Buscar

MELHORAMENTO DE LINHO


Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - CAMPUS RIO PARANAÍBA
MELHORAMENTO DO LINHO
LUCAS ROBERT FAGUNDES - 4450
Rio Paranaíba
Abril 2021
SUMÁRIO
1)	CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA E PRINCIPAIS VARIEDADES	3
2)	IMPORTÂNCIA DA ESPÉCIE VEGETAL PARA O HOMEM	4
3)	ASPECTOS GENÉTICOS E CITOGENÉTICOS, PADRÃO DE HEREDITARIEDADE E EVOLUÇÃO DA ESPÉCIE	5
4)	PROGRAMAS DE MELHORAMENTO MAIS IMPORTANTES	5
5)	OBJETIVOS DO MELHORAMENTO	7
6)	CONCLUSÕES	8
7)	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	8
1) 
 CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA E PRINCIPAIS VARIEDADES
O linho têxtil e o linho oleaginoso pertencem ambos a mesma espécie, destinando-se o primeiro a produção de fibras e o segundo, a produção de óleo. No estado atual das pesquisas agronômicas e industriais, não se chegou à obtenção de uma variedade que servisse aos dois fins satisfatoriamente, pois em ultima instância, a fibra obtida dos linhos mistos não apresenta as características que permitam o seu pleno aproveitamento na tecelagem. 
O linho é uma planta herbácea que chega a atingir um metro de altura e pertence à família das lináceas. Abrange certo número de subespécies, integradas por botânicos com o nome de Linum usitatissimum L. É uma oleaginosa, que pode apresentar altura de 30 a 130 cm, talos eretos, haste alongada, folhas estreitas e lanceoladas, com coloração que alterna entre o verde e verde-claro. Da planta, sai um talo principal, o qual origina vários ramos onde nascem as folhas, os frutos em forma de cápsula e as flores de cor azul ou branca (MARQUES, 2008). Cada cápsula é capaz de produzir de 8 a 10 sementes. Sua semente é um cereal (monocotiledônea) que possui alto teor de lipídio, caracterizada por ser achatada, oval, com extremidades pontiagudas e aproximadamente 5 mm de comprimento (MARQUES, 2008). 
O linho é originário da Ásia, e estima-se que tem sido cultivado há cerca de 4000 anos nos países mediterrâneos, onde ocorreu o início de sua domesticação. Essa espécie produz duas tonalidades de semente, sendo uma a variedade marrom-avermelhada e outra a variedade dourada. A coloração da semente é determinada pela quantidade de pigmentos em seu revestimento, e varia de acordo com fatores genéticos e condições climáticas da região de cultivo. Devido sua necessidade de baixa temperatura para a floração, a linhaça dourada é encontrada em regiões como a Europa, e também no Sul do Brasil. Já a marrom é cultivada em regiões de clima quente e úmido.
Há três variedades de linho, sendo que uma é de fibra para a indústria têxtil, uma é para semente para a produção de óleo, e a última, é um cruzamento dos dois que possui a finalidade de obter dupla produção satisfatória (LIMA, 2007).
Linho-Fibra: Produz fibras para tecidos finos, papel de cigarro e sacaria de estopa. Uma boa fibra se caracteriza por: resistência ao tempo, durabilidade, elasticidade, finura e brilho. 
Linho-óleo: Sua semente contem 32 a 44% de óleo de aplicação industrial. São óleos secativos, usados em esmaltes, massas para vidros, oleados, cera de aplicação em enxertos, etc. O resíduo ou torta de linhaça, apos a extração de óleo, devido ao alto teor de proteínas, e usado na alimentação do gado bovino e suíno, contendo ainda 3 a 87.O linho têxtil apresenta maior altura, de 70 a 120 em, e não deve ter ratificação basal. O linho oleaginoso é mais baixo e, comumente a presenta ramificação basal. 
Variedades de linho têxtil: FARROUPILHA é uma seleção da FAV. Não é resistente a murcha. O linho holandês CONCURRENTE, introduzido no Estado, também não e resistente à murcha. O linho argentino CALCHAQUIMA é resistente à murcha e a algumas raças de ferrugem. Variedades de linho oleaginoso: TAPERAJU e NHU PORÃ, criados na Estação Experimental de são Borja, são resistentes à murcha do linho e são os mais cultivados no Rio Grande do Sul. OLIVEROS TIMBU, PERGAMINO PUELCHE, TEZZANOS PINTO, PERGAMINO MOCORETÃ são argentinos. O primeiro é considerado resistente à ferrugem, o segundo é resistente ao pasmo e o terceiro é considerado resistente à murcha e ao pasmo. 
2) IMPORTÂNCIA DA ESPÉCIE VEGETAL PARA O HOMEM
A linhaça é a semente do linho (Linum usitatissimum), muito utilizada em culinária, onde é consumida com casca e dela se extrai o óleo de linhaça que é rico em Ómega 3, Ómega 6 e Ómega 9. Além disso, o óleo da Linhaça é usado na indústria cosmética, em farmácias de manipulação e na pintura a óleo, sendo o veículo mais comum na preparação de tintas indumedicinais. O linho pode ter mais de 300 espécies, apresentando grande importância econômica, podendo ser utilizada na produção de fibras têxtil e também destinada para a produção de grãos para consumo humano e animal e para a extração de óleo. 
O grão do linho pode ser consumido in natura, inteiro ou moído, podendo ser acrescentado nos alimentos ou em produtos de panificação, sobremesas e produtos cárneos. Uma vez que são comprovados os benefícios da linhaça à saúde, a linhaça pode ser considerada um alimento funcional. Dentre seus constituintes, podem-se citar os ácidos graxos poli-insaturados αlinolêico (ALA), compondo 20% da semente, e o ácido-linoléico (AL), que compõe 6% (USDA, 2007). Ambos os ácidos graxos presentes em sua composição são considerados essenciais (MARQUES, 2008). O ALA possui função biológica, sendo usado como fonte energética e matéria-prima do tecido nervoso e de substâncias que regulam a pressão arterial e a coagulação. A linhaça possui em torno de 25% de proteínas, 40% de gordura e 28% de fibras dietéticas totais. Os principais minerais encontrados na semente são potássio, fósforo, magnésio, cálcio e enxofre.
3) ASPECTOS GENÉTICOS E CITOGENÉTICOS, PADRÃO DE HEREDITARIEDADE E EVOLUÇÃO DA ESPÉCIE
A linhaça ou linho é uma cultura autógama, anual com ciclo de aproximadamente 150 dias, possui um alto teor de proteína, podendo variar entre 26,9 - 31,6%, seu teor de óleo varia entre 31,9 - 37,8%. Sua raiz principal é pouco desenvolvida, possui numerosas raízes secundárias e terciárias superficiais que atingem cerca de 50 cm de profundidade, podendo em alguns solos atingir os 120 cm de profundidade. 
As variações de cor podem ser alteradas através do cruzamento de plantas ou devido às condições de armazenamento, influenciando diretamente sua finalidade, 15 variando entre consumo in natura e industrialização. Independente da finalidade, seu ciclo biológico pode ser dividido em dois: de inverno e de primavera. Estes ciclos podem ser distinguidos pela época de desenvolvimento, mostrando diferenças de crescimento e desenvolvimento da planta. A particularidade da linhaça de inverno é possuir uma quantidade diferenciada de ramificação e a característica de crescimento prostrado antes do início da extensão do caule, no início da primavera. 
O linho tem seu ciclo divido em estádios de 0 a 9. Cada estádio principal é subdividido em sub-estádios que são referidos pelo segundo dígito no código. Onde o estádio 0 é classificado como de Germinação e emergência, estádio 1 - Desenvolvimento foliar, estádio 2 – Ramificação, estádio 3 - Crescimento do caule, estádio 4 - Desenvolvimento de parte vegetativa de colheita, estádio 5 - Desenvolvimento de inflorescência e emergência, estádio 6 - Floração e formação de cápsulas, estádio 7 - Desenvolvimento da semente e da cápsula, estádio 8 – Amadurecimento da semente e da cápsula, estádio 9 - Senescência do caule.
4) PROGRAMAS DE MELHORAMENTO MAIS IMPORTANTES
O Brasil não possuii nenhum programa de melhoramento genético para linhaça, por se tratar de uma cultura autógama, sugestiona-se que é possível selecionar progênies de linhaça com potencial superior à média populacional. Lara-Fioreze (2013) demonstrou em seu trabalho com a cultura do crambe, que o método de seleção individual com teste de progênies foi eficiente na melhoria de caracteres como produtividade de grãos e de óleo. 
A presença de variabilidade genética possibilita a utilização de métodos de melhoramento de plantas autógamas como o de seleção de linhas puras para a obtenção de uma população de plantas superiores as iniciais. O método consiste na seleção de plantasfenotipicamente interessantes ao ponto de vista do melhorista e a avaliação de suas progênies de modo que assim possa se quantificar o impacto do ambiente sobre as progênies (BORÉM, 2009).
Um dos fatores que impedem a efetiva utilização da cultura do linho é a falta de materiais genética registrada e adaptada para determinadas regiões, onde de conforme consta no RNC (registro nacional de cultivares), há algumas cultivares registrada, proveniente do Crop Development Centre (CDC) da universidade Sask Atchewan no Canada. Assim, estas cultivares foram desenvolvidas e adaptadas as condições de cultivo do Canada, região com características climáticas diferentes do Brasil.
Na história do melhoramento genético da linhaça, com exceção das cultivares ‘Redwin’ provinda do estado de Minnesota e ‘Punjab‘ provinda da Califórnia, o desenvolvimento da cultura ocorreu por seleção, e não por hibridação, embora a hibridação já fosse difundida antes do ano de 1936. A seleção inicial envolvia melhorias no rendimento de óleo por área, pois era o produto de maior interesse na época e isso era obtido através da seleção com base na produtividade de semente por área, devido à alta correlação entre as mesmas. Não obstante, para que houvesse uma grande produtividade, era primordial que a cultura apresentasse alta resistência a doenças e caracteres agronômicos desejáveis. 
Os métodos envolvem a criação de variabilidade genética quando a mesma não existe. Após, selecionam-se os melhores recombinantes e os genes são fixados quando o indivíduo retorna a homozigose. O resultado disso é uma população com boa adaptação e alta produtividade no local onde foi desenvolvida, porém fora desses locais, a produtividade pode ser aquém da esperada devido ao impacto direto ocasionado por fatores ambientais. Dentre os métodos mais utilizados para o melhoramento genético da linhaça, está presente o método de Pedigree, pois o mesmo demostrou uma alta eficiência em diversos trabalhos já realizados. Método de pedigree foi proposto inicialmente por Nilsson-Ehle (1914) e o mesmo consiste na criação de variabilidade genética artificial a partir do cruzamento de duas linhas puras e posteriormente ocorre a seleção dos indivíduos mais interessantes fenotipicamente durante os sucessivos ciclos até que a planta retorne a homozigose. 
O melhoramento da linhaça acabou ficando para trás de culturas oleaginosas, como a canola e a soja, e parte disso são devido à linhaça ocupar um nicho menor como uma oleaginosa e por isso, os recursos foram reduzidos para seu desenvolvimento. A diversidade genética dentro da cultura é baixa e não pode ser facilmente complementada por hibridação intraespecífica. Portanto, os métodos de produção de sementes híbridas não foram desenvolvidos. As opções de cultivares de linho são limitadas em relação a outras culturas. 
O Canadá, que é o maior produtor, contava com menos de 15 variedades em 2010. As escolhas de cultivo são feitas com base no rendimento, resistência à ferrugem e tempo para maturação. A maioria das variedades é resistente à ferrugem e ao Fusarium, e a seleção de cultivares, em combinação com a rotação de culturas, reduziu os danos causados por doenças. A herança das características da cultura pode variar de genes não influenciados pelo ambiente (características qualitativas) controlado por poucos genes, ou por genes influenciados pelo ambiente (característica quantitativa) controlado por múltiplos genes. Muitas características importantes da cultura, incluindo dias para floração, dias para a maturação, altura da planta, ramificação e produção de sementes são quantitativas e demonstram efeitos de genes aditivos predominantes, como em outras culturas autógamas. 
5) OBJETIVOS DO MELHORAMENTO 
Devido a essas inúmeras utilidades que o cultivo de linhaça proporciona, o melhoramento genético possibilita a obtenção de genótipos economicamente viáveis, e mais interessantes ao agricultor devido à melhoria nos caracteres de interesse agronômico como maior produtividade e adaptabilidade ao local onde o cultivo se encontra. As características agronômicas buscadas para a cultura da linhaça nos programas de melhoramento genético de países onde a cultura está difundida, como o Canadá, são a menor susceptibilidade a doenças como ferrugem (Melampsora lini) e murcha de fusarium (Fusarium oxysporum f. sp lini.), resistência ao acamamento, aspectos fenológicos para as limitações climáticas como dias para o florescimento e dias para maturação.
Em um estudo de 2003 e 2004, avaliou-se 45 genótipos. Os genótipos estão agregados em função da sua capacidade para produzir semente ou palha, no trabalho demonstra que estas características correlacionadas negativamente. Têm-se genótipos constituídos por todos os genótipos de óleo e pela maioria dos genótipos de dupla aptidão. Outros são constituídos por todos os genótipos de fibra e alguns genótipos de dupla aptidão. Os do primeiro grupo produzem maior quantidade de semente e as sementes são de maior calibre. Estes atributos são importantes para as variedades com aptidão para a produção de óleo. Do genótipo das fibras, os genótipos são constituídos por plantas mais altas e que produzem maior quantidade de palha, estando por isso vocacionados para a produção de fibra. A projeção dos genótipos indica também que os genótipos classificados como tendo dupla aptidão não apresentam características próprias que lhes permitam formar um grupo distinto.
6) CONCLUSÕES 
Existem dois grupos bem distintos que se agrupam de acordo com as suas características: um grupo é constituído por todos os genótipos com aptidão para fibra e alguns genótipos para dupla aptidão e outro grupo são constituídos por todos os genótipos com aptidão para óleo e alguns genótipos para dupla aptidão. Os genótipos de dupla aptidão não formaram um grupo distinto, por não apresentarem características próprias e podem fazer parte de um dos outros grupos (fibra ou óleo).
O linho é o tecido mais ecológico que existe. Pesquisas comprovam que é 7 vezes mais ecológicos que o algodão. Praticamente todos os seus componentes são utilizados, desde a palha que envolve a fibra (serragem) até à sementes (alimentação e cosméticos. Os programas de melhoramento necessitam muito de crescimento ainda, principalmente quando se fala em sustentabilidade, pois reforça a necessidade de aplicação em materiais que tem um futuro mais promissor como as fibras de linho. 
7) 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENEVIDES, João Pedro de Almeida. 2019. T este de progênies de linhaça dourada (Linum usitatissimum) visando à maturação precoce. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/handle/12 3456789/197828>. Acesso em: 11 de abril de 2021.
CRUZ, Cosom e Damião; Regazzi, Adair José; Carneiro, Pedro Crescêncio Souza. 
EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Cultivares de Linho. Disponível em: <https://www.embrapa.br/hortalicas/linho/cultivares> Acesso em: 11 de abril de 2021.
LARA, A. C. C. Seleção Individual com teste de Progênies em Crambe (Crambe Abyssinica Hochst). Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, Botucatu, 2013. Disponível em:< https://repositorio.unesp.br/handle/11449/100033>. Acesso em: 11 de abril de 2021.
LIMA, C. C. Aplicação das farinhas de linhaça (Linum usitatissimum L.) e maracujá (Passiflora edulis F. Flavicarpa deg.) no processamento de pães com propriedades funcionais. 2007.
MARQUES, A. C. Propriedades funcionais da Linhaça (Linum usitatissimum L.) em diferentes condições de preparo e de uso em alimentação. Rio Grande do Sul, 2008.
8

Continue navegando