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PIM IV O caso irmãos Naves


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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
UNIP INTERATIVA
PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR – PIM IV
ROLIM DE MOURA-RO
2020
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
UNIP INTERATIVA
PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR – PIM IV
Projeto Integrado Multidisciplinar – PIM IV, apresentado à Universidade Paulista –UNIP Interativa como par te da avaliação par a obtenção do título de Gestão de Serviço Jurídicos, Notariais e de Registro.
ROLIM DE MOURA-RO
2020
RESUMO
	O filme “O Caso dos Irmãos Naves” de Luís Sérgio Person, retrata um dos maiores erros jurídicos do Brasil. Baseado no livro de mesmo nome, escrito pelo advogado João Alamy Filho, conta uma história real vivenciada pelos seus clientes, na qual dois irmãos vivem o drama de serem acusados de assassinato de seu primo e socio que desapareceu. Nele podemos notar o abuso de poder exercido pela polícia durante a Era Vargas, no qual vê-se o Tenente Francisco Vieira através de tortura conseguir até mesmo uma confissão dos acusados. Nesta pesquisa, analisaremos o caso apresentado no filme, com base dos conteúdos estudados nas disciplinas deste semestre do curso.
Palavras-chave: Irmãos Naves, tortura e erro jurídico.
Sumário
INTRODUÇÃO	5
2. Desenvolvimento	6
2.1 Ficha técnica do filme “O caso dos Irmãos Naves”	6
2.2 Descrição sucinta do caso.	6
2.3 Descrição dos Personagens.	7
2.4 Versão do acusado.	7
2.5 Versão da vítima.	8
2.6 Argumentos utilizados na acusação.	8
2.7 Argumentos usados na defesa.	8
2.8 Mensagem subliminar identificada no enredo e a interpretação elaborada pelo aluno.	8
2.9 Comentário sobre os aspectos do filme que tiveram relação com o conteúdo assimilado nas disciplinas de Teoria Geral de Direito II, Direito Constitucional e Linguagem e Comunicação Jurídica.	8
Conclusão	11
Referências	12
INTRODUÇÃO
	O motivo da escolha do filme “O caso dos Irmãos Naves”, se dá devido a grande repercussão que esse caso causou no âmbito Jurídico, mostrando como o sistema evoluiu, diferente da época do fato, quando existia uma grande repressão política, já que o país se encontrava em uma ditadura.
	O presente trabalho tem como objetivo analisar o caso presente no filme com base nos conteúdos estudos no semestre. Podendo assim comparar a decisão tomada pelo Tribunal da época, com o regime atual, notando a relevância deste estudo devido ao fato de que o caso resultou no maior erro judiciário do Brasil.
	O caso aconteceu numa pequena e pacata cidade do interior de Minas Gerais em 1937, quando os irmãos são acusados de matar, seu primo e socio para roubar seu dinheiro. Os irmãos sofrem terríveis torturas, até confessarem um crime que eles não cometeram, um crime inclusive que nem sequer chegou a ocorrer.
	Enfim, a proposta de analisar esse caso apresentado pelo filme “O Caso dos Irmãos Naves” é a partir da ideia de apresentar um fato que deixou marcas no âmbito jurídico brasileiro, mostrando a evolução do direito no país. 
2. Desenvolvimento
2.1 Ficha técnica do filme “O caso dos Irmãos Naves”
	O filme foi produzido no Brasil em 1967, baseado numa história real e retratada na obra Caso dos Irmão Naves de João Alamy Filho, que fora na época do ocorrido advogado dos irmãos. Contando com direção de Luis Sérgio Person, com roteiro co-estrito por de Jean-Claude Bernadete.
	Os principais atores do filme “O Caso dos Irmãos Naves” foram Juca de Oliveira como Sebastião Naves, Raul Cortez no papel de Joaquin Naves, Julia Miranda como Esposa de Joaquin, John Herbert como Dr João Alamy Filho, Anselmo Duarte como Tenente de polícia, Lélia Abramo como Dona Ana e Sérgio hingst como Juiz.
	As gravações foram realizadas onde ocorreu o caso na cidade de Araguari, no interior de Minas Gerais, incluindo nesse roteiro as atas do processo que foram publicadas pelo advogado de defesa dos Naves, João Alamy Filho.
2.2 Descrição sucinta do caso.
	O caso ocorreu em 1937, na cidade de Araguari no Triangulo mineiro, durante a ditadura militar, por meio de acusação contra os irmãos Sebastião Naves e Joaquin Naves, pelo Tenente Francisco Vieira dos Santos. Tais irmãos eram acusados de serem responsáveis pela suposta morte de seu sócio e primo Benedito Pereira Caetano.
	Conhecido como um dos mais graves erros judiciários do Brasil, o fato começa com os irmãos sendo apontados como matadores, através de confissão destes por meio de sessões de torturas, comandadas pelo então recém empoçado chefe de polícia da comarca. Ambos foram pronunciados e passam a ter como defensor o advogado João Alamy Filho. Embora havendo entrado com ingresso de abes corpus o tal foi indeferido, mantendo a prisão preventiva decretada e consequentemente indo a julgamento.
	Durante o julgamento seis dos sete jurados votaram favoráveis a absolvição dos réus, no entanto a promotoria entrou com recurso e conseguiu anular o julgamento. Por meio de uma nova plenária, a decisão do júri novamente se dá favorável aos irmãos, não obstante o tribunal altera o veredito, sob a luz da Polaca Constituição de 1937, na qual era necessária a soberania do júri, e esta não foi alcançada, pois novamente os votos foram de seis a um pela absolvição.
	Sendo assim, os réus foram condenados a vinte e cinco anos e seis meses de reclusão. Findados 8 anos e 3 meses de encarceramento os irmãos alcançaram liberdade condicional. Joaquim morre nesse período após liberdade, seu irmão Sebastião, juntamente com seu advogado, inicia uma busca constante para provar sua inocência. Somente em 1952, quando seu primo Benedito Pereira Caetano é encontrado com vida que finalmente é reconhecida através do Estado a inocência dos irmãos.
2.3 Descrição dos Personagens.
Delegado – Francisco Vieira, quem formula a hipótese de que os irmãos Naves poderiam ter assassinado Benedito.
Acusados – Sebastião José Naves e Joaquim Naves Rosa.
Vítima - Supostamente Benedito Pereira Caetano.
Defesa – Advogado João Alamy Filho.
2.4 Versão do acusado.
	A princípio em fase de inquérito inicial os acusados se declaram inocentes. Dando conta apenas o fato do sumiço do primo, por meio de fuga deste diante da grande inadimplência que o mesmo possuía. Posteriormente, os acusados se declaram culpados, em face de sofrerem práticas de torturas.
2.5 Versão da vítima.
	A acusação apontava os irmãos como réus na prática do suposto crime, uma vez que eles tinham se declarados culpados.
2.6 Argumentos utilizados na acusação.
	A acusação alegava que os irmãos tinham motivos e fundamentos para ter praticado o suposto crime, e posteriormente requisitos legais para a continuidade da ação, uma vez que tinham se declarados culpados.
2.7 Argumentos usados na defesa.
	A defesa alegava não existir crime, uma vez que não havia provas suficientes para a autoria e nem sequer para a existência do crime. A nota de culpa era suspeita, em face desta ter sido obtida através de práticas de tortura.
2.8 Mensagem subliminar identificada no enredo e a interpretação elaborada pelo aluno.
	Ficou evidente que a obra quis passar como era a atuação do poder judiciário na Era Vargas, a forte dominância que tinha o período de Ditadura, com um Tribunal de Segurança Nacional que exercia o poder em todos os níveis.
2.9 Comentário sobre os aspectos do filme que tiveram relação com o conteúdo assimilado nas disciplinas de Teoria Geral de Direito II, Direito Constitucional e Linguagem e Comunicação Jurídica.
	No tocante a esfera do Direito Constitucional e Teoria Geral do Direito II, podemos vislumbrar nessa obra uma das fases de nossa Constituição Federal. O Brasil teve sete Constituições em diferentes períodos e o fato abordado no filme ocorreu na fase da Era Vargas. Em 1988 é promulgada uma nova Constituição Federal, colocando ao fim a anterior que vigorava. Diante disso, é iniciado um novo momento histórico no Brasil, trazendo em seu bojo garantias e direitos não alcançados na norma anterior.
Colocando em tese O caso dos irmãos Naves, é possível fazer um parâmetro entre a atual Constituição e a que se encontrava em vigor durantea ditadura militar. Se por um lado a Constituição anterior era marcada por insegurança as garantias fundamentais inerentes aos indivíduos, essa atual por sua vez tente a zelar por Princípios que visam a proteger a dignidade da pessoa humana. A luz da Constituição Federal promulgada em 05 de outubro de 1988, podemos no caso em tese, destacar alguns princípios e garantias que não vigoraram na época do fato:
· Princípio do In Dubio Pro Reo - é uma expressão latina que esclarece “na dúvida, em favor do réu”. Tem como base a presunção de inocência, desta forma, ninguém é culpado até que se prove o contrário, devendo haver existência de provas concretas. Desta forma, não foi presumida a inocência dos acusados, uma vez que por insuficiência de provas era cabível o benefício da dúvida até poder o caso ser apoiado em provas contundentes e autoria e materialidade.
· Princípio da Dignidade da Pessoa Humana – é o princípio que traz a garantia e condições para que todo ser humano possa obter uma vida saudável, digna e participativa perante o Estado e a sociedade. Tal garantia foi intensamente ferida, uma vez que os acusados foram colocados por diversas vezes a situações humilhantes e degradantes.
· Princípio da Soberania dos Veredictos – é um Direito fundado sobre a soberania popular, trazendo a possibilidade de o povo influenciar no sistema jurídico. O direito não foi tutelado quando o Ministério Público, na época dos fatos, entrou com pedido de revogação de decisão majoritária favorável do Júri Popular.
· Princípio da Vedação a penas de Tortura ou Degradantes – protege a dignidade humana, garantindo que aquele que comete delito não poderá ser violada a sua integridade física ou moral. Destarte, os acusados foram tratados de forma vexatória e degradante, sendo submetidos a tortura para obtenção de provas. Não obstante, tiveram seus pedidos de Habeas Corpos recusados.
· Princípio do Contraditório - é a garantia de que ninguém pode sofrer qualquer punição pelo Estado, sem ter a possibilidade de uma verdadeira e efetiva participação na formação de decisão judicial. No processo judicial em tese, esse princípio não foi assegurado, uma vez que dentre vários outros fatores, através de coação foram obrigados a produzirem provas contra si.
· Princípio do Devido Processo Legal – todo o ato praticado por autoridade deve seguir o que prevê a lei e as garantias constitucionais, a não observância das regras básicas causa nulidade processual. O processo apresentou vícios tanto material como formal, uma vez que não houve publicidade no primeiro julgamento; as provas foram obtidas ilegalmente; houve medidas ilegais de busca e apreensão; cerceamento do direito de defesa dos réus; insuficiência de provas incriminatórias.
Pelo exposto, há de se notar um significativo avanço aos direitos e garantias que o constituinte visou garantir, através de fundamentos que protegem a dignidade da pessoa humana por meio de um Estado Democrático de Direito.
No tocante ao conteúdo abordado em Linguagem e Comunicação Jurídica, pode se notar a sua predominância na atuação do advogado João Alamy Filho, o qual mostrou adequada aplicação da Língua Portuguesa na comunicação jurídica, com argumentos e tomadas de decisões precisas, a fim de chegar a almejada absolvição dos acusados.
Conclusão
	O filme “O Caso dos Irmãos Neves” é um clássico do cinema nacional, baseado no livro escrito pelo advogado dos irmãos, João Alamy Filho. Retrata um famoso caso real brasileiro, que ocorreu durante uma época marcada pelo governo ditatorial de Vargas, na vigência da Constituição Federal de 1937. Conta com a participação de atores renomados como Raul Cortez, Juca de Oliveira e John Herbert interpretando os personagens centrais da história.
	 Analisar o caso do filme, vem como uma forma de demostrar os conteúdos apresentados e estudados nas aulas das disciplinas de Teoria Geral do Direito II, Direito Constitucional e Linguagem e Comunicação Jurídica.
	Portanto, o filme teve grande repercussão na época em que foi lançado, pois mostra que o sistema jurídico também é falho e evidencia o custo que um erro desses pode causar. Por isso, através de sua análise é possível observar a evolução que ocorreu dentro do sistema jurídico.
	
Referências 
ALAMY, João Filho. O Caso dos Irmãos Naves – Um erro judiciário. 3ª Edição. Belo Horizonte. Editora Del Rey: 1993.
BERNARDET, Jean-Claude; PERSON, Luís Sérgio. O Caso dos Irmãos Naves. 1967. 92 minutos. Preto e branco. MC Filmes Distribuidora

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