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ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: IMPLICAÇÃO NA FORMAÇÃO INICIAL MONTEIRO, Adriana Lima1-UFPI Grupo de Trabalho-Práticas e Estágios nas Licenciaturas Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente trabalho se constituiu a partir da experiência vivenciada no Estágio Supervisionado na Educação Infantil, considerada uma fase de suma importância para nosso desenvolvimento pessoal, acadêmico e profissional, pois no decorrer desse percurso formativo estávamos implicados com a construção dos conhecimentos específicos, como também no saber-fazer da sala de aula. Nesse sentido, tomamos como objetivo analisar nossas experiências enquanto graduando (a) na regência da Educação Infantil. Adotamos como referencial teórico LDB (1996), Barreiro (2006), Imbernon (2010), Ostetto (2008), dentre outros. Este estudo foi desenvolvido por meio de um relato de experiência embutido primeiramente numa construção teórica que garantiu o domínio dos conhecimentos específicos e na realização da regência definido como um momento de ser e tornar-se professor. Dessa forma, o estágio nos possibilitou vivenciar a prática docente, estabelecer relações com os atores no âmbito escolar, exigindo um olhar mais atento e sensível a diferentes situações e especificidades do lócus educativo. Logo, essa urdidura nos fez compreender o Estágio Supervisionado na Educação Infantil como um processo de descobertas, dificuldades e prazeres do ofício docente. A construção dos resultados tomou como alicerce o conhecimento teórico adquirido no decorrer da formação, e aprimorado na disciplina Estágio Supervisionado IV, no qual foi articulado com a experiência vivenciada na sala de aula, favorecendo para a construção de competências, habilidades no processo de ser e tornar-se professor. Portanto, o Estágio Supervisionado na Educação Infantil contribuiu para o nossa formação acadêmica, profissional e investigativa, possibilitando conhecer as múltiplas relações do âmbito escolar, o alunado na sua particularidade, os desafios e dilemas existentes no ambiente da sala de aula, e fora dela, possibilitando dessa forma, o autoconhecimento da trajetória de ser e tornar-se professora e a constante reflexão da práxis e da formação. Palavras-chave: Estágio Supervisionado. Formação Acadêmica. Autoformação. Introdução 1 Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Piauí. Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Piauí. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Gestão, Currículo e Avaliação de Políticas Públicas. E-mail: adrilimamonteiro@hotmail.com 23349 O Estágio Supervisionado na Educação Infantil constituiu-se uma etapa de suma importância para a formação acadêmica e profissional dos futuros docentes, uma vez que essa vivência implica no processo de ser e tornar-se professor. Sabemos que na antiguidade a criança era vista como um adulto miniatura, quer dizer, sendo tratada igual a um adulto. Com o passar do tempo essa perspectiva toma outro viés, pois a criança já vem sendo considerada um ser que precisa de cuidados, e de orientação pedagógica que visa o desenvolvimento educacional. Dessa forma, a educação infantil passou a ser assegurada por lei a partir da Constituição Federal de 1988, onde prevalece segundo a LDB, nº 9394/ 96 como a primeira etapa da Educação Básica. A LDB nº 9394/96 busca assegurar esse direito as crianças de 0 a 6 seis anos de idade, preocupando-se em fornecer um ensino gratuito. Ou seja, a criança tem garantido o direito da formação no âmbito educacional. Para o desenvolvimento da criança na instituição é necessário o acompanhamento e orientação do profissional docente, e que esse tenha uma formação sólida e qualificada, quer dizer, é imprescindível que o graduando (a) construa na formação acadêmica os conhecimentos teóricos e saiba relacioná-los com a prática, possibilitando desse modo, conhecer as especificidades dessa modalidade como outras. Segundo Ibiapina (2006, p. 59), o professor precisa ter conhecimentos especializados, saberes e competências específicas, adquiridos por meio do processo de formação acadêmica. O desenvolvimento de competências e habilidades não acontece em um relance, mas é um processo contínuo que visa o domínio de um contexto macro no qual a educação se efetiva e vai culminar com o contexto micro da sala de aula. Na perspectiva de Campos (2011, p. 17- 18), Competência é a capacidade de mobilização de recursos cognitivos, afetivos e emocionais que ocorre numa situação determinada, situada e que se manifesta em situações reais, imprevisíveis, inusitadas e contingentes. Habilidades referem-se ao domínio do fazer com eficiência. No entanto, esses aspectos não garantem ao docente uma formação emancipadora, entendendo que o professor precisa de autonomia, aprofundamento e aperfeiçoamento do conhecimento, e relacionar o domínio apenas por competências e habilidades não garante uma formação crítica e reflexiva, pois é construindo e valorizando essa formação na prática, que os professores terão o ensejo de desenvolver saberes. 23350 Para que o professor seja considerado um bom profissional é indiscutível relacionar alguns aspectos a sua prática. Como envolver valores, atitudes e conhecimentos, como ele ensina, as expectativas sociais sobre a importância da escolarização, o que ensinar, o que devem fazer e saber (TANCREDI, 2009). Dessa forma, é fundamental que o professor compreenda o contexto educativo como um espaço propício a produção e construção de saberes onde pode ocorrer a descoberta de elementos que estão inter-relacionados a prática educativa, como atores ativos, ambiente proveniente de saberes diversos, a possibilidade de ambos os atores interagirem através do diálogo, dentre outros aspectos, ou seja, o fazer docente presente neste lócus propicia a interação e construção de competência e habilidades. Nesse sentido, os (as) graduandos (as) ao longo da experiência vivenciada podem se indagar sobre o real papel do professor, ou seja, é um questionamento importante porque possibilita o ator/autor, compreender que a função do professor repercute diretamente na análise de sua formação o que nos faz refletir sobre o tema, uma vez que essa função não se refere somente à atuação direta em sala de aula, mas se amplia para também contemplar outros conhecimentos. É dessa afirmação, que emerge a compreensão do real sentido do papel do professor, ou seja, consiste em ser ator do contexto micro da sala de aula, como também orientador do contexto que está inserido, pesquisador da sua formação e prática. Na articulação dessa formação Imbernón (2010), corrobora que a atuação do graduando deve comporta um conhecimento específico, um compromisso ético e moral e a necessidade de dividir a responsabilidade com outros agentes sociais. O presente trabalho realizou-se na CMEI-Tia Erinelda Veiga, zona leste de Teresina- PI. Para tanto, propomos como objetivo analisar nossas experiências enquanto graduando (a) na regência da Educação Infantil. E, para maior compreensão desse estudo foi utilizado como aportes teóricos, Ostetto (2008), Barreiro (2006), LDB (1996), dentre outros. Com a definição do objetivo seguimos as etapas para a operacionalização do estudo: primeiramente foi realizado um encontro para a observação da escola. Utilizamos quatro encontros para o acompanhamento das atividades propostas em sala de aula pelo professor efetivo. Concluídas essas etapas foi realizado a regência que constituiu-se em doze encontros onde vivenciamos momentos de descobertas e incertezas na trajetória de ser e tornar-se professor. De acordo com Ostetto (2008, p. 127), chamo a atenção para, 23351 A necessidade de reconhecer dimensões essenciais da vida, relacionadas ao “tornar- se professor”: o contato com o novo e com o desconhecido, dentro e fora de cadaum. Ao falar de estágio curricular, trago, pois, para o primeiro plano, o humano do ser e do fazer-se professor. Com base no autor supracitado, percebemos que tornar-se professor é um processo de autoconhecimento onde tivemos a oportunidade de descobrir novos horizontes dentro e fora do pessoal e profissional, uma vez que ser professor precisa da harmonia do eu (ator com histórias de vida, valores, crenças) e do profissional relacionados no vim a tornar-se e ser professor. Dessa forma, o Estágio Supervisionado na Educação Infantil foi uma etapa imprescindível para nossa trajetória, uma vez que contribuiu no processo de autoconhecimento, possibilitando agregar valores e saberes nessa modalidade, como também construir um olhar investigativo da nossa prática. Observação no âmbito escolar Este trabalhou realizou-se na CMEI- Tia Erinelda Veiga, zona leste de Teresina-PI. Esta instituição foi fundada no dia 26 de março de 1985. Ao longo do estágio tivemos o ensejo de observar inúmeros aspectos, tais como: a estrutura física, o setor administrativo e pedagógico, o ambiente da sala de aula e o acompanhamento das atividades desenvolvidas pela professora efetiva. A instituição deve primar por uma gestão participativa e democrática onde deve haver a harmonia dos setores, ou seja, é fundamental que os aspectos administrativos e pedagógicos estejam em consonância com o ambiente institucional, favorecendo para a emancipação dos sujeitos que constituem a instituição. Segundo Alonso (2002), a gestão não comporta a separação das tarefas administrativas e pedagógicas, isso porque o trabalho administrativo somente ganha sentido a partir das atividades pedagógicas, constituindo os propósitos da organização. Dessa forma, torna-se necessário que o ator esteja implicado com o contexto que está inserido, quer dizer, os envolvidos na gestão devem contribuir nas funções de maneira totalitária, ou seja, os atores que constituem a creche, escola, empresa e órgãos precisam se conscientizar sobre a importância de cumprir os objetivos da instituição, visando o comprometimento e a responsabilidade do grupo, ou seja, deve haver um trabalho coletivo. No que se trata a estrutura física da creche observamos que é um espaço pequeno, 23352 estruturado da seguinte forma: 3 (três) sala de aulas, 1 (uma) diretoria, 1 (uma) sala para as professoras, 1 (uma) cantina, 4 (quatro) banheiros (dois infantis - feminino e masculino, dois para adultos) e um bebedouro. Referente à quantidade de funcionários há 2 (duas) professoras efetiva que assumem no turno da manha e tarde as turmas do primeiro e segundo período, há 2 (duas) estagiarias que ministram no turno da manhã aula no maternal I e II, já no turno da tarde há 1 (uma) estagiária no maternal II, 1 (uma) diretora, 1 (uma) coordenadora pedagógica, 1 (uma) auxiliar sem formação, 2 (dois) zeladores, 3 (três) porteiros, 2 (duas) cozinheiras. Após caracterizar a estrutura física, administrativa e pedagógica da creche, será explanado o momento em que os estagiários acompanharam as atividades desenvolvidas pela professora efetiva. Esse encontro aconteceu no dia 04 e 09 de abril de 2012, considerado o ápice da observação no âmbito escolar, tendo em vista que a partir da prática da professora pudemos entender as múltiplas relações estabelecidas entre o professor-estagiário-aluno. Na perspectiva de Ostetto (2008, p.128-129), O estágio curricular deve ser encarado como uma jornada rumo a si mesmo. Por quê? Porque, quando a estagiária entra em contato com a instituição educativa, descortina-se à sua frente um contexto de relações tão complexas e específicas que a empurram para si mesma. Isso não se dá no sentido de isolá-la, de deixá-la só; ao contrário: ao entrar em contato com o outro, o docente – instituição, crianças, educadores, profissionais em geral – cada pessoa pode “se ver” e, dessa forma, aprender mais sobre si mesma. Dessa perspectiva, consideramos o estágio como possibilidade do discente conhecer a prática do docente, as particularidades dos alunos, saber olhar as diferentes situações inerentes o lócus como um processo de construção continua e emancipatória. No que se refere à metodologia da professora-efetiva evidenciamos uma prática inovadora, “considerando o aluno um sujeito da aprendizagem” (LIBÂNEO, 1994, p. 65), Dessa forma, assumir a tarefa de ensinar, fazendo com que os alunos aprendam demanda tempo e compromisso do docente, e a professora em questão exerceu com competência e habilidade o oficio da docência. Para Ibiapina (2006, p. 59), a docência é a atividade em que o professor mobiliza e articula as atitudes de colaboração, reflexão, pesquisa e crítica com o motivo e o objetivo de mediar aprendizagens. A partir da observação da prática da professora-efetiva constatamos que a mesma utiliza o livro didático, buscando relacionar os conteúdos com o cotidiano deles, ou seja, a 23353 utilização desse recurso foi coerente e eficaz, pois a professora tinha a preocupação de trabalhar o livro, e também outras atividades que pudessem contribuir no aprendizado das crianças. Portanto, o momento de observação da escola favoreceu para o inicio da regência, isso porque os elementos que desencadearam nesses encontros, oportunizaram compreender o processo, os impasses e dilemas do ambiente da sala de aula, e os prazeres de ser e tornar-se professora. Regência: interface da formação e do processo de ser e tornar-se professor Ao longo da formação inicial tivemos o ensejo de fundamentar teoricamente os conhecimentos construídos na academia. Dessa forma, é essencial que a teoria seja conciliada com a prática e uma das possibilidades de vivenciar essa culminância é por meio do Estágio Supervisionado. E foi no Estágio Supervisionado na Educação Infantil que tivemos a oportunidade de conhecer e vivenciar os múltiplos aspectos inerentes a essa modalidade. Na perspectiva de Barreiro (2006, p. 89-90), considera que, A relação entre teoria e prática, na formação do professor, constitui o núcleo articulador do currículo, permeando todas as disciplinas e tendo por base uma concepção sociohistórica da educação, alguns princípios devem nortear os projetos de estágio supervisionado: a) a docência é a base da identidade dos cursos de formação; b) o estágio é um momento da interação entre teoria e prática; c) o estágio não se resume à aplicação imediata, mecânica e instrumental de técnica, rituais, princípios e normas aprendidas na teoria e d) o estágio é o ponto de convergência e equilíbrio entre o aluno e o professor. Desse modo, percebe-se que o estágio supervisionado favoreceu para a articulação das disciplinas concebidas na academia à prática docente. O momento da regência pode ser considerado a fase mais importante do estágio, uma vez que assumir uma turma da educação infantil exigiu preparo, competência, responsabilidade, interesse em participar e contribuir para o processo de aprendizagem dos alunos. Ao iniciar a regência surge certo anseio de realizar com dedicação e prazer os planejamentos, que foram alicerçados ao longo desse período, ou seja, para desenvolver um trabalho de qualidade foi preciso conhecer a realidade da sala de aula, desenvolver ao longo desse processo uma prática reflexiva e crítica capaz de favorecer a compreensão das particularidades dessa modalidade de ensino, como também do oficio de ser professor. Chegar ao ambiente da sala de aula como professora da turma pode ser visto como um 23354 encontro de incertezas e medo, mas esse processo acarreta também, o desejo do fazer-prático assumir uma direção de harmonia com a certeza de que podemos contribuir para o desenvolvimento pessoal e educacional do aluno. A regência do Estágio Supervisionado na Educação Infantil iniciou-se no dia 18 de abril de 2012. Assumimos a turma do 1º período no turno da manhã, onde os alunosencontravam-se na faixa etária de 4 (quatro) anos. Ao iniciar a aula tivemos a preocupação de explicar o porquê da nossa presença, onde percebemos que eles estavam tímido devido o pouco tempo de convívio, porém desenvolvemos nossa aula seguindo todos os combinados, que foram observados durante o acompanhamento nas aulas da professora efetiva. Dessa forma, no desenvolvimento da atividade as crianças estavam um pouco agitadas, mas isso não impossibilitou o aprendizado delas, pois realizaram a atividade participando de todo o processo. Então, realizar um trabalho com as crianças da educação infantil concisa de critérios a serem seguidos, como conhecer a turma, seguir a rotina, os combinados, a grade curricular, o ritmo de aprendizado de cada aluno, ser flexível, saber que esse ser faz e constrói histórias, dentre outros enfoques. De acordo com Kramer (2006, p. 17), Conhecer a infância e as crianças favorece que o humano continue sendo sujeito crítico da história que ele produz (que o produz). Sendo humano, esse processo é marcado por contradições: podemos aprender com as crianças a crítica, a brincadeira, a virar as coisas do mundo pelo avesso. Ao mesmo tempo, precisamos considerar o contexto, as condições concretas em que as crianças estão inseridas e onde se dão suas práticas e interações. Nesse sentido, entende-se que a criança é um ser único que faz parte de um contexto histórico e social onde é preciso o profissional docente buscar conhecer suas particularidades, a fim de trabalhar de maneira totalitária os aspectos que constituem a educação infantil. Para o percurso ser considerado eficiente e o profissional docente assumir determinadas ações que o permita dar sentido na construção do trabalho educativo serão elencadas algumas contribuições que segundo Silveira (2006, p. 50), podem representar a essência do saber fazer: O prazer em atuar como professor é determinante para suportar todas as condições contrárias que permeiam nossa escola pública e tentar fazer dessa escola uma experiência social formadora; o afeto, traduzido no acolhimento daqueles que mais precisam do processo de escolaridade, é determinante na trajetória de suas vivencias pessoais no contexto escolar; nosso compromisso político é determinado quando optamos por fazer da escola um espaço de confronto das contradições que existem em nossa injusta sociedade; o conhecimento é nossa ferramenta para compreender essa realidade e dela apropriar os espaços de luta para conquistar nossos direitos a 23355 uma vida digna; trabalhar constantemente amparados em nossas convicções em favor dos mais desfavorecidos, não permitindo que o choque da realidade com a qual nos defrontamos diariamente nas escolas nos embruteça; buscar a competência técnica na superação de dificuldades de aprendizagens dos alunos e de nossas dificuldades em ensinar. Desse modo, é importante que o profissional busque compreender o contexto da sala de aula, como também, o contexto macrossocial, uma vez que os ensinamentos devem provocar no alunado ações reflexivas e a crítica acerca do seu papel na sociedade. Nesse sentido, não devemos esquecer que o público da educação infantil precisa de muita atenção, isso porque é nessa etapa que são construídos os valores, atitudes e o interesse em aprender. Logo, é necessário que saibamos inovar as metodologias, focando também, na criatividade e vontade em fazer com que as crianças interajam, aprendam e colaborem nesse processo. Segundo Kramer (2006, p. 15) “reconhecemos o que é específico da infância: seu poder de imaginação, a fantasia, a criação, a brincadeira entendida como experiência de cultura”. Desse modo, procurar compreender a criança na sua essência pode ser uma tarefa demorada mais proveitosa, uma vez que nessa fase surge o poder da imaginação, da fantasia, de criar, inventar, do apoio e orientação dos professores e pais em tentar esclarecer aspectos do contexto social que irá implicar na formação educacional delas, possibilitando assim, o processo de construção identitária. As crianças “fazem história a partir dos restos da história” (KRAMER, 2006, p. 14). Nesse sentido, o professor é o responsável também em contribuir na formação social dos alunos. Podemos concluir que o Estágio Supervisionado IV foi considerado como momentos de incertezas, dúvidas, medo, e descobertas no qual a cada dia tivemos a oportunidade de construir e refletir sobre a metodologia trabalhada, fazendo com que o Estágio Supervisionado atribui-se sentido e significado no processo de ser e tornar-se professor. Considerações Finais Um dos propósitos do Estágio Supervisionado na Educação Infantil é possibilitar ao graduando conhecer e vivenciar na prática a experiência de ser professor, momento enriquecedor, pois é nessa fase da formação acadêmica que surge a oportunidade de interagir os conhecimentos teóricos com a prática. 23356 Às vezes sentíamos dificuldade em conciliar esse processo, pois a realidade prática nos toma de surpresas, fazendo em alguns momentos improvisar e criar para que o ensino e aprendizado aconteçam de forma significativa. No entanto, foi imprescindível os conhecimentos teóricos na ação docente, isso porque para entender o ambiente da sala de aula sentíamos a necessidade de recorrer alguns teóricos que trabalham assuntos sobre determinadas situações que são inerentes ao talento de ensinar. Não podemos deixar de elencar uma das dificuldades vivenciadas nesse processo, refere-se aos planejamentos que não se realizaram de acordo com o previsto, isso porque não foi possível encontrarmos com a professora efetiva para planejar, mas isso não foi obstáculo para desenvolvermos um trabalho de qualidade, ou seja, a prática docente é um processo continuo que visa o aperfeiçoamento e constante aprimoramento dos conhecimentos, neste sentido, estávamos aptos a aprender e colaborar no processo de ensino e aprendizagem dos alunos, como também, no nosso processo profissional. Desenvolver um trabalho na educação infantil pode ser entendido como um encontro de incertezas, medo, implicando também, os prazeres do oficio, de autoconhecimento, de vim a ser e tornar-se professor. Dessa forma, a educação infantil possibilitou uma rica experiência para nossa formação acadêmica, e para a trajetória de tornar-se professora. O exercício de olhar para si mesmo de descobrir-se para, então, ver e descobrir o outro é uma rica possibilidade – vivenciada na educação infantil (OSTETTO, 2008). Outro enfoque de suma importância para nosso percurso formativo foi a constante reflexão da prática, pois a partir desse processo foi possível melhorar nossas ações, buscando compreender os alunos em toda a sua especificidade. Portanto, o Estágio Supervisionado na Educação Infantil foi um processo de autoformação, uma vez que exigiu um aprofundamento dos conhecimentos teóricos e um trabalho de colaboração com os atores do contexto educativo. Logo, desenvolver um trabalho no estágio requer interesse, comprometimento e colaboração, pois nesse percurso tivemos o ensejo de conhecer as múltiplas relações presentes no âmbito educacional, os alunos na sua especificidade, os dilemas existentes no ambiente da sala de aula, e fora dela, oportunizando refletir na e sobre nossas ações. REFERÊNCIAS 23357 ALONSO, M. O trabalho coletivo na escola. In: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Formação de gestores escolares para a utilização de tecnologias de informação e comunicação. PUC-SP, 2002. p. 23-28. BARREIRO, I. M. de F. Prática de ensino e estágio supervisionado na formação de professores. São Paulo: Avercamp, 2006. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. BRASIL. Lei n. 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996. CAMPOS, C. de. M. Saberes docentes e autonomia dos professores. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. IBIAPINA, I.M. L. M. (Re) elaborando o significado de docência. In: MENDES SOBRINHO, J. A. de C (Org.). Formação de professores e práticas docentes: olhares contemporâneos. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 58-59. IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. São Paulo: Cortez, 2010. v.14. KRAMER, S. A infância e sua singularidade. In: Brasil. Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília/FNDE: Estação Gráfica, 2006. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. OSTETTO, L. E. Educação Infantil: saberes e fazeres da formação de professores. Campinas, SP: Papirus, 2008. SILVEIRA, M. F. L. O início da docência: compromisso e afeto, saberes e aprendizagens. In: LIMA, E. F. (Org.). Sobrevivências no início da docência. Brasília: Líber Livro Editora, 2006. TANCREDI, R. P. Aprendizagem da docência e profissionalização: elementos de uma reflexão. São Carlos: EdUFSCar, 2009.
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