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PATOLOGIA Organizado por @biazpaixao Inflamação ♥ Inflamação ou Flogose é uma reação dos tecidos vascularizados a um agente agressor caracterizada morfologicamente pela saída de líquidos e de células do sangue para o interstício. Embora em geral constitua um mecanismo defensivo muito importante contra inúmeras agressões, em muitos casos a reação inflamatória pode também causar danos ao organismo. ♥ A resposta inflamatória está estreitamente interligada ao processo de reparação. A inflamação serve para destruir, diluir ou encerrar o agente lesivo, mas, por sua vez, põe em movimento uma série de eventos que, tanto quanto possível, cicatrizam e reconstituem o tecido danificado. ♥Durante a reparação, o tecido lesado é substituído por regeneração de células parenquimatosas naturais, por preenchimento do defeito com tecido fibroblástico (cicatrização), ou, mais comumente, por uma combinação desses dois processos. ♥A inflamação é fundamentalmente uma resposta protetora cujo objetivo final é livrar o organismo da causa inicial da lesão celular (p.ex., micróbios, toxinas) e das consequências dessa lesão (p.ex., células e tecidos necróticos). ♥Sem inflamação, as infecções prosseguiriam desimpedidas, as feridas jamais cicatrizariam e os órgãos danificados poderiam tornar chagas ulceradas permanente. Contudo, a inflamação e a reparação são potencialmente lesivas. ♥ A inflamação divide-se em padrões agudo e crônico. A inflamação aguda tem uma duração relativamente curta, de minutos, várias horas ou alguns dias, e suas principais características são exsudação de líquido e proteínas plasmáticas (edema) e a emigração de leucócitos, predominantemente neutrófilos. ♥A inflamação crônica tem uma duração mais longa e está associada histologicamente a presença de linfócitos e macrófagos, proliferação de vasos sanguíneos, fibrose e necrose tecidual. ♥O tecido inflamado apresenta os sintomas típicos da inflamação que são: - Calor; - Rubor (cor avermelhada); - Tumor (ferida); - Dor. ♥ O calor se refere ao aumento de temperatura do local da agressão por aumento do metabolismo; o rubor é a vermelhidão local provocada por liberação de mediadores químicos, como a histamina, e as alterações hemodinâmicas (vasodilatação); ♥O tumor é o aumento de volume da região provocado pelo edema tecidual; e, por fim, a dor é provocada pela redução do limiar da dor no sistema nervoso central e compressão de estruturas nervosas da região pelo edema ♥ Estes sinais flogísticos também são chamados de tétrade de Célsius. Se não resolvida a tempo pode haver perda da função do órgão ou tecido inflamado. PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet ♥Embora desejado esse processo pode também representar uma agressão aos tecidos e o seu controle é desejável em muitas situações, como nas inflamações da garganta ou do ouvido, pneumonias, artrites e meningites, por exemplo. FASES DA INFLAMAÇÃO: ♥ A inflamação é subdivida em diferentes fases, são elas: - Alteração do calibre e fluxo vascular → que gera calor e vermelhidão; - Permeabilidade vascular aumentada → que gera o inchaço; - Migração de leucócitos → chegada das células de defesa; - Quimiotaxia e fagocitose → combate aos agentes agressores, que pode levar à cura ou gerar uma inflamação crônica dependendo do caso. ALTERAÇÃO DO CALIBRE E FLUXO VASCULAR ♥ As mudanças no fluxo e no calibre vascular se iniciam logo após a injúria e consistem no seguinte: ♥ A vasodilatação é uma das manifestações mais iniciais da inflamação aguda; algumas vezes ela se segue a uma constrição transitória das arteríolas, durando poucos segundos. A vasodilatação primeiro envolve as arteríolas e então leva à abertura de novos leitos capilares na área. O resultado é o fluxo sanguíneo aumentado, que é a causa do calor e vermelhidão (eritema) no local da inflamação. ♥ A vasodilatação é induzida pela ação de vários mediadores, notavelmente a histamina e o óxido nítrico (NO), no músculo liso vascular. A vasodilatação é rapidamente seguida pela permeabilidade aumentada do micro vasculatura, com extravasamento de fluido rico em proteína para os tecidos extravasculares; ♥ A perda de fluido e o diâmetro aumentado do vaso levam à lentificação no fluxo sanguíneo, concentração de hemácias em pequenos vasos e viscosidade aumentada do sangue. Essas mudanças resultam em dilatação dos pequenos vasos que são cheios com hemácias se movimentando lentamente, uma condição denominada estase, que é vista como congestão vascular (produzindo vermelhidão localizada) no exame do tecido envolvido. ♥Os leucócitos sanguíneos, principalmente os neutrófilos, se acumulam ao longo do endotélio vascular. Ao mesmo tempo, as células endoteliais são ativadas por mediadores produzidos nos locais de infecção e tecidos danificados e expressam níveis aumentados de moléculas de adesão. Os leucócitos então aderem ao endotélio e logo depois eles migram através da parede vascular para dentro do tecido intersticial. PERMEABILIDADE VASCULAR AUMENTADA ♥ Uma marca da inflamação aguda é a permeabilidade vascular aumentada levando ao escape de exsudato rico em proteína para dentro do tecido extravascular, causando edema. Vários mecanismos são responsáveis pela permeabilidade vascular aumentada: ♥ Contração das células endoteliais resultando em espaços interendoteliais aumentados é o mecanismo mais comum de extravasamento vascular e é elicitado por histamina, bradicinina, leucotrienos, o neuropeptídeo substância P e muitos outros mediadores químicos. ♥ Isto é chamado de resposta transitória imediata porque ela ocorre rapidamente após a exposição ao mediador e usualmente é de curta duração (15-30 minutos). Em algumas formas de injúria branda (p. ex., após queimaduras, irradiação X ou radiação ultravioleta e exposição a certas toxinas bacterianas), o extravasamento vascular se inicia PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet após um atraso de 2 a 12 horas e dura por várias horas ou mesmo dia; esse extravasamento atrasado e prolongado pode ser causado pela contração das células endoteliais ou dano endotelial brando. A queimadura de sol com aparecimento tardio é um bom exemplo deste tipo de extravasamento. ♥ Injúria endotelial, resultando em necrose da célula endotelial e desprendimento → O dano direto ao endotélio é encontrado em injúrias graves, por exemplo, em queimaduras, ou pela ação de micróbios que alcançam as células endoteliais. ♥ Os neutrófilos que aderem ao endotélio durante a inflamação também podem causar danos às células endoteliais e, então, amplificar a reação. Na maioria dos exemplos, o extravasamento se inicia imediatamente após a injúria e é mantido por várias horas até que os vasos danificados sejam trombosados ou reparados. ♥ Transporte aumentado de fluidos e proteínas, chamado de transcitose, através da célula endotelial. Esse processo pode envolver canais consistindo em vesículas e vacúolos não revestidos interconectados, chamados de organelas vesiculovacuolares, muitos dos quais localizados próximo às junções intercelulares. Inflamação Aguda ♥ A inflamação aguda é uma rápida resposta do hospedeiro que serve para levar leucócitos e proteínas do plasma, tais como anticorpos, para os locais de infecção ou tecido injuriado. A inflamação aguda tem três principais componentes: (1) alterações no calibre vascular que levam a um aumento no fluxo sanguíneo; (2) mudanças estruturais na microvasculatura que permitem que as proteínas do plasma e os leucócitos saiam da circulação e (3) emigração de leucócitos da microcirculação, seu acúmulono foco da injúria e sua ativação para eliminar o agente agressor. ESTÍMULOS DE INFLAMAÇÃO AGUDA ♥ As reações inflamatórias agudas podem ser disparadas por uma variedade de estímulos: ♥ Infecções (bacteriana, viral, fúngica, parasítica) e toxinas microbianas estão entre as causas clinicamente importantes mais comuns da inflamação. Os mamíferos possuem muitos mecanismos que sentem a presença de micro- organismos. ♥ A necrose tecidual de qualquer causa, incluindo isquemia (como em um infarto do miocárdio), trauma e injúria física e química (p. ex., injúria térmica, como em queimaduras ou úlceras de frio; irradiação; exposição a alguns agentes químicos ambientais). Várias moléculas liberadas das células necróticas são conhecidas por provocarem a inflamação; estas incluem o ácido úrico, um metabólito da purina; ♥ A hipoxia, que frequentemente é subjacente à injúria celular, também é, por si só, um indutor da resposta inflamatória. Essa resposta é grandemente mediada por uma proteína chamada HIF-1α (fator-1α induzido por hipoxia), que é produzida pelas células privadas de oxigênio, e ativa a transcrição de muitos genes envolvidos na inflamação, incluindo o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), que aumenta a permeabilidade vascular. ♥ Corpos estranhos (lascas de madeira, sujeira, suturas) tipicamente elicitam a inflamação que causam injúria tecidual traumática ou transportam micróbios. ♥ Reações imunes (também chamadas de reações de hipersensibilidade) são reações nas quais o sistema imune normalmente protetor causa um dano nos próprios tecidos do indivíduo. As respostas imunes injuriantes podem ser direcionadas contra antígenos próprios, causando as doenças PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet autoimunes, ou podem ser reações excessivas contra substâncias ou micróbios do ambiente. A inflamação é a principal causa de injúria tecidual nessas doenças. ♥ Devido aos estímulos para as respostas inflamatórias (i.e., tecidos próprios) não poderem ser eliminados, as reações autoimunes tendem a ser persistentes e dificultar a cura, são associadas com inflamação crônica e são causas importantes de morbidade e mortalidade. A inflamação é induzida por citocinas produzidas pelos linfócitos T e outras células do sistema imune. FENÔMENOS DA INFLAMAÇÃO ♥ Os fenômenos da inflamação incluem as fases irritativas, vasculares, exsudativas, reparativas e produtivas que ocorrem em momentos diferentes do processo inflamatório e não, necessariamente, nesta sequência. ♥ A fase irritativa → é o momento no qual os agentes lesivos provocam modificações no tecido que, por sua vez, liberam mediadores químicos que desencadearão as próximas fases inflamatórias. ♥ A fase vascular→ geralmente, é sucedida pela fase irritativa. Nesta etapa ocorrem modificações hemodinâmicas causadas pelos mediadores químicos liberados na fase irritativa (quimiotaxia). ♥A principal característica da fase vascular é a vasodilatação arteriolar causada pela ação da histamina nos receptores localizados nas arteríolas e pela ação da substância P nas terminações neurogênicas da parede arteriolar. ♥ O efeito vascular → faz com que o diâmetro da arteríola aumente, a velocidade da circulação diminua, as células inflamatórias migrem para a periferia e ocorra a diapedese. Quimiotaxia – processo que atrai e direciona as células inflamatórias para determinado local por efeito de mediadores químicos. Diapedese – passagem das células inflamatórias através das fenestras dos capilares sanguíneos. Leucócitos – também chamados de glóbulos brancos. São constituintes do sangue, exercem a função de defesa celular do organismo e participam do processo inflamatório. ♥ A fase exsudativa é representada pela diapedese e acúmulo excessivo de líquido intersticial. O plasma e leucócitos constituem o edema inflamatório. Inicialmente, o edema é causado pela ação da histamina no endotélio ou por lesão direta na parede endotelial. ♥ A característica do edema pode variar conforme a concentração de proteína plasmática do líquido. Quanto maior a quantidade de proteína, maior a pressão oncótica do interstício (extravascular) e maior a retenção de líquido. Outro fator que contribui para o edema inflamatório é a sobrecarga dos vasos linfáticos que não conseguem drenar o líquido intersticial de forma satisfatória. ♥ A diapedese constitui uma etapa primordial da fase exsudativa, porém, é a etapa final do processo de saída dos leucócitos dos capilares sanguíneos. Previamente à diapedese ocorrem as etapas: marginação, rolamento, aderência. ♥ A marginação é a fase na qual os leucócitos migram para a periferia da luz dos vasos sanguíneos. A segunda fase é a de rolamento das células sobre a superfície do endotélio vascular. A aderência das CONCEITOS PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet células ao endotélio vascular se faz necessária devido ao fluxo sanguíneo e ocorre por meio de moléculas de adesão presentes no endotélio e nos leucócitos, como as ICAM 1 e 2, VCAM-1 e selectinas. A última etapa, então, é a diapedese, que ocorre após a aderência dos leucócitos ao endotélio vascular. ♥ A fase alternativa é representada pela presença de degenerações e necroses durante o processo inflamatório. A diminuição da perfusão tecidual e isquemia por obstrução vascular são causas desta fase e ocorrem de forma paralela à inflamação. ♥ As fases reparativas e produtivas são responsáveis pela reparação do tecido inflamado por meio da formação de tecido conjuntivo e nova vascularização tecidual. O grau de lesão tecidual, tipo de inflamação envolvida e os fatores genéticos são fatores que interferem nesta fase. CÉLULAS E MEDIADORES DE RESPOSTA LOCAL ♥ Os leucócitos, ou glóbulos brancos, são constituintes do sangue e exercem a função de defesa contra agentes etiológicos causadores de lesão. Eles são divididos em polimorfonucleares ou granulóticos (neutrófilos, basófilos e eosinófilos) e os mononucleares ou agranulócitos (linfócitos e monócitos). ♥ Os polimorfonucleares são as primeiras células a sofrerem a diapedese (primeiras 24 horas), seguidas pelos mononucleares, que iniciam a saída após 18 a 24 horas. ♥ A fagocitose é o processo de englobamento de partículas pelas células. No âmbito da inflamação ocorre para inativar e retirar o agente inflamatório de origem microbiana. Os fagócitos, assim chamadas as células inflamatórias que exercem esta atividade, são divididos em dois grupos – polimorfonucleados, representados pelos neutrófilos e eosinófilos, e pelos mononucleares, representados pelos monócitos. ♥ Os monócitos recebem esta nomenclatura quando estão no interior do vaso sanguíneo e, ao sair do meio extravascular e migrar para o tecido de destino, recebem o nome de macrófagos. ♥ A fagocitose ocorre inicialmente pela aproximação dos fagócitos ao agente microbiano a fim de reconhecimento. A aproximação é mediada por quimiotaxia. Para que ocorra a fagocitose são necessários o reconhecimento e a aderência mediados pela carga elétrica e hidrofilia da superfície das membranas das células e do microrganismo. ♥Por fim, existem os receptores que conectam o fagócito ao agente etiológico. A próxima etapa é o englobamento e ingestão que ocorre para formação do fagossomo (microrganismo no interior do citoplasma do fagócito) que, posteriormente, se funde com o lisossomo do fagócito e se torna fagolisossomo. Esta união é importante para que ocorra destruição do agente fagocitado. ♥A destruição do agente fagocitado ocorre por três mecanismos: - Explosão respiratória → aumento do consumo de O2 pelo fagócito a fim de converter em água oxigenada e radicais livres para a destruição dos agentes lesivos;- Proteínas microbicidas; - Óxido nítrico. ♥ Sendo que os últimos atuam diretamente no agente etiológico para causar a morte celular. PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet CICATRIZAÇÃO E REPARAÇÃO TECIDUAL ♥ A cicatrização é o processo pelo qual um tecido lesado é substituído por tecido conjuntivo vascularizado. A primeira etapa é a reabsorção do exsudato inflamatório pelas células fagocitárias mononucleares, seguida pela proliferação fibroblástica e endotelial que resulta em tecido cicatricial (PEREIRA, 2000, p. 62). ♥ A cicatrização pode ser classificada em duas formas: cicatrização por primeira intenção ou cicatrização por segunda intenção. ♥ A cicatrização por primeira intenção ocorre quando as bordas da ferida estão aproximadas por suturas cirúrgicas e/ou não estão infectadas por microrganismos. No primeiro momento, em até 24 horas, forma-se o coágulo entre os bordos com predomínio de neutrófilos. ♥ A partir de 48 horas, a quantidade de neutrófilos diminui e é substituída por macrófagos, o tecido epitelial da pele se multiplica e os fibroblastos iniciam a síntese de matriz extracelular formada por fibras de colágenos finas. Este novo tecido recebe o nome de tecido de granulação devido à sua característica macroscópica de grânulos e coloração rósea. ♥ Inicialmente, o tecido de granulação apresenta quantidade moderada de líquido devido ao extravasamento de plasma pelo endotélio vascular. Progressivamente, cessa-se a drenagem de líquido e se inicia a formação do tecido de origem, por exemplo, a pele. ♥ A cicatrização por segunda intenção ocorre quando a ferida é extensa e não é possível aproximar as bordas ou existe infecção secundária. Nestes casos, a exsudação inflamatória é acentuada e o tecido de granulação formado é abundante. O tempo de cicatrização e reparação tecidual se torna maior. ♥ A deficiência da cicatrização está relacionada a fatores locais e sistêmicos. Animais subnutridos (deficiência proteica) ou com deficiência de zinco e vitamina C são exemplos de situações que retardam ou dificultam a cicatrização. Pacientes diabéticos ou com lesão por decúbito são situações clínicas que interferem negativamente na cicatrização tecidual. CLASSIFICAÇÕES: ♥ As inflamações agudas são subdivididas em super aguda (horas a dias), aguda (dias a semana) e subaguda (semanas a três meses). O processo agudo é desencadeado pela liberação de substâncias sinalizadoras (quimiotáticos), citocinas pró- inflamatórias, moléculas vasoativas e moléculas citotóxicas. As principais fases incluem a vascular e exsudativa com a saída de células inflamatórias e plasma para o sítio da lesão inflamatória. ♥ As inflamações crônicas são caracterizadas a partir de três meses. As doenças autoimunes são provocadas pela resposta inflamatória do organismo com a produção de anticorpos que atuam contra elementos naturais do organismo. O pênfigo foliáceo é uma enfermidade autoimune comum em cães, na qual o organismo produz resposta contra componentes da própria pele. ♥ Quanto ao caráter inflamatório, divide-se em: inflamação exsudativa, alternativa, proliferativa e granulomatosa. A inflamação exsudativa é marcada pela presença de líquido inflamatório com quantidade discreta a severa de células inflamatórias, como a inflamação serosa (baixa celularidade) e a mucopurulenta (moderada a acentuada celularidade). ♥ A inflamação alterativa é marcada por figuras de degeneração e necrose tecidual ou ulcerativa. A forma proliferativa é caracterizada pela produção excessiva de tecido conjuntivo, colágeno e demais componentes. A inflamação granulomatosa é uma forma proliferativa específica na qual se observam PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet estruturas nodulares compostas por células inflamatórias, como macrófagos, células epitelioides e gigantes do tipo Langhans. ♥ Duas outras formas de classificação estão relacionadas à distribuição no órgão ou tecido (focal, multifocal, localmente extensiva ou difusa) e intensidade (leve/discreta, moderada ou grave/severa). ♥A fase crônica é marcada pela presença de linfócitos e macrófagos que atuam no sítio da lesão de forma tardia. Em algumas situações é possível observar degenerações e necroses. A resposta crônica pode ser originada da resposta falha durante a fase aguda ou como resposta direta e inicial de um estímulo, como materiais vegetais aspirados de forma acidental e presentes no tecido pulmonar ou doenças autoimunes. RESULTADOS DA INFLAMAÇÃO AGUDA ♥ Embora, como pode ser esperado, muitas variáveis possam modificar o processo básico da inflamação, incluindo a natureza e a intensidade da injúria, o local e o tecido afetado e a responsividade do hospedeiro, todas as reações inflamatórias agudas podem ter um de três resultados: ♥ Resolução completa → todas as reações inflamatórias, uma vez que tenham sucesso na neutralização e eliminação do estímulo injuriante, deveriam terminar com a restauração do local da inflamação ao normal. Isto é chamado de resolução e é o resultado usual quando a injúria é eliminada ou de curta duração ou quando houve pouca destruição tecidual e as células parenquimatosas danificadas podem se regenerar. A resolução envolve a remoção dos restos celulares e micróbios pelos macrófagos e a reabsorção do fluido de edema pelos linfáticos. ♥ Cura por substituição do tecido conjuntivo (fibrose) → Isto ocorre após substancial destruição do tecido, quando a injúria inflamatória envolve tecidos que são incapazes de regeneração ou quando existe exsudação abundante de fibrina no tecido e cavidades serosas (pleura, peritônio) que não podem ser adequadamente limpas. Em todas essas situações, o tecido conjuntivo cresce para dentro de áreas de dano ou exsudato, convertendo-se em uma massa de tecido fibroso – processo também chamado de organização. ♥ Progressão da resposta para inflamação crônica → Isto pode se seguir à inflamação aguda, ou a resposta pode ser crônica desde o início. A transição aguda para crônica ocorre quando a resposta inflamatória aguda não pode ser resolvida, como resultado de persistência do agente injuriante ou de alguma interferência com o processo normal de cura. ♥ Por exemplo, a infecção bacteriana dos pulmões pode se iniciar como um foco de inflamação aguda (pneumonia), mas sua falha em se resolver pode levar à extensa destruição tecidual e à formação de uma cavidade onde a inflamação continua latente, levando eventualmente a abscesso pulmonar crônico. ♥ Outro exemplo de inflamação crônica com estímulo persistente é a úlcera péptica do duodeno e estômago. As úlceras pépticas podem persistir por meses ou anos e são manifestadas por ambas as reações inflamatórias, aguda e crônica. INFLAMAÇÃO SEROSA ♥A inflamação serosa é marcada pelo derramamento de um fluido fino que pode ser derivado do plasma ou de secreções das células mesoteliais revestindo as cavidades peritoneal, pleural e pericárdica. ♥ O acúmulo de fluido nessas cavidades é chamado de efusão. A bolha na pele resultante de uma queimadura ou infecção viral representa um grande acúmulo de fluido seroso, dentro ou imediatamente abaixo da epiderme da pele. PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet Inflamação serosa. Pequeno aumento de uma secção transversal de bolha da pele mostrando a epiderme separada da derme por uma coleção focal de efusão serosa. INFLAMAÇÃO FIBRINOSA ♥ Com maior aumento na permeabilidade vascular, grandes moléculas, tais como fibrinogênio, passam pela barreira vascular e a fibrina é formada e depositada no espaço extracelular. Um exsudato fibrinoso se desenvolve quando os extravasados vascularessão grandes ou existe um estímulo pró-coagulante local (p. ex., células cancerosas). O exsudato fibrinoso é característico de inflamação no revestimento de cavidades do corpo, tais como meninges, pericárdio e pleura. ♥ Histologicamente, a fibrina se parece como uma malha eosinofílica de fios ou, algumas vezes, como um coágulo amorfo. Os exsudatos fibrinosos podem ser removidos pela fibrinólise e limpos de outros restos pelos macrófagos. Se a fibrina não é removida, ao longo do tempo ela pode estimular o crescimento dos fibroblastos e vasos sanguíneos e então levar à cicatrização. A conversão do exsudato fibrinoso a tecido cicatrizado (organização) dentro do saco pericárdico leva a adelgaçamento fibroso opaco do pericárdio e epicárdio na área de exsudação e, se a fibrose é extensa, à obliteração do espaço pericárdico. Pericardite fibrinosa. A, Depósitos de fibrina no pericárdio. B, Exsudato em malha de fibrina róseo (F) recobre a superfície do pericárdio (P). INFLAMAÇÃO SUPURATIVA OU PURULENTA: ABSCESSOS ♥ Este tipo de inflamação é caracterizado pela produção de grandes quantidades de pus ou exsudato purulento consistindo em neutrófilos, necrose liquefativa e fluido de edema. Certas bactérias (p.ex., estafilococos) produzem essa supuração e são, portanto, referidas como bactérias piogênicas (produtoras de pus). ♥ Abscessos são coleções localizadas de tecido inflamatório purulento causados por supuração mantida em um tecido, um órgão ou espaço confinado. Eles são produzidos por um profundo crescimento de bactéria piogênica dentro de um tecido. Os abscessos têm uma região central que se parece com uma massa de leucócitos necróticos e células teciduais. ♥ Usualmente existe uma zona de neutrófilos preservados em torno deste foco necrótico e por fora desta região ocorrem dilatação vascular e proliferação parenquimatosa e fibroblástica, indicando inflamação crônica e reparo. Em tempo, o abscesso pode tornar-se confinado por cápsula e finalmente ser substituído por tecido conjuntivo. Inflamação purulenta. A, Múltiplos abscessos bacterianos nos pulmões, em um caso de broncopneumonia. B, O abscesso contém neutrófilos e restos celulares e é rodeado por vasos sanguíneos congestionados. ÚLCERAS ♥ Uma úlcera é um defeito local, ou escavação, da superfície de um órgão ou tecido, que é produzida por perda (desprendimento) de tecido necrótico inflamado. PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet ♥ A ulceração pode ocorrer somente quando a necrose do tecido e a inflamação resultante existem em cima ou próximo à superfície. Ela é mais comumente encontrada (1) na mucosa da boca, estômago, intestinos ou trato genitourinário e (2) na pele e no tecido subcutâneo das extremidades inferiores em pessoas idosas que têm distúrbios circulatórios que predispõem a extensa necrose isquêmica. A morfologia de uma úlcera. A, uma úlcera duodenal crônica. B, Pequeno aumento de uma secção de uma cratera de úlcera duodenal com um exsudato inflamatório agudo na base. ♥ As ulcerações são mais bem exemplificadas pela úlcera péptica do estômago ou do duodeno, onde a inflamação aguda e crônica coexistem. Durante o estágio agudo, existe uma intensa infiltração polimorfonuclear e dilatação vascular nas margens do defeito. Com a cronicidade, as margens e as bases da úlcera desenvolvem proliferação fibroblástica, cicatrização, e acúmulo de linfócitos, macrófagos e células do plasma. Inflamação Crônica ♥ A inflamação crônica é a inflamação de duração prolongada (semanas a meses) em que a inflamação, injúria tecidual e tentativas de reparo coexistem em variadas combinações. Ela pode se seguir à inflamação aguda, como descrito anteriormente, ou pode se iniciar insidiosamente, como uma resposta de baixo grau e latente, sem nenhuma manifestação de uma reação aguda. Este último tipo de inflamação crônica é a causa de dano tecidual em algumas das mais comuns e incapacitantes doenças humanas, tais como a artrite reumatoide, aterosclerose, tuberculose e fibrose pul- -monar. Ela também tem sido implicada na progressão do câncer e em doenças puramente degenerativas, tais como a doença de Alzheimer. CAUSAS: ♥ Infecções persistentes → por micro- organismos que são difíceis de erradicar, tais como micobactéria e certos vírus, fungos e parasitos. Esses organismos frequentemente evocam uma reação imune chamada de hipersensibilidade tipo retardada. A resposta inflamatória algumas vezes tem um padrão específico chamado de reação granulomatosa ♥Doenças inflamatórias imunomediadas →A inflamação crônica tem um papel importante no grupo de doenças que são causadas pela ativação excessiva ou inapropriada do sistema imune. Sob certas circunstâncias, as reações imunes se desenvolvem contra os tecidos do próprio indivíduo, levando a doenças autoimunes. ♥Nessas doenças, os autoantígenos evocam uma reação imune autoperpetuada que resulta em dano tecidual crônico e inflamação; exemplos de tais doenças são a artrite reumatoide e a esclerose múltipla. Em outros casos, a inflamação crônica é o resultado de respostas imunes não reguladas contra micróbios, como na doença intestinal inflamatória. As respostas imunes contra substâncias ambientais comuns são a causa das doenças alérgicas, tais como asma brônquica. ♥ Devido a essas reações autoimunes e alérgicas serem inapropriadamente disparadas contra os antígenos que normalmente são prejudiciais, as reações não servem a propósitos úteis e causam somente doença. Tais doenças podem mostrar padrões morfológicos de inflamação aguda e crônica misturados porque elas são caracterizadas pelos ataques repetidos de inflamação. A fibrose pode dominar os estágios tardios. PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet ♥O macrófago é o jogador celular predominante na inflamação crônica e nós iniciaremos nossa discussão com uma breve revisão de sua biologia. Os macrófagos são um dos componentes do sistema mononuclear fagocítico. O sistema mononuclear fagocítico (algumas vezes chamado de sistema reticuloendotelial) consiste em células intimamente relacionadas com origem na medula óssea, incluindo os monócitos sanguíneos e macrófagos teciduais. ♥Estes últimos estão difusamente espalhados pelo tecido conjuntivo ou localizados em órgãos tais como o fígado (células de Kupffer), baço e linfonodos (histiócitos dos seios), pulmões (macrófagos alveolares) e sistema nervoso central (micróglia). Os fagócitos mononucleares nascem de um precursor comum na medula óssea, que dá origem aos monócitos sanguíneos. ♥A partir do sangue, os monócitos migram para vários tecidos e se diferenciam em macrófagos. A meia-vida dos monócitos sanguíneos é de cerca de 1 dia, enquanto a vida dos macrófagos teciduais é de vários meses ou anos. A jornada das células-tronco da medula óssea para macrófagos teciduais é regulada por uma variedade de fatores de crescimento e diferenciação, citocinas, moléculas de adesão e interações celulares. INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA ♥ A inflamação granulomatosa é um padrão distinto de inflamação crônica que é encontrado em um número limitado de condições infecciosas e algumas não infecciosas. As reações imunes usualmente são envolvidas no desenvolvimento de granulomas. ♥ Brevemente, um granuloma é um esforço celular para conter um agente agressor que é difícil de erradicar. Nessa tentativa, frequentemente existe uma forte ativação dos linfócitos T levando à ativação dos macrófagos, que pode causar injúria aos tecidos normais. A tuberculose é o protótipo das doenças granulomatosas, mas a sarcoidose, doença da arranhadura do gato, linfogranuloma inguinal, lepra, brucelose, sífilis, algumas infecções micóticas, beriliose, reações de lipídios irritantes e algumas doenças autoimunestambém são incluídos. O reconhecimento do padrão granulomatoso em uma amostra de biópsia é importante por causa do número limitado de condições possíveis que o causam e do significado do diagnóstico associado com as lesões. ♥ Um granuloma é um foco de inflamação crônica consistindo em uma agregação microscópica de macrófagos que são transformados em células epitelioides, rodeadas por um colar de leucócitos mononucleares, principalmente linfócitos e ocasionalmente plasmócitos. Nas secções de tecido usualmente coradas com hematoxilina-eosina, as células epitelioides têm um citoplasma granular rosa- claro com limites celulares indistintos, frequentemente parecendo se fundir um com o outro. ♥ O núcleo é menos denso do que o dos linfócitos, é oval ou alongado, e pode mostrar dobras na membrana nuclear. Granulomas mais velhos desenvolvem um anel de envoltos com fibroblastos e tecido conjuntivo. Frequentemente, as células epitelioides se fundem para formar as células gigantes na periferia ou algumas vezes no centro dos granulomas. Essas células gigantes podem alcançar diâmetros de 40 a 50 μm. Elas têm uma grande massa de citoplasma contendo 20 ou mais pequenos núcleos arranjados ou perifericamente (célula gigante do tipo de Langhans) ou irregularmente (célula gigante do tipo corpo estranho). Não existe nenhuma diferença funcional entre estes dois tipos de células gigantes, ainda que alguns patologistas persistam em descrevê-los – talvez porque eles façam um minucioso questionamento no exame! PATOLOGIA Organizado por Biaaz Med Vet ♥Existem dois tipos de granuloma, que diferem em suas patogêneses. Os granulomas de corpo estranho são incitados por corpos estranhos relativamente inertes. Tipicamente, os granulomas de corpos estranhos se formam em torno de materiais tais como talco (associado com abuso de droga intravenosa), suturas ou outras fibras que sejam grandes o suficiente para impedir a fagocitose por um único macrófago e não incitarem nenhuma resposta inflamatória ou imune. ♥ As células epitelioides e as células gigantes são depositadas na superfície do corpo estranho. O material estranho usualmente pode ser identificado no centro do granuloma, particularmente se visto com luz polarizada, onde ele aparece refratário. ♥Os granulomas imunes são causados por uma variedade de agentes capazes de induzir a resposta imune mediada por célula. Esse tipo de resposta imune produz os granulomas usualmente quando o agente agressor é fracamente degradável ou particulado. Em tais respostas, os macrófagos englobam os antígenos das proteínas estranhas, as processam e apresentam os peptídeos aos linfócitos T antígeno-específicos, causando sua ativação. INFLAMAÇÃO DEFEITUOSA OU EXCESSIVA ♥ A inflamação defeituosa tipicamente resulta em aumento na susceptibilidade a infecções, porque a resposta inflamatória é um componente central dos mecanismos iniciais de defesa que os imunologistas chamam de imunidade inata. Ela também está associada com cura atrasada de ferimentos, porque a inflamação é essencial para a limpeza dos tecidos danificados e restos celulares e fornece o estímulo necessário para iniciar o processo de reparo. ♥ A inflamação excessiva é a base de muitos tipos de doenças humanas. As alergias, nas quais os indivíduos montam uma resposta imune desregulada contra antígenos ambientais comumente encontrados, e as doenças autoimunes, em que as respostas imunes se desenvolvem contra os autoantígenos normalmente tolerados, são desordens nas quais a causa fundamental da injúria tecidual é a inflamação.
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