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Material elaborado por: Esther da Cunha Rodrigues - Acad. do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) AUDIOLOGIA Anatomofisiologia da Audição - Estrutura e Função do Sistema Auditivo Sistema Auditivo é dividido em: 1. Orelha externa, com o pavilhão e o meato acústico externo; 2. Orelha média, com o tímpano (membrana timpânica, cadeia ossicular e caixa do tímpano), tuba auditiva e células da mastóide; 3. Orelha interna, com a cóclea, os canais semicirculares e o vestíbulo, envoltos pela cápsula ótica. Orelha Externa ● Composta pelo pavilhão auricular e meato acústico externo (MAE); Principais funções: →Captar os sons do ambiente externo e conduzi-los até a membrana timpânica/orelha média. → Amplificar algumas frequências (ressonância). → Auxiliar na obtenção de pistas quanto à direção da fonte sonora, pistas auditivas de localização (pavilhão auricular em formato de corneta). ● O MAE exerce a função de guia de ondas, ligando o campo sonoro externo com a membrana timpânica. ● Parte da energia incidente é transmitida à superfície da membrana timpânica (vibração) e parte é refletida de volta ao meato. ● Resulta na amplificação de determinadas frequências → pressão sonora no tímpano é maior do que no ambiente externo. (pressão sonora na membrana timpânica é maior que no ar, resultando na amplificação sonora). ● Epitélio ciliado e cerume na região, servindo de proteção contra sujidades + cerume tem odor que afasta insetos. ● Lóbulo é constituído por tecido adiposo recoberto por pele. ● Lâmina fibrocartilagínea é recoberta por pele, ligamentos e músculos que mantêm sua forma e posição, e permitem movimentos. Essa estrutura possui inervação sensitiva e motora sendo contínua no MAE. ● O MAE tem aproximadamente 2,8 cm de comprimento em adultos, é curvo servindo para proteção. Apresenta parede cartilaginosa contínua com a Material elaborado por: Esther da Cunha Rodrigues - Acad. do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) cartilagem da orelha, estando fixada à parte óssea do meato por tecido fibroso (osso temporal). ● Terço ósseo do MAE → região dolorosa. ● MAE é autolimpante → epitélio ciliar empurra a sujeira para fora. Orelha Média Anatomia: ● Ossículos (martelo, bigorna e estribo). ● Músculo tensor do tímpano (inervado pelo nervo trigêmeo - V1) – traciona medialmente tensionando a membrana do tímpano. + Músculo estapédio (inervado pelo facial - VII) – traciona lateralmente, reduzindo a tensão na endolinfa → limitam a movimentação da cadeia ossicular. ● Tuba auditiva: equalização da pressão nos meios interno e externo → possui função ventilatória e função de drenagem. ○ Quando em repouso, a tuba auditiva fica fechada e, quando acionam-se os músculo tensor do véu palatino e levantador do véu palatino no ato de deglutição, bocejo ou mastigação, este canal se abre permitindo a passagem de ar da região nasal da faringe para a orelha média. ○ É importante na drenagem de secreções → sistema de transporte mucociliar constituído de células ciliadas e células mucosas. * se a pressão não estiver equilibrada há o aumento de resistência. Funções: ● Casamento de impedâncias → muda o meio de propagação sem perder a intensidade do sinal (mudança de meio leva a uma perda de intensidade sonora); ● A função básica da orelha média é fazer uma "ponte" entre a orelha externa e a orelha interna ou, mais precisamente, entre o meio aéreo da orelha externa e o meio líquido da orelha interna. ➢ meio aéreo → meio sólido → meio líquido; ➢ membrana timpânica → cadeia ossicular → janela oval; o pressão sonora, movimento mecânico; o cadeia ossicular muito rígida, causa reflexão; ● A transmissão de energia para a orelha média é mais eficiente entre 1000 e 4000 Hz. ● A membrana timpânica vibra de formas diferentes de acordo com a frequência que a atinge. ● Existe uma diferença importante em termos de impedância acústica entre o meio aéreo da orelha externa e o meio líquido da orelha interna: se o som passasse diretamente de um meio para o outro, perderia muito de sua intensidade. → Necessidade de compensação da impedância. Material elaborado por: Esther da Cunha Rodrigues - Acad. do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) ● A perda devida à mudança de meio é estimada em 30 dB (Mullin et al., 2003). ● Casamento de impedâncias: 1. Diferença importante de área entre a membrana timpânica e a janela oval, maior concentração de energia na menor área; 2. Sistema de alavanca, proporcionado pela cadeia ossicular; 3. Forças da membrana timpânica que convergem para o seu centro. ● No somatório do efeito de alavanca e da diferença de área, tem-se uma amplificação do som em cerca de 28 a 30 dB. ● Impedância até certo ponto é necessária, para não ficar muito flácido e o som conseguir passar. ● Há partes mais tensas e mais flácidas na membrana timpânica. Orelha Interna Escavação no osso temporal (cóclea, vestíbulo - que abriga os órgãos otolíticos, canais semicirculares, saco endolinfático – para produção e reabsorção da endolinfa + prover um ducto com endolinfa (que é o líquor filtrado com a composição bioquímica correta). Função → Análise de Fourier → faz um espectrograma das frequências; ● Representada pela cóclea e nervo auditivo; ● Cóclea (3 voltas e meia) tem um funcionamento tonotópico, ou seja, cada frequência é processada em um local específico, e somente nele → Tonotopia Coclear ○ diferenças estruturais e celulares da membrana basilar. ○ Nervo e córtex auditivo seguem com a tonotopia coclear Material elaborado por: Esther da Cunha Rodrigues - Acad. do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) ● Modíolo → osso “furadinho” no meio da cóclea, de onde se projeta a lâmina espiral. → saída das fibras nervo coclear. ● Ducto coclear → é o labirinto membranoso dentro da cóclea (que é envolto pelo labirinto ósseo). ● Perilinfa → líquido no labirinto ósseo circundando o labirinto membranoso. ● Rampa vestibular e rampa timpânica, preenchidas por perilinfa. Ponto de comunicação das duas rampas → helicotrema, no ápice da cóclea. Material elaborado por: Esther da Cunha Rodrigues - Acad. do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) ● Órgão de Corti: órgão sensorial responsável pela transdução mecanoelétrica (que até então era apenas mecânica). ○ Osso temporal se projeta “para dentro” do Órgão de Corti. ○ Estria vascular: vascularização do órgão de corti → suprimento sanguíneo. O som entra pela rampa vestibular e sobe em direção ao ápice da cóclea. → Teoria da Onda Viajante: a cadeia ossicular faz um movimento de pistão na rampa vestibular e isso se transmite para a rampa labiríntica. Movimento em oposição de fase da janela redonda, para liberar aquela energia de volta. E assim, viagem da onda, que tem seu ponto máximo (estímulo auditivo) em uma determinada região (e as regiões vizinhas são muito pouco estímulos por uma determinada frequência). ★ Mecanismo Passivo da Cóclea: (o que engloba a teoria da onda viajante) Onda permite que se crie no epitélio sensorial, nas células ciliadas, uma imagem espacial da estimulação acústica; ★ Mecanismo Ativo da Cóclea: Membrana tectória permanece em contato apenas com as células ciliadas externas (CCE), em que seus cílios estão embebidos na membrana tectória. As CCE geram um movimento de aproximação (elas se contraem) de forma que a membrana tectória encoste nas células ciliadas internas (CCI). Componentes anatômicos da Cóclea: Rampa vestibular (janela oval): Rampa timpânica (janela redonda); Ducto coclear; Lâmina óssea; Órgão de corti; Gânglio espiral (primeiro neurônio que tem contato com as células ciliadas) - que está dentro do modíolo; Membrana basilar; Membrana tectória; Células ciliadas internas (CCI); Células ciliadas externas (CCE); Células de sustentação - suporte para as ciliadas;Material elaborado por: Esther da Cunha Rodrigues - Acad. do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) ● CÉLULAS CILIADAS EXTERNAS: Entre 10000 e 14000 células, são muito especializadas e não se regeneram. São cilíndricas, com três fileiras de CCE subindo ao longo da cóclea. Em sua base são menores e em seu ápice elas são maiores. Cílios dispostos em formato de W. → Estereocílios - embebidos na membrana tectória e são mais longos que os cinocílios. Não fazem transdução, tem apenas função motora, como um amplificador, melhoram a capacidade de percepção de sons mais fracos (Amplificador Coclear). Quando um se desloca, o conjunto todo se desloca, funcionando em "blocos". Ao dobrarem em direção ao kinocílio, deixam que íons entrem na célula, e que ela despolarize. Célula em repouso (-40mV), quando os cílios se mexem para um lado (em direção ao kinocílio) a célula fica mais positiva (-20mV), e quando ela se dobra ao contrário, há um aumento da carga negativa (-60 mV). ● célula hiperpolarizada → movimento contrário ao kinocílio Material elaborado por: Esther da Cunha Rodrigues - Acad. do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) ● célula despolarizada → movimento em direção ao kinocílio Há dois tipos diferentes de contrações: Contrações rápidas: ● Acompanhamento da frequência do som, e está relacionada com a proteína prestina, que está ao redor da célula. ● Amplifica o som fraco, capacidade de escutar sons fracos (até 50 dB, são ampliados). ● Melhoram a seletividade de frequências, onda mais precisa e uma região menor da cóclea sendo estimulada em uma determinada frequência, e com isso, melhora-se a capacidade de discriminação de sons próximos. ● Esse tipo de contração é desencadeado pelo movimento da membrana basilar. Contrações lentas: ● Mediadas e desencadeadas pelo SNC, que manda informação para as células se contraírem. ● Função de atenuar a amplificação, é um “controle de volume”. ● Modulam e inibem as contrações rápidas em caso de exposição sonora intensa ou ruídos competitivos. ● Mecanismo de proteção. ● Mensuração: teste de supressão das otoemissões. CCE: Essas células se conectam ao nervo auditivo, mas não tem inervação aferente (as poucas informações que enviam será sobre as condições celulares), e sim predominante inervação eferente vinda do complexo olivar superior (recebendo informações) → MOTOR; ➢ Onda viajante grande, som forte que tem uma movimentação grande, encosta diretamente (e estimula) nas células ciliadas internas. Quando não há a emissão de um som forte o suficiente, as CCE aumentam e reduzem de tamanho, aumentando o som e o movimento, estimulando a membrana tectória a tocar nas CCI. Então o mecanismo ativo só entra em ação quando há a entrada de um som mais fraco. ➢ Em caso de perda do mecanismo ativo: deixa-se de ouvir sons fracos. Os sons fortes são escutados bem. → Recrutamento auditivo; Material elaborado por: Esther da Cunha Rodrigues - Acad. do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) ● CÉLULAS CILIADAS INTERNAS Formato de pera, arredondado e piriforme, fazem a transdução do estímulo neural. Apenas 3500 células por orelha, e estão em uma fileira e não em W. Não alcançam a membrana tectória quando em posição de repouso. Função de transdutor sensorial, transformando o estímulo sonoro em um impulso neural. Ricas em inervação aferente, cada célula se conecta com várias partes do neurônio. E cada célula tem uma região específica de frequências que são estimuladas, 10 neurônios para cada CCI. Teoria da Onda Viajante: Georg von Békésy → Observou que a posição do pico dependia da frequência, existindo uma separação espacial entre as frequências. (Movimento da cadeia ossicular gera uma movimentação na membrana basilar da cóclea. → onda atenuada pela Janela redonda) A janela redonda faz, portanto, um movimento semelhante ao que acontece na janela oval (movimento de pistão), em oposição de fase, com a função de diminuir a impedância do sistema coclear. ● Cada frequência tem um máximo de vibração em um local diferente da cóclea → tonotopia coclear, representação física dos sons na cóclea; Região apical da cóclea (+longe da janela oval) → membrana basilar larga e menos rígida → ressonâncias para sons graves, baixas frequências. Região basal da cóclea (+perto da janela oval) → membrana basilar estreita e rígida → ressonâncias para sons agudos, alta frequência. → Sistema ativo da cóclea também contribui para a tonotopia coclear → CCE contraem-se somente quando estimuladas com suas frequências características. Material elaborado por: Esther da Cunha Rodrigues - Acad. do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
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