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Manuela Aguiar – 1º período 2022.1 Funções das vias aéreas superiores As vias aéreas são responsáveis pelo transporte de ar até os pulmões, onde ocorrem as trocas gasosas que irão oxigenar o sangue. Os componentes da via aérea participam ainda, do sistema de fonação e percepção olfatória. É dividida anatomicamente em: via área superior e inferior.o A via aérea superior se situa fora da cavidade torácica, é constituída pela cavidade nasal, faringe e laringe. Fisiologicamente, as vias aéreas podem ser divididas em porção condutora e porção respiratória, ou seja, porção por onde o ar é conduzido e porção onde realmente ocorrem as trocas gasosas. Cavidade nasal: possui a função de aquecer, umidificar e filtrar o ar, constituindo-se numa barreira protetora, além de estar relacionada ao olfato. Compõe a parte condutora, comunicando a entrada de ar com a nasofaringe, posteriormente, através das coanas. A mucosa da cavidade nasal pode ser dividida em porções: o terço superior tem a função olfatória; já os terços inferiores fazem parte da via respiratória propriamente dita. Faringe: é um órgão tubular, comum ao sistema respiratório e digestório, que tem como função respiratória, conduzir o ar para as vias aéreas. Pode ser dividida em nasofaringe, orofaringe e laringolaringe. Laringe: A laringe é formada por 9 cartilagens unidas por membranas e ligamentos e contém as pregas vocais, responsáveis pela fonação. Tem a função principal de proteger as vias respiratórias, principalmente durante a deglutição, servindo de esfíncter das vias aéreas inferiores para mantê-las pérvias. Manuela Aguiar – 1º período 2022.1 Mecanismo de defesa das V.A superiores O primeiro mecanismo de defesa do aparelho respiratório, o mecânico, inicia-se nas narinas que impedem, através dos cílios e do turbilhonamento aéreo, a passagem de micro-organismos, seguidos do fechamento da glote. Quando essa atitude defensiva mais imediata do aparelho respiratório não é capaz de deter o agente infeccioso, tornam-se importantes outros meios, incluindo a filtração aerodinâmica e o transporte mucociliar. Além dos diversos meios que dificultam a progressão do agente infeccioso no trato respiratório, existem aqueles que são responsáveis pela sua expulsão, incluindo os atos voluntários de fungar e assoar e o reflexo de espirrar. Também a tosse, um complexo mecanismo reflexo de instalação explosiva, atua na limpeza das vias aéreas inferiores, de onde propulsionam-se secreções e outros materiais estranhos acumulados, levando- os até a orofaringe. defesa imunológica: é composta por um sistema de imunidade inata e um sistema de imunidade adquirida. O sistema imunológico natural proporciona a defesa inicial, e o sistema imunológico adquirido proporciona uma resposta mais sustentada e mais forte. Na inata, encontram-se os componentes da defesa natural, os quais atuam de forma imediata ao longo das vias aéreas, dificultando a chegada de germes às porções mais profundas do pulmão. também retarda ao máximo a instalação de alguma reação inflamatória que possa ser potencialmente danosa para as estruturas mais nobres do próprio órgão. Na adquirida, estão os mecanismos de defesa, que envolvem respostas imunológicas mediadas por linfócitos. Estes são capazes de deter o agente agressor. Formação do muco A secreção nasal tem funções muito diversas e extremamente importantes no normal funcionamento do nariz. É essencial para o condicionamento do ar, que engloba a sua humidificação e aquecimento, por processos rápidos e altamente eficazes, sendo igualmente importante para a sua filtração. Para além disso, a sua composição única contribui para a defesa contra diversos microorganismos, mediada por anticorpos ou outras substâncias como proteínas com actividade enzimática. São muito diversas as fontes das secreções, desde glândulas submucosas, células epiteliais especializadas e o transudado de origem vascular, daí os mecanismos que as controlam serem variados e complexos. A inervação sensitiva, simpática e parassimpática, desempenha um papel altamente coordenado na regulação da produção das secreções. São os neuropéptidos os grandes moduladores de toda a resposta neuronal que se segue face a variados estímulos, sejam eles internos ou externos. Estes produtos neuronais não só medeiam a resposta da produção fisiológica contínuo das secreções, como também montam uma resposta rápida face a uma determinada agressão. Manuela Aguiar – 1º período 2022.1 Anatomia da laringe e faringe Faringe Pode ser dividida em nasofaringe, orofaringe e laringofaringe e apresenta como limites anatômicos: • Superior: base do crânio; • Inferior: cartilagem cricoide; • Posterior: vértebra C6. A nasofaringe é a porção superior da faringe, a única em que só há passagem de ar (já que se situa acima do nível da cavidade oral). Se comunica com a cavidade nasal pelas coanas e com o sistema auditivo pelo óstio faríngeo da tuba auditiva. Possui as seguintes funções: Conduzir o ar para as vias aéreas; Equilibrar o gradiente de pressão entre a tuba auditiva e a faringe. A orofaringe é a porção que se encontra entre o palato mole e a porção superior da glote, tendo como limites superiormente o palato mole, inferiormente a base da língua e lateralmente o arco palatoglosso e palatofaríngeo. Nesta região há as tonsilas palatinas. a laringofaringe, a porção inferior, localiza- se entre a porção superior da epiglote e a cartilagem cricóide, posteriormente à laringe, e se continua inferiormente com o esôfago. Possui uma pequena depressão, chamada de recesso piriforme, por onde passam ramos dos nervos laríngeo interno e laríngeo recorrente. Laringe As cartilagens que formam a laringe são: tireóidea, cricóidea, epiglótica e os pares de aritenóidea, corniculada e cuneiforme. A cartilagem tireóidea é a maior, e os dois terços inferiores de suas duas lâminas formam a proeminência laríngea, que é chamada de “pomo de Adão”. A margem posterior de cada lâmina forma os cornos superior e inferior. A margem superior e os cornos superiores se ligam ao osso hioide pela membrana tíreo- hióidea, de onde se originam os ligamentos tíreo-hiódeos. Órgãos linfoides da faringe Na mucosa que reveste a faringe, encontra-se o anel de Waldeyer, composto de tecidos linfáticos, as tonsilas. Manuela Aguiar – 1º período 2022.1 As tonsilas são vários tecidos linfoides situados na mucosa de revestimento das cavidades bucal e faríngea. As tonsilas palatinas (amígdalas) localizam-se uma em cada lado da parede póstero-lateral da garganta, as tonsilas faríngeas (adenoides) localizam-se na parte nasal da faringe e as tonsilas linguais estão localizadas na face dorsal da língua. Fisiologia das cordas vocais A túnica mucosa da laringe forma dois pares de pregas: um par superior chamado de pregas vestibulares (cordas vocais falsas) e um par inferior chamado de pregas vocais (cordas vocais verdadeiras). O espaço entre as pregas vestibulares é conhecido como rima do vestíbulo. O ventrículo da laringe é uma expansão lateral da parte média da cavidade da laringe inferior às pregas vestibulares e superior às pregas vocais. Embora as pregas vestibulares não atuem na produção da voz, têm outras funções importantes. Quando elas estão unidas, atuam no prender a respiração contra a pressão na cavidade torácica, como pode ocorrer quando uma pessoa faz força para levantar um objeto pesado. As pregas vocais são as principais estruturas envolvidas na produção da voz. Profundamente à túnica mucosa das pregas vocais, que é de epitélio escamoso estratificado não queratinizado, estão faixas de ligamentos elásticos entre as rígidas cartilagens da laringe como as cordas de uma guitarra. Músculos intrínsecos da laringe se inserem tanto às cartilagens rígidas quanto às pregas vocais. Quando osmúsculos se contraem, eles movem as cartilagens, que tencionam os ligamentos elásticos, e isso distende as pregas vocais para fora para as vias respiratórias, de modo que a rima da glote é estreitada. Contrair e relaxar os músculos varia a tensão nas pregas vocais, de modo semelhante a soltar ou apertar uma corda de violão. O ar que passa pela laringe vibra as pregas e produz som (fonação) pela criação de ondas de som na coluna de ar na faringe, no nariz e na boca. A variação do tom do som está relacionada com a tensão nas pregas vocais. Quanto maior a pressão do ar, mais alto o som produzido pela vibração das pregas vocais. O som se origina da vibração das pregas vocais, mas outras estruturas são necessárias para a conversão do som em fala reconhecível. A faringe, a boca, a cavidade nasal e os seios paranasais atuam como câmaras de ressonância que dão à voz a sua qualidade humana e individual. Produzimos os sons das vogais pela constrição e relaxamento dos músculos da parede da faringe. Os músculos da face, da língua e dos lábios nos ajudam a pronunciar palavras. Manuela Aguiar – 1º período 2022.1 Embriogênese respiratória É na quarta semana do desenvolvimento que o sistema respiratório começa a surgir a partir do divertículo respiratório, que é uma protuberância na parede ventral do intestino anterior. O aparecimento e a localização do broto pulmonar dependem do aumento do ácido retinóico (AR) produzido pelo mesoderma adjacente, que eleva a expressão do fator de transcrição TBX4 no endoderma do tubo intestinal, no local do divertículo respiratório. O TBX4 induz a formação do broto pulmonar, a continuidade de seu crescimento e a diferenciação dos pulmões. Assim, os epitélios do revestimento interno da laringe, da traqueia e dos brônquios, bem como o do pulmão, são integralmente de origem endodérmica. Os tecidos cartilaginosos, muscular e conjuntivo, que compõem a traqueia e os pulmões, são derivados do mesoderma esplâncnico que cerca o intestino anterior. Inicialmente, o divertículo respiratório está em comunicação aberta com o intestino anterior, entretanto, quando o divertículo se expande na direção caudal, duas pregas longitudinais, denominadas de pregas traqueoesofágicas, separam-no do intestino. Subsequentemente, quando estas pregas se fusionam para formar o septo traqueoesofágico, o intestino anterior é dividido em uma porção anterior, o esôfago, e em uma porção ventral, a traqueia e os brotos pulmonares. O primórdio respiratório mantém sua comunicação com a faringe pelo orifício faríngeo. O desenvolvimento dos pulmões é dividido em quatro fases: 1- Estágio embrionário (quarta à sexta semana): ocorre o surgimento do divertículo respiratório até os segmentos broncopulmonares. 2- Período Pseudoglandular (sexta à 16a semana): O broto pulmonar se divide em dois brotos brônquicos, que se diferenciam em brônquios e suas ramificações. O pulmão tem aparência de glândula. 3- Período Canalicular (da 17a à 26a semana): Até o sétimo mês pré-natal, os bronquíolos se dividem continuamente em um número maior de canais cada vez menores, enquanto o suprimento vascular aumenta constantemente. Manuela Aguiar – 1º período 2022.1 Os bronquíolos terminais se dividem para formar os bronquíolos respiratórios, e cada um deles se divide em três a seis ductos alveolares. Os ductos terminam nos sacos terminais, que são cercados por células alveolares achatadas em contato próximo com os capilares vizinhos. No final do sétimo mês, há quantidade suficiente de sacos alveolares e de capilares maduros para garantir uma troca gasosa adequada e, assim, o prematuro já tem a possibilidade de sobreviver. 4- Período do Saco Terminal (da 26a ao nascimento): Formam-se muitos sacos terminais com capilares revestidos por células que se diferenciam para realizar trocas gasosas e secretar surfactante (composto que diminui a tensão do líquido presente nos alvéolos para que ele não comprima em contato com o ar) formando a barreira hematoaérea. Para ocorrer a produção dessa substância, o epitélio alveolar diferencia-se nos pneumócitos tipo I e nos pneumócitos tipo II. Período pós-natal ou alveolar (do nascimento até os oito anos): há inicialmente um aumento de tecido conjuntivo entre os sacos alveolares, mas depois há uma diminuição, favorecendo as trocas gasosas. Desenvolvimento da laringe: O revestimento interno da laringe se origina no endoderma, mas as cartilagens e os músculos têm origem no mesênquima do quarto e sexto arcos faríngeos. Como resultado da rápida proliferação desse mesênquima, o orifício laríngeo muda de aparência, de uma fenda sagital para uma abertura em formato de “T”. Subsequentemente, o mesênquima dos dois arcos se transforma nas cartilagens tireóidea, cricóidea e aritenóidea, Por volta do período em que as cartilagens se formam, o epitélio laríngeo também prolifera rapidamente, resultando em oclusão temporária do lúmen. Subsequentemente, ocorre a vacuolização e a recanalização produzem um par de recessos laterais, os ventrículos laríngeos. Esses recessos são limitados por pregas teciduais que se diferenciam em pregas vocais falsas e verdadeiras. Líquido surfactante O pneumócito do tipo I é uma célula com funções principalmente relacionadas ao revestimento alveolar. Já o8s pneumócitos tipo II são responsáveis pela produção do surfactante, que é uma substância composta principalmente de fosfolipídios (90%) e proteínas (10%) que reveste a superfície interna dos alvéolos pulmonares. A função principal do surfactante é diminuir a tensão superficial da interfase ar- alvéolo, de modo a mantê-los distendidos e evitar seu colapso ou atelectasia. Para o bebê o surfactante é importante pois ele reduz a tensão superficial do alvéolo impedindo que ele colabe, em Manuela Aguiar – 1º período 2022.1 especial os alvéolos menores. Isso permite com que o pulmão ventile melhor, otimizando as trocas gasosas entre o pulmão e o sangue. A falta de surfactante é a causa principal da doença da membrana hialina, que acomete principalmente recém-nascidos prematuros, causando insuficiência respiratória. A atelectasia causada pela deficiência de surfactante resulta em má ventilação alveolar, o que leva a hipóxia, hipercapnia e acidose. A administração da dexametasona ou betametasona (corticoides) no período pré-natal é indicada somente para acelerar a maturação pulmonar fetal. Esta ocorre através do aumento da produção de surfactante, levando a redução na morbi- mortalidade neonatal. Mecânica respiratória A função básica do sistema respiratório é suprir o organismo com oxigênio (O2) e dele remover o produto gasoso do metabolismo celular, ou seja, o gás carbônico (CO2). O sistema respiratório dos mamíferos é compreendido pela zona de transporte gasoso, formada pelas vias respiratórias superiores e pela árvore traqueobrônquica, encarregadas de acondicionar e conduzir o ar até a intimidade dos pulmões; pela zona respiratória, na qual efetivamente se realizam a trocas gasosas; e por uma zona de transição, interposta entre as duas primeiras, onde começam a ocorrer trocas gasosas, porém em níveis não significativos. Zona de transporte: O ar inspirado passa pelo nariz ou pela boca e vai para a orofaringe. Em seu trajeto pelas vias respiratórias superiores, esse ar é filtrado, umidificado e aquecido até entrar em equilíbrio com a temperatura corporal. As vias respiratórias superiores atuam, por conseguinte, acondicionando o ar, protegendo, do ressecamento, do desequilíbrio térmico e da agressão por partículas poluentes de grande tamanho, as regiões mais internas do sistema. A respiração nasal é a mais comum e tem duas importantes vantagens sobre a respiração bucal: filtração e umidificação do ar inspirado. Zona de transição e respiratória: A zona de transição se inicia no nível do bronquíolo respiratório,caracterizado pelo desaparecimento das células ciliadas do epitélio bronquiolar. A partir do último ramo do bronquíolo respiratório, surgem os ductos alveolares que, por sua vez, terminam em um conjunto de alvéolos, os sacos alveolares. A zona respiratória, então, é constituída por ductos, sacos alveolares e alvéolos. A unidade alveolocapilar é o principal local de trocas gasosas a nível pulmonar, sendo composta por alvéolo, septo alveolar e rede capilar. Os alvéolos são pequenas dilatações revestidas por uma camada de células, a maioria pavimentosas. A superfície alveolar se constitui de três tipos de células. O pneumócito tipo I, recobre a maior parte da superfície alveolar e não consegue se regenerar, ou seja, não tem potencial mitótico. O pneumócito tipo II, ou célula alveolar granular, é esférica e apresenta muitos microvilos em sua superfície. Manuela Aguiar – 1º período 2022.1 Essa célula contém muitas organelas celulares com grânulos osmofílicos (corpúsculos lamelares), que armazenam e secretam surfactante, que recobre a superfície alveolar reduzindo a tensão superficial. O pneumócito tipo II tem a capacidade de se regenerar e se transformar em tipo I quando ele é lesionado. Os macrófagos têm função de fagocitar corpos estranhos, partículas poluentes e bactérias. Movimentos respiratórios da caixa torácica A renovação constante do gás alveolar é assegurada pelos movimentos do tórax. Durante a inspiração, a cavidade torácica cresce de volume e os pulmões se expandem para preencher o espaço deixado. Com o aumento da capacidade pulmonar e queda da pressão no interior do sistema, o ar ambiente é “sugado” para dentro dos pulmões. A inspiração é seguida imediatamente pela expiração, que provoca diminuição do volume pulmonar e expulsão de gás. A expiração normalmente tem uma duração correspondente a 1,3 a 1,4 vez a da inspiração. Inspiração: Para o ar fluir para os pulmões, a pressão intra-alveolar tem de se tornar mais baixa do que a pressão atmosférica. Esta condição é alcançada aumentando o tamanho dos pulmões. Diferenças de pressão causadas por alterações no volume do pulmão forçam o ar para dentro dos pulmões quando inspiramos e expiramos. Para que a inspiração ocorra, os pulmões precisam se expandir, o que aumenta o volume pulmonar e, assim, diminui a pressão nos pulmões para níveis inferiores aos da pressão atmosférica. O primeiro passo na expansão dos pulmões durante a inspiração tranquila normal envolve a contração do principal músculo inspiratório, o diafragma, com a resistência dos intercostais externos Durante a inspiração normal tranquila, os músculos diafragma e intercostais externos se contraem, os pulmões se expandem e o ar entra nos pulmões; durante a expiração normal tranquila, os músculos diafragma e intercostais externos relaxam e os pulmões recuam, forçando o ar para fora dos pulmões. O músculo mais importante da inspiração é o diafragma, um músculo esquelético em formato de cúpula que forma o assoalho da cavidade torácica. Durante inspirações tranquilas, a pressão entre as duas camadas pleurais na cavidade pleural, a chamada pressão intrapleural (intratorácica), é sempre subatmosférica (inferior à pressão atmosférica). Durante a expansão do tórax, as pleuras parietal e visceral normalmente estão Manuela Aguiar – 1º período 2022.1 firmemente aderidas uma à outra, em decorrência da pressão subatmosférica entre elas e da tensão superficial criada pelas suas superfícies úmidas adjacentes. Conforme a cavidade torácica se expande, a pleura parietal que reveste a cavidade é “puxada” para fora em todas as direções, e a pleura visceral e os pulmões são puxados com ela .expiração: O ato de soprar o ar, na chamada expiração (exalação), é também decorrente de um gradiente de pressão, mas neste caso o gradiente é no sentido oposto: a pressão nos pulmões é maior do que a pressão atmosférica. A expiração normal durante a respiração tranquila, ao contrário da inspiração, é um processo passivo, pois não há contrações musculares envolvidas. Em vez disso, a expiração resulta da retração elástica da parede torácica e dos pulmões, sendo que ambos têm uma tendência natural de retornar à posição inicial depois de terem sido distendidos. Conforme os músculos intercostais externos relaxam, as costelas são deprimidas. Estes movimentos reduzem os diâmetros vertical, lateral e anteroposterior da cavidade torácica, o que diminui o volume do pulmão. Tensão superficial do líquido alveolar: uma fina camada de líquido alveolar reveste a face luminal dos alvéolos e exerce uma força conhecida como tensão superficial. A tensão superficial surge em todas as interfaces ar-água, porque as moléculas de água polares são mais fortemente atraídas umas pelas outras do que o são pelas moléculas de gás no ar. Complacência: se refere a quanto esforço é necessário para distender os pulmões e a parede torácica. Uma complacência alta significa que os pulmões e a parede torácica se expandem facilmente, enquanto uma complacência baixa significa que eles resistem à expansão. Nos pulmões, a complacência está relacionada com dois fatores principais: a elasticidade e a tensão superficial. Os pulmões normalmente têm complacência alta e se expandem facilmente porque as fibras elásticas do tecido pulmonar são facilmente distendidas e o surfactante no líquido alveolar reduz a tensão superficial. Mecanismo da hematose Hematose pode ser conceituada como a troca gasosa que ocorre nas porções terminais pulmonares, também pode ser chamada de respiração pulmonar, Existem cerca de 300 milhões de alvéolos nos dois pulmões humanos, estas unidades apresentam paredes muito finas e, interconectados a elas, temos uma malha de capilares, ambos compõem a membrana respiratória e é neste local que ocorre a troca gasosa o princípio físico de difusão permite essa troca através da membrana, assim, o Manuela Aguiar – 1º período 2022.1 oxigênio que estava em grande quantidade dentro do alvéolo passa para as hemácias, sendo transportado para o corpo, e o dióxido de carbono, em grande quantidade na hemácia, passa para o alvéolo sendo eliminado na fase expiratória da ventilação. Difusão: é a passagem de substâncias de uma área onde estão em maior concentração, para uma área em que estão em menor concentração, ou seja, decorre da diferença de pressão entre os ambientes. No caso da difusão pulmonar, ela é consequência da diferença de pressão entre os gases da atmosfera (pressão atmosférica), do ar alveolar (pressão pulmonar) e dos capilares sanguíneos. A diferença entre a pressão atmosférica e a pressão alveolar nos faz inspirar e expirar. Inspiramos oxigênio porque sua pressão é maior na atmosfera do que dentro dos pulmões. E expiramos gás carbônico porque sua pressão é maior dentro dos pulmões do que na atmosfera. Entre os parâmetros que podem influenciar uma adequada hematose, estão: -Volume corrente de ar: ar que entra e sai dos pulmões a cada ciclo respiratório; -Frequência respiratória: quantidade de respirações que realizamos em um minuto; -Volume residual: ar que permanece dentro dos pulmões mesmo após uma expiração forçada. Ele é importante para manter os alvéolos constantemente abertos. Transporte de gases o sangue transporta gases entre os pulmões e os tecidos do corpo. Quando o O2 e o CO2 entram no sangue, ocorrem determinadas reações químicas que ajudam no transporte de gases e nas trocas gasosas. A maior parte do O2 é transportada pela hemoglobina como oxi-hemoglobina (Hb- O2) nos eritrócitos; a maior parte do CO2 é transportada no plasma sanguíneo. Manuela Aguiar – 1º período 2022.1 hemoglobina e pressão parcial de oxigênio O fator mais importante para determinar quanto O2 que se liga à hemoglobina é a PO2; quanto maior for a PO2, mais O2 se combina à Hb. Quando a hemoglobina reduzida (Hb) é completamenteconvertida em oxi-hemoglobina (Hb-O2), diz-se que a hemoglobina está totalmente saturada; quando a hemoglobina é constituída por uma mistura de Hb e Hb-O2, está parcialmente saturada. A porcentagem de saturação da hemoglobina expressa a saturação média de hemoglobina com oxigênio. Por exemplo, se cada molécula de hemoglobina se ligou a 2 moléculas de O2, então a hemoglobina está 50% saturada, porque cada Hb pode se ligar a no máximo quatro O2. Nos capilares pulmonares, onde a PO2 é alta, uma grande quantidade de O2 se liga à hemoglobina. Nos capilares teciduais, em que a PO2 é menor, a hemoglobina não prende tanto O2, e o O2 dissolvido é descarregado nas células teciduais via difusão Controle da respiração Neural: Como o córtex cerebral tem conexões com o centro respiratório, podemos alterar voluntariamente nosso padrão respiratório. Podemos até mesmo parar de respirar completamente por um curto período. O controle voluntário é protetor, pois nos possibilita evitar que água ou gases irritantes entrem nos pulmões. No entanto, a capacidade de não respirar é limitada pelo acúmulo de CO2 e H+ no corpo. Quando a PCO2 e a concentração de H+ aumentam a um certo nível, os neurônios do GRD do centro respiratório bulbar são fortemente estimulados, impulsos nervosos são enviados pelos nervos frênico e intercostal à musculatura inspiratória, e a respiração é retomada, quer a pessoa queira ou não. Se a respiração for suspensa por tempo suficiente para causar desmaio, a respiração é retomada quando a consciência é perdida. Impulsos nervosos do hipotálamo e do sistema límbico também estimulam o centro respiratório, possibilitando que estímulos emocionais alterem a respiração, como por exemplo ao rir e chorar. Químico: Determinados estímulos químicos modulam quão rapidamente e quão profundamente respiramos. O sistema respiratório atua para manter níveis adequados de CO2 e O2 e é muito sensível a mudanças nos níveis desses gases nos líquidos corporais. Os quimiorreceptores em dois locais do sistema respiratório monitoram os níveis de CO2, H+ e O2 e fornecem informações ao centro respiratório Manuela Aguiar – 1º período 2022.1 Os quimiorreceptores centrais estão localizados no bulbo ou próximo a ele na parte central do sistema nervoso. Eles respondem a mudanças na concentração de H+ ou PCO2, ou ambos, no líquido cerebrospinal. Os quimiorreceptores periféricos estão localizados nos glomos para-aórticos (que são aglomerados de quimiorreceptores localizados na parede do arco da aorta) e nos glomos caróticos, que são nódulos ovais na parede das artérias carótidas comuns direita e esquerda no ponto em que elas se dividem em artérias carótidas interna e externa. Estes quimiorreceptores fazem parte do sistema nervoso periférico e são sensíveis a alterações na PO2, H+ e PCO2 no sangue. Normalmente, a PCO2 no sangue arterial é de 40 mmHg. Se ocorrer aumento, mesmo que discreto, da PCO2 – uma condição chamada hipercapnia ou hipercarbia – os quimiorreceptores centrais são estimulados e respondem vigorosamente ao aumento resultante no nível de H+. Os quimiorreceptores periféricos também são estimulados tanto pela PCO2 elevada quanto pelo aumento em H+. Fatores externos que influenciam o controle da respiração Estimulação da respiração por proprioceptores: Assim que você começa a se exercitar, a sua frequência e profundidade respiratória aumentam, mesmo antes que haja alterações nos níveis de PO2, PCO2 ou H+. O principal estímulo para essas mudanças rápidas no esforço respiratório são as aferências dos proprioceptores, que monitoram o movimento das articulações e músculos. Os impulsos nervosos dos proprioceptores estimulam o GRD do bulbo. Reflexo de insuflação: Similares aos dos vasos sanguíneos, receptores sensíveis ao estiramento chamados barorreceptores ou receptores de estiramento estão localizados nas paredes dos brônquios e bronquíolos. Quando estes receptores são distendidos durante a hiperinsuflação dos pulmões, impulsos nervosos são enviados pelo nervo vago (X) para o grupo respiratório dorsal (GRD) no centro respiratório bulbar. Em resposta, o GRD é inibido e os músculos diafragma e intercostais externos relaxam. Assim, a inspiração adicional é interrompida e a expiração começa. Manuela Aguiar – 1º período 2022.1 Estimulação do sistema límbico: A antecipação de uma atividade ou a ansiedade emocional podem estimular o sistema límbico, que envia impulsos excitatórios para o GRD, aumentando a frequência e a profundidade da respiração Temperatura. A elevação da temperatura corporal, como durante episódios de febre ou exercício muscular vigoroso, aumenta a frequência respiratória. A diminuição da temperatura reduz a frequência. Um estímulo frio repentino (como mergulhar em água fria) leva à apneia temporária, a ausência de respiração. Dor: A dor súbita e intensa provoca breve apneia, mas a dor somática prolongada aumenta a frequência respiratória. A dor visceral pode diminuir a frequência respiratória Estiramento do músculo esfíncter do ânus: Esta ação aumenta a frequência respiratória e, às vezes, é usada para estimular a respiração em um recém- nascido ou em uma pessoa que parou de respirar Irritação das vias respiratórias: Irritação física ou química da faringe ou laringe provoca a cessação imediata da respiração, seguida de tosse ou espirro Pressão arterial: Os barorreceptores que detectam alterações na pressão arterial têm um pequeno efeito sobre a respiração. Um aumento súbito na pressão arterial diminui a frequência respiratória, e uma queda na pressão arterial aumenta a frequência respiratória. Alcalose e acidose respiratória Acidose respiratória: acúmulo de CO2, ou seja, meio muito acido, no sangue arterial. Alcalose: diminuição de CO2, no sangue arterial, ficando assim, um meio alcalino. Ocorre muito na hiperventilação, onde se expira muito gás carbônico. Tem como consequência um acidente vascular cerebral. Anatomia do pulmão Os pulmões são órgãos cônicos pareados na cavidade torácica. Eles são separados um do outro pelo coração e por outras estruturas do mediastino, que dividem a cavidade torácica em duas câmaras anatomicamente distintas. Como resultado, se um traumatismo provocar o colapso de um pulmão, o outro pode permanecer expandido. Cada pulmão é fechado e protegido por uma túnica serosa de camada dupla chamada pleura. A camada superficial, chamada de pleura parietal, reveste a parede da cavidade torácica; a camada profunda, a pleura visceral, recobre os pulmões. Entre as pleuras há uma cavidade chamada cavidade pleural, que possui um liquido plural que reduz o atrito entre as membranas, deslizando facilmente uma sob a outra. Os pulmões se estendem desde o diafragma até a região discretamente superior às clavículas e encontra-se contra as costelas anterior e posteriormente Uma ou duas fissuras dividem cada pulmão em lobos. Ambos têm uma fissura oblíqua, que se estende inferior e anteriormente; o Manuela Aguiar – 1º período 2022.1 pulmão direito tem também uma fissura, a fissura horizontal do pulmão direito. A fissura oblíqua no pulmão esquerdo separa o lobo superior do lobo inferior. No pulmão direito, a parte superior da fissura oblíqua separa o lobo superior do lobo inferior; a parte inferior da fissura oblíqua separa o lobo inferior do lobo médio, que é limitado superiormente pela fissura horizontal. Cada lobo recebe seu próprio brônquio lobar. Assim, o brônquio principal direito dá origem a três brônquios lobares chamados brônquios lobares superior, médio e inferior; o brônquio principal esquerdo dá origem aos brônquios lobares superior e inferior. Alvéolos: Em torno da circunferência dos ductos alveolares estão diversos alvéolos e sacos alveolares. Um alvéolo é uma evaginação em formato de taça revestida por epitélio escamoso simples e apoiada poruma membrana basal fina e elástica; um saco alveolar é constituído por dois ou mais alvéolos que compartilham uma abertura comum.