiro
A partir da definição de sociedade existente tanto no Código Civil de 1916, quanto no Código Civil de 2002, pode-se determinar que o sistema societário brasileiro é permeado por princípios contratualistas, senão vejamos:
CC 1916, Art. 1.362: “Celebram contrato de sociedade as pessoas que mutuamente se obrigam a combinar seus esforços e recursos para lograr fim comum.”(Brasil, 1916. Lei 3.071 de 01 de janeiro de 1916)
CC 2002, Art. 981: “Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.(Brasil, 2002. Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002)
Tais artigos deixam claro a referência a pluralidade de sócios, à concentração em torno de uma mesma finalidade e à existência de obrigações entre os sócios, mas não dos sócios para com a sociedade. Desta forma temos que sociedade unipessoal, no Brasil, jamais foi pensada como um modelo legal, mas sempre como hipótese inaceitável, vez que contrária ao corolário necessário e inexorável da pluralidade de associados.
a) Unipessoalidade no Exercício deEmpresa - SubsidiáriaIntegral.
A Lei das Sociedades por Ações, procurou promover as grandes companhias e o próprio mercado, justificando assim a admissão da sociedade unipessoal dentro dos grupos de fato, com exceção à regra de pluralidade de sócios para constituição da empresa, como verifica-se no artigo 80, I da Lei das S.A., e a necessária dissolução da sociedade reduzida a um sócio, nos termos do artigo 206, I, “d”. Sendo assim, surge a figura da subsidiária integral,esta,regulada nos artigos 251 a 253 da Lei das S.A.
Para alguns doutrinadores, apesar dos artigos acima citados, falta regulamentação específica relativa à responsabilidade, ao conflito de interesses ou à publicidade para a sociedade unipessoal de grupo, como se o legislador acreditasse na persecução espontânea do interesse social por parte do sócio único, sem um sistema legal que a constranja a tal.
Independente desse posicionamento, há previsão legal da referida lei, que merece ser explorada. Dessa forma, deve-se destacar que a subsidiária integral é uma sociedade anônima constituída por um único acionista, atendendo este, necessariamente à condição de ser sociedade brasileira, conforme determina o artigo 251 da Lei das S.A., constituída por meio de escritura pública, sendo essa, a única hipótese de ato constitutivo de sociedade, no direito brasileiro, que não pode ser formalizada por instrumento particular. São duas as maneiras de conversão de uma sociedade anônima em subsidiária integral.
A Primeira ocorre pela aquisição, por sociedade brasileira, da totalidade das sacões emitidas por certa companhia, a segunda ocorre pela operação de incorporação de ações, por fim,deve-se destacar que por tratar-se de lei especial, não é possível estender a unipessoalidade da subsidiária integral a outros tipos societários que não a sociedade anônima.
b) Unipessoalidade Temporária.
Além da subsidiária integral, existe ainda, no ordenamento jurídico brasileiro, outra forma prevista de unipessoalidade, qual seja a da sociedade reduzida a um único sócio, fato que ocorre, conforme previsões legais nos seguintes momentos: (i) liquidação de quotas decorrente da morte de um dos sócios, conforme artigo 1.028 do Código Civil; (ii) exclusão judicial ou de pleno direito de sócio, conforme os artigos 1.004, §único, 1.030 e § único e 1.085, todos do Código Civil; (iii) saída em razão de dissidência, nos termos do artigo 1.077, do Código Civil; ou ainda (iv) retirada imotivada, nas hipóteses legais, artigo 1.029 do Código Civil.
Tal hipótese reflete a permissão expressa do legislador para que a sociedade permaneça, por prazo determinado, com um único sócio até que se restabeleça a pluralidade. Esse prazo pode variar conforme o tipo societário envolvido, já que perdura até a assembléia geral ordinária seguinte, nos casos de sociedades anônimas, ou no prazo de 180 dias no caso das demais sociedades personificadas. Contudo, deve-se destacar que o prazo inicial da contagem dos 180 dias não foi estabelecido de forma expressa no Código Civil, mas a doutrina tende a entender como data de início de contagem a data em que o número de sócios se reduziu a um, depois de transcorrido o prazo legal, e caso não sejam admitidos novos sócios, a sociedade se dissolve de pleno direito, nos termos do artigo 1.033 do Código Civil.
Apesar disso, há registro de decisões em que o Judiciário é condescendente e permite a continuação da sociedade com um único sócio, por tempo indeterminado e responsabilidade limitada, por aplicação do princípio da preservação da empresa.
c) Unipessoalidade nas Sociedades Simples – Sociedade Unipessoal na Advocacia.
Em abril de 2016, a Ordem dos Advogados do Brasil atualizou o regulamento de seu Estatuto da Advocacia para incluir a sociedade unipessoal no diploma legal, a Resolução 2/16, publicada no Diário Oficial da União, altera o artigo 37 do Regulamento Geral da Lei 8.906/1996. 
Nessa nova redação, os advogados podem constituir sociedade simples, unipessoal ou pluripessoal, de prestação de serviços de advocacia, que deve ser regularmente registrada no conselho seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede. Por essa resolução, a sociedade deverá ter o nome completo ou parcial do profissional responsável, que responderá de forma ilimitada por danos causados aos clientes.
A motivação para o desenvolvimento dessa demanda foram os ganhos tributários que os profissionais do Direito, que atuavam sozinhos, poderão usufruir, fato que não ocorria até então, prejudicando tais advogados quando comparados os direitos e benefícios que as sociedades pluripessoais de advogados detinham.
Essa, sem dúvida, é mais uma prova de que tanto o ordenamento, quanto a sociedade estão ávidos para que a limitação de responsabilidade dos empreendedores individuais seja reconhecida e devidamente tratada nodireito brasileiro.
7.1.4 Da Sociedade Limitada Unipessoal e suas distinções entre a EIRELI, Empresário Individual e a MEI.
A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada ou EIRELI tem como característica ser um tipo de sociedade limitada, porém com a representação de apenas um sócio, podendo ser pessoa física ou jurídica.
Para que a EIRELI seja criada, o interessado deverá fazer a integralização de até cem salários mínimos do ano vigente, o que no ano de 2020 gira em torno de R$ 104.500,00 (cento e quatro mil e quinhentos reais), porém a EIRELI não exige limite de faturamento, devendo apenas o interessado se atentar nos limites para enquadramento, onde:
a) Faturamentos até 4,8 milhões de reais devem se enquadrar no Simples Nacional;
b) Faturamentos a partir de 4,8 até 78 milhões devem se enquadrar no Lucro Presumido;
c) Faturamentos acima de 78 milhões devem se enquadrar no Lucro Real.
Porém, aos que utilizarem-se da EIRELI como forma de empreender podem contratar quantos funcionários forem necessários ao seu funcionamento, além de ter sua responsabilidade limitada ao valor do capital da empresa, ou seja, $ 104.500,00 (cento e quatro mil e quinhentos reais), portanto os bens particulares do sócio não poderão ser atingidos, exceto em casos de fraude e sua carga tributária recaíra sobre o seu enquadramento.
Por outro lado temos o Empresário Individual que pode se enquadrar como ME ou EPP e é aquele que aplica seu próprio nome na atividade empresarial, ou seja, a pessoa física que é titular da empresa não tem responsabilidade limitada, mas sim ilimitada, respondendo com seus bens particulares aos credores em caso de dívidas.
Ao contrário da EIRELI, o Empresário Individual não precisa integralizar um valor determinado, onde o seu capital social deve ser coerente com sua atividade econômica, podendo iniciar-se em apenas R$ 1.000,00 (mil reais), porém este tipo societário também não aplica nenhum limite de faturamento, devendo observar os mesmos moldes de enquadramento aplicados para a EIRELI.
O Empresário Individual, também pode contratar quantos funcionários forem necessários para o exercício da atividade econômica, porém sua responsabilidade alcança os limites determinados judicialmente, devendo o mesmo arcar com o valor integral da dívida, além de que sua carga tributária também recairá sobre seu enquadramento.
Outrossim, temos também o Microempreendedor Individual, mais conhecido como MEI, neste caso o interessado que fizer uso da MEI se enquadrará no Simples Nacional e poderá ter receita até o limite de R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais) no ano, porém o interessado só poderá efetuar as atividades permitidas na MEI , só poderá ter um único estabelecimento, não poderá participar de outra empresa como membro titular, sócio ou membro administrador e não poderá contratar mais de um funcionário.
Por outro lado, a MEI é isenta de impostos federais, como IRPJ, PIS, COFINS e IPI, pagando apenas um valor simbólico de cinco por cento do salário mínimo para a previdência social e apenas um real a título de ICMS em caso de comércio ou indústria e cinco reais a título de ISS em caso de prestação de serviços.
Por fim, temos a Sociedade Limitada Unipessoal, que poderá ser constituída por pessoa física ou jurídica e, diferentemente da EIRELI, poderá ter como capital social a aplicação do valor que seja coerente com sua atividade, não havendo a necessidade da integralização de cem salários mínimos, neste tipo societário também não há limite de faturamento, devendo ser observado o seu enquadramento.
Aos interessados, vale ressaltar que não há limite de contratação de funcionários, podendo o empreendedor contratar quantos forem necessários para o exercício da atividade, porém mesmo não integralizando valores altos, a responsabilidade do sócio que for pessoa física será limitada ao seu capital social, respondendo a pessoa jurídica pelo valor restante da dívida, neste caso a carga tributária também recairá observando o seu enquadramento.
7.1.5 Das alterações nos modelos societários já legislados trazidas pela Sociedade Limitada Unipessoal.
O intuito deste capítulo é o de analisar as alterações trazidas no Código Civil e sua aplicação nos tipos societários pré-existentes com a aprovação da Lei nº 13.874/19, bem como a alteração no art. 1.052 do CC, que ganhou o adicional do parágrafo único, estabelecendo que a sociedade limitada possa ser constituída por um único sócio, qual seja:
Art. 1.052. 
(...)
Parágrafo único. A sociedade limitada pode ser constituída por uma ou mais pessoas, hipótese em que se aplicarão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato social.(Brasil, 2002. Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002)
A Sociedade Limita Unipessoal criada com a aprovação da Medida Provisória 881/19 tem como objetivo incentivar o desenvolvimento econômico no país, desta forma este novo tipo societário passou a concomitar com outros dois modelos de sociedades unipessoais pré-existentes, sendo a subsidiária integral, prevista no art. 251 da Lei de Sociedades por Ações, Lei nº 6.404/76 e a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, mais conhecida como a EIRELI, prevista no art. 980-A do Código Civil, que foi incluído pela Lei nº 12.441/11, conforme:
Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como único acionista sociedade brasileira.(Brasil, 1976. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976)
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País.(Brasil, 2002. Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002)
É de conhecimento comum que as sociedades limitadas de fachadas são uma ocorrência que beiram ao natural no país. Ora, quantas empresas limitadas não são compostas muito antes do código de 2002 por sócios com 99% de capital social integralizado e o outro com apenas 1% de capital social integralizado, onde na verdade o sócio com o maior capital é aquele sobre o qual recaí os ônus e bônus e o sócio com a menor participação, muitas vezes, é utilizado apenas para que possa fazer uso da sociedade limitada.
O legislativo acreditava que com a criação da Lei nº 12.441/11 essa prática perderia sua força, porém mesmo com a limitação da responsabilidade ao empresário individual com a aplicação da EIRELI o cenário recorrente não se alterou, tendo o seu maior entrave no valor mínimo para a integralização deste modelo societário, que deveria ser no valor não inferior à cem salário mínimos do ano vigente, porém este entrave teve o cenário alterado com a criação da sociedade limitada unipessoal, que garante não só uma responsabilidade limitada para um único sócio como também não há necessidade de se integralizar um valor mínimo tão alto quanto na EIRELI
Ademais, aqueles que optarem pela EIRELI não podem ser titular de mais uma empresa, em face da sociedade limitada que não há nenhuma proibição ou restrição quando a quantidade de sociedades ao qual o titular pode integrar, conforme art. 980-A, § 2º do CC:
Art. 980-A. 
(...)
§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade.(Brasil, 2002. Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002)
Por certo que a sociedade limitada unipessoal traz em seu bojo vantagens em face a aplicação do Microempreendedor Individual e ao Empresário Individual, vez que estes modelos tem a ausência de limitação de faturamento, a sua nesses modelos empresariais trazem consigo a obrigatoriedade de se usar o Simples Nacional, há limitação de atividades que podem ser realizadas, bem como a proibição de o titular, sócio ou administrador participar de mais de uma empresa ou estabelecimento, além de haver a limitação para contratação de funcionários.
Devido a isto, percebe-se que a escolha pela Sociedade Limitada Unipessoal em face da MEI pode ser mais vantajosa, visto

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