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1 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - CCBS Instituto Biomédico– IB Disciplina: Ambiente e Saúde Profª Drª Mariana Belo Profª Drª Bianca Marins Aluno: Mariana Abrahão Barreiro Alvarez Curso: Biomedicina E-mail institucional: mariana.abrahao@edu.unirio.br Trabalhos referentes às semanas 2, 3, 4 e 5. mailto:mariana.abrahao@edu.unirio.br 2 SUMÁRIO 1. Indicadores de Saúde Ambiental ----------------------------------------- Páginas 3 a 6. 2. Mortalidade Infantil ---------------------------------------------------------------------Páginas 7 a 9. 3. Desigualdade em Saúde -------------------------------------------------------Páginas 10 a 13. 4. Saneamento Básico no Brasil -------------------------------------------Páginas 14 a 16. 3 Indicadores de saúde ambiental As preocupações de entender as relações entre condições sociais e ambientais e o processo saúde-doença sempre estiveram em evidência, de diferentes maneiras, durante a nossa evolução. No entanto, atualmente, o que denominamos de Saúde Pública, está em foco na sociedade, e alguns fatores importantes podem ter contribuído para o redirecionamento a essa temática, por exemplo a crescente iniquidade socioeconômica e seus impactos na saúde do indivíduo, com maior ênfase em parcelas mais vulneráveis da população (VILLAR, 2007). O Brasil, primeiro país membro da OMS a criar a sua Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), no ano de 2006, cujos objetivos baseavam-se em produzir conhecimentos e informações sobre os determinantes sociais da saúde no Brasil; contribuir para o engrandecimento de políticas públicas e programas para a promoção da equidade; e estimular a população, as autoridades e membros de diferentes instâncias do governo sobre esses determinantes (BUSS E PELLEGRINI FILHO, 2007). 1Fonte: OPAS - Brasil. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=1702:ind icadores-de-saude-ambiental-para-o-observatorio-de-clima-e-saude&Itemid=839 https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=1702:indicadores-de-saude-ambiental-para-o-observatorio-de-clima-e-saude&Itemid=839 https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=1702:indicadores-de-saude-ambiental-para-o-observatorio-de-clima-e-saude&Itemid=839 4 Indicadores mostram e informam sobre o grau de influência de um fator sobre uma população exposta em uma determinada região. Ele é constituído de diversos dados estatísticos, no caso de indicadores quantitativos, ressaltando uma circunstância (MAGALHÃES JÚNIOR, 2007). Exatamente por eles serem considerados informações, eles tornam-se imprescindíveis na tomada de decisões, criação de estratégias e nas metodologias de gerência; para a sociedade, são importantes ferramentas para o controle social (SOBRAL, 2008). Para que um dado seja um indicador em saúde é necessário que ele possua algumas características que garantam a sua credibilidade e validade e, dessa forma, servir como base para a tomada de decisões, tais como: Relevância e validade: quaisquer que sejam os dados analisados, eles devem ser relevantes para o processo de planejamento e decisão, e devem refletir as características do objeto de estudo, caso contrário não justificaria a criação do próprio indicador em si. Intimamente ligado a Validade está a Confiabilidade dos dados que compõe aquele indicador, e as pessoas ou instituições responsáveis pela coleta dos mesmos (BRASIL, 2011). De acordo com o Site da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) o Brasil (2010), a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) trabalha ultimamente com uma metodologia da Organização Mundial da Saúde (OMS) chamada de metodologia FPEEEA, que consiste em identificar e organizar dados existentes para construir indicadores que se focam na vigilância em saúde de lugares específicos, possibilitando, dessa maneira, alcançar a compreensão dos determinantes em diferentes níveis acerca de, por exemplo, processos que proporcionam efeitos negativos sobre aquele ambiente e sobre a saúde daquela população em questão (ARAUJO-PINTO, et.al, 2012) Cobertura: é fundamental que o indicador contemple uma grande parcela da população alvo no território estudado, enquanto a desagregabilidade é a possibilidade de representar grupos, populações e/ou regiões territoriais específicas. Sensibilidade e Especificidade refletem a capacidade de realmente 5 evidenciar que ocorreram mudanças nos fatores socioambientais influentes na população e ao grau de associação dos dados com a realidade. Inteligibilidade e comunicabilidade, ou seja, transparência dos dados sobre a criação daquele indicador para que a informação seja facilmente divulgada e aplicada através de políticas públicas e alocação de recursos. Factibilidade, periodicidade de atualização e historicidade: Estão relacionadas com a facilidade de reprodução do indicador, coleta de dados, baixo custo de produção e da possibilidade de se atualizar regularmente os dados obtidos de forma a se construir uma avaliação continuada ao longo do tempo (BRASIL, 2011). É imperativo que haja essa avaliação criteriosa no desenvolvimento de indicadores de saúde, de forma a garantir que as políticas subsequentes aos resultados por ele evidenciados, sejam efetivas na melhoria da qualidade de vida da população alvo. Ressaltando que é clara a dificuldade de se produzir dados com a agilidade necessária respeitando essas normas devido a obstáculos metodológicos, custos operacionais e quaisquer outros fatores que venham a dificultar a obtenção de dados tão relevantes e preciosos (BRASIL, 2011). Dessa forma, esses indicadores podem e devem ser utilizados em nível nacional e internacional com o intuito de apresentar e informar respostas acerca de dados sobre uma determinada circunstância, promovendo o controle e a prevenção de doenças, formulando, então, estratégias que consolidem a saúde ambiental. Referências Bibliográficas ARAUJO-PINTO, Mariana; PERES, Frederico; MOREIRA, Josino Costa. Utilização do modelo FPEEEA (OMS) para a análise dos riscos relacionados ao uso de agrotóxicos em atividades agrícolas do estado do Rio de Janeiro. Centro de Estudos da Saúde do Trabalhados e Ecologia 6 Humana, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csc/v17n6/v17n6a18.pdf Acesso em: 06 Nov. 2020 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Saúde ambiental : guia básico para construção de indicadores / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. – Brasília : Ministério da Saúde, 2011. 124 p. : il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde) BUSS, Paulo Marchiori; PELLEGRINI FILHO, Alberto. A saúde e seus determinantes sociais. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.17, n.1, p. 77-93, 2007. MAGALHÃES JÚNIOR, Antônio Pereira. Indicadores ambientais e recursos hídricos: realidade e perspectivas para o Brasil a partir da experiência francesa. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. OPS/OMS –BRASIL. Indicadores de Saúde Ambiental para o Observatório de Clima e Saúde. Brasil, 2010. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=170 2:indicadores-de-saude-ambiental-para-o-observatorio-de-clima-e- saude&Itemid=839 Acesso em : 06. Nov. 2020 SOBRAL, André; FREITAS, Carlos Machado de. Modelo de Organização de Indicadores para Operacionalização dos DeterminantesSocioambientais da Saúde. Saúde Soc., [s. l.], ano 2010, v. v.19, ed. n.1, p. p.35-47, 5 ago. 2009. Disponível em: http://www6.ensp.fiocruz.br/repositorio/sites/default/files/arquivos/ModeloOrgani za%C3%A7%C3%A3o.pdf. Acesso em: 19 out. 2020 SOBRAL, André. Indicadores de sustentabilidade ambiental e bem-estar para municípios da Região do Médio Paraíba, Estado do Rio de Janeiro. 2008. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2008. VILLAR, Eugenio. Los determinantes sociales de salud y la lucha por la equidad em salud: desafios para el Estado y la sociedad civil. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 16, n. 3, p. 7-13, 2007 https://www.scielo.br/pdf/csc/v17n6/v17n6a18.pdf https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=1702:indicadores-de-saude-ambiental-para-o-observatorio-de-clima-e-saude&Itemid=839 https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=1702:indicadores-de-saude-ambiental-para-o-observatorio-de-clima-e-saude&Itemid=839 https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=1702:indicadores-de-saude-ambiental-para-o-observatorio-de-clima-e-saude&Itemid=839 7 Mortalidade Infantil O índice de mortalidade infantil pode ser dividido entre mortalidade precoce (mortalidade neonatal), sendo esse quando o óbito ocorre entre 1º e 28º dia a partir do nascimento. E mortalidade infantil tardia (mortalidade pós-neonatal), quando o óbito ocorre entre o 28º dia e o 1º ano de vida (LAURENTI, 1975). A mortalidade precoce ocorre por motivos obstétricos e condições pré-natais (genéticas complicações durante a gestação, etc.). Já a mortalidade infantil tardia é causada por fatores externos, geralmente associados ao ambiente, como falta de saneamento básico, baixa oferta de alimentos, má qualidade da água oferecida, precária disponibilidade de serviços de saúde, entre outras (LAURENTI, 1975). Essas subdivisões servem como um bom indicador de saúde da população, de forma que se ocorrem muitos óbitos infantis tardios, pode-se sugerir que as 2- Fonte: G1. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/campinas- regiao/noticia/2020/10/07/campinas-registra-reducao-em- indice-de-mortalidade-infantil-no-2o-quadrimestre-aponta- saude.ghtml https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2020/10/07/campinas-registra-reducao-em-indice-de-mortalidade-infantil-no-2o-quadrimestre-aponta-saude.ghtml https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2020/10/07/campinas-registra-reducao-em-indice-de-mortalidade-infantil-no-2o-quadrimestre-aponta-saude.ghtml https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2020/10/07/campinas-registra-reducao-em-indice-de-mortalidade-infantil-no-2o-quadrimestre-aponta-saude.ghtml https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2020/10/07/campinas-registra-reducao-em-indice-de-mortalidade-infantil-no-2o-quadrimestre-aponta-saude.ghtml 8 condições ambientais daquele local onde a criança vive (saneamento básico, oferta de alimento, disponibilidade de água limpa para consumo, acesso a serviço médico, etc.) são precárias (SZWARCWALD, 2002). Apesar do índice de mortalidade infantil estar sendo reduzido, este ainda continua sendo um grave problema de saúde pública mundial, principalmente em países em desenvolvimento. No Brasil, o índice de mortalidade infantil diminuiu, no entanto, apresenta-se, ainda, como um grande desafio a ser superado (BRASIL, 2020). De acordo com a reportagem do G1 (2020), na Cidade de Campinas, São Paulo, houve redução no índice de mortalidade infantil nessa cidade no segundo quadrimestre de 2020. O Secretário de Saúde de Campinas Carmino de Souza declarou que o melhor indicador de um sistema de saúde são as avaliações dos dados de mortalidade infantil, uma vez que este avalia a rede de atenção primária à gestante com assistência no pré-natal, exames laboratoriais e disponibilidade de UTI neonatal. Dessa forma, a política é fundamental quando se trata de mortalidade Infantil. Como, no Brasil, a maioria dos óbitos infantis estão entre a faixa etária de 1 ano, podemos concluir, portanto, que fatores externos estão intimamente relacionados (BRASIL, 2020). A autoridade política responsável pelo local deve, dessa maneira, direcionar recursos para áreas de direitos básicos, como saneamento básico, disponibilidade de água limpa para consumo, acesso a serviço médico, oferta de alimento, etc. Com isso, haveria a melhoria dos agentes externos e, consequentemente, maior redução da mortalidade infantil no Brasil (SCHRAMM, 2000). Torna-se evidente, portanto, que ambiente e saúde estão intimamente ligados, uma vez que o ambiente interfere diretamente na saúde do indivíduo, em todas as áreas da “saúde”. E sabendo disso, utilizando-se da política e da administração, há diferentes maneiras de mudar lamentáveis realidades, como por exemplo, o triste cenário de mortalidade infantil no Brasil. 9 Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Mortalidade e Saúde Infantil – Brasília : Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/crianca-e- adolescente/dados-e-indicadores/mortalidade-e-saude-infantil Acesso em: 23 Out. 2020. G1. Campinas registra redução em índice de mortalidade infantil no 2º quadrimestre, aponta Saúde. Campinas, São Paulo, 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2020/10/07/campinas-registra- reducao-em-indice-de-mortalidade-infantil-no-2o-quadrimestre-aponta- saude.ghtml Acesso em: 06 Out 2020 LAURENTI, Ruy. Fatores de erros na mensuração da mortalidade infantil. Rev. Saúde Pública, São Paulo , v. 9, n. 4, p. 529-537, Dec. 1975 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 89101975000400008&lng=en&nrm=iso Acesso em: 23 Out 2020. SCHRAMM, Joyce Mendes de Andrade; SZWARCWALD, Célia Landmann. Diferenciais nas taxas de mortalidade neonatal e natimortalidade hospitalares no Brasil: um estudo com base no Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 16, n. 4, p. 1031-1040, Dec. 2000 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 311X2000000400021&lng=en&nrm=iso Acesso em: 23 Out 2020. SZWARCWALD, Célia Landmann; LEAL, Maria do Carmo; ANDRADE, Carla Lourenço Tavares de; SOUZA JR., Paulo Roberto Borges de. Estimação da mortalidade infantil no Brasil: o que dizem as informações sobre óbitos e nascimentos do Ministério da Saúde?. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 18, n. 6, p. 1725-1736, Dec. 2002 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 311X2002000600027&lng=en&nrm=iso Acesso em: 23 Out 2020. https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2020/10/07/campinas-registra-reducao-em-indice-de-mortalidade-infantil-no-2o-quadrimestre-aponta-saude.ghtml https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2020/10/07/campinas-registra-reducao-em-indice-de-mortalidade-infantil-no-2o-quadrimestre-aponta-saude.ghtml https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2020/10/07/campinas-registra-reducao-em-indice-de-mortalidade-infantil-no-2o-quadrimestre-aponta-saude.ghtml http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101975000400008&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101975000400008&lng=en&nrm=iso 10 Desigualdade em Saúde 3 Fonte: Agência Brasil. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-07/levantamento- indica-acesso-desigual-saude-durante-pandemia A desigualdade social é definida pela desigual distribuição de bens e serviços entre diferentes grupos sociaisdos quais formam a sociedade. A saúde, da mesma forma que as doenças, podem ser distribuídas desigualmente entre os grupos sociais, devido a diversos fatores, entre eles a exposição ao risco de contrair morbidades e vir a óbito, além do acesso a serviços de saúde e políticas públicas (MACKENBACH; KUNST, 1997). Portanto, a desigualdade em saúde mostra-se através das diferenças nos níveis de saúde, assim como assistência médica nos diferentes níveis de grupos sociais. Embora seja garantida nos termos da Constituição Federal de 1988 a universalização do fornecimento de saúde de qualidade para todos os cidadãos brasileiros com o objetivo de igualar a oportunidade de acesso aos serviços de saúde e de atendimento (NERI; SOARES, 2002), no Brasil, incontestavelmente, há uma infeliz realidade de desigualdade em saúde entre os diferentes grupos socioeconômicos. https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-07/levantamento-indica-acesso-desigual-saude-durante-pandemia https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-07/levantamento-indica-acesso-desigual-saude-durante-pandemia 11 De acordo com reportagem publicada pela Agência Brasil (2020), na pandemia de COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, pacientes de comunidades sofrem com a falta de infraestrutura, onde as não há janelas e ventilação adequada em dependências de prédios da Saúde. Ademais, profissionais da saúde relatam que precisar encolher casos para tratar, os mais graves, especificamente. Isso devido à falta de estrutura para acolher todos os que ali chegam. Ainda nessa reportagem, o boletim O observatório das Favelas ressalta que moradores dos bairros do subúrbio carioca como Vicente de Carvalho, Acari, Inhaúma, Anchieta e Costa Barros, estão aproximadamente 5 quilômetros de distância de unidades de saúde que possuem leito com respirador. E, ainda, para receber o primeiro atendimento, moradores precisam andar por mais de 30 minutos. Esse cenário evidencia o precário fornecimento em Saúde para populações do subúrbio e/ou de comunidades, acentuando em uma unidade básica, que não conta com leito com respirador, os, ainda mais a desigualdade social, especificamente a desigualdade em saúde. Além disso, algumas doenças crônicas e degenerativas se desenvolvem aproximadamente 30 anos antes em indivíduos de classes individuais menos privilegiadas, segundo House; et al (1990). As iniquidades quando se fala sobre saúde, colocam determinados grupos sociais, especificamente os mais vulneráveis em situação desproporcional, ocasionando cenário de discriminação. A ocorrência de doenças nesses grupos reforça a situação de vulnerabilidade já existente nessa parcela da população No artigo de Neri; et.al (2002), foi observado, diante da análise entre distribuições de renda e índice de doenças crônicas, que morbidades que apresentam maior facilidade de ser identificada, como por exemplo, artrite, dor na coluna e reumatismo, apresentam-se com mais frequência em grupos desprivilegiados, enquanto doenças como câncer, diabetes e hipertensão, que necessitam de um exame para seu diagnóstico estão cada vez mais frequentes em direção ao topo da pirâmide de distribuição de renda. O fato dos menores índices de doenças como câncer, diabetes e hipertensão estarem presentes nos grupos mais vulneráveis pode ser explicado devido á 12 reduzida oportunidade de acesso a exames e a serviços de saúde no geral, quando comparada a grupos do meio ao topo da pirâmide de distribuição de renda. Outro ponto a ser percebido é que ao longo da pirâmide de distribuição de renda, houve diminuição significativa dos casos de tuberculose. Essa percepção no estudo corrobora para a tese de que a tuberculose é uma enfermidade que está fortemente associada a fatores sociais e econômicos. Dessa forma, a implementação de políticas públicas mostra-se indubitavelmente relevante para a supressão desse grave problema social presente no Brasil. A criação do Sistema Único de Saúde, de fato, melhorou significativamente essa realidade (ALBUQUERQUE, 2015), no entanto, ainda é possível melhorar e desenvolver a sociedade brasileira, promovendo igualdade no fornecimento de serviços de saúde realizando maior investimento nesse setor. Com isso, haverá melhora da qualidade do serviço e também, maior disponibilidade de atendimento médico e realização de exames nos grupos socioeconômicos mais vulneráveis. Referências Bibliográficas AGÊNCIA BRASIL. Mapa Social do Corona indica acesso desigual à saúde na pandemia. Rio de Janeiro, 2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-07/levantamento-indica- acesso-desigual-saude-durante-pandemia Acesso em: 06 Out 2020. ALBUQUERQUE, Maria Ilk Nunes. Uma revisão sobre as Políticas Públicas de Saúde no Brasil. Recife, 2015. Disponível em: https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/3333/1/2saud_socie_polit_public_ saud_2016.pdf Acesso em : 31 Out 2020. https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-07/levantamento-indica-acesso-desigual-saude-durante-pandemia https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-07/levantamento-indica-acesso-desigual-saude-durante-pandemia https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/3333/1/2saud_socie_polit_public_saud_2016.pdf https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/3333/1/2saud_socie_polit_public_saud_2016.pdf 13 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 16. ed. Organização de Alexandre de Moraes. São Paulo: Atlas, 2000. HOUSE, J.; KESSLER, R. C. & REGULA, H. A.. Age, socioeconomic status and health. Milbank Quarterly, 1990. Disponível em : https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/2266924/ Acesso em : 31 Out 2020. KUNST, Anton E.; MACKENBACH, Johan P. Measuring the magnitude of socioeconomic inequalities in health: an overview of available measures illustrated with two examples from Europe. Soc. Sci. Med. 1997 Disponivel em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9080560/ Acesso em: 31 Out 2020. NERI, Marcelo; SOARES, Wagner. Desigualdade social e saúde no Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 18, supl. p. S77-S87, 2002 .Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 311X2002000700009&lng=en&nrm=iso Acesso em: 31 Out 2020. REIS, Denizi Oliveira; ARAUJO, Eliane Cardoso de; CECÍLIO, Luiz Carlos de Oliveira. Políticas públicas de saúde: Sistema Único de Saúde. Disponível em: https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_conteudos/unid ade04/unidade04.pdf Acesso em: 31Out 2020 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/2266924/ https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9080560/ https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_conteudos/unidade04/unidade04.pdf https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_conteudos/unidade04/unidade04.pdf 14 Saneamento Básico no Brasil 4 Fonte: Agência Brasil. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/eleicoes-2020/noticia/2020-11/lei-exige- medidas-rapidas-dos-novos-prefeitos-para-o-saneamento-basico Pode-se dizer por Saneamento Básico o conjunto de serviços, como infraestrutura, abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana, limpeza urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais, que visam preservar as condições do meio ambiente a fim de prevenir doenças, promover a saúde e proporcionar qualidade de vida para a população (SOUZA, 2002). O Saneamento Básico é assegurado como direito pela Constituição Federal do Brasil de 1988 (BRASIL, 1988). Uma ampla rede institucional com múltiplos agentes é necessário para a correta atuação na implementação desse direito. https://agenciabrasil.ebc.com.br/eleicoes-2020/noticia/2020-11/lei-exige-medidas-rapidas-dos-novos-prefeitos-para-o-saneamento-basico https://agenciabrasil.ebc.com.br/eleicoes-2020/noticia/2020-11/lei-exige-medidas-rapidas-dos-novos-prefeitos-para-o-saneamento-basico15 No Brasil, há uma notória desigualdade ao acesso a esses recursos e é marcado por um significativo déficit ao acesso ao saneamento básico, especialmente à coleta e tratamento de esgoto por parte da população brasileira, especificamente, a parcela da população com menos recursos financeiros (LEONETI, et al, 2011). De acordo com o Ranking do Saneamento Básico 2019 feito pelo Instituto Trata Brasil (2019), que abrange as 100 maiores cidades e 40% da população brasileira, usando como base dados do Ministério do Desenvolvimento Regional, há no Brasil, 35 milhões de pessoas sem acesso à água tratada e 100 milhões sem coleta de esgoto (47,6% da população). Somente 46% dos esgotos produzidos, são tratados, implicando significativamente na dificuldade de prevenção de doenças. A relação saneamento-desenvolvimento é evidente. Países mais desenvolvidos apresentam mais serviços de saneamento para a sua população e ainda, países com melhores atendimentos em saneamento para seus cidadãos são países que apresentam menores índices de doenças relacionadas ao meio ambiente (HELLER, 1998). O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) levanta dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de diferentes países desde 1990. Eles avaliam 3 fatores: expectativa de vida, conhecimento (alfabetização e instrução) e padrão de vida; cujo índice varia de 0 a 1 (PNUD, 2017). De acordo com a Agência Brasil (2020), os prefeitos eleitos em 2020, e com mandado a partir de 2021, deverão melhorar as condições de moradia, prevenção da saúde e desenvolvimento sustentável de seus respectivos municípios a partir da Lei nº 14.021/2020 estabelecida na legislação do saneamento básico, que prevê a universalização desses serviços até 2033 (AGÊNCIA BRASIL, 2020). Portanto, é esperada, com empenho e fiscalização, que seja cumprida a lei e que o direito assegurado pela Constituição Federal de 1988 seja, de fato, garantido para todos os brasileiros, independente de classes sociais e mudando, dessa forma, a atual realidade de milhões de cidadãos brasileiros. 16 Referências Bibliográficas AGÊNCIA BRASIL. Lei exige medidas rápidas dos novos prefeitos para o saneamento básico. Brasília, 2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/eleicoes-2020/noticia/2020-11/lei-exige- medidas-rapidas-dos-novos-prefeitos-para-o-saneamento-basico Acesso em: 06 Out. 2020. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em: 10 Out 2020. HELLER, Leo. Relação entre saúde e saneamento na perspectiva do desenvolvimento. Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG. Minas Gerais, 1998. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csc/1998.v3n2/73-84/pt Acesso em: 10 Out 2020 LEONETI, Alexandre Bevilacqua; PRADO, Eliana Leão do; OLIVEIRA, Sonia Valle Walter Borges de. Saneamento básico no Brasil: considerações sobre investimentos e sustentabilidade para o século XXI. Revista de Administração Pública – FGV. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rap/v45n2/03.pdf Acesso em: 10 Out 2020 PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório do Desenvolvimento Humano. Brasília, 2017. Disponível em: https://www.undp.org/content/dam/brazil/docs/publicacoes/relatorio-pnud-brasil- 2017.pdf Acesso em: 10 Out 2020 SOUZA, Maria Salete de. Meio ambiente urbano e Saneamento Básico. Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará. Mercator- Revista de Geografia da UFC, ano 1, número 01, Ceará, 2002. Disponível: file:///C:/Users/Acer/Downloads/194-1-677-1-10-20090105.pdf Acesso em: 10 Out 2020. TRATA BRASIL. Painel saneamento Brasil. Brasília, 2019. Disponível em: https://www.painelsaneamento.org.br/explore/ano?SE%5Ba%5D=2018 Acesso em: 10 Out 2020 https://agenciabrasil.ebc.com.br/eleicoes-2020/noticia/2020-11/lei-exige-medidas-rapidas-dos-novos-prefeitos-para-o-saneamento-basico https://agenciabrasil.ebc.com.br/eleicoes-2020/noticia/2020-11/lei-exige-medidas-rapidas-dos-novos-prefeitos-para-o-saneamento-basico http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
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