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METODOLOGIA DO BASQUETEBOL Mariluce Ferreira Romão Basquete adaptado Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever a origem e evolução do basquete em cadeira de rodas. � Analisar o basquete em cadeira de rodas como forma de inclusão social. � Reconhecer a prática do basquete adaptado enquanto modalidade paraolímpica. Introdução O esporte adaptado representa uma prática que considera as necessi- dades especiais de pessoas com deficiência, seja ela motora, sensorial ou intelectual. Considerando essas deficiências, os espaços devem ser especificamente adaptados, visando favorecer a locomoção dos joga- dores. As adaptações requeridas são aquelas que facilitam, ainda que minimamente, uma movimentação estável e segura, tendo em vista a acessibilidade. O basquete em cadeira de rodas é um esporte desafiador, não so- mente pelas dificuldades dos jogadores na aquisição de habilidades e resistência, mas também pelo fato de os indivíduos com deficiência precisarem fazer ajustes neuromusculares integrados para favorecer o domínio da cadeira de rodas. Para atender as pessoas com deficiência no esporte adaptado, é essencial que o professor/técnico tenha consciência acerca das condi- ções diferenciadas em cada perfil e situação, a fim de conseguir guiar e motivar positivamente os seus alunos/atletas que, por sua vez, devem ser considerados em plena condição de alcançar objetivos satisfatórios, e não devem ser subestimados. Neste capítulo, você conhecerá a origem do basquete em cadeira de rodas, bem como o analisará como forma de inclusão social, e ainda reconhecerá a prática do basquete adaptado enquanto modalidade paraolímpica. Origem e evolução do basquete em cadeira de rodas Nos últimos cinquenta anos, identifica-se o início tanto do basquete em cadeira de rodas quanto de modalidades esportivas que também utilizam a cadeira de rodas. O início dessa prática aconteceu de forma silenciosa nos centros de reabilitação dos Estados Unidos e do Reino Unido. Há registros que esses países passaram a motivar a atividade esportiva como prática associada e, portanto, complementar ao processo de reabilitação daquelas pessoas acometidas por lesões nos confrontos das batalhas durante o período da Segunda Guerra Mundial. Entretanto, trata-se de uma prática que adquiriu visibilidade desta- cada, considerando não somente o restabelecimento físico, como também o psicológico dos indivíduos lesionados e traumatizados, que se difundiu entre outros tipos de sequelas, como amputações, poliomielite, traumas na medula espinal, não ocasionados pela guerra (TEIXEIRA; RIBEIRO, 2006). O basquete em cadeira de rodas surgiu nos Estados Unidos, em 1945, com os veteranos da Segunda Guerra Mundial. Entretanto, não há registro formal sobre essa data. O primeiro registro encontrado é datado de 6 de dezembro de 1946, em publicação de um artigo, em um jornal americano que, na ocasião, comentou sobre um jogo de basquete em cadeira de rodas (STROHKENDL, 1996). Nessa época, o basquete despontou como terapia esportiva. “O Dr. Guttmann, responsável pela direção do centro de lesados medulares no Hospital Stoke Mandeville, foi um defensor das práticas esportivas como atividade auxiliar no processo de reabilitação” (TEIXEIRA; RIBEIRO, 2006, p. 16). Logo, esse centro conquistou reconhecimento mundial, devido aos trabalhos feitos na área esportiva, com pessoas com necessidades especiais. No Brasil, o basquete em cadeira de rodas surgiu por meio de Sérgio Del Grande e Robson Sampaio, que, ao voltarem dos Estados Unidos, trouxeram a modalidade para São Paulo e Rio de Janeiro. Em razão da sua aceitação, o então denominado Clube do Otimismo foi fundado por Robson Sampaio, no Rio de Janeiro, e, assim, Sérgio Del Grande também fundou, em São Paulo, o Clube dos Paraplégicos, em 28 de julho de 1958 (MATTOS, 1994). Basquete adaptado2 Conforme SAMPAIO et al. (2001, p. 213): O neurocirurgião Sir Ludwig Guttmann introduziu o esporte para porta- dores de deficiência como medida terapêutica na reabilitação de lesados medulares. Em 1948, ocorria a primeira competição oficial, tendo como modalidades o arco e flecha (Archery) e o pólo em cadeira de rodas — denominando-se Jogos de Stoke Mandeville para Paralisados. Em seguida, foi criada a Federação Internacional de Esportes em Cadeira de Rodas de Stoke Mandeville (ISMSF). O jogo pioneiro de basquete em cadeira de rodas, entre equipes brasileiras, aconteceu em uma disputa entre paulistas e cariocas, no Ginásio do Maraca- nãzinho (RJ). Os paulistas obtiveram a vitória. Entre 1960 e 1961, ocorreram mais dois jogos, com a vitória da equipe carioca. A partir daí, no Brasil, o basquete em cadeira de rodas popularizou-se cada vez mais. Em Paraolimpíada, o Brasil participou pela primeira vez em 1972, em Heidelberg, na Alemanha Ocidental. Desde então, as participações brasileiras efetivaram-se, e diversos clubes surgiram a partir desse período, com a criação, também, de entidades com objetivo de motivar que pessoas com deficiência aderissem a essa prática (TOQUE A TOQUE, 1988 apud FREITAS, 1997). No basquete em cadeira de rodas feminino, a primeira participação aconte- ceu em 1996, na Paraolimpíada de Atlanta, nos Estados Unidos, como equipe convidada. A entidade nacional que dirigiu primeiramente essa modalidade foi a Abradecar (Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas), até 1997. Nesse mesmo período, por ocorrência do aumento de equipes adeptas, foi preciso criar uma entidade “máxima” que se responsabilizasse pela co- ordenação, normalização e pelo incremento da modalidade no Brasil. Dessa forma, surgiu a CBBC (Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas), que se reporta diretamente ao órgão “máximo” mundial, a IWBF (International Whellchair Basketball Federation). Em Atenas, na Grécia, na Paraolimpíada de 2004, o basquete em cadeira de rodas masculino, organizado em 12 equipes, conquistou o centésimo lugar (TEIXEIRA; RIBEIRO, 2006). “As raízes do esporte para deficientes físicos podem ser traçadas através da história do basquete sobre rodas” (FREITAS, 1997, p. 18), conforme o histórico demonstrado no Quadro 1, a seguir. 3Basquete adaptado 1918 Basquete sobre rodas é praticado pela primeira vez, pelos lesionados da Primeira Guerra Mundial. 1932 Surge a “Associação golfista de um só braço” — não consegue praticar o basquete sobre rodas devido à restrição física. 1944 � Efetivação do esporte para pessoas com deficiência física na Inglaterra (Aylesburg). � Atividades desportivas: arco e flecha; tênis de mesa e arremesso de dardo. � Primeiro esporte em equipe em cadeira de rodas: pólo em cadeira de rodas (depois – netball). 1947 � É introduzido o basquete em cadeira de rodas, nos Estados Unidos. � Surge o primeiro time de basquete em cadeira de rodas: The Flyng Wheels (rodas voadoras). 1946/ 1948 O governo norte-americano fundamenta o “Programa de reabilitação desportiva”. 1948 Jogos de verão na Inglaterra — Dr. Guttmann cria “os jogos de Stoke Mandeville” para paraplégicos. 1949 � Primeiro campeonato de basquete sobre rodas nos Estados Unidos. � Surge a Wheelchair Basketball Association (WBA) — depois, a National Wheelchair Athletic Association (NWBA). 1952 � Mudança de “Jogos de Stoke Mandeville” para “Jogos Internacionais de Stoke Mandeville” (ISMG). � Formação da Federação de Stoke Mandeville. 1957 Período de grande destaque do basquete em cadeira de rodas nos Estados Unidos. 1960 � Primeira participação dos Estados Unidos nos “Jogos Internacionais de Stoke Mandeville”, realizado junto das Olimpíadas de Roma. � É instituída, em Roma, a realização simultânea dos “Paralympics”. 1965 É criado o clube dos paraplégicos no Rio de Janeiro. 1969 Primeira participação internacional da equipe brasileira sobre rodas no 2º Jogos Pan-americanos em Buenos Aires — conquista a medalha de bronze. Quadro 1. Históricodo basquete em cadeira de rodas, de 1918 a 1990 (Continua) Basquete adaptado4 Fonte: Adaptado de Freitas (1997). Quadro 1. Histórico do basquete em cadeira de rodas, de 1918 a 1990 1972 Primeira participação em Paraolimpíadas em Heidelberg, na Alemanha Ocidental, destacando o atleta Cláudio Araújo, como o melhor ponto 4º do mundo, no basquete em cadeira de rodas. 1973 Participação brasileira no Pan-americano no Peru. 1975 � Participação brasileira no Pan Americano no México. � Surge a Associação Nacional do Desporto para Excepcionais (ANDE). 1978 A ANDE organiza o 5º Pan-americano no Rio de Janeiro. 1979 É criada a Sociedade dos Amigos Deficientes (SADEF). 1984 É formada a Associação Brasileira de Desporto para Cegos. 1987 É formada a Associação Brasileira de Cadeira de Rodas (ABRADECAR). 1990 É formada a Associação Brasileira de Desporto para Amputados. (Continuação) Após descrição acerca da origem e evolução do basquete em cadeira de rodas a níveis mundial e nacional, discutiremos aspectos sobre essa modalidade como forma de inclusão social. Basquete em cadeira de rodas como forma de inclusão social Na inclusão, a pessoa deve ser respeitada e aceita independentemente das suas “diferenças”, sendo devidamente valorizada e inserida na sociedade. Para realmente existir a inclusão, a pessoa com deficiência deve ser motivada a participar ativamente do convívio social, como no trabalho e no esporte, por exemplo. Trata-se de adaptar formas para conviver e solucionar as necessidades tanto individuais quanto coletivas. Para isso, é necessário que a sociedade esteja aberta a modificações que permitam o compartilhamento entre todas as pessoas, sem distinções, de maneira que sejam reconhecidas como membros e produtos dessa sociedade. 5Basquete adaptado A inclusão deve ser direcionada e compreendida pela essência da diversi- dade, tendo em vista o senso de pertencimento e aceitação, bem como o sentido de apoiar e ser apoiado, como elementos fundamentais para um ambiente inclusivo (SHERRILL, 1993). Trata-se de incluir as pessoas com deficiência na sociedade, com respeito a todos os seus direitos, independentemente de idade, gênero, etnia (raça), linguagem, condição ou deficiência. “A inclusão envolve a remoção de barreiras que possam prevenir o gozo desses direitos e requer a criação de um suporte apropriado e ambiente protetor” (FREIRE, 2010, p. 75). Com a ampliação da visão democrática, o crescimento da adesão à inclusão social da pessoa com deficiência vem se tornando, cada vez mais, emergente. Entretanto, ainda permanecem padrões de beleza e produção convencionais, socialmente estabelecidos. Isso significa que o corpo “ideal” é exaltado, podendo negativar as especificidades dos corpos que fogem ao paradigma preexistente. Assim, as pessoas com deficiência física trazem consigo estigmas negativos com o seu próprio corpo, envolvendo situações de exclusão social, exatamente por não serem reconhecidas com o biótipo “adequado”. Trata-se de uma situação que pode provocar traumas significativos em sua imagem corporal (FERREIRA; GUIMARÃES, 2005; SENNETT, 2008; RAFAEL et al., 2012.). O Quadro 2, a seguir, apresenta referências de delimitações de imagem corporal. Cash e Brown (1989) “A imagem corporal é uma idealização multidimensional defendida por percepções e atitudes (afetivas, cognitivas e comportamentais) que o indivíduo possui em relação ao seu próprio corpo”. Cash e Pruzinsky (1990) “A imagem corporal refere-se a uma experiência psicológica multifacetada que engloba, especialmente, mas não só, a aparência física”. Cash e Pruzinsky (1990) e Cash (2004) “Imagem corporal são imagens corporais. Inclui o corpo relacionado com as autopercepções e autoatitudes, incluindo pensamentos, crenças, sentimentos e comportamentos”. Quadro 2. Delimitações de imagem corporal (Continua) Basquete adaptado6 Fonte: Adaptado de Freire (2010). Quadro 2. Delimitações de imagem corporal Davies (1997) “A imagem corporal tem sido descrita como uma representação mental solta do corpo e, como tal, pode intimamente apontar para o modo como os outros nos veem, ou pode ser completamente diferente desta impressão”. Freire (2010) “Imagem corporal é o que está associado à satisfação com o seu próprio corpo”. (Continuação) A adesão à atividade física adaptada aumentou representativamente no Brasil, nos últimos dez anos, devido à concepção da inclusão social e, também, à popularização do desporto paraolímpico. Para Adams et al. (1985, p. 217), “graças às atividades recreativas, os deficientes físicos encontram a motivação necessária para participarem da comunidade mais ampla, de produzir, de trabalhar e de assumir papéis de liderança na comunidade”. Conforme Araújo (1997), cada indivíduo tem o direito de escolha, no que se refere a praticar qualquer desporto, como meio de superação, tendo em vista as limitações em decorrência da sua deficiência. Associada a essa condição, é considerado real que praticar de atividade física com moderação esteja relacio- nado com a diminuição de problemas de saúde (POWERS; HOWLEY, 2000). O basquete em cadeira de rodas tem o objetivo de atender crianças, ado- lescentes e adultos, dos sexos feminino e masculino, que tenham interesse em aprender a modalidade, contribuindo, assim, para a inclusão social. De acordo com Sassaki (1997), para a inclusão das pessoas, a própria sociedade deve adequar-se para atender às necessidades específicas de seus membros, e não o seu reverso. De acordo com Villas Boas, Bim e Barian (2003), o principal motivo que leva as pessoas com necessidades especiais a praticarem o basquete em cadeira de rodas está vinculado ao lazer e/ou à recreação. O tempo reservado ao lazer é considerado um momento específico de buscas agradáveis, ou simplesmente representa uma atividade intimamente ligada às demais concepções do homem, uma vez que propicia as adequações de caráter moral e cultural (CAMARGO, 1999; MARCELLINO, 1996). 7Basquete adaptado Especificamente, a opção pela prática do basquete em cadeiras de rodas, considerando as pessoas com necessidades especiais, sinaliza vários motivos, envolvendo várias situações (fatores internos e externos), conforme demons- tração nos Quadros 3, 4 e 5, a seguir. Fonte: Adaptado de Villas Boas, Bim e Barian (2003). Motivos F % Oportunidade de novas amizades 2 20 Lazer/Recreação 5 50 Competição 2 20 Perspectiva de melhora em relação à deficiência 1 10 Total 10 100 Quadro 3. Frequência e porcentagem dos motivos que levam à prática do basquete so- bre rodas Os resultados do Quadro 3 mostram que os participantes do estudo pro- curam o basquete com o intuito de participar de atividades prazerosas e de diversão, que possam oferecer alguma contribuição às suas vidas. Já os resultados do Quadro 4 demonstram um equilíbrio em relação aos motivos internos e externos para a prática do basquetebol sobre rodas. De acordo com Angelini (1973), as pessoas podem optar e realizar a mesma atividade por motivos diferentes. Fonte: Adaptado de Villas Boas, Bim e Barian (2003). Motivos F % Internos — amizades, competição, melhoras 5 50 Externos — lazer Total 5 50 Quadro 4. Frequência e porcentagem da classificação dos motivos internos e externos para a prática do basquete sobre rodas Basquete adaptado8 Pelos dados apresentados no Quadro 5, a seguir, observa-se que o fator em que se percebeu maior melhora foi a autoestima (40%). Esses resultados demonstram que o esporte adaptado contribui para a formação estrutural tanto da personalidade quanto do ânimo, capaz de reestruturar o corpo e a mente (SOUZA,1994; FEIJÓ, 1998). Fonte: Adaptado de Villas Boas, Bim e Barian (2003). Melhora F % Autoestima 4 40 Habilidades motoras 2 20 Ocupação do tempo livre 1 10 Relações sociais 3 30 Total 10 100 Quadro 5. Frequência e porcentagem dos fatores que melhoram através da prática do basquete sobre rodas A inclusão é considerada o estágio finalda integração, tendo em vista as pessoas com deficiência, em competições e/ou organizações desportivas (Figura 1), nas quais devem ser respeitadas e aceitas em todas as instâncias da organização. Isso quer dizer que essas pessoas estão preparadas para participar de disputas em contextos integradores, sem estigma e/ou receio de terem suas identidades denegridas em razão da sua deficiência ou percepção dela (NIXON II, 2007). Como vimos neste tópico, “o desporto e a atividade física surgem como forma de promover a inclusão de pessoas com deficiência na comunidade. É uma forma de permitir que as pessoas com deficiência sintam-se incluídas na sociedade, devido aos benefícios que uma prática desportiva proporciona” (FREIRE, 2010, p. 75). Na sequência, identificaremos a prática do basquete adaptado enquanto atividade paraolímpica. 9Basquete adaptado Figura 1. Situações de jogo do basquete em cadeira de rodas que demonstram integração e inclusão no esporte. Fonte: Tam (2017, documento on-line) e Habermehl (2011, documento on-line). Prática do basquete adaptado enquanto modalidade paraolímpica Para compreender a prática do basquete adaptado enquanto modalidade parao- límpica, é necessário conceituar o termo “adaptado” e reconhecer o que é uma Paraolimpíada. Assim, o termo “adaptado” significa tornar apto, acomodado e ajustado, e tem a sua origem no latim adaptare, combinar, encaixar, justapor, ajustar uma coisa à outra. Seja qual for a referência, como Educação Física Adaptada, ou Educação Física para pessoas com Deficiência, ou ainda Educação Especial, trata de disciplinas específicas acerca de educação física para pessoas com deficiência, caracterizadas por organizar metodologias com atividades que envolvam diferentes formas de estímulo, promovendo adaptações das pessoas com deficiência. Nesse contexto, não há, necessariamente, diferença dos objetivos da educação física “regular”, uma vez que o intuito é respeitar a diversidade do grupo e as especificidades da pessoa com deficiência. A Educação Física Adaptada permite a interação das pessoas com segurança, independentemente das suas capacidades funcionais (BARBANTI, 2003; TEIXEIRA; RIBEIRO, 2006). As Paraolimpíadas são definidas como eventos esportivos que acontecem paralelamente às Olimpíadas. Trata-se de um período de quatro anos, que ocorrem entre duas Olimpíadas consecutivas, considerando o sistema grego de divisão do tempo. Essa definição de mensuração do tempo passou a ser utilizada em torno de 300 a.C. Todos os eventos têm os seus registros a partir de 776 a.C., indicando o início da primeira Olimpíada conhecida (BARBANTI, 2003; TEIXEIRA; RIBEIRO, 2006). A seguir, no Quadro 6, são apresentados os fatos históricos dos esportes adaptados até o início das Olimpíadas e, no Quadro 7, os fatos históricos de Paraolimpíadas. Basquete adaptado10 Fonte: Adaptado de Busto (2011). Ano Acontecimento Séculos XVIII e XIX Contribuição no sentido de reeducação e reabilitação. Berlim, Alemanha (1888) Primeiras notícias da existência de clubes esportivos para pessoas surdas. Primeira Grande Guerra (1914/1918) A fisioterapia e a medicina esportiva surgiram como recursos importantes na recuperação das cirurgias internas e ortopédicas. Paris (1924) Jogos do Silêncio, com a participação de 145 atletas de nove países europeus. 1932 Na Inglaterra, fundou-se a Associação de Jogadores de Golfe de um Só Braço. Segunda Grande Guerra (1944) Governo britânico contratou, entre outros, o Dr. Ludwig Guttmann — neurocirurgião alemão —, para começar um trabalho de reabilitação para lesionados medulares, dando origem ao Centro Nacional de Lesionados Medulares de Stoke Mandeville, na Inglaterra. Marcou seu trabalho de reabilitação médica e social direcionado aos veteranos de guerra, pelo uso da prática esportiva como parte do tratamento médico. 29 de julho de 1948 Data da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres e da competição denominada Stoke Mandeville Games. 1952 Ex-soldados holandeses se uniram para participar dos jogos de Stoke Mandeville e, juntamente com os ingleses, fundaram a ISMGF — International Stoke Mandeville Games Federation — Federação Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville. Quadro 6. Fatos históricos dos esportes adaptados até o início das Olimpíadas 11Basquete adaptado Ano Acontecimento 1960 Realizados os jogos em Roma, logo após os jogos olímpicos. Usando os mesmos espaços esportivos e o mesmo formato das Olimpíadas, 240 atletas de 23 países participaram da primeira Paraolimpíada. Jogos de Heildelberg, Alemanha (1972) Apenas atletas em cadeiras de rodas participavam oficialmente dos jogos. Paraolimpíadas de Toronto, Canadá (1976) Inclusão dos atletas cegos e amputados. Ornskoldsvik, Suécia (1976) Foi realizada a primeira Paraolimpíada de Inverno. Arnhem, na Holanda (1980) Inclusão dos paralisados cerebrais. Até 1992 Os jogos de inverno aconteceram no mesmo ano dos jogos de verão. 1994 O ciclo foi ajustado, passando a ser realizado no mesmo ano dos Jogos Olímpicos de Inverno. Jogos Paraolímpicos de Atlanta, EUA (1996) A primeira participação de pessoas com deficiência intelectual ocorreu em algumas provas de atletismo, em caráter de demonstração. Jogos Paraolímpicos de Sydney, Austrália (2000) Pessoas com deficiência intelectual foram oficialmente incluídos nas modalidades de atletismo, basquetebol, natação e tênis de mesa. Jogos Paraolímpicos de Sydney, Austrália (2000) Houve a comprovação de fraudes na equipe de basquetebol da Espanha, que havia conquistado a medalha de ouro. Alguns atletas da equipe não tinham deficiência intelectual e, simplesmente, haviam fraudado laudos e exames para participarem do evento. Jogos de Atenas (2004) Em razão de problemas sérios de irregularidades e fraudes encontradas na elegibilidade de alguns atletas presentes em Sydney, houve a suspensão dos atletas com deficiência intelectual, das atividades promovidas pelo IPC, até que se encontrasse um meio eficaz e seguro de definir sua elegibilidade. Por isso, eles não participaram dos jogos até as Paraolimpíadas de Pequim, em 2008. Quadro 7. Fatos históricos das Paraolimpíadas (Continua) Basquete adaptado12 Fonte: Adaptado de Busto (2011). Quadro 7. Fatos históricos das Paraolimpíadas Ano Acontecimento A partir de 2009 O sistema de elegibilidade passou a ser de responsabilidade de cada modalidade esportiva, cabendo a ela definir, se for o caso, as normas de participação dos atletas com deficiência intelectual. (Continuação) Para saber mais sobre fatos históricos relacionados às Paraolimpíadas, acesse, no link a seguir, o artigo “A deficiência e o esporte paraolímpico”. https://qrgo.page.link/hdFX O basquete em cadeira de rodas é comumente referido como precursor do paradesporto e, sobretudo, do movimento paraolímpico. Suas “raízes” na reabilitação de indivíduos com lesões medulares tiveram repercussão mundial, popularizando-se entre as pessoas com deficiência física. Trata-se de uma prática que envolve disputas nacionais e internacionais. Na sequência, são apresentados eventos oficiais e não oficiais da categoria. A seguir, estão listados os principais eventos internacionais e suas ca- tegorias, regidos pela Federação Internacional de Basquetebol em Cadeira de Rodas, IWBF (International Wheellchair Basketball Federation) — entidade máxima do basquete em cadeira de rodas. Esse órgão define as regras e normas específicas a serem seguidas por todos os países a ela filiados. � Paraolimpíadas. � Mundial. � Torneios Continentais — por exemplo: Copa América/Europeu. � Parapan-americanos. � Sul-americano (Clubes). 13Basquete adaptado � Eventos promocionais e torneios de exibição: ■ Júnior sub 23 anos — permite que homens e mulheres joguem juntos, fazendo parte da mesma seleção. ■ Categoria adulta, masculino e feminina, acima de 23 anos. Os principais eventos nacionais são organizados pela CBBC(Confe- deração Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas) — entidade maior do basquete em cadeira de rodas brasileiro —, que recebe as determinações vindas da IWBF e as transmite às suas afiliadas no Brasil. São eventos abertos à participação de todos os clubes filiados à CBBC. Os eventos estaduais e interestaduais são promovidos pelas federações estaduais e ligas regionais, como a Federação Paulista de Basquete sobre Rodas, a Liga Sul de Basquetebol em Cadeira de Rodas, entre outras. Vale destacar que há promoções de jogos e competições que não são ho- mologados pelas federações e confederações oficiais do basquete sobre rodas, que também são considerados competições ou eventos que são integrados de forma reconhecida pelos órgãos municipais e estaduais das unidades da Federação, como eventos municipais, jogos abertos estaduais e o Streetball (jogo de rua – basquete jogado em quadras abertas). ADAMS, R. C. et al. Jogos, esportes e exercícios para o deficiente físico. 3. ed. São Paulo: Manole, 1985. 461 p. ANGELINI, A. L. Motivação humana: o motivo de realização. Rio de Janeiro: José Olym- pio, 1973. 216 p. ARAÚJO, P. F. Desporto adaptado no Brasil: origem, institucionalização e atualidade. Orientador: Edison Duarte. 1997. 152 f. 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