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PATOLOGIA Organizado por @biazpaixao Patologia Distúrbios Circulatórios O sistema circulatório é composto de vasos sanguíneos (que se dividem em artérias, veias e vasos capilares), coração (que é a bomba muscular responsável em transportar sangue a todos os tecidos) e do sistema linfático, que é composto por vasos linfáticos e a linfa. Distúrbios hemodinâmicos referem-se às alterações circulatórias que acometem a irrigação sanguínea e o equilíbrio hídrico e, por conseguinte, são manifestações muito comuns na clínica médica, podendo muitas vezes ser a principal causa de morte. Havendo um rompimento desse equilíbrio, surgem alterações que comumente podem ser agrupadas dentro dos distúrbios circulatórios, que se classificam em alterações hídricas intersticiais (edema), alterações no volume sanguíneo (hiperemia, hemorragia e choque) e alterações por obstrução intravascular (embolia, trombose, isquemia e infarto). Inclui → aumento, diminuição, cessação do fluxo sanguíneo para os tecidos (hiperemia, oligoemia e isquemia), coagulação sanguínea no leito vascular (trombose), aparecimento na circulação de substâncias que não se misturam ao sangue e causam oclusão vascular (embolia), saída de sangue do leito vascular (hemorragia) e alterações das trocas de líquidos entre o plasma e o interstício (edema). 60% do peso corporal corresponde à água, sendo que dois terços estão localizados no espaço intracelular e o restante, nos compartimentos extracelulares, na maioria das vezes, no interstício (ou terceiro espaço) que se situa entre as células. O movimento da água e dos solutos de baixo peso molecular (como os sais) entre os espaços intersticial e intravascular é controlado principalmente pelo efeito oposto da pressão hidrostática vascular e da pressão coloidosmótica plasmática. Se o movimento da água dentro dos tecidos (ou cavidades corporais) excede a drenagem linfática, o líquido é acumulado. Um aumento anormal de líquido intersticial dentro dos tecidos é denominado edema. O edema é acúmulo de líquido no interstício ou em cavidades do corpo do animal por alteração na homeostase vascular. Existem duas importantes pressões vasculares na microcirculação → pressão hidrostática e pressão oncótica. A pressão hidrostática é regulada pela força que o sangue exerce contra as paredes dos capilares sanguíneos. A pressão oncótica é definida pela força de atração da água pelas proteínas presentes no sangue e no interstício, como por exemplo → a albumina em maior abundância no plasma sanguíneo. PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet As características desse processo observadas a nível microscópico correspondem a uma tumefação celular sutil e uma separação dos elementos da matriz extracelular, enquanto que a nível macroscópico são observados uma palidez e um certo “inchaço” na região afetada. O edema classifica-se em transudato, exsudato, edema localizado e edema generalizado. O transudato → corresponde aos líquidos de edema não-inflamatório como os encontrados na insuficiência cardíaca e em doenças renais e que são pobres em proteínas, apresentam uma aparência clara e serosa, entretanto, há uma preservação da membrana vascular. É um líquido transparente com baixo conteúdo proteico e com densidade de 1.020 g/ml. Esta característica permite inferir que o conteúdo é basicamente líquido sem conteúdo proteico. Causado pelo aumento da pressão hidrostática ou redução das proteínas plasmáticas O exsudato → representa o edema inflamatório relacionado com o aumento da permeabilidade endotelial que é rico em proteínas, é produzido pela evasão de proteínas plasmáticas (principalmente albumina) e, possivelmente, leucócitos. Além disso, apresenta-se como um líquido de aparência turva. É um líquido com alta densidade (> 1.020g/ml) e concentração proteica de origem inflamatória. A presença de exsudato indica uma resposta inflamatória local. Resultado do aumento da permeabilidade vascular. O edema é localizado quando o acúmulo de líquido ocorre em regiões determinadas, como por exemplo, no cérebro, pulmões e membros inferiores. O edema generalizado, por sua vez, é quando o acúmulo de líquido ocorre em todos ou em vários tecidos do corpo. O líquido extracelular é regulado por → receptores de pressão intraluminal, receptores para volume e concentração de sódio no plasma. Edema forma-se pelos seguintes mecanismos: Aumento da pressão hidrostática intravascular; Alterações da pressão oncótica; Aumento da permeabilidade capilar; Obstrução da drenagem do líquido intersticial pelos vasos linfáticos. O aumento local na pressão hidrostática pode resultar de drenagem venosa focal deficiente. Deste modo, a trombose venosa profunda nas extremidades inferiores pode causar um edema localizado na perna afetada. Por outro lado, o aumento generalizado da pressão venosa, resultando em edema sistêmico, ocorre com maior frequência na insuficiência cardíaca congestiva na qual o comprometimento da função ventricular direita leva a um acúmulo de sangue na circulação venosa. A pressão osmótica plasmática reduzida ocorre quando a albumina, a principal proteína plasmática, não é sintetizada em quantidades adequadas ou é perdida da circulação. Uma causa importante da perda de albumina é a síndrome nefrótica na qual os capilares glomerulares iniciam sua saída e geralmente esses pacientes apresentam um edema generalizado. A redução na síntese de albumina ocorre no contexto da doença hepática grave ou da desnutrição proteica. Em cada caso, a redução da pressão osmótica plasmática leva a um ganho no movimento do líquido para o tecido intersticial com subsequente contração do volume plasmático. A redução do volume intravascular leva à diminuição da perfusão renal, desencadeando um aumento na PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet produção de renina, angiotensina e aldosterona, mas o sal e a água retidos não pode corrigir o déficit do volume plasmático devido à persistência do defeito primário de baixa das proteínas séricas. A retenção de sal e de água também pode ser a causa primária do edema. O aumento da retenção de sal, associado, obrigatoriamente à água, provoca tanto o aumento da pressão hidrostática (devido à expansão de volume líquido intravascular) quanto a diminuição da pressão osmótica coloidal vascular (devido à diluição). A retenção de sal ocorre sempre que a função renal está comprometida, como nas desordens primárias do rim e nas desordens que diminuem a perfusão renal. Uma das mais importantes causas de hipoperfusão renal é a insuficiência cardíaca congestiva, que (como a hipoproteinemia) resulta na ativação do eixo renina- angiotensina-aldosterona. Enquanto isso, o acúmulo de líquidos em diversas cavidades corporais é variavelmente designado de hidrotórax, hidropericárdio e hidroperitônio (este último é mais comumente chamado de ascite). A anasarca é um edema generalizado e grave com um amplo aumento tecidual subcutâneo. Variam de uma condição apenas desagradável a rapidamente fatal. O edema de tecido subcutâneo é principalmente importante, pois ele sinaliza uma doença de base em potencial (doença cardíaca ou renal); no entanto, quando significativo, ele também pode prejudicar a cura de feridas ou a eliminação da infecção. O edema pulmonar é um problema clínico comum que é mais frequentemente observado no cenário da insuficiência ventricular esquerda, podendo ocorrer também na insuficiência renal, na síndrome da angústia respiratória aguda e na inflamação ou infecção pulmonar. A hiperemiaé o aumento da quantidade de sangue no interior do vaso sanguíneo ou região. Pode ser classificada em ativa ou passiva e aguda ou crônica. É um processo ativo resultante da dilatação arteriolar (p. ex., como no músculo esquelético durante o exercício ou nos locais de inflamação), levando a um aumento do fluxo sanguíneo. O tecido afetado torna-se vermelho (eritema) devido ao congestionamento dos vasos com sangue oxigenado. A hiperemia ativa é decorrente do aumento do fluxo sanguíneo arteriolar do local por estímulo simpático ou humoral. A região acometida apresenta vermelhidão (eritema) e aumento da temperatura. As causas fisiológicas são em resposta à maior necessidade de irrigação sanguínea no local, por exemplo, músculos esqueléticos durante o exercício físico. Os fatores patológicos incluem as respostas inflamatórias agudas, com o maior aporte de sangue à região e posterior formação de exsudato. A hiperemia passiva, ou congestão, é originada por falha na circulação venosa. A deficiência na drenagem venosa leva ao acúmulo de sangue nas regiões anteriores ao fluxo sanguíneo normal. As causas podem ser locais, por obstrução venosa, ou sistêmica, por insuficiência cardíaca. PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet A hipovolemia é uma diminuição do volume de sangue no corpo, que pode ser devido à perda de sangue ou perda de fluidos corporais. A perda de sangue pode resultar de lesões externas, sangramento interno ou certas emergências obstétricas. Diarreia e vômito são causas comuns de perda de fluidos corporais. O fluido também pode ser perdido como resultado de grandes queimaduras, transpiração excessiva ou diuréticos. A ingestão inadequada de líquidos também pode causar hipovolemia. No início da hipovolemia, a boca, o nariz e outras membranas mucosas secam, a pele perde sua elasticidade e a produção de urina diminui. Inicialmente, o corpo compensa a perda de volume aumentando a frequência cardíaca, aumentando a força das contrações cardíacas e contraindo os vasos sanguíneos na periferia, preservando o fluxo sanguíneo para o cérebro, coração e rins . Com a perda contínua de volume, o corpo perde sua capacidade de compensar e a pressão arterial cai. Nesse ponto, o coração não consegue bombear sangue suficiente para os órgãos vitais para atender às suas necessidades e é provável que ocorra dano ao tecido. A hipovolemia, também conhecida como depleção ou contração de volume, é um estado de diminuição do volume intravascular. Isso pode ser devido à perda de sal e água ou à diminuição do volume sanguíneo. Hipovolemia refere-se à perda de líquido extracelular e não deve ser confundida com desidratação. Desidratação refere-se à perda total excessiva de água no corpo, que resulta em hipertonia celular (uma perda relativamente substancial de líquido nas células individuais). É causada por uma variedade de eventos, mas estes podem ser simplificados em duas categorias: - Os que estão associados à função renal e os que não o são. Os sinais e sintomas da hipovolemia pioram à medida que a quantidade de líquido perdido aumenta. Imediatamente ou logo após uma leve perda de líquido, pode-se sentir dor de cabeça, fadiga, fraqueza, tontura ou sede (como na transfusão de sangue, diarreia, vômito). Hipovolemia não tratada ou perdas excessivas e rápidas de volume podem levar ao choque hipovolêmico. Sinais e sintomas de choque hipovolêmico incluem aumento da frequência cardíaca, pressão arterial baixa, pele pálida ou fria e estado mental alterado. Quando esses sinais são vistos, ações imediatas devem ser tomadas para restaurar o volume perdido. Sinais e sintomas de hipovolemia progridem com aumento da perda de volume de líquidos. Os sinais e sintomas mais graves estão frequentemente associados ao choque hipovolêmico. Isso inclui oligúria, cianose, dor abdominal e torácica, hipotensão, taquicardia, mãos e pés frios e alteração progressiva do estado mental. A hipervolemia, também conhecida como sobrecarga de líquidos, é a condição médica em que há muito líquido no sangue. A condição oposta é a hipovolemia, que é muito pouco volume de líquido no sangue. O excesso de volume de líquido no compartimento intravascular ocorre devido a um aumento no conteúdo total de sódio no corpo e um consequente aumento na água corporal extracelular. O mecanismo geralmente decorre de mecanismos regulatórios comprometidos para o manuseio de sódio, como observado na PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet insuficiência cardíaca congestiva (ICC), insuficiência renal e hepática. Também pode ser causado pela ingestão excessiva de sódio de alimentos, soluções intravenosas (IV) e transfusões de sangue, medicamentos ou corantes de contraste para diagnóstico. O tratamento normalmente inclui a administração de diuréticos e limita a ingestão de água, líquidos, sódio e sal. O excesso de líquido, principalmente sal e água, se acumula em vários locais do corpo e leva a um aumento de peso, inchaço nas pernas e braços (edema periférico) e / ou líquido no abdômen (ascite). Eventualmente, o fluido entra nos espaços aéreos dos pulmões (edema pulmonar) reduz a quantidade de oxigênio que pode entrar no sangue e causa falta de ar (dispneia) ou entra no espaço pleural por transudação (derrame pleural que também causa dispneia), que é o melhor indicador de estimativa da pressão venosa central aumentada. Também pode causar inchaço do rosto. O líquido também pode acumular-se nos pulmões quando deitado à noite, possivelmente dificultando a respiração noturna e o sono. Retenção de sódio e água; Cirrose hepática; Insuficiência cardíaca; Síndrome nefrótica; Terapia com corticosteroides; Hiperaldosteronismo; Baixa ingestão de proteínas. Congestão é um processo passivo resultante da redução do fluxo sanguíneo em um tecido, podendo ser sistêmica, como na insuficiência cardíaca, ou local, como na obstrução venosa isolada. Os tecidos com congestão apresentam uma cor que varia do vermelho-escuro ao azul (cianose), devido à estase dos glóbulos vermelhos e ao acúmulo de hemoglobina desoxigenada. Com frequência, a congestão leva ao edema, como resultado do aumento do volume e da pressão. Na congestão passiva crônica de longa duração, a ausência de fluxo sanguíneo causa hipoxia crônica, resultando em lesão tecidual isquêmica e cicatrização. A ruptura dos capilares na congestão crônica pode, também, causar pequenos focos hemorrágicos com subsequente catabolismo de glóbulos vermelhos extravasados, que pode resultar em pequenos agrupamentos de macrófagos carregados de hemossiderina. A hemorragia é definida como o extravasamento de sangue no espaço extravascular. O sangramento capilar pode ocorrer sob condições de congestão crônica e uma tendência aumentada. A hemorragia de lesão, geralmente insignificante, é vista numa grande variedade de disfunções clínicas denominadas diáteses hemorrágicas. Todavia, a ruptura de uma grande artéria ou veia é quase sempre devida a lesão vascular, incluindo trauma, aterosclerose ou lesão inflamatória ou neoplásica da parede do vaso. A hemorragia pode ser manifestada em uma variedade de padrões dependendo do tamanho, extensão e da localização do sangramento. PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet A hemorragia pode ser externa ou estar confinada dentro de um tecido; qualquer acúmulo nos tecidos é chamado de hematoma. Os hematomas podem ser relativamente insignificantes ou tão graves que resultam em óbito. Hemorragias minúsculas (1 a 2 mm) na pele, nas membranas mucosas ou nas superfícies serosassão chamadas de petéquias. Estas são mais comumente associadas ao aumento local da pressão intravascular, diminuição da contagem de plaquetas(trombocitopenia) ou defeitos na função plaquetária (como na uremia). Hemorragias levemente maiores (≥ 3 mm) são chamadas de púrpuras. Estas podem estar associadas às mesmas doenças que causam as petéquias, ou podem ser secundárias a trauma, inflamação vascular (vasculite) ou a aumento da fragilidade vascular (p. ex., na amiloidose). Hematomas subcutâneos maiores (> 1 a 2 cm) (i. e., contusões) são chamados de equimoses. Os glóbulos vermelhos nessas lesões são degradados e fagocitados pelos macrófagos; a hemoglobina (cor vermelho-azulada) é, então, convertida enzimaticamente em bilirrubina (cor azul-esverdeada) e, eventualmente, em hemossiderina (cor marrom dourada), representando as mudanças na cor que são características em uma contusão. Dependendo da localização, um grande acúmulo de sangue em uma cavidade corporal é denominado de hemotórax, hemopericárdio, hemoperitônio ou hemartrose (em articulações). Os pacientes com sangramento excessivo podem desenvolver icterícia pela destruição intensa de glóbulos vermelhos e hemoglobina. O significado clínico da hemorragia depende do volume e da taxa de sangramento. A perda rápida de até 20% do volume sanguíneo ou perdas lentas de grandes quantidades podem ter pouco impacto em adultos saudáveis; contudo, perdas maiores podem causar choque hemorrágico (hipovolêmico), que será discutido posteriormente. Por fim, a perda sanguínea externa, recorrente ou crônica provoca uma perda na quantidade de ferro e pode levar a uma anemia ferropriva. Em contrapartida, quando os glóbulos vermelhos são retidos, o ferro é recuperado e reutilizado para síntese de hemoglobina. Existem duas formas de hemorragias → por rexe ou por diapedese. As hemorragias por rexe são provocadas por lesões na parede cardíaca ou dos vasos sanguíneos, enquanto na causada por diapedese ocorre anóxia, agressão do endotélio por agentes infecciosos e ação de anticorpos na superfície endotelial (hipersensibilidade ou alergia). A trombose é definida pela solidificação do sangue no interior do coração e vaso sanguíneo. A massa sólida aderida firmemente ao endotélio vascular formada recebe o nome de trombo. Outra situação bastante comum é a formação de massas sólidas fora do sistema cardiovascular, denominada de coágulos. Após a morte do animal, o sangue coagula (solidifica) no interior do coração e vasos sanguíneos e recebe a denominação de coágulo cruórico e lardáceo. As causas da formação do trombo incluem a → lesão endotelial, provocada por diversos fatores, dentre eles, o acúmulo de placas ateromatosas (gordura) e infecções; Alterações do fluxo sanguíneo, por redução ou turbulência do fluxo sanguíneo que provocam maior contato das células sanguíneas no endotélio vascular e lesões vasculares, e; hipercoagubilidade por alterações hemodinâmicas que promovem a coagulação excessiva no interior dos vasos. PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet Os trombos que ocorrem nas câmaras cardíacas ou no lúmen da aorta são designados trombos murais. A contração anormal do miocárdio (arritmias, miocardiopatia dilatada ou infarto do miocárdio) ou lesão endomiocárdica (miocardite ou cateterismo traumático) promovem trombos cardíacos murais enquanto a placa aterosclerótica ulcerada e a dilatação aneurismática são os precursores dos trombos aórticos. Os trombos arteriais são frequentemente oclusivos; as localizações mais comuns, em ordem decrescente de frequência, são as artérias coronárias, cerebrais e femorais. Eles normalmente consistem em malha friável de plaquetas, fibrina, glóbulos vermelhos e leucócitos degenerados. Embora os trombos sejam, em geral, sobrepostos em uma placa aterosclerótica rompida, outras lesões vasculares (vasculite e trauma) podem ser a causa de base. A trombose venosa (flebotrombose) é quase invariavelmente oclusiva, com o trombo formando um longo trajeto no lúmen. Como esses trombos formam- se na circulação venosa lenta, eles tendem a conter mais eritrócitos (e relativamente poucas plaquetas) e, portanto, são conhecidos como trombos vermelhos ou de estase. As veias dos membros inferiores são mais comumente envolvidas (90% dos casos), porém as extremidades superiores, o plexo periprostático ou veias ovarianas e periuterinas também podem desenvolver trombos venosos. Em circunstâncias especiais, também podem ocorrer nos seios durais, na veia porta ou nas veias hepáticas. O coágulo que ocorre após o óbito pode, às vezes, ser confundido com os trombos venosos que ocorrem antes do óbito. No entanto, os coágulos após a morte são gelatinosos com uma porção vermelho-escura pendente, onde os glóbulos vermelhos se instalaram pela gravidade, e uma porção superior amarela, semelhante a “gordura de frango”, que não estão habitualmente aderidas à parede subjacente. Em comparação, os trombos vermelhos são firmes e focalmente aderidos, e ao seccionamento tipicamente revelam, macro e/o microscopicamente, as linhas de Zahn. Os trombos nas válvulas cardíacas são chamados de vegetações. As bactérias ou fungos transportados pelo sangue podem aderir previamente às válvulas danificadas (p. ex., devido à doença reumática cardíaca) ou podem causar diretamente danos à válvula; em ambos os casos, a lesão endotelial e a perturbação do fluxo sanguíneo podem induzir a formação de grandes massas trombóticas. As vegetações estéreis podem, também, desenvolver-se nas válvulas não infectadas em indivíduos com estado de hipercoagulabilidade, o então chamado de endocardite trombótica não bacteriana. De maneira menos comum, a endocardite verrucosa estéril (endocardite de Libman-Sacks) pode ocorrer em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. Os trombos são significativos, pois eles provocam a obstrução de artérias e veias e são fontes de êmbolos. O efeito predominante depende do local que ocorre a trombose. Os trombos venosos podem causar congestão venosa e edema em leitos vasculares distais a uma obstrução, mas eles são muito mais importantes pela sua capacidade de embolizar-se nos pulmões e levar ao óbito (ver adiante). De forma inversa, apesar de os trombos arteriais embolizarem-se e causarem infartos, uma oclusão trombótica em um local crítico pode apresentar consequências clínicas mais importantes. PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet Três influências principais predispõem a formação do trombo conhecido como tríade de Virchow: Lesão endotelial → é a influência dominante; a lesão no endotélio por ela mesma leva a trombose, já que esse endotélio vascular estando comprometido provoca uma ativação dos fatores pro-coagulantes da cascata de coagulação. As possíveis causas de lesões ao endotélio são: aumento da pressão arterial, toxinas bacterianas, fumaça e hipercolesterolemia; Anormalidade do fluxo sanguíneo → as turbulências contribuem para a trombose arterial e cardíaca por causar disfunção no endotélio, bem como pela formação de locais de estase; a estase é um fator principal no desenvolvimento do trombo venoso. A estase e a turbulência rompem o fluxo laminar do sangue e trazem plaquetas em contato com o endotélio, e assim, impedem a diluição dos fatores coagulantes ativados pelo fluxo de sangue fresco; retardam o fluxo interno dos inibidores do fator coagulante e permitem a formação do trombo; promovem a ativação celular endotelial, predispondo a trombose local, adesão de leucócitos e uma variedade de outros efeitos celulares endoteliais; Hipercoagulabilidade: Contribui com menos frequência, aos estados trombóticos, porém é um componente importante na equação, além disso,é definida como qualquer alteração das vias de coagulação que predispõem a trombose. As causas podem ser genéticas (primárias) ou adquiridas (secundárias). Das causas herdadas, das mais comuns encontram-se a mutação no gene do fator V e no gene da protrombina. A partir do momento que se inicia a formação dos trombos, o mesmo passa por seis estágios → Crescimento, lise, organização, calcificação, infecção e embolização. Caso a paciente sobreviva aos efeitos imediatos de uma obstrução vascular trombótica, os trombos são submetidos a quatro eventos seguintes: Propagação → O trombo pode acumular mais plaquetas e fibrina levando a obstrução vascular; Organização e Recanalização → Os trombos podem induzir inflamação e fibrose (organização) e podem tornar-se eventualmente recanalizados, ou seja, podem reestabelecer o fluxo vascular ou podem ser incorporados na parede vascular espessada; Embolização → Os trombos podem deslocar-se e viajar para outros locais na vasculatura; Dissolução: Os trombos podem ser removidos por atividade fibrinolítica; A embolia, ou êmbolos, são massas sólidas, líquidas ou gasosas presentes no sangue com a capacidade de obstruir um vaso sanguíneo. Os êmbolos são originados por desprendimento de pequenos fragmentos do trombo (trombo embolia) ou de placas ateromatosas presentes nos vasos sanguíneos ou bolhas de gás. Um êmbolo é uma massa intravascular solta, sólida, líquida ou gasosa que é transportada pelo sangue a um local distante de seu ponto de origem. Quase todos os êmbolos representam alguma parte de um trombo desalojado e, consequentemente, o termo usado é o tromboembolismo. Trombos venosos ou tromboembolismo pulmonar→ Ocorre com maior frequência em locais de estase com baixo fluxo sanguíneo, geralmente em membros inferiores (90% dos PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet casos). Por esse motivo os trombos venosos são conhecidos como trombos vermelhos. Trombos arteriais ou tromboembolismo sistêmico → Ocorre com maior frequência nas artérias coronárias cerebrais e femorais. As bolhas gasosas dentro da circulação podem obstruir o fluxo vascular quase tão prontamente como as massas trombóticas. O ar pode entrar na circulação durante os procedimentos obstétricos ou como uma consequência de lesão da parede torácica. A doença da descompressão, uma forma particular de embolia gasosa, ocorre quando o indivíduo é exposto a mudanças bruscas na pressão atmosférica, pois quando o ar é respirado em altas pressões, quantidades elevadas desse gás (geralmente nitrogênio) se dissolvem no sangue e tecidos. É uma complicação grave, mas felizmente incomum, do período de parto e pós-parto imediato e, por isso, tornou-se uma causa importante de mortalidade materna. A causa base é a infusão de líquido amniótico na circulação materna (rico em PGF2, que é pró- coagulante) via rasgo de membranas placentárias ou ruptura de veias uterinas. O início é caracterizado por uma dispneia abrupta grave, cianose e choque hipotensivo, seguido por convulsões e coma. Embolia direta → é a mais frequente. Êmbolos se deslocam no sentido do fluxo sanguíneo. Assim, êmbolos oriundos de artérias ou do lado esquerdo do coração segue para a "árvore arterial sistêmica", na direção dos capilares ("Embolia sistêmica", comum nas endocardites vegetativas, nas tromboses murais pós infarto no miocárdio, na aterosclerose aórtica e nas arterites parasitárias). Os "alvos" mais frequentes são o cérebro, as extremidades, o baço e os rins. Já os êmbolos oriundos de veias ou do lado direito do coração seguem para os pulmões ("Embolia pulmonar"), onde poderão determinar Insuficiência súbita do coração (lado direito) e morte por hipóxia sistêmica. Esta é a forma mais comum e mais letal no ser humano, sendo determinada em 95% dos casos por tromboembolismo dos membros inferiores. É importante verificar que normalmente todo embolo formado em veias vai parar no pulmão, exceto os formados nas veias tributárias da veia porta do fígado e do eixo hipotálamo-hipófise. Embolia cruzada ou "paradoxal" → É quando o embolo passa da circulação arterial para a venosa, ou vice-versa, sem atravessar a rede capilar, por intermédio de comunicação interatrial ou interventricular, ou ainda de fístulas arteriovenosas. Embolia retrógrada → Êmbolos se deslocam no sentido contrário ao do fluxo sanguíneo. O termo isquemia é empregado quando há uma falta de suprimento sanguíneo para uma determinada região, cujas possíveis causas a serem destacadas, têm-se a obstrução vascular, hipotensão e aumento da viscosidade sanguínea. As principais causas de isquemia são → Obstrução vascular (mais frequente); Aumento da viscosidade sanguínea; Redução da pressão arterial e venosa (hipotensão) e; Aumento da demanda do PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet órgão ou tecido. A isquemia intensa e prolongada provoca o infarto. Um infarto corresponde a uma área de necrose tecidual isquêmica causada por uma obstrução do suprimento arterial ou da drenagem venosa num tecido particular. Ocasionalmente, o infarto pode ser causado por oclusão arterial (devido a eventos trombóticos ou embólicos), vasoespasmo local, expansão de um ateroma devido à hemorragia dentro de uma placa ou compressão intrínseca de um vaso (p.ex.: tumor). Os infartos são classificados, refletindo a quantidade de hemorragia, portanto, em vermelhos (hemorrágicos) ou brancos (isquêmicos). Sua causa principal é sempre arterial devido a uma oclusão tromboembólica, compressiva. Geralmente, ocorrem em: Oclusões venosas (p.ex.: torção de ovário); Tecidos frouxos (p.ex.: pulmão);Tecidos com circulação dupla (p.ex.: pulmão e intestino delgado);Tecidos que foram previamente congestionados pelo fluxo venoso de drenagem lenta; Quando o fluxo estiver reestabelecido ao local de oclusão e necrose arteriais prévias. Ocorre com oclusões arteriais em órgãos sólidos de circulação arterial terminal (p.ex.: coração, pâncreas e rim) em que a solidez do tecido limita a quantidade de hemorragia que possa entrar na área de necrose isquêmica dos leitos capilares adjacentes. A característica histológica principal do infarto é a necrose coagulativa isquêmica. É importante lembrar que se a oclusão vascular ocorrer brevemente (minutos a horas) antes da morte do paciente, nenhuma alteração histológica demonstrável pode ser evidente, entretanto, se o paciente sobreviver até 12 a 18 horas, a única alteração pode ser a hemorragia. O choque é a via final comum para os vários eventos clínicos potencialmente letais, incluindo a hemorragia grave, os traumas extensos ou queimaduras, um amplo infarto do miocárdio, a embolia pulmonar grave e a sepse microbiana. O choque é caracterizado por hipotensão sistêmica, devido à redução do débito cardíaco ou pela redução efetiva do volume sanguíneo circulante. As consequências são a perfusão tecidual deficiente e a hipoxia celular. No início, a lesão celular é reversível; contudo, o choque prolongado leva, em alguns casos, a uma lesão tecidual irreversível frequentemente fatal. Em outras palavras, o choque ou colapso cardiovascular é a incapacidade do sistema circulatório em reperfundir (restabelecer a circulação na isquemia para evitar infarto) os tecidos, gerando uma hipotensão. O choque é classificado e denominado de acordo com a estrutura anatômica e alteração patológica envolvida. Choque Cardiogênico → resulta de um baixo débito cardíaco devido à falência da bomba do miocárdio, podendo ser causado por danos intrínsecos ao miocárdio (infarto), arritmias ventriculares, compressão extrínseca (tamponamento cardíaco; ou pela obstrução do fluxo(p. ex., embolia pulmonar). O coração se torna incapaz de bombear o sangue para os órgãos e tecidos. As causas são o infarto do miocárdio, tamponamento cardíaco (presença de sangue no saco pericárdico) e arritmias cardíacas. Além disso, resulta da perda PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet sanguínea ou volume plasmático, devido a uma hemorragia, perda líquida por queimaduras graves ou trauma. Choque Hipovolêmico → resulta de um débito cardíaco baixo devido à perda do volume sanguíneo ou plasmático, tal como ocorre na hemorragia grave ou na perda de líquidos originados de queimaduras graves. Condição onde o coração é incapaz de fornecer sangue suficiente para o corpo devido à hemorragia e falta de nutrientes aos órgãos, também pode ser causado pela liberação de toxinas no trato gastrointestinal pela Vibrio cholerae, que ao se ligarem aos receptores de sódio causam aumento da permeabilidade capilar e liberação por osmose de água e íons cloreto intracelular, levando a diarreias e desidratação; Também há redução excessiva do volume de líquido circulante. As causas incluem a hemorragia, desidratação e diarreia. Choque Séptico → causado principalmente por infecções por bactérias Gram negativas que produzem endotoxinas. As endotoxinas se aderem às células de defesa (leucócitos) e provocam a síndrome da resposta inflamatória sistêmica, com a liberação de proteases que levam a lesão do endotélio e pode desencadear a coagulação intravascular disseminada. Causado também por infecção bacteriana sistêmica, geralmente por administração inadequada de anestésicos ou lesão da medula espinhal; Choque anafilático → causado por reação de hipersensibilidade do tipo I pela interação da reação antígeno-anticorpo com a liberação de substância como a histamina, que provoca reações sistêmicas, como a vermelhidão da pele (eritema), coceira (prurido), edema e redução da pressão arterial (hipotensão). Choque Neurogênico → disfunção do sistema nervoso que provoca a redução da atividade neurogênica nos vasos sanguíneos levando à hipotensão. Responsável em provocar lesão cerebral e na medula espinhal. Fase reversível → durante a qual os mecanismos compensatórios (p.ex.: sistema renina- angiotensina) reflexos são ativados e a perfusão dos órgãos vitais é mantida; Fase progressiva → caracterizada por uma hipoperfusão tecidual e início da piora circulatória e desequilíbrios metabólicos incluindo acidose; Fase irreversível → estabelece-se após o corpo ter causado a si próprio lesão celular e tecidual tão grave que mesmo se os defeitos hemodinâmicos fossem corrigidos, a sobrevivência não seria possível. Hiperemia Aumento do volume sanguíneo. Hemorragia Extravasamento de sangue. Trombose Solidificação de sangue na circulação. Embolia Corpos sólido transportado na circulação que geram congestão. Isquemia Redução do suprimento sanguíneo Infarto Área de necrose tecidual Edema Acúmulo de líquido no interstício Choque Falência circulatória Hipervolemia Acúmulo de plasma sanguíneo em excesso causando aumento de volume sanguíneo. Hipovolemia Volume sanguíneo diminui devido a diminuição do plasma