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LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA • Os mecanismos patogênicos das lesões retinianas, glomerulares e neurais não são bem conhecidos, mas existem hipóteses prováveis. Uma dessas hipóteses é a glicosilação não enzimática irreversível de fatores proteicos plasmáticos e teciduais, os chamados produtos finais de glicosilação avançada, do inglês AGE (Advanced Glycosylation end Products). Estes fatores podem se ligar ao colágeno dos vasos, contribuindo para a lesão endotelial da microvasculatura, levando à fragilidade capilar e à obstrução microvascular, pela formação de microtrombos • Outra teoria, aplicada à neuropatia diabética, é a da aldose redutase, enzima que converte a glicose em sorbitol no interior das células. O acúmulo de sorbitol pode ter duas consequências deletérias: o aumento da osmolaridade celular, fazendo a célula inchar, e a depleção do mioinositol celular, substância importante para o seu metabolismo e função. • Outros efeitos deletérios que a hiperglicemia de longa data pode causar são o espessamento da membrana basal capilar, proliferação endotelial, aumento dos níveis de diacilglicerol dentro das células, entre outros • É a principal causa de cegueira em pessoas com idade entre 20 e 74 anos • Após 20 anos de doença, mais de 90% dos diabéticos com o tipo 1 e 60% daqueles com o tipo 2 apresentarão algum grau de retinopatia • Em diabéticos tipo 1 os sintomas ou diagnóstico é após 3 a 5 anos. No DM2 já no momento do diagnóstico, 20% poderão ter sintomas • Encaminhar o paciente ao oftalmologista 1x ao ano PATOGÊNESE o São tecidos mais vulneráveis o Na retina a hiperglicemia crônica causa microangiopastia (espessamento da membrana basal do capilar ) → Oclusão capilar → Hipóxia → Quebra da barreita hematorretiniana + Aumento da permeabilidade vascular → Hemorragias, Exudatos, Edema de mácula → Fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF): angiogênese o O edema de mácula (nitidez da visão) geralmente é a principal causa de cegueira em diabéticos o A retinopatia causa cegueira pelo deslocamento da retina pelo peso dos vasos o Na microcirculação da retina, a hiperglicemia pode contribuir para a perda de pericitos (células de reserva). A perda dessas células, associada à perda de adesão entre as células endoteliais, parece contribuir para a formação de microaneurismas. Essas condições favorecem o desenvolvimento de edema. Ocorre ainda expansão de zonas avasculares entre os capilares que, associadas aos distúrbios da autorregulação vascular, modificam o aporte sanguíneo, levando à instalação de áreas de hipóxia crônica, que, em última análise, contribuem para a proliferação vascular observada na retina. LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA FATORES DE RISCO o Controle glicêmico ruim o Duração do diabetes: ▪ DM1: não ocorre nos primeiros 5 anos de diagnóstico. Depois de 10 a 15 anos, 25 a 50% dos pacientes vão apresentar algum grau de retinopatia e atinge aproximadamente 100% após 30 anos de doença ▪ DM2: 23% tem retinopatia não proliferativa após 11 a 13 anos e 60% após 16 anos de doença o Hipertensão: ▪ Fator de risco independente ▪ Evolução para retinopatia proliferativa o Insulinoterapia, presença de nefropatia diabética, puberdade, gravidez e dislipidemia o Uveites, cirurgia de catarata, doença oclusiva vascular, glaucoma e miopia (esses dois últimos parecem ter efeito protetor) RD NÃO PROLIFERATIVA OU RETINOPATIA DE FUNDO o Forma mais frequente o A lesão inicial ocorre no endotélio da microvasculatura retiniana o A parede vascular torna-se frágil, levando à formação dos microaneurismas (vistos na fundoscopia como pequenos pontos vermelhos. O aumento da permeabilidade vascular permite o extravasamento de material proteináceo e lipídico em alguns pontos, levando ao aparecimento dos exsudatos duros LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA o O aumento da permeabilidade vascular permite o extravasamento de material proteináceo e lipídico em alguns pontos, levando ao aparecimento dos exsudatos duros o As hemorragias intrarretinianas em chama de vela são decorrentes da rotura de vasos adjacentes à obstrução. Podem surgir pontos de isquemia retiniana, aparecendo como manchas algodonosas. A fragilidade venular leva à formação das chamadas “veias em rosário” o RD não proliferativa leve: microaneurismas ± exsudatos duros ± pequenas e esparsas hemorragias intrarretinianas em chama de vela o RD não proliferativa moderada: mais que a RD leve e menos que a RD grave (ex.: exsudatos algodonosos, hemorragias intrarretinianas numerosas, veias em rosário em um quadrante). A visão do paciente costuma ser poupada nesta fase, a não ser que as lesões ocupem a mácula (maculopatia diabética) o RD não proliferativa grave (pré-proliferativa): marcada por múltiplas lesões isquêmicas na retina. Há mais de 20 hemorragias intrarretinianas emcada um dos quatro quadrantes, e/ou veias em rosário em pelo menos dois quadrantes, e/ou alterações microvasculares intrarretinianas (IRMA) proeminentes em pelo menos um quadrante. A chance da RD não proliferativa grave evoluir para RD proliferativa em um ano é de 50%. É decorrente do agravamento da isquemia retiniana, que deriva da oclusão de capilares e de arteríolas. aparecimento de alterações venosas marcantes, agrupamentos de hemorragias, exsudatos moles ou algodonosos e extensas áreas de má perfusão capilar, vistas apenas por angiografia (mas não são específicos da RD) RD PROLIFERATIVA o Tipo mais grave e ameaçador de RD o Devido à isquemia retiniana difusa e acentuada, são produzidos fatores locais de crescimento vascular, promovendo uma angiogênese descontrolada o Com o passar dos anos, o tecido neovascularizado evolui para fibrose e retração. Como a retina está ancorada ao vítreo, o resultado é o descolamento de retina do tipo tração. Se este ocorrer na região da mácula, leva à amaurose. Outra complicação grave pode ser o rompimento dos neovasos, produzindo hemorragia vítrea. A perda de visão ocorre quando a hemorragia atinge o eixo visual. A formação e a fibrose dos neovasos na íris provocam glaucoma agudo MACULOPATIA DIABÉTICA o É um edema macular reversível (causa mais comum de sintoma visual no diabético), múltiplos exsudatos duros em volta da fóvea ou ainda pela maculopatia isquêmica o É a principal causa de perda da visão central em diabéticos CLÍNICA LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA o A maioria dos pacientes com retinopatia diabética não tem queixas visuais e pode ser assintomática mesmo na presença de lesões proliferativas ou edema de macula muito significativo o É um diagnóstico de exclusão o Presença de sintomas e/ou sinais de disfunção dos nervos periféricos em indivíduos com DM, após a exclusão de outras causas o Afeta 50% dos portadores de DM2 e me menor proporção os DM1 o 50% dos casos de neuropatia diabética periferica crônica são assintomáticos tem maior risco de ulceração o 85% das amputações são precedidas por uma ulcera no pé o Perda de sensibilidade protetora: dor neuropática o Disfunção dos nervos periféricos o Risco maior de machucar o pé, porque não vai sentir uma pedra por exemplo ou um chão quente. Isso é diferente da dor neuropática (formigamento ou queimação a noite e melhora com a movimentação é o clássico) PATOGÊNESE o Os nervos são nutridos pelos microvasos vasovasoro e o diabetes é uma doença que afeta os vasos, o que diminui a nutrição do nervo o Os efeitos metabólicos da hiperglicemia crônica e as consequencias da isquemia nos nervos periféricos são, provavelmente, os dois mecanismos fundamentais que levam a dano e disfunção neuroaxônica CLASSIFICAÇÃO o POLINEUROPATIA SENSORIOMOTORA CRÔNICA:▪ É irreversível, mas quanto mais cuida é menor a progressão ▪ O padrão é bota em luva e começa dos pés para cima ▪ Caráter insidioso ▪ Comprometimento simétrico e distal; sensitivo e motor ▪ Subdiagnosticada ▪ 50% tem sintomas neuropáticos e 50% são assintomáticos ▪ Os nervos mais longos são comumente comprometidos (evolução no sentido distal-proximal) ▪ Clássica distribuição em bota e luva (pés e pernas e mãos) e relativamente rara e é observada em casos mais graves ▪ As fibras motoras são atingidas em estágios avançados, com hipotrofia dos músculos interósseos dos pés e das mãos ▪ Sinal da prece: acometimento de fibras grossas pela rigidez das articulações, com perda propriocepção LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA ▪ Dor neuropática: surge em repouso, melhora com os movimentos e as atividades, tem exacerbação a noite ▪ O rastreamento anual a partir de 5 anos de dx para DM1 e ao diagnostico em casos de DM2 ▪ Diagnóstico de exclusão de outras causas de neuropatia periférica: alcoolismo, deficiência de vitamina B12, hipotireoidismo, AIDS, hanseníase, porfiria e malignidades o NEUROPATIA AUTONÔMICA (SNA) CARDIOVASCULAR: ▪ Contribui para a elevada mortalidade em pacientes diabéticos em função principalmente de arritmias, infartos silenciosos e morte súbita ▪ O paciente infarta sem sentir a dor ▪ Obstrução de coronárias é muito comum EXAME DO PÉ DE RISCO o Pesquisa da perda da sensibilidade protetora o Sempre palpar pulsos: doença arterial periférica (encaminhar para vascular) o Pino ou palito descartável: tem que diferenciar se tocou a ponta fina ou a romba; dor profunda, pinprick o Martelo: reflexo aquileu o Monifilamento 10g + 1 dos testes neurológicos: assim que ele dobra o examinador tira e o paciente tem que ter a capacidade de sentir com o olho fechado. Busca os pontos em azul preferencialmente o O diapasão 128 Hz (vibração) é colocado no hálux e pede ao paciente que diga quando sente parar de vibrar. Se tiver diminuída ele vai dizer que parou e ainda está vibrando na mão do examinador, se estiver ausente ele não vai sentir vibrar em momento nenhum TRATAMENTO o Controle metabólico o Exclusão de outras causas o Neuropatia dolorosa: LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA ▪ ADT: Os possíveis mecanismos de alivio da dor pelos ADT incluem a inibição da norepinefrina e/ou recaptação da serotonina nas sinapses centrais de sistemas de controle descendente da dor. A titulação baseia-se na resposta clínica e na tolerabilidade aos EA (boca seca, sonolencia, tontura, aumento da pressão ocular), atentando-se para o prolongamento do intervalo QT, a contraindicação em NAC particularmente em pacientes com angina instável, IAM, insuficiência cardíaca, histórico de arritmias e alterações da condução. ▪ Neste grupo estão duloxetina e venlafaxina, que atuam na recaptação de ambas, serotonina e norepinefrina, nas vias descendentes que conduzem os impulsos da dor. Os efeitos colaterais mais frequentes da duloxetina incluem náuseas, sonolência, tonturas, constipação intestinal, boca seca e diminuição do apetite, geralmente moderados e transitórios ▪ Gabapentina (comp. 300, 400 e 600 mg) esta estruturalmente relacionada com o ácido aminobutirico (GABA), um neurotransmissor envolvido na modulação de sinais de dor. Ela se liga a subunidade alfa-2-delta de canais de cálcio, reduzindo o seu fluxo, o que resulta em menor liberação do neurotransmissor no neurônio pré-sináptico. As evidencias que apoiam um efeito favorável na neuropatia dolorosa são mais solidas com pregabalina do que com gabapentina; ademais, a titulação da dose e consideravelmente mais fácil com a primeira. • Infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos moles associados a alterações neurológicas e vários graus de doença arterial periférica (DAP) nos MMII • Apenas 2/3 irão cicatrizar e até 28% resultarão em algum tipo de amputação • Anualmente 1 milhão de pessoas com DM perde uma parte da perna em todo mundo, sendo 3 amputações por minuto • Ulcera é o primeiro passo para uma série de complicações ruins, pela dificuldade de cicatrização e tendencia a amputação • Exame do pé de risco é anual ou se for a primeira vez na consulta FATORES INTRÍNSECOS o Perda da sensibilidade a dor, temperatura, percepção de pressão plantar e propriocepção o Comprometimento motor: deformidades nos pés (dedos em garra, dedos sobrepostos, neuro-osteoartropatia de Charcot), fraqueza muscular e posterior atrofia o Pé seco/Anidrose: a pele grossa que fica não é funcional e não protege, podendo entrar bactérias e fungos → Rachaduras e fissuras que podem levar a ulcera o Doença arterial periférica o Perda da propriocepção: não tem a percepção da posição, exemplo é mexer o hálux e ele não sabe se está para cima ou para baixo o Não pode mexer nos calos nem secar e cortar o Micoses por pele mal enxuta LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA FATORES EXTRÍNSECOS o Calçados inadequados o Caminhar descalço o Calosidades o Micoses interdigitais o Objetos dentro dos sapatos TRATAMENTO DAS ÚLCERAS o Estado geral (controle metabólico e nutricional) o Desbridamento tira a área desvitalizada, permitindo que forme tecido de granulação para fechar a ulcera o Intervenção cirúrgica: ulceras grandes, com bastante tecido necrótico infectado (pode favorecer a disseminação da infecção) o Estruturas tendíneas e ósseas o Antibioticoterapia o A úlcera pode ser por pressão diferente no pé, o auxilio do gesso é para pisar de forma uniforme e a ajudar na cicatrização LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA ORIENTAÇÕES o Não andar descalço o Não colocar os pés de molho em água quente nem usar compressas quentes o Cortar as unhas de forma reta o Não usar calçados apertados, de bico fino, com sola dura ou tiras entre os dedos o Não usar remédios para calos nem corta-los com qualquer objeto. Calos devem ser tratados por um profissional de saúde o Não usar cremes hidratantes entre os dedos o Inspecionar o interior dos calçados antes de usa-los o Apenas usar os sapatos com meias sem costura, brancas e troca-las diariamente o Usar meias com costura para fora ou de preferencia sem costura o Examinar os pés diariamente e procurar um serviço de saúde quando perceber bolhas, feridas, inchaços ou mudança na cor o Os pés do diabético devem ser examinados regularmente por um profissional de saúde • A primeira causa da dialise no Brasil é a diabetes • A DRD comete 20 a 40% dos pacientes com DM1 e, pelo menos, 1/3 daqueles com DM2 • O comprometimento renal decorrente do diabetes mellitus dá-se no glomérulo. A glomerulopati diabética é um importante fator contribuinte para a morbimortalidade desses pacientes • Geralmente se apresenta ao médico com proteinúria manifesta no exame de urina convencional (EAS) ou mais de 300 mg na urina de 24h • Os pacientes costumam ser assintomáticos do ponto de vista renal, porém, já possuem uma glomerulopatia avançada que leva ao estado de rins terminais em menos de sete anos FISIOPATOLOGIA o Hemodinâmica glomerular: dilatação da arteríola aferente + vasoconstrição da arteríola eferente = aumento da pressão glomerular + espessamento da membrana basal glomerular = deposição homogênea, nodular ou difusa de colágeno gerando esclerose intercapilar difusa ou esclerose intercapilar nodular da matriz mesangial (Lesão de Kimmelstiel-Wilson) o Lesão de Kimmelstiel-Wilson é patognomocia de nefropatia diabética associada a expansão do mesangio e ao espessamento da membrana basal. Mas a mais comum é a forma difusa, a glomeruloesclerose o Teoria hemodinâmica: aumento da taxa de filtração glomerular com um preço a ser cobrado na saúde maispara frente DIAGNÓSTICO o O rastreamento deve ser iniciado logo ao diagnostico do DM nos pacientes com DM2 e após 5 anos do início no DM1 (puberdade ou com DM1 persistente descompensado – antes) o Albuminúria: ▪ Medida de albumina em amostra isolada de urina: acurácia diagnóstica e facilidade de coleta ▪ Todo teste de albuminúria anormal deve ser confirmado com duas de três amostras devido a variabilidade diária da albuminúria LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA ▪ Precisa de 2 ou 3 alterados para fechar o diagnostico ▪ Falsos positivos: exercício durante o período de coleta, febre, insuficiência cardíaca, hiperglicemia grave e hipertensão arterial não controlada ▪ Solicito microalbuminúria (amostra isolada): no pedido do exame ▪ Relação entre albumina e creatinina entre 30 e 300 é microalbuminúria, conhecido como nefropatia incipiente. Acima de 300 é macro ▪ O paciente precisa está controlado para solicitar, se não pode vim um falso positivo. Por exemplo, glicada de 10 não pede, espera abaixar e controlar para pedir o Taxa de filtração glomerular (TFG): ▪ A equação de Cockcroft-Gault é pouco acurada e não deve ser usada: [(140 – Idade) X peso/(72XCreatinina) X 0,85(se mulher)] ▪ Deve ser estimada por meio de equações que empreguem a creatinina sérica e sejam ajustadas para idade, gênero e etnia (colocar outra pela miscigenação brasileira no app): MDRD e CKD-EPI ▪ Ajuste das doses de antidiabéticos orais com a função renal, principalmente a metformina porque a maioria dos pacientes usam DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL o Quando desconfiar de outros diagnósticos deve encaminhar para avaliação adicional do nefrologista ▪ Inicio de proteinúria em pacientes com duração do SM inferior a 5 anos (DM1) ▪ Inicio da proteinúria abrupto e rapidamente progressivo ▪ Alterações no sedimento urinário: cilindros hemáticos, leucocitário e acantócitos ▪ Manifestações clínicas de outra doença sistêmica ▪ Ausência de retinopatia e neuropatia em pacientes com DM1 (retinopatia precede) → O paciente DM1 primeiro tem retinopatia para depois a nefropatia TRATAMENTO o Controle glicêmico rígido: a grande importância do bom controle glicêmico na prevenção da ND está bem estabelecida ▪ O controle glicêmico rígido reduz a progressão da microalbuminúria para a fase de proteinúria franca, porém não tem efeito depois de instalada a proteinúria manifesta o Controle da pressão arterial com uso preferencial dos IECA (captopril, enalapril, lisinopril) ou dos antagonistas da angio II (losartan, ibesartan, candesartan): ▪ Na maioria das vezes é necessário associar outros anti-hipertensivos, como betabloqueadores, tiazídicos, antagonistas do cálcio, para se atingir a qualquer preço a pressão-alvo ▪ Atualmente os IECA estão indicados em todos os pacientes diabéticos com microalbuminúria ou proteinúria, mesmo na ausência de hipertensão arterial sistêmica! ▪ O uso de IECA ou BRA é recomendado para todos os pacientes com aumento da albuminúria (micro e macroalbuminúricos), independentemente de valores de PA ▪ Creatinina e potássio séricos devem ser avaliados em 1 mês após o inicio do uso de IECA ou BRA ▪ Não se recomenda o uso de IECA em associação com BRA no tratamento da DRC do diabetes LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA • Cetoacidose diabética (CAD) e Estado Hiperosmolar hiperglicêmico (EHH) são duas complicações graves, associadas ao diabetes mellitus, que diferem entre si de acordo com a presença de cetoácidos (deficiência absoluta ou relativa de insulina) e com o grau de hiperglicemia • CAD: sintoma de apresentação em 20 a 34% das crianças e adolescentes e cerva de 15 a 20% dos adultos com DM1 • CAD ocorre prioritariamente no DM1 e no DM2 em infecções graves, infarto, IAM e AVC. • EHH manifesta-se quase que exclusivamente no DM2 (idosos) • A CAD e EHH continuam a ser importantes causas de morbimortalidade, apesar dos grandes avanços na compreensão da sua patogênese e de tratamento • Cetoacidose: criança, adolescente ou adulto jovem com hálito cetonico, desidratado, com dor abdominal (desidratação do mesentério) • EHH: idoso em casa de repouso ou asilo que não consegue pedir água de acordo com a sede com ou sem fator desencadeante, a glicemia começa a subir e sai na urina iniciando a desidratação, ocorrendo rebaixamento de consciência pela hipo-osmolaridade sérica • Complicação mais frequente do tratamento do DM e a causa mais comum de coma nesses pacientes • Valor de glicose < 50-54 mg/dl • Deve-se pensar em hipoglicemia em todo paciente que dê entrada em um serviço de emergência em coma sem causa evidente, principalmente se for diabético ou houver suspeita de etilismo. FATORES DE RISCO o Omissão ou atraso das refeições o Sobredose de insulina ou hipoglicemiante oral o Excesso de álcool o Variação na absorção de insulina o Exercícios prolongados o Uso de drogas que prejudicam o reconhecimento da hipoglicemia o Mecanismo defeituoso de contrarregulação hormonal o Insuficiência renal ou suprarrenal o Hipotireoidismo o Síndrome de má absorção intestinal o Uso ao mesmo tempo de glibenclamida e um antibiótico da classe das quinolonas, especialmente, o gatifloxacina o Presença de HbA1C < 7% TRATAMENTO o A conduta na suspeita clínica de hipoglicemia grave é a imediata coleta de sangue para avaliação da glicemia seguida da administração de 25 a 50 g de glicose intravenosa (50 a 100 ml de glicose a 50%), enquanto se aguarda o resultado. Sempre que houver a possibilidade de associação com etilismo crônico ou desnutrição, a administração de glicose deverá ser precedida pela aplicação intramuscular – ou intravenosa lenta – de 100 mg de tiamina ou 5-10 ampolas de complexo B, para prevenção do desenvolvimento de encefalopatia de Wernicke o Pacientes conscientes com sintomas de hipoglicemia devem ingerir alimento contendo açúcar. Para pacientes inconscientes, que apresentam hipoglicemia em ambiente extra- LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA hospitalar, um acompanhante (familiar, amigo etc.) pode aplicar glucagon IM ou SC (1 mg para adultos e 0,5mg para crianças), caso disponível, que costuma restaurar a consciência do paciente em 10-15 minutos o Poderá ocorrer nova queda após utilização da dose de glicose oferecida. Nestes casos deve- se manter uma infusão contínua de glicose (soro glicosado a 10%) e estreita monitoração da glicemia por, pelo menos, 24 horas. • Complicação mais grave do DM tipo 1 • É uma exacerbação do que ocorre normalmente no jejum • Achados clínicos (tríade): hiperglicemia, cetonemia e acidose metabólica com ânion- gap elevado • As infecções (pneumonia, ITU, gastroenterite etc.) compõem a causa mais comum de cetoacidose diabética em diabéticos tipo 1! • As causas desencadeantes mais frequentes são: infecções, omissão ou uso inadequado da insulina, diabetes de início recente entre outras. Em pacientes mais idosos, sempre devemos lembrar do infarto agudo do miocárdio como fator precipitante, principalmente porque esses pacientes muitas vezes apresentam infartos silenciosos. • Algumas medicações que podem desencadear cetoacidose são: glicocorticoides, inibidores da protease, tiazídicos, betabloqueadores, agentes simpaticomiméticos, antipsicóticos atípicos (entre eles, olanzapina e clozapina) • Sinais e sintomas: poliuria, polidipsia ou polifagia, associados a astenia e perda ponderal, principalmente nos dias anteriores a instalação do quadro. Náuseas, vômitos, dor abdominal. Paciente hipo-hidratado, taquicardico e hiperventilando (respiração de Kussmaul) • Laboratoriais: leucocitose com ou sem DE, normocalemia, hipercalemia, ureia e creatinina podem elevar (desidratação), hiponatremia • Diagnóstico:presença de hiperglicemia, acidose metabólica e cetonemia ou cetonúria significativa CONDUTA o Reposição volêmica vigorosa ▪ Deve ser prontamente iniciada, pois é a medida isolada de maior impacto no tratamento da cetoacidose ▪ Repor o deficit de água, manter a pressão arterial, reduzir os níveis de glicemia e melhorar a perfusão tissular e renal, o que contribui para a reversão da acidose ▪ A solução de escolha é a salina isotônica (SF a 0,9%), com um volume na primeira hora em torno de 1.000 ml. Cautela com RL nesse momento! → Após a 1ª hora dosar sódio sérico que deve ser corrigido pela hiperglicemia, se tiver corrigido ou elevado (> 150 mEq/l) a reposição deve continuar com salina a 0,45%; se baixo a reposição continua sendo soro fisiológico 0,9% → Ajustar a velocidade de reposição para 4- 14 ml/kg/h (200 a 800 ml/h) ▪ Em crianças e adolescentes, a reposição hídrica inicial deve ser em média de 20 ml/kg rápido, para a estabilidade circulatória, podendo ser repetida caso persista o choque ▪ Quando a glicemia atinge 250 mg/dl, a reposição de fluidos deve ser feita com solução glicosada a 5% e com NaCl a 0,45%. A infusão deve variar entre 150-250 ml/h, mantendo-se a glicemia entre 150-200 mg/dl. o Insulinoterapia: ▪ Só será eficaz se as medidas para restabelecimento da volemia estiverem em curso ▪ Deve ser realizada, inicialmente, uma dose de ataque de insulina regular intravenosa (0,1 a 0,15 U/kg) para sensibilizar os receptores insulínicos, seguida de infusão LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA venosa contínua de 0,1 U/kg/h. O objetivo é uma queda média da glicemia de 50 a 75 mg/dl/h. A dose da infusão deve ser dobrada caso esta queda não ocorra ▪ Na presença de hipocalemia (K < 3,3), a insulina não deve ser iniciada ▪ Quando a glicemia atinge valores = 200- 250 mg/dl, a infusão de insulina deve ser diminuída (0,02-0,05U/kg/h) e SG 5% deve ser adicionado à hidratação o Reposição de potássio e fosfato ▪ A reposição de potássio pode ser iniciada caso os níveis séricos estejam < 5 mEq/l, na presença de um fluxo urinário adequado • Para que ocorra é necessária a presença de hiperglicemia e ingesta de líquidos inadequadamente baixa • O fator precipitante mais comum é infeccioso • Só se desenvolve naqueles pacientes cujo mecanismo da sede (ou o acesso a fluidos) está prejudicado • Sinais clínicos de desidratação intensa estão geralmente presentes. Hipotensão e oligúria são manifestações de hipovolemia importante, com perda de 20 a 40% da água corporal total. Infecção respiratória ou de outro sítio pode ser evidenciada pelo exame físico cuidadoso. Distensão e dor abdominal com náusea e vômitos são comuns devido à gastroparesia ocasionada pelo estado de hiperosmolaridade • Diagnóstico: glicose plasmática > 600 mg/dl; pH arterial > 7,3; HCO3 > 18; e osmolaridade plasmática efetiva > 320 mOsm/kg • A glicemia atinge niveis mais elevados que na CAD, podendo chegar a 2000 mg/dl, assim como sódio e ureia costumam ser mais altos CONDUTA o A insulinoterapia só deve ser instituída após generosa reposição hídrica. Aqui é obrigatório o uso da insulina regular IV em bomba de infusão o Após infusão de 1 a 2 litros nas duas primeiras horas, deve-se substituir a solução por salina hipotônica (salina a 0,45%), com um volume total de 6 a 8 litros nas doze horas restantes. Com a hidratação em curso inicia-se insulinoterapia venosa contínua o Nas primeiras 24 horas a glicemia deve ser mantida acima de 250 mg/dl. A velocidade de queda da glicemia não deve ser maior que 50- 70 mg/dl o Antibioticoterapia deve ser iniciada imediatamente após a obtenção de culturas, quando o quadro clínico sugerir infecção. o A profilaxia da doença tromboembólica com baixas doses de heparina subcutânea é mandatória • A CAD evolui rapidamente dentro de poucas horas após o evento precipitante ▪ Desidratação, aumento da FC, hipotensão e choque ▪ Respiração de Kussmaul: aumento da paCO2 estimula os centros respiratórios ▪ Hálito cetônico, náuseas, vomito e dor abdominal (cetoseXafecção abdominal) • EHH: desenvolvimento insidioso e se manifesta em dias a semanas, sem acidose, sem taquipneia, maior grau de desidratação e maior déficit sensorial LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA • Leucocitose com DE: 10000 a 15000/mm³ ▪ DE: liberação de formas jovens na circulação ▪ Pelo aumento de catecolaminas, cortisol e citocinas pró-inflamatórias • Os níveis de sódio geralmente estão normais ou baixos ▪ Níveis altos sugerem grau maior de desidratação ▪ O sódio deve ser corrigido pela glicemia • Potássio: ▪ Íon intracelular, precisa está dentro da célula. Pelo equilíbrio celular, se entra algo positivo, precisa que algo positivo saia também (H+), gerando acidose ▪ Potássio elevado é um falso elevado porque ele foi expulso da célula ▪ Na acidose é normal ter potássio baixo ▪ Insulina tem ação direta de colocar potássio para dentro da célula, paciente pode fazer hipocalemia severa ▪ Não fazer insulina antes de checar potássio, porque pode ficar mais baixo ainda ▪ TTO: ↓K+ → Ação direta da insulina e diminuição da acidose, hidratação ▪ Gasometria venosa (acompanhar bicarbonato) → Não fazer bicarbonato de forma aleatória • Se potássio baixo (<3), precisa hidratar e fazer potássio antes da insulina • Se potássio normal precisa fazer potássio também, mas menos que quando o potássio está baixo • Tem que esperar o potássio sair, enquanto isso hidrata sem contraindicação, porque o paciente está seco • Insulina endovenosa em bomba → Insulina regular (dura 2 a 4 minutos na circulação, se desligar a bomba nesse tempo já não tem mais insulina) 0,1U/kg/hora • Sair da acidose é diferente de resolver a hiperglicemia. Hiperglicemia resolve antes da acidose! • Desliga a bomba de insulina quando: LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA
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