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Saúde do Trabalhador Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Esp. Erika Gambeti Viana de Santana Revisão Textual: Profa. Ms. Fátima Furlan Stress e as doenças ocupacionais • Stress x Saúde dos trabalhadores • Motivos e antecedentes de stress no trabalho • Stressors Organizacionais e Extraorganizacionais • Fatores que desencadeiam o estresse ocupacional • Sintomas e Sinais do Estresse Ocupacional • O impacto que o stress pode causar no ambiente de trabalho • Medidas de Prevenção contra o Stress · Mostrar aos alunos a relação do stress com as doenças ocupacionais devido a um ambiente de trabalho insalubre. OBJETIVO DE APRENDIZADO Stress e as doenças ocupacionais Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Stress e as doenças ocupacionais Stress x Saúde dos trabalhadores Figura 1 Fonte: iStock/Getty Images O stress veio a ser uma das causas mais preocupantes depois que a sociedade começou a ter um alto consumo de produtos industrializados, pois passou a fazer parte do dia a dia uma vez que tem aceitação da maior parte da população. Esta aceitação tem aumentado desde a década da Revolução Industrial trazendo para o nosso cotidiano um índice muito baixo quando se trata de vida saudável. Por ser um problema social e de saúde pública para o século XXI, a União Europeia colocou como principal objetivo de prevenção para a segurança e saúde, devido o stress no trabalho, uma estratégica comunitária. O stress não só na vida pessoal e também profissional está atrapalhando o desenvolvimento e com isso gerando custos altos para as organizações. Em 2000, estava em segundo lugar na União Europeia o caso do stress ocupacional diante dos problemas de saúde mais comuns, tendo um número alto e até mesmo assustador de 28% dos trabalhadores apresentando um nível alto de stress a ponto de precisar de afastamento temporário. Automaticamente o índice dos custos ficou cada vez mais alto incluindo os custos com a saúde e medicina do trabalho, perda de ritmos de produção pela falta de colaboradores na área, gastos para contratação de novos funcionários, para reabilitação e reparação dos recursos humanos e seguros, absentismos e greves. Vale lembrar que 25% da taxa de absentismo são causados pelo stress. Temos na União Europeia levantamentos financeiros que apresentam um gasto de aproximadamente 20 mil euros com os estados-membros. Mesmo com tudo isso não tem havido esforços por parte dos administradores no intuito de procurar prevenir que seus colaboradores cheguem ao stress ocupacional, evitando esses problemas citados acima. 8 9 Importante! O stress pode ser considerado como um dos piores e mais importantes problemas dos tempos atuais devido ao aumento da competitividade e mudanças nas tendências para não perderem o espaço no mercado aumentam a produtividade e geram mais esforços físicos e mentais aos colaboradores. As horas trabalhadas fi cam cada vez maiores chegando a 65 horas/semanais dependendo do cargo e assim, é muito comum o nível do stress estar cada vez mais alto, é importante salientar que o stress trata-se de uma patologia que depois de diagnosticada pode levar a grande chance de sequelas ou a morte antes do tempo. Você Sabia? O stress tem suas origens na medicina numa visão fisiológica, se tratando de uma reação do organismo a exigências e estímulos externos sobre ele. Em três fases pode decorrer a reação do organismo. · Alarme, o organismo recebe estímulos que não consegue adaptar. Quando a fase inicial tem menor resistência “choque”, é seguida pelo de “contrachoque” ou mobilização dos mecanismos de defesa “ataque ou fuga”. · Estágio de resistência é a segunda fase, procurando restaurar o equilíbrio do organismo, acostumando com o agente indutor de stress e trocando a reação de alarme. · A resistência não permanece para sempre, principalmente se o alarme não for frequente ou muito intenso em um longo período de tempo. Esgota-se a energia necessária à resistência e ocorre o estágio de exaustão. O stress pode ter um lado positivo, com um bom nível de stress é estimulado o crescimento, a motivação e até mesmo o desenvolvimento individual, existindo uma diferença entre o estresse (curativo e agradável) e o distress (desagradável): · Stress como estímulo: Nesta visão, podemos defi nir como uma força exercida em cima da pessoa que gera uma reação ao organismo, tendo um determinado nível de tolerância e ocasionando danos temporários ou defi nitivos. · Stress como interação: A partir de abordagens internacionais, foram estudadas as interações entre os estímulos e suas variáveis, como por exemplo, as variáveis moderadoras referentes ao stressor-strain. · Stress como transação: o conceito transacional fala de como a pessoa reage e age com as mudanças de ambientes, cargos, normas e rotinas entre outros, e em que o modo como a pessoa interpreta e consegue lidar com tudo isso pode lhe causar um stress. Portanto, o stress não está na pessoa e nem na situação e sim na interação entre elas. 9 UNIDADE Stress e as doenças ocupacionais Sendo uma resposta evolucionária, em doses pequenas é benéfica. Em proporções leves que acarretam mudanças necessárias à vida da pessoa e melhorias a seu serviço o estresse pode ser positivo. Porém, o principal problema é que o stress leva a uma mudança temperamental que no lugar de ser positivo se torna negativo, tendo vários problemas no ambiente de trabalho como gritos, xingos, e ordens excessivas. Fisicamente não há mudanças, porém com um período longo nessas condições, inevitavelmente há consequências. Alguns autores definem o stress no trabalho como um conjunto de perturbações psicológicas ou sofrimentos psíquicos envolvidos na rotina do serviço. O stress no trabalho é um problema de natureza perceptiva, isso porque vem de como o ser humano lida com as pressões que tem no dia a dia, tendo como principal patologia a saúde mental, física e sentimental. Isso tudo gera prejuízos tanto para a organização quanto para o trabalhador, segundo descreve o autor Cooper (1993). De acordo com Guimarães ( 2000), o stress no trabalho acontece quando o colaborador percebe que não tem mais capacidade de fazer seus serviçossentindo-se mal com a situação e tendo como consequência um sofrimento psíquico que gera um sentimento de fraqueza por não conseguir lutar contra essa mistura de sensações e sentimentos desagradáveis. É correto afirmar que o stress ocupacional ocorre por conta da incompatibilidade entre as condições de trabalho e as características do colaborador, quando uma pessoa não consegue lidar com determinadas exigências, ou seja, suas estratégias estão esgotadas para lidar com o stress, essas mesmas que são designas por coping. Modelos teóricos de stress no trabalho foram desenvolvidos por investigadores, por terem resultados de prazos longos de stress no trabalho e não terem prtogramas com vista a sua gestão e redução. Em 1976, tivemos a teoria de Acontecimentos da Vida Holmes e Rahe que através de uma investigação psiquiátrica, concluíram que aparecimentos de patologias podem estar relacionados a acontecimentos que exigem mudanças na vida. Então se elaborou uma relação de acontecimentos, reajustamento salarial e social, por exemplo, exigindo assim mudanças dos indivíduos que necessitavam certo esforço para uma adaptação favorável. Os sintomas físicos que foram desenvolvidos pelo stress foram proporcionais ao número das mudanças que ocorreram em um determinado tempo. Normalmente a preocupação maior fica em acontecimentos extraordinário que são fontes de energia submetidas ao decorrer do tempo esquecendo-se que os pequenos acontecimentos são fontes de pressão crônica, que ao longo dos dias não poderia ser esquecida em pesquisas e estudos do stress no serviço. As referências à teoria do ajuste entre trabalhadores e ambientes são feitas pelas características de ambos, o stress será causado pela falta de ajustamento entre elas. Este modelo é baseado nas interpretações subjetivas, como não tem explicações para as relações desajustadas, passaram a ser criticados por falta de informações sobre as características que induzem o stress. Em 1979, Karasek criou um projeto para realçar a capacidade de um funcionário poder ter um autocontrole nas exigências do serviço e o stain. Nesse projeto, foram considerados fatores principais na experiência do stress: o primeiro, as exigências 10 11 psicológicas no serviço, como exemplo uma sobre carga no trabalho; o segundo fator se direciona ao grau de controle que o indivíduo tem sobre seu trabalho, como tomar suas decisões, que é composta pela autoridade de decidir e como utilizar suas competências no ambiente de trabalho. O stain resulta nas combinações do que é exigido no trabalho e o pouco que o indivíduo pode decidir na causa desses problemas psicológicos. Os resultados psicológicos positivos como motivação, bem-estar, desenvolvimento pessoal, que se obtêm nas organizações em relação aos profissionais são devido ao poder de decisão que é dado a eles e às exigências de serviço, dessa maneira o trabalhador consegue lidar com o stress que é gerado de maneira a obter o sucesso esperado. Podemos tirar algumas conclusões, após o entendimento dos principais modelos teóricos desenvolvidos através do conceito do stress: 1. A percepção de stress é subjetiva, isto é, o mesmo estressor poderá ser percebido de forma diferente e com intensidade diferente por distintos indivíduos; 2. As organizações e os ambientes de trabalho tendem a ter fortes fontes de pressão; 3. O ciclo de stress a cada indivíduo é ativo; 4. Existem consequências psicológicas, comportamentais e fi siológicas no stress no trabalho. Poderemos sistematizar o processo do stress no trabalho através das consequências, por uma relação que vai dos antecedentes e os motivos de stress em relação aos tipos variados de resultados. Motivos e antecedentes de stress no trabalho Figura 2 Fonte: iStock/Getty Images Identificam-se dois grandes tipos de causas de stress no trabalho, organizacionais ou extraorganizacional, que podem ser potenciadas por diversos antecedentes: variáveis sociais (como o crescimento, a instabilidade econômica, ou a taxa de 11 UNIDADE Stress e as doenças ocupacionais desemprego), bem como certas características organizacionais (como a dimensão, a tecnologia, o número de níveis hierárquicos, ou o grupo ocupacional a que se pertence). Esses antecedentes fazem aumentar a probabilidade da existência de estressor nas organizações. O stress no trabalho surge a partir da desigualdade entre as atividades exercidas e a habilidade que o profissional tem de enfrentá-las. Podem ser muitas as causas do stress no ambiente de trabalho, vejamos algumas: · Salário inadequado; · Ambiente sujo, desorganizado e desagradável; · Período longo de jornadas de trabalho; · Falta do poder de decisão; · Brigas com superiores e colegas; · Insegurança; · Monotonia; · Atribuição errada de responsabilidade; · Pessoas inadequadas para o gerenciamento; · Falta de ascensão em suas carreiras etc. Podemos classificar essas causas em: a relação entre o conteúdo do trabalho (trabalho sem importância, monótono e com prazos curtos) com a relação aos benefícios do trabalho (as carreiras, os pagamentos e as relações com superiores e demais pessoas). Stressors Organizacionais São diversos fatores que podem causar o stress ocupacional, dentre estes temos as características da tarefa a ser realizada, do papel que este indivíduo representa, do estilo de liderança que a organização utiliza, do clima organizacional, das relações com os colegas de trabalho e das condições físicas do ambiente. Foi estudado o papel dos trabalhadores na organização e concluíram que a ambiguidade e o conflito do papel, como a subutilização e a sobrecarga contribuem como fontes altas de pressão. O conflito que existe trabalho/família quando existem papéis múltiplos, resulta também para que haja o stress principalmente no caso das mães que precisam conciliar trabalho, família/filhos e ainda tem sua casa para cuidar. O líder é considerado também como um stressor, pois dependendo do comportamento na hora das orientações ou como são passadas as tarefas designadas tem grande influência. As lideranças autoritárias e autocráticas tem por si um estilo strain entre os que estão a cargos abaixo do seu, como por exemplo, 12 13 não motivar seus funcionários ou não atender às suas necessidades. Referiu-se Karasek no seu modelo, que o stress ocupacional é causado também pela falta de atitude de decisões. As relações de trabalho insatisfatórias causam um efeito de stress crescente nos trabalhadores, aumentando gradualmente a cada dia. As necessidades de relacionamento entre colegas, chefes e administradores estão relacionadas com a aceitação e reconhecimento. Podemos atrelar aos causadores de stress algumas características como a formalização, a abertura de comunicação, a centralização, a justiça organizacional, o tipo de ocupação e a política de tomada de decisões. Outras características que estão ligadas são a má qualidade do emprego, o desemprego, o nível de bem-estar psicológico e a insegurança dos empregos podem causar traumas tanto quanto o próprio desemprego. Os agentes patogênicos como o calor, vibração, privacidade, barulho, estão sendo relacionados com as percepções do stress ocupacional, trazendo assim um desempenho negativo. Stressors Extraorganizacionais Na vida profissional, passamos por situações que podem influenciar nos níveis mais elevados do stress, causando alguns problemas para saúde física e psicológica. No cotidiano, passamos por diversos fatores que podem ser chamados de altamente estressante por serem rotineiros e repetitivos. Os fatores extraorganizacionais e os organizacionais se completam. Quando se tem um problema extralaboral, nem sempre se consegue deixá-lo fora de seu ambiente de trabalho e da mesma forma, não conseguimos congelar no seio da organização os problemas que ocorrem nela, influenciando assim na vida pessoal do indivíduo. Fatores que desencadeiam o estresse ocupacional As principais fontes estressantes segundoo autor PARAGUAY (1990) são: Os fatores ambientais que envolvem a iluminação, os limites e níveis de ventilação e os ruídos. Os fatores organizacionais que envolvem os suportes organizacionais, a participação dos trabalhadores nas tarefas realizadas, na organização do trabalho pensando nos seus aspectos psicológicos, na monotonia que pode trazer aos trabalhadores, a sobrecarga, o ritmo de trabalho e de produção a que são submetidos, a natureza das tarefas e as pressões temporais (DEJOURS, 1984). FRANÇA & RODRIGUES (1999) afirmam que por conta das condições de trabalho é que surgem os fatores que levam ao estresse, quando os problemas 13 UNIDADE Stress e as doenças ocupacionais começam a deteriorar as relações entre os colaboradores, causando um ambiente hostil no qual se perde muito tempo com discussões, com isso a perda de dinheiro também. A competição não saudável não é nada promissora na vida organizacional, os trabalhadores precisam aprender a se adaptar a cada mudança da empresa, a novos funcionários e aos direitos coletivos que são propostos pela liderança. A vulnerabilidade orgânica junto com os fatores estressantes e a capacidade de avaliar e enfrentar os conflitos no trabalho levam a um desiquilíbrio da homeostase do organismo, respondendo de forma somática e psicossocial, sendo os efeitos mais conhecidos como cardiovasculares, psicológicos, comportamentais e psicossociais, conforme SOUZA et al (2002). O estresse que os trabalhadores sofrem em suas jornadas de trabalho, com todas as pressões e mudanças do dia a dia excedendo a sua capacidade de lidar com esses problemas, leva o nome de estressores organizacionais. Sintomas e Sinais do Estresse Ocupacional Quando as pessoas se deparam com as tensões no ambiente em que trabalham, faz com que sua eficiência e produtividade diminuam, com isso começam a fazer suas tarefas com pressa passando por conflitos interpessoais, ficam agressivas, desmotivadas, se isolam e assim constroem um ambiente ruim e destrutivo, onde a presença de atrasos, greves, rotatividade de pessoal, doenças e afastamentos começam a aparecer com mais frequência, construindo assim um ambiente de trabalho aborrecido e com relacionamentos ruins entre os funcionários, competitivo e de rivalidade (FRANÇA & RODRIGUES, 1999). O diagnóstico é clínico, segundo o autor ROCHA & GLIMA (2000), baseando-se nos sinais e sintomas: Rastreamento Individual: Sistema Cardiovascular – palpitações, arritmias, dores inframamilares Sistema Respiratório – dispneia e hiperventilação Sistema Gastrointestinal – dispepsia, vômito, pirose e irritação de cólon Sistema Nervoso Central – reações neuróticas, a insônia, a debilidade, os desmaios, e as dores de cabeça. Sistema Muscular – dor e tensão; Figura 3 14 15 Rastreamento do risco nas situações de trabalho: Mediante um estudo minucioso no ambiente de trabalho abrangendo não apenas a forma organizacional, como também os riscos ocupacionais existentes no local. Figura 4 Fonte: iStock/Getty Images Importante! Podemos caracterizar os fenômenos de estresse de acordo com os eventos estressores que o indivíduo passa assim, o cognitivo exerce um papel importante em relação ao processo que está entre os estímulos estressores e as respostas que cada indivíduo apresenta a eles, podendo identifi car as demandas do trabalho sendo essas estressoras, que quando são maiores do que podemos enfrentar causam reações negativas no psicológico, no comportamento e também no âmbito fi siológico. A existência de excesso de trabalho para um trabalhador pode ser considerada algo positivo e estimulante, por conta da situação em que ele se encontra, não interferindo em seu estado. Importante! O impacto que o stress pode causar no ambiente de trabalho O stress pode trazer prejuízos significativos para as empresas e segundo pesquisas, pode-se afirmar que as empresas nos Estados Unidos perdem por volta de 150 bilhões de dólares a cada ano. Podemos dizer que os trabalhadores encontram dificuldade em relaxar, sentindo-se inseguro a ponto de colocar em sua cabeça que não podem deixar de trabalhar mesmo nos dias em que está de folga, isso devido a pressões existentes por conta da própria sociedade devido aos benefícios que as empresas oferecem, como por exemplo, planos de saúde. 15 UNIDADE Stress e as doenças ocupacionais Figura 5 Fonte: iStock/Getty Images O stress diminui muito o desempenho pessoal e profissional, conforme mostram os estudos sobre o assunto, portanto, quando se tem um quadro de funcionários estressados, teremos um desempenho baixo e improdutivo. O maior objetivo é encontrar um ponto de equilíbrio para esse stress ou até mesmo encontrar o chamado Stress Produtivo. Importante! Segundo pesquisas sobre stress organizacional, esses diminuem o desempenho profissional e pessoal dos trabalhadores, portanto, a empresa que possui trabalhadores com problemas de stress terá uma baixa produtividade. Embora, a falta de stress seja também algo ruim também para as organizações uma vez que diminui a competitividade, por isso, o objetivo é encontrar um ponto médio de equilíbrio desse stress para as organizações. Importante! É muito importante que as empresas aprendam a lidar com este assunto de forma que não aumentem esse pico de stress e nem fiquem frouxos demais. Se por um lado a falta de stress nas organizações propicia desmotivação e lentidão das decisões, de outro podemos dizer que os excessos de cobranças, podem acarretar ainda mais problemas, como os que vamos mencionar a seguir: 16 17 · Falta de Concentração: prejudica nas tomadas de decisões, nas vendas, nas reuniões e faz com que não se tenha o mesmo rendimento em relação aos clientes externos e internos; Figura 6 Fonte: iStock/Getty Images · Desmotivação: O trabalhador começa a não encontrar uma fonte de energia que o impulsione a fazer as coisas, cumprir suas metas e alcançar seus objetivos; Figura 7 Fonte: iStock/Getty Images 17 UNIDADE Stress e as doenças ocupacionais · Conflitos interpessoais: começam a surgir problemas de comunicação, com formação de grupos de fofocas, sonegação de informações e perda de clientes; Figura 8 Fonte: iStock/Getty Images · Baixa qualidade: os serviços começam a ser afetados, por conta da displicência e falta de atenção; · Faltas e seus custos: os problemas de stress fazem com que as pessoas comecem a faltar mais no trabalho, podendo chegar a 60% de absenteísmo. Mas pior que isso é o colaborador estar na empresa, porém agindo como se não tivesse, fazendo com que as organizações fiquem estressadas. · Doenças, acidentes, afastamentos e seus custos: o stress pode trazer uma qualidade de vida ruim para as pessoas, envenenando as empresas. Figura 9 Fonte: iStock/Getty Images 18 19 · Erros: como o profi ssional se encontra vulnerável, comete mais erros e esses crescem de maneira signifi cativa. Podendo esses erros trazer grandes perdas de dinheiro, de clientes e até mesmo gerar acidentes do trabalho. Os itens acima podem ser considerados como os principais causadores de prejuízos dentro da empresa que são causados pelo stress. As empresas devem reduzir esses problemas com um bom gerenciamento, adotando novas práticas, procedimentos e programas de práticas de exercícios, metas e objetivos, meditação e lazer. Pesquisas apresentam que muitas empresas têm alcançado os resultados esperados usando práticas que controlam o stress, mudando assim a cultura da empresa e da estrutura do trabalho trazendo um controle significativo do stress. Algumas empresas americanas já estão utilizando de métodos que incentivam os colaboradores a conciliar a vida profissional com a pessoal, com os horários flexíveis e até mesmo trabalhos realizados em casa, pois assim o funcionário se sente incentivado e está mais próximo de seus familiares comparecendo na empresa apenas quando é necessário. Medidas de Prevenção contra o Stress É importante que as enfermidades decorrentesdas atividades laborais e declínio da incidência de incapacidade que provém do stress passem por medidas preventivas. Com duas razões se podem justificar esse pensamento: · A primeira abrange a natureza biológica e social, mostrando que o ser- humano é dotado de razão e não é uma máquina, possui sentimentos, necessidades e ambições, a quem se deve atender com o gozo integral de saúde e não com cuidados de enfermidades. · A segunda atende a natureza fi nanceira e material, afi nal os acidentes e doenças causadas pelo stress trazem prejuízos e atrasam a atividade econômica, onerando também a Previdência Social. Importante! Segundo estudos, se as condições de trabalho continuar da forma que estão, teremos uma explosão de invalidez por conta de problemas com o stress. Importante! A OIT – Organização Internacional do Trabalho traz uma recente pesquisa que mostra que os custos com problemas de saúde mental na União Europeia têm superado 3% do PIB. Três em cada dez trabalhadores são vítimas do stress na Inglaterra, com um custo de 10% do PIB. Na Alemanha, a quantidade de aposentadorias por conta de depressões que acontecem precocemente está por volta de 7%. 19 UNIDADE Stress e as doenças ocupacionais Em função das ausências ao trabalho e pela diminuição da produtividade por conta do stress, as empresas dos EUA têm por volta de U$200 bilhões de dólares de custo com indenizações e despesas por ano. Com isso, podemos deduzir que é muito mais baixo o custo com prevenções para combater os problemas com stress. A politica de prevenção além de trazer benefícios à integridade física, ainda traz benefícios à competitividade da empresa, aumentando sua boa reputação no mercado em que está inserida. A clientela das empresas hospitalares tem grande representatividade nos resultados desses estudos sobre stress, uma vez que aprovam mais as empresas que respeitam e desenvolvem os programas preventivos do stress. Dados de pesquisas apontam que em um único hospital com 700 leitos, os erros médicos diminuíram em 50% e os processos judiciais em 70%. Por isso 80% das empresas norte-americanas trabalham com programas que promovem a saúde dos trabalhadores, tendo um retorno de U$4 dólares por dólar investido. Os diretores de recursos humanos que têm mais consciência sobre este assunto de stress excessivo entendem que este pesa muito sobre os resultados das organizações, por isso buscam soluções para tratar este problema promovendo reuniões, seminários e palestras sobre qualidade de vida, lazer e atividades sociais. Em alguns países mais desenvolvidos, suas empresas consideram como um aspecto muito expressivo a preocupação com a saúde de seus funcionários e o pensamento preventivo dentro das organizações. Possuem programas periódicos de exames médicos, ergonomia e ações voltadas para o estímulo das férias e com isso perceberam um aumento do bem estar e também a redução dos custos com despesas médicas e aumentaram assim a segurança dos colaboradores. Com isso, é possível perceber que os programas de combate aos stress não é algo que diz respeito apenas ao trabalhador, mas sim a toda organização, sua clientela e a sociedade em que está inserida. Estas ações que reduzem o estresse não são secretas, são condições melhores do ambiente de trabalho, adequação das responsabilidades, liberdade para agir, mais reconhecimento pelo trabalho executado de maneira adequada, isso tudo ajuda a diminuir o estresse. Quando o funcionário sabe que o serviço que realiza faz a diferença para a empresa, que estão vendo o seu trabalho e reconhecendo seus esforços, isso aumenta a autoestima e reduz o estresse. A autoconfiança e a diminuição da pressão aumenta o bem-estar. Trazer o funcionário para debates sobre os problemas da empresa faz com que ele se sinta mais capaz. E enfim, fora do ambiente de trabalho incentivá-los a ter hobbies também se torna muito importante, pois terão distrações e mais sensação de prazer. E assim a intenção é construir organizações mais saudáveis, esta organização não se trata de um lugar em que ninguém fica doente, mas sim uma organização que equilibra as necessidades e desejos dos stakeholders, colaboradores, acionistas, gerentes e consumidores. O foco não é apenas nos funcionários, mas sim, um objetivo comum a todos. Desta forma, todos os grupos passam por melhorias. 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Saúde mental do trabalhador: A importância do equilíbrio psicológico https://goo.gl/eUA85D Stress no trabalho pode causar doenças ocupacionais https://goo.gl/1FgUjR Estresse Ocupacional https://goo.gl/3MQsSD Leitura Doenças Relacionadas ao Trabalho Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde https://goo.gl/w5sd1m O Estresse na Atividade Ocupacional do Enfermeiro https://goo.gl/tzrdv7 Stress e qualidade de vida: influência de algumas variáveis pessoais https://goo.gl/y7LpDS Avaliação de Intervenção em Estresse Ocupacional https://goo.gl/PZDnbd O professor, as condições de trabalho e os efeitos sobre sua saúde https://goo.gl/8dr20A 21 UNIDADE Stress e as doenças ocupacionais Referências COOPER , C., SLOAN, S., & WILLIAMS, S. Occupational stress indicator management guide. Londres: Thorbay, 1988. DEJOURS , C. A loucura do trabalho - estudo de psicologia do trabalho. São Paulo: Oboré/Cortez, 1987 FRANÇA , A.C.L. & RODRIGUES, A.L. Stress e Trabalho. Uma abordagem Psicossomática. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1999. GUIMARÃES , L.M. Série Saúde Mental e Trabalho. 2.ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000 KARASEK, R.; TORRES, T. Current issues relating to psychosocial job strain and cardiovascular. Journal of Occupational Health Psychology, v.1, n.1, p.9- 26, 1996 ROCHA , E. L. & GLIMA, D.M.R. Distúrbios Psíquicos Relacionado s ao Trabalho. In: JÚNIOR, M.F. Saúde no Trabalho. Temas básicos para o profissional que cuida da saúde dos trabalhadores. São Paulo: Editora Roca Ltda, 2000 SATO , L. Trabalho e Saúde Mental. Saúde Meio Ambiente e Condições de Trabalho, Rio de Janeiro: FIOCRUZ, cap. 12, 1994. Sites Consultados <www.previdenciasocial.gov.br> - Ministério da Previdência e Assistência Social <www.saude.gov.br> - Ministério da Saúde <www.mte.gov.br> - Ministério do Trabalho e Emprego <www.anamt.org.br> - Associação Nacional de Medicina do Trabalho <www.fundacentro.gov.br> - Centro brasileiro de pesquisa em segurança, saúde e meio ambiente de trabalho <www.dataprev.gov.br> - Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social <www.in.gov.br> - Imprensa Nacional. D.O.U. (Diário Oficial da União) <www.portalmedico.org.br> - Conselho Federal de Medicina <www.ilo.org> - Organização Internacional do Trabalho <http://www.nesc.ufrj.br/cursos/saudetrab/2007/SAUDEDOTRABALHO.pdf> acesso em 20-12-2016 <http://www.dpunion.com.br/blog/doencas-do-trabalho/> acesso em 20-12-2016 <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v21n5/pt_0104-1169-rlae-21-05-1104.pdf> acesso em 20-12 <http://livros01.livrosgratis.com.br/cp093763.pdf> acesso em 20-12-2016 22
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