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BIO L O G I A M o r f o a n a t o m i a v e g e t a l P r o f . G e o r g e S i d n e y B a r a c h o P r o f . V i c t o r P e ç a n h a d e M i r a n d a C o e l h o l P r o f . G i l b e r t o D i a s A l v e s P r o f a . R e j a n e M a g a l h ã e s d e M e n d o n ç a P i m e n t e l 2a edição | Nead - UPE 2013 Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife Baracho, George Sidney Biologia: morfoanatomia vegetal/ George Sidney Baracho; Victor Peçanha de Miranda Coelho; Gilberto Dias Alves; Rejane Magalhães de Mendonça Pimentel. – Recife: UPE/NEAD, 2011. 60 p. 1. Anatomia Vegetal 2. Morfologia Vegetal 3. Educação à Distância I. Universidade de Pernambuco, Núcleo de Educação à Distância II. Título CDD – 17ed. – 574.4 Claudia Henriques – CRB4/1600 BFOP-117/2011 B223b UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE Reitor Prof. Carlos Fernando de Araújo Calado Vice-Reitor Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque Pró-Reitor Administrativo Prof. Maria Rozangela Ferreira Silva Pró-Reitor de Planejamento Prof. Béda Barkokébas Jr. Pró-Reitor de Graduação Profa. Izabel Christina de Avelar Silva Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Viviane Colares Soares de Andrade Amorim Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional e Extensão Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque NEAD - NÚCLEO DE ESTUDO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Coordenador Geral Prof. Renato Medeiros de Moraes Coordenador Adjunto Prof. Walmir Soares da Silva Júnior Assessora da Coordenação Geral Profa. Waldete Arantes Coordenação de Curso Prof. José Souza Barros Coordenação Pedagógica Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima Coordenação de Revisão Gramatical Profa. Angela Maria Borges Cavalcanti Profa. Eveline Mendes Costa Lopes Profa. Geruza Viana da Silva Gerente de Projetos Profa. Patrícia Lídia do Couto Soares Lopes Administração do Ambiente José Alexandro Viana Fonseca Coordenação de Design e Produção Prof. Marcos Leite Equipe de Design Anita Sousa/ Gabriela Castro/Renata Moraes/ Rodrigo Sotero Coordenação de Suporte Afonso Bione/ Wilma Sali Prof. José Lopes Ferreira Júnior/ Valquíria de Oliveira Leal Edição 2013 Impresso no Brasil Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro Recife / PE - CEP. 50103-010 Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664 c a p ít u lo 1 5 Prof. George Sidney Baracho Carga horária I 10 h Prof. Victor Peçanha de Miranda Coelho Prof. Gilberto Dias Alves Profa.Rejane Magalhães de Mendonça Pimentel Morfologia ExtErna da raiz do CaulE oBJEtiVoS ESPECÍfiCoS • Conceituar os principais termos morfológi- cos em raiz e caule; • Reconhecer os principais termos morfoló- gicos da raiz e do caule; • Reconhecer seus principais termos morfo- lógicos; • Desenvolver atividades que envolvam a apreensão do conhecimento sobre a mor- fologia externa da raiz e do caule; • Pesquisar na Internet temas de interesse na Morfologia Vegetal; • Refletir criticamente, de forma interdis- ciplinar. introduÇÃo A raiz é o órgão da planta que tipicamente se encontra abaixo da superfície do solo. Tem duas funções principais: (i) fixação e sustentação da planta ao solo e (ii) absorção, condução e reserva de água, nu- trientes (e.g. açúcares) e substâncias mine- rais (e.g. potássio, fósforo). Algumas vezes, atua também na aeração da planta. Para fixar e sustentar a planta ao solo, a c a p ít u lo 1 6 raiz desenvolve-se numa série de ramificações ou feixes em um conjunto chamado de sistema radicular. As raízes são estruturas geralmente aclorofila- das e subterrâneas (geotropismo positivo), não segmentadas em nós e entrenós, desprovidas de folhas e gemas, com uma organização apa- rentemente bastante simples, ou seja, apre- sentando uma coifa ou caliptra, uma espécie de capuz de células estratificadas, que protege o ápice meristemático e confere resistência ao solo durante o crescimento da raiz. À medida que a raiz cresce, o tecido se diferen- cia e se divide, formando três zonas distintas: (i) lisa, de crescimento ou de distensão, onde ocorre a multiplicação (zona meristemática e de divisões celulares) e o desenvolvimen- to (zona de alongamento, divisões celula- res mais raras) celular, promovendo o cres- cimento da raiz; (ii) pilífera, zona de tecidos diferenciados, onde ocorre a presença de pêlos (prolon- gamentos das células epidérmicas), que auxiliam na absorção das substâncias e (iii) suberosa ou de ramificação, zona geral- mente suberizada e formadora das radice- las (raízes secundárias). Nos musgos e afins (divisão Bryophyta sen- su lato), por exemplo, as raízes são ausentes, assumindo, no lugar destas, um sistema de pêlos absorventes denominados rizóides. Nas samambaias e afins, as raízes possuem, ape- nas, crescimento primário, determinado pelo meristema apical. Exceto Psilotophyta, todas as criptógamas vasculares da flora atual apre- sentam raízes. Nos vegetais superiores, o sistema radicular assume dois tipos principais: pivotante, típi- ca das eudicotiledôneas, cuja raiz primária é extremamente desenvolvida; e fasciculada, ca- racterística das monocotiledôneas, formado por um feixe de raízes secundárias de espessu- ra e diâmetro semelhantes. O caule, diferente da raiz, é a parte da planta que se situa acima do solo. Compreende nós e entrenós e uma ou mais folhas unidas em cada um desses nós. O caule assim como as folhas são originados a partir de meristemas, tecidos caracterizados pela constante divisão de suas células e que resultam no crescimento da planta. O meristema apical é responsável pela adição de células, que irão promover o crescimento longitudinal do caule, sendo pro- tegido por folhas jovens, que se dobram sobre ele (o meristema). À medida que o meristema vai adicionando células ao corpo primário da planta, resultando no seu crescimento, pri- mórdios de folhas e gemas axilares também são produzidos, os quais se desenvolvem em sistemas caulinares laterais, mais conhecidos como ramos. O caule possui duas funções principais. A pri- meira está associada ao suporte das folhas, flores e frutos, além de diversos outros aces- sórios vegetativos. A segunda está relaciona- da à condução de substâncias nutritivas ou de reserva, tanto aquelas produzidas pelas folhas e distribuídas para sítios específicos do vegetal quanto aquelas extraídas do solo, tais como água e nutrientes minerais e transportadas da raiz para as folhas. O caule apresenta hábitos variados, podendo ser desde herbáceos (não lenhosos), ou seja, apresentando pouco ou nenhum crescimento secundário, como na maioria das monocotile- dôneas, a densamente lenhosos, ou seja, com crescimento secundário bem desenvolvido, como os troncos característicos de muitas eu- dicotiledôneas. Este primeiro capítulo apresenta os principais conceitos relacionados à raiz e ao caule, como parte de uma trilogia de estudos sobre a mor- fologia externa dos órgãos dos vegetais. EStrutura BáSiCa E dESEnVolViMEnto da raiz A primeira estrutura a emergir da semente em germinação é a raiz, fundamental para a plân- tula fixar-se no solo e dele extrair a água e os nutrientes necessários para continuar seu cres- cimento e desenvolvimento. Nesta condição, a raiz possui duas funções iniciais: fixação e absorção. Outras duas funções, associadas a estas, são condução e armazenamento. c a p ít u lo 1 7 Raízes com função de armazenamento são aquelas que atuam como importantes órgãos de reserva e que apresentam um elevado poten- cial econômico, nutritivo e medicinal, tais como cenoura, cará, beterraba, gengibre, ginseng, aipim ou macaxeira, mandioca, batata-doce, nabo, rabanete, rábano, araruta e jacatupé. A primeira raiz da planta, que se origina do embrião, é chamada de raiz primária. Em to- das as plantas com semente, exceto nas mo- nocotiledôneas, a raiz primária é chamada de raiz pivotante.A raiz pivotante, à medida que cresce para baixo do solo, origina ramificações laterais denominadas raízes laterais ou raízes secundárias. Nas monocotiledôneas, a raiz primária é curta, e o sistema radicular deste grupo de plantas é formado por um conjunto de raízes adven- tícias, que se originam da base do caule, tam- bém chamadas de raízes fasciculadas. O ápice de uma raiz, seja ela primária ou se- cundária, pivotante ou fasciculada, é recober- to por uma capa de células parenquimáticas, denominada coifa. À medida que a raiz cresce, a coifa é empurrada, e sua camada mais super- ficial vai se descamando. Tanto o ápice da raiz quanto a coifa são protegidos por uma bai- nha mucilaginosa denominada mucigel, que lubrifica a raiz à medida que esta avança pelo subsolo. Morfologia ExtErna da raiz As raízes podem ser classificadas quanto à ori- gem e ao habitat, com base na sua diversida- de de tipos. A classificação abaixo é didática e está de acordo com Vidal & Vidal (2005). Quanto À origEM a) Normais – raízes que se desenvolvem a partir da radícula do embrião da semente, dando origem à raiz principal e às raízes se- cundárias. São subterrâneas ou aquáticas. b) Adventícias – raízes que não se desenvolvem a partir da radícula do embrião da semente nem a partir da raiz principal. São forma- das a partir das porções aéreas da planta ou porções do caule subterrâneo. Ex.: cin- turas, fúlcreas, grampiformes, sugadoras. Quanto ao HaBitat 1) Aéreas – raízes que se desenvolvem acima do solo e em diferentes partes da planta. Os principais tipos são: a) Cinturas ou estranguladoras – raízes ad- ventícias de plantas epífitas, que envolvem a planta hospedeira, estrangulando-a. Ex.: cipós. Alguns autores preferem separar as raízes do tipo cintura das raízes estrangu- ladoras, visto que estas últimas, de fato, causam danos ao vegetal, enquanto que as primeiras, como as orquídeas, apenas utilizam o vegetal como suporte. b) Grampiformes ou aderentes – raízes ad- ventícias em forma de grampos e que fi- xam a planta a um suporte, seja ele uma outra planta ou não. Ex.: hera. Plantas que apresentam esse tipo de raiz são comu- mente chamadas de trepadeiras. c) Respiratórias ou pneumatóforos – [lat. res- pirare + -torìu, um; gr. pneûma, atos, ‘so- pro’, ‘ar’, ‘gás’ + -phóros, ‘que carrega’, ‘que transporta’] raízes com geotropismo negativo e que funcionam como órgãos de respiração, enviando oxigênio às por- ções submersas, presentes em plantas que vivem em locais alagadiços. Ex.: plantas de mangue (Laguncularia racemosa, Xylo- carpus). Essas raízes apresentam, externa- mente, lenticelas (pequenos orifícios) em toda a sua extensão, denominadas pneu- matódios e, internamente, células de ae- rênquima bem desenvolvidas. d) Sugadoras ou haustórios – [lat. sugere; lat. haustor, oris, ‘o que tira (líquido)’, ‘o que bebe’, + -io, ium] raízes adventícias que se fixam através de estruturas de contato chamadas apressórios, em cujo interior surgem raízes finas, chamadas haustó- rios, que penetram na planta hospedeira, absorvendo a seiva. Ex.: cuscuta, erva-de- -passarinho. Plantas que apresentam este tipo de raiz são comumente chamadas de parasitas. c a p ít u lo 1 8 e) Suportes ou fúlcreas – (lat. supportare; lat. fulcru) raízes adventícias, que surgem na base do caule, crescem em direção ao solo, fixando-se e aprofundando-se, e au- xiliam na sustentação da planta. Ex.: spp. de palmeiras, pândano, milho, plantas de mangue (Rizophora mangle). Alguns auto- res tratam, também, como raízes do tipo escora. f) Tabulares ou sapopemas – (lat. tabulare; tupi, ‘raiz chata’) raízes que se desenvol- vem perpendicularmente ao caule, am- pliando a base deste, formando grandes estruturas semelhantes a tábuas. Ex.: pau d’alho, ficus. Raízes desse tipo con- ferem maior estabilidade à planta e são parcialmente aéreas e parcialmente sub- terrâneas. 2) Subterrâneas (lat. subterraneu) – raízes que se desenvolvem no subsolo. a) Axiais ou pivotantes – (lat. axis; fr. pivo- tant) raízes chamadas principais, bastante desenvolvidas e com diversas ramificações (raízes secundárias, pouco desenvolvidas). São as raízes típicas das gimnospermas e das dicotiledôneas. b) Fasciculadas – (lat. fasciculu) feixes de raízes de tamanho e espessura seme- lhantes. A raiz principal, neste caso, é atrofiada. São as raízes típicas das mo- nocotiledôneas. c) Ramificadas – (lat. med. ramificare) ra- ízes principais, que imediatamente se ramificam em secundárias, estas, em terciárias e assim sucessivamente. Ex.: dicotiledôneas. d) Tuberosas – (lat. tuberosu) raízes dilatadas pela reserva e pelo acúmulo de nutrientes. Podem ser axiais tuberosas (Ex.: cenoura, beterraba, nabo, rabanete), adventícias tu- berosas (Ex.: dália) ou secundárias tubero- sas (Ex.: batata-doce). 3) Aquáticas – raízes que se desenvolvem na água. Ex.: aguapé Morfologia ExtErna do CaulE Um caule típico apresenta as seguintes regiões distintas: • nó – região caulinar, e.g. dilatada, onde se insere uma ou várias folhas; • entrenó – região caulinar entre dois nós, também chamada de meritalo; • gema terminal – região localizada no ápice do caule, formada pelo meristema apical e protegida pelos primórdios foliares; • gema lateral – região localizada nas por- ções laterais do caule, também formada por meristemas que dão origem a ramos laterais foliares ou florais. Os caules, de acordo com sua diversidade, po- dem ser classificados quanto ao habitat, à ra- mificação, ao desenvolvimento, à consistência e à forma. Assim como a raiz, o caule também pode ser aéreo, subterrâneo ou aquático. Caules aéreos, por sua vez, podem ser eretos, rastejantes ou trepadores. Caules eretos são aqueles que apresentam crescimento quase ou totalmente vertical. É o caule que tipicamente ca- racteriza uma árvore. Os tipos mais comuns são: • tronco [l. troncu] – caule lenhoso, resisten- te, cilíndrico ou cônico e ramificado; carac- teriza as árvores e os arbustos. • haste [l. hasta, ‘lança’] – caule liso, típico das plantas herbáceas, fracamente lenho- so e pouco resistente; caracteriza as ervas e os subarbustos. • estipe [l. stipes, ‘estaca, poste’] – caule lon- go, cilíndrico, sem nós e entrenós visíveis, sem ramificações, mantendo tão somente um capitel de folhas largas na extremidade superior; caracteriza o caule das palmeiras, como o coqueiro. • colmo [l. culmus, ‘palha, bengala’] – cau- le silicoso, cilíndrico, com nós e entrenós c a p ít u lo 1 9 bem nítidos, podendo ser cheio ou oco (fistuloso); caracteriza o caule das gramí- neas, como a cana-de-açúcar (caule cheio) ou o bambu (caule fistuloso). • escapo [l. scapu, ‘haste’] – caule não ra- mificado, que sai de rizomas ou bulbos, muito reduzido ou subterrâneo, fazendo com que suas folhas aparentem originar-se diretamente do solo; caracteriza as mono- cotiledôneas ditas ‘acaulescentes’, como as bromélias. • Caules rastejantes são tipos de caules aére- os apoiados e paralelos ao solo, podendo ou não apresentar raízes ao longo do seu desenvolvimento. Caracteriza o caule das Cucurbitaceae, família de plantas eudico- tiledôneas de amplo interesse econômico, alimentício ou medicinal, como a melan- cia, melão, abóbora ou jerimum, pepino, abobrinha e bucha, dentre outros. • Caules trepadores são tipos de caules aé- reos que crescem fixados em suportes e por meio de acessórios, como raízes ad- ventícias (hera ou figo-bravo) ou gavinhas (chuchu, uva, maracujá ou melão-de-são- -caetano). Quando não necessitam de su- portes para fixação, os caules trepadores são ditos volúveis. • Caules subterrâneos, por sua vez, são aqueles que se originam abaixo da superfí- cie do solo. Apresentam os seguintes tipos: rizoma [gr. rhízoma, ‘o que está enraiza- do’] – caule subterrâneo, no todo ou em parte, de crescimento horizontal e que emite folhas ou ramificações aéreas, do- tado de nós, entrenós, gemas e escamas,podendo, ainda, emitir raízes; caracteriza o caule das samambaias e de algumas mo- nocotiledôneas, como a bananeira, bam- bu, espada-de-são-jorge, abacaxi e gengi- bre, dentre várias outras. tubérculo [l. tuberculu ‘pequena protube- rância arredondada’] – caule subterrâneo, globoso ou ovóide, que se enche de subs- tâncias nutritivas de reserva, com gemas nas axilas das escamas ou das cicatrizes; caracteriza a batata-inglesa e o inhame. bulbo [l. bulbus, ‘cebola’] – caule subter- râneo curto, globoso e sem ramificações, formado por um eixo cônico, que constitui o prato (caule), dotado de gema, rodeado por catafilos, e.g. com acúmulo de reser- vas, tendo, na base, raízes fasciculadas. Pode ser sólido ou cheio, com prato mais desenvolvido que folhas, revestido por ca- tafilos semelhantes a uma casca, como o açafrão e a falsa-tiririca; escamoso, com folhas (escamas) imbricadas e mais de- senvolvidas que o prato, como a açucena e o lírio; tunicado, com folhas (túnicas ou escamas) mais desenvolvidas que o prato, mas, as túnicas concêntricas, as internas totalmente protegidas pelas externas, en- volvendo completamente o prato, como a cebola e composto ou bulbilho, apresen- tando um grande número de pequenos bulbos, como o alho. Com relação ao padrão de ramificação, o cau- le pode ser monopodial, simpodial ou em di- cásio. Caule com ramificação monopodial é aquele em que a gema terminal é persistente, ou seja, há predomínio do eixo principal sobre os ramos laterais, como nas gimnospermas. Numa ramificação simpodial, a gema termi- nal é de curta duração, substituída por uma lateral, que passa a ser a principal e assim su- cessivamente. Desse modo, a gema principal atrasa seu crescimento, e uma gema lateral, que cresce mais, coloca-se no eixo da planta, deixando para o lado a primeira, e assim su- cessivamente, como nas árvores em geral. Na ramificação em dicásio, as duas gemas laterais do caule principal crescem mais do que a sua gema terminal, formando ramos, sendo de- pois duas gemas em cada um desses ramos e assim por diante, como nas plantas inferiores. Quanto ao grau de desenvolvimento do caule, as plantas são caracterizadas como ervas, pou- co desenvolvidas e consistentes; subarbustos, com até 1 m de altura, e.g. herbácea, porém, com base lenhosa; arbustos, com tamanho in- ferior a 3 m de altura, porém resistente e le- nhoso na porção basal e tenro e suculento na porção superior; arvoretas, com mesma arqui- tetura que uma árvore, porém com tamanho inferior; árvores, de grande tamanho, superior a 5 m de altura e com alto grau de lenhosidade no tronco e ramos e lianas, cipós trepadores com vários metros de comprimento. c a p ít u lo 1 10 Quanto à consistência, o caule pode ser her- báceo, com consistência de erva e sem lenho- sidade; sublenhoso, com lenhosidade mais evidente na base, sendo tenro e suculento no ápice, como nos subarbustos e arbustos e le- nhoso, bastante consistente, resistente e com alto grau de lenhosidade, o que caracteriza as árvores. Considerando a ampla variação morfológica de caules na natureza, alguns morfotipos mais comuns podem ser caracterizados, tais como cilíndricos (p.ex., palmeiras), cônicos (p.ex., árvores), comprimidos ou achatados (p.ex., cipós, cactos), angulosos (p.ex., gramíneas), sulcados (p.ex., cipós), estriados (p.ex., cactos) e bojudos ou barrigudos (p.ex., palmeiras e baobás). ExErCÍCioS dE aPrEndizagEM 1. Com base no texto acima, responda as se- guintes questões: a) Que caracteres, ditos como diagnósticos, são utilizados para separar raiz de caule? b) Quais as principais funções da raiz? c) Quais as principais regiões ou zonas que podem ser distintas durante o desenvolvi- mento da raiz? d) Defina e diferencie raízes pivotantes e raízes fasciculadas. e) Caracterize as raízes quanto à sua origem. f) Caracterize as raízes quanto ao seu habitat. g) Quais as principais características mor- fológicas externas que podem ser obser- vadas num caule típico e que servem para diferenciá-lo de uma raiz? h) O que são caules eretos? Cite exemplos. i) Rizoma é um órgão vegetal, que eviden- cia um tipo de caule ou de raiz? Justifique. j) Caracterize o caule quanto ao seu padrão de ramificação. l) Quais os morfotipos mais comuns de cau- le presentes na natureza? Cite exemplos. m) Caracterize um caule típico quanto à sua consistência. 2. Acesse o site <http://www.irpaa.org.br/ ebookbr/page9.htm>, leia o texto intitu- lado “O pé de umbu coleta e armazena água” e responda as questões a seguir: a) Identifique as estruturas que são encon- tradas ao cavar o solo abaixo da copa do umbuzeiro. b) Cientificamente, como são denomina- das tais estruturas? c) Qual é a principal função destas estru- turas? d) De que órgão vegetal essas estruturas compreendem tipos particulares? rEfErênCiaS <http://www.consulteme.com.br/media/in- dex.php/Raiz> <http://www.consulteme.com.br/media/in- dex.php/Caule> <http://www.herbario.com.br/cie/universi/me- xcaul.htm> RAVEN, P.H.; EVERT, R.F.; EICHHORN, S.E. Bio- logia vegetal. 7a ed. Rio de Janeiro, RJ: Guana- bara Koogan. 830 p. VIDAL, W.N.; VIDAL, M.R.R. Botânica-organo- grafia: quadros sinóticos ilustrados de faneró- gamos. 4a ed. Viçosa, Minas Gerais: Editora UFV, 2005. 124p. c a p ít u lo 2 11 Morfologia ExtErna da folHa E da flor Prof. George Sidney Baracho Carga horária I 10 h Prof. Victor Peçanha de Miranda Coelho Prof. Gilberto Dias Alves Profa. Rejane Magalhães de Mendonça Pimentel oBJEtiVoS ESPECÍfiCoS • Conceituar os principais termos morfoló- gicos de folha e flor; • Identificar os diferentes tipos morfológi- cos de folha e flor; • Desenvolver atividades que envolvam a apreensão do conhecimento sobre a mor- fologia externa da folha e flor; • Usar a Internet para pesquisar temas de interesse na Morfologia Vegetal; • Refletir criticamente, de forma interdisci- plinar. introduÇÃo A folha é o principal órgão vegetativo presen- te, em quase sua totalidade, tanto nas plantas inferiores, como musgos, samambaias e afins, como nas plantas superiores. As folhas são os apêndices laterais do caule, resultados do de- senvolvimento de primórdios foliares (gemas), espalhados ao longo dessa estrutura. c a p ít u lo 2 12 São as estruturas mais especializadas para a captação da luz e trocas gasosas com a atmos- fera para a realização da fotossíntese e da res- piração. As folhas variam grandemente quanto ao for- mato e apresentam uma diversidade de mor- fotipos que refletem sua arquitetura. Embora, muitas vezes, os morfotipos foliares auxiliem na tradução de uma espécie biológica, eles são utilizados como categorias taxonômicas informais por não serem o equivalente exato da espécie. Isso porque uma única espécie, por exemplo, pode produzir padrões variados de ar- quitetura foliar, ou seja, morfotipos diferentes. A flor é o órgão de reprodução sexuada pre- sente em todas as plantas superiores (faneró- gamas). É um ramo determinado que porta os esporófilos, ou seja, os estames e os carpelos, no caso, das angiospermas. As flores podem estar isoladas e distribuídas ao longo ou nas porções terminais dos ramos da planta, ou então, reunidas em estruturas mais elaboradas denominadas inflorescências. No ciclo de vida das angiospermas, a flor constitui o gametófito, que e.g. apresenta um tamanho muito reduzido, se comparado com todas as demais plantas heterosporadas existentes na natureza. Nas famílias atuais de angiospermas, existe uma enorme variação no número e na disposição das peças que com- põem a flor, estruturas estas imediatamente responsáveis nos processos de polinização, tra- tados mais adiante. A flor, aliás, é a principal mediadora na forte relação existente ‘planta- -animal’. O desenvolvimento das peças florais se dá, de fora para dentro, pelas sépalas (que em con- junto formam o cálice), seguida das pétalas (que em conjunto formam a corola),estames (que em conjunto formam o androceu) e, fi- nalmente, carpelos (que em conjunto formam o gineceu). Sépalas e pétalas compreendem, em conjunto, os verticilos estéreis ou de pro- teção da flor, também chamado de perianto, enquanto os estames e carpelos, em conjunto, compreendem os verticilos férteis ou de repro- dução da flor. Este segundo capítulo apresenta os principais conceitos relacionados à folha e à flor, como parte da trilogia de estudos sobre a morfologia externa dos órgãos dos vegetais. Morfologia ExtErna da folHa tErMinologia BáSiCa É importante que o aluno iniciante, antes de partir para a classificação propriamente dita das folhas, identifique regiões e termos espe- cíficos que são comuns aos diversos morfoti- pos foliares. A terminologia básica adotada aqui segue a descrita pelo Leaf Architecture Working Group (1999): admedial – em direção ao centro da lâmina. ápice – a porção superior da lâmina, corres- pondendo a cerca de 25% da região. apical (ou distal) – em direção ao ápice. área intercostal – região circundada por duas nervuras (ou venações) costais. basal (ou proximal) – em direção à base. base – a porção inferior da lâmina, correspon- dendo a cerca de 25% da região. côncavo – curvatura em direção ao centro da lâmina ou do dente. convexo – curvatura em sentido contrário ao centro da lâmina ou do dente. curso (ou sentido) de nervura (ou venação) – tra- jetória da nervura na lâmina. exmedial – em direção oposta ao centro da lâmina. folíolo – estrutura secundária presente numa folha composta. lâmina (ou limbo) – porção plana e expandida de uma folha ou folíolo. margem – o bordo (ou borda) da lâmina. nervura (ou venação) central – nervura central e primária da lâmina. c a p ít u lo 2 13 nó – local onde a folha é ou foi inserida no ramo do caule. pecíolo – o eixo que se insere na base da lâmi- na e sustenta a folha no caule. peciólulo – o eixo que sustenta o folíolo na ra- que, numa folha composta. raque – o prolongamento do pecíolo de uma folha pinadamente composta na qual os folío- los inserem-se. séssil – a folha ou folíolo ausente de pecíolo ou peciólulo, respectivamente. ConStituiÇÃo BáSiCa E noMEnClatura da folHa Partindo da inserção no nó do caule, uma fo- lha típica apresenta as seguintes porções: pecíolo – haste ou eixo inserido na base da lâ- mina e que sustenta a folha no caule. lâmina – porção principal e bilateral da folha, geralmente verde, também chamada de limbo. Em muitas monocotiledôneas (p.ex., comigo- -ninguém-pode), a porção basal do pecíolo, e que se prende ao caule, é alargada e deno- minada bainha. Em diversas dicotiledôneas (p.ex., papoula), na haste basal do pecíolo, de- senvolvem-se e projetam-se lateralmente dois apêndices laminares denominados estípulas. Com base na presença ou ausência destas por- ções principais ou modificações e acessórios particulares, Vidal & Vidal (2005) descreveram alguns tipos e comportamentos observados nas folhas. Os autores denominaram de fo- lha incompleta aquela em que falta uma das principais porções constituintes, incluindo a bainha e as estípulas. Este termo é relativo, vis- to que a bainha é uma adaptação do pecíolo para melhor se ajustar ao caule assim como as estípulas são acessórios extras de proteção das gemas foliares, o que não significa que uma folha que não apresente bainha ou estípulas seja, necessariamente, uma folha incompleta. A presença ou ausência de pecíolo denomina uma folha peciolada ou folha séssil, respecti- vamente. Uma folha séssil, por sua vez, pode ser am- plexicaule, quando a base da lâmina abraça o caule; perfoliolada, quando as duas metades da base do limbo circundam o caule e soldam- -se entre si; ou adunada, quando duas folhas sésseis, opostas uma à outra, soldam-se por suas bases. Em folhas pecioladas, o pecíolo pode assumir algumas configurações. Assim, um filódio é um pecíolo dilatado e achatado, semelhante à lâmina de uma folha; pecíolo alado é aquele que, como na laranja, apresenta expansões la- terais e peciólulo, como definido anteriormen- te, é o pecíolo dos folíolos das folhas compos- tas. Em alguns casos, a base do pecíolo pode apresentar um pulvino ou pulvínulo, um espes- samento responsável por movimentos (nastias) nas folhas (p.ex., sensitiva). Folhas cuja lâmina é irregularmente perfu- rada são ditas fenestradas e, se apresentam uma bainha extensa e contínua, são ditas in- vaginantes. Folhas invaginantes, cujas bainhas são continuamente e densamente sobrepos- tas umas às outras, podem dar à planta um aspecto falsamente caulinar, conhecido como pseudocaule. Em muitos vegetais, como em muitos pinhei- ros e afins (gimnospermas) ou em jaqueiras (angiospermas), as folhas apresentam um comportamento polimórfico denominado heterofilia ou anisofilia. EStudo da lâMina De acordo com Vidal & Vidal (2005), a lâmina da folha pode ser caracterizada quanto à face, à nervação, à consistência e à superfície. Quanto à face, a lâmina apresenta uma super- fície superior, também chamada de ventral ou adaxial, correspondente à face cujas nervuras são menos salientes, e uma superfície inferior, também chamada de dorsal ou abaxial, cor- respondente à face, cujas nervuras são mais salientes. c a p ít u lo 2 14 Quanto à nervação, as folhas podem ser uni- nérveas, i.é, com uma única nervura (p.ex., cica); paralelinérveas, com nervuras secun- dárias paralelas à principal, como nas mo- nocotiledôneas; peninérveas, com nervuras secundárias dispostas ao longo da principal, como nas dicotiledôneas; palminérveas, com nervuras divergindo em várias direções, po- rém originadas em um único ponto (p.ex., mamoeiro); curvinérveas, com curvas secun- dárias paralelas em relação à principal (p.ex., Plantago) e peltinérveas, cujas nervuras, nas folhas peltadas, irradiam a partir do pecíolo, como na mamoneira. Quanto à consistência, a lâmina pode ser car- nosa ou suculenta, quando possui suculência a partir de reservas de água (p.ex., saião); cori- ácea, cuja textura assemelha-se a couro (p.ex., abacateiro); herbácea, com consistência de erva (p.ex., bredo) e membranácea, cuja con- sistência é flexível. Finalmente, quanto à superfície, a lâmina pode ser glabra, ou seja, desprovida de indumento (pêlos); pilosa, ou seja, provida de indumen- to (pêlos); lisa, com textura não acidental; e rugosa, cuja textura assemelha-se a rugas. As lâminas também podem ser descritas com relação à sua forma, cujos termos são combi- nações de raízes e sufixos gregos e latinos. Os seguintes morfotipos laminares são conceitu- ados no parágrafo seguinte. Para uma melhor compreensão e aprendizado, a origem dos ter- mos, também, é detalhada. acicular [l. acicula(ae), ‘pequena agulha’] – em forma de agulha, fina e pontiaguda (p.ex., araucária). cordiforme [gr. kardia, ‘coração’; l. formae, ‘forma’] – em forma de coração, cuja base é lar- ga, reentrante e com margens arredondadas. deltóide [gr. delta, ‘quarta letra do alfabe- to grego em forma de triângulo equilátero’; eidos, ‘semelhante’] – em forma de delta, também conhecida como triangular (p.ex., cardeal). elíptica [gr. elleiptikós, ‘que contém ou em que há elipse’] – em forma de elipse, cujo compri- mento é duas vezes maior que a largura (p.ex., figo-de-jardim). ensiforme [l. ensis, ‘espada’; formae, ‘forma’] – em forma de espada (ou espatiforme), lon- ga, com margens paralelas e afiladas (p.ex., espada-de-são-jorge). escamiforme [l. squama, ‘escama’; formae, ‘forma’] – em forma de escama (p.ex., cipreste). espatulada [l. spathula, ‘peça chata e larga’, ‘omoplata’; + suf. ada, ‘provido de’] – em for- ma de espátula, de base estreita e ápice mais largo (p.ex., jasmim). falciforme [l. falx, falcis, ‘foice’; formae, ‘for- ma’] – o mesmo que falcada, em forma de lâ- mina de foice, encurvada (p.ex., eucalipto). hastada [l. hasta, ‘lança’; + suf. ada, ‘provido de’] – em forma de seta, de ponta de flecha, com lobos da base laminarvoltados para o lado (p.ex., Mikania). lanceolada [l. lanceolatum, ‘em forma de lan- ça’] – um dos tipos mais comuns de lâmina foliar, em forma de lança, mais larga entre a base e o meio e gradualmente estreitando-se em direção ao ápice (p.ex., mangueira). linear [l. lineare, ‘relativo à linha’] – semelhan- te à lâmina ensiforme devido às margens pa- ralelas ou quase, porém bem mais estreita e comprida, sendo o comprimento bem superior à largura. oblonga [l. oblongu, ‘oblongo’] – semelhante à lâmina elíptica, porém mais longa que larga, com base e ápice obtusos, margens paralelas ou quase e comprimento 3-4 maior que a lar- gura (p.ex., vinca). obovada [l. obovatu, ‘obovado’] – semelhan- te a um “ovo ao contrário”, com ápice lar- go e arredondado e base estreitada e aguda (p.ex., buxo). orbicular [l. orbiculus, ‘em forma de círculo, orbitado como o globo’; + suf. ar, ‘próprio de’] – em forma mais ou menos circular (p.ex., cabomba). c a p ít u lo 2 15 ovada [l. ovatu, ‘ovado’] – em forma de ovo, oval, com base larga, arredondada a levemen- te reentrante e ápice estreitado e agudo (p.ex., papoula). peltada – [gr. pelta, ‘escudo redondo’; + suf. ada, ‘provido de’] – em forma de escudo (ou escutiforme), cujo pecíolo encontra-se inserido na face dorsal da lâmina (p.ex., cabomba). reniforme [l. ren, ‘rim’; formae, ‘forma’] – em forma de rim (nefróide), cuja lâmina é mais lar- ga que longa (p.ex., centela). sagitada [l. sagitta, ‘seta’; + suf. ada, ‘provido de’] – em forma de seta, aquela cuja lâmina assemelha-se à ponta de uma flecha, porém diferente de hastada, com os lobos voltados para baixo (p.ex., comigo-ninguém-pode). subulada [l. subula, ‘sovela’; + suf. ada, ‘provi- do de’] – em forma de ou semelhante à sovela, estreitando-se para o ápice e terminando em ponta fina (p. ex., cebola). Em muitos casos, a margem da lâmina é um caráter determinante e associativo na descri- ção de um táxon. Com relação à margem da lâmina, os seguintes tipos podem ser descritos: aculeada [l. aculeatu, ‘aculeado’] – provida de acúleo, com pontas rígidas e agudas. crenada [l. crena, ‘roda denteada’; + suf. ada, ‘provido de’] – provida de recortes pequenos e sucessivos, regulares ou não, em arcos de círculo. denteada [l. dens, dente, ‘dente’; + suf. ada, ‘provido de’] – provida de dentes, regulares ou não e não inclinados. fendida [l. findere, ‘fazer fenda’; + suf. ida, ‘provido de’] – provida de fendas ou de cortes que chegam próximo ou até a metade do se- milimbo, nas folhas peninérveas, ou do limbo, nas folhas palminérveas; com base no padrão de nervuras, as lâminas deste tipo podem ser pinatifendidas ou palmatifendidas. inteira [l. integru, ‘íntegro, inteiro’] – provida de margem lisa, sem deformações ou divisões. lobada [gr. lobós, ‘expansão arredondada’; + suf. ada, ‘provido de’] – provida de lobos mais ou menos arredondados e inferiores à metade do semilimbo, nas folhas peninérveas, ou do limbo, nas folhas palminérveas; com base no padrão de nervuras, as lâminas desde tipo po- dem ser pinatilobadas ou palmatilobadas. ondulada [l. undulatu, ‘ondulado’] – provida de ondulações, ondeada. partida [l. parte; + suf. ada, ‘provido de’] – provida de partes ou de cortes além da metade do semilimbo, nas folhas peninérveas, ou do limbo, nas folhas palminérveas; com base no padrão de nervuras, as lâminas deste tipo po- dem ser pinatipartidas ou palmatipartidas. sectada [l. sectus, ‘corte’; + suf. ada, ‘provido de’] – provida de cortes que alcançam a nervu- ra mediana, nas folhas peninérveas, ou a base das nervuras, nas folhas palminérveas; com base no padrão de nervuras, as lâminas deste tipo podem ser pinatisectas ou palmatisectas. serreada [l. serra; + suf. ada, ‘provido de’] – provida de dentes semelhantes à serra, inclina- dos para o ápice, serrada. serrilhada [l. serra; + suf. iculu, ‘diminuição’; + suf. ada, ‘provido de’] – provida de dentes diminutos. Assim como a margem, o ápice da lâmina também possui caracteres particulares. Os principais são definidos a seguir. acuminado [l. acumine, ‘ponta aguda e com- prida’; + suf. ado, ‘provido de’] – ápice gra- dualmente estreitado e terminado em ponta, pontiagudo. agudo [l. acutu, ‘em ponta’] – ápice termina- do em ponta aguda, em ângulo agudo, me- nor que 90º; difere de acuminado, por não ser gradualmente estreitado. cuspidado [l. cuspis, ‘cúspide’; + suf. ado, ‘provido de’] – ápice repentinamente termina- do em ponta fina. emarginado [l. emarginatu, ‘sem margem’] – ápice provido de uma pequena chanfradura ou reentrância. c a p ít u lo 2 16 mucronado [l. mucro, ‘ponta, extremidade pontuda’; + suf. ado, ‘provido de’] – ápice provido de mucro, ponta dura e curta; quan- do o mucro é bem reduzido, o ápice é dito mucronulado. obtuso [l. obtuso, ‘rombo’] – ápice terminado em ângulo obtuso, rombo, arredondado. retuso [l. retusu, ‘batido’] – ápice truncado e ligeiramente emarginado, algumas vezes com apículo central. truncado [l. truncatu, ‘separado do tronco’] – ápice que termina por segmento de reta. Quanto à base, caráter laminar associativo igualmente importante na descrição de um táxon, os tipos mais comuns podem ser des- critos: acuneada [l. ad, ‘dar forma’; cuneu, ‘cunha’; + suf. ada, ‘provido de’] – base em forma de cunha, com bordos retos e convergentes; ou- tros sinônimos são empregados, como acu- nheada, cuneada ou cuneiforme. atenuada [l. attenuatu] – base semelhante à acuneada, porém gradualmente mais estreita- da, diminuída, enfraquecida. auriculada [l. auricula, ‘pequena orelha’; + suf. ada, ‘provido de’] – base provida de apêndice ou pequeno lobo, semelhante à orelha. cordada [gr. kardia, ‘coração’; + suf. ada, ‘pro- vido de’] – base reentrante, com lobos arre- dondados. hastada [l. hasta, ‘lança’; + suf. ada, ‘provido de’] – base reentrante, porém com lobos agu- dos e voltados para o lado. oblíqua [l. obliquu, ‘desviado’] – base cujos la- dos formam ângulos adjacentes desiguais. obtusa [l. obtuso, ‘rombo’] – base arredonda- da, terminando em ângulo obtuso. reniforme [l. ren, ‘rim’; formae, ‘forma’] – base em forma de rim (nefróide), com lobos largos e arredondados. sagitada [l. sagitta, ‘seta’; + suf. ada, ‘provido de’] – base reentrante cujos lobos direcionam- -se para baixo. truncada [l. truncatu, ‘separado do tronco’] – base que termina por segmento de reta. A lâmina foliar também é caracterizada quan- to à divisão do limbo. Desta forma, uma folha pode ser simples, quando lâmina é única, ou seja, não dividida em folíolos, ou composta, quando a lâmina é dividida em folíolos. Neste caso, as folhas compostas podem ser unifo- lioladas, bifolioladas ou trifolioladas, quando apresentam um, dois ou três folíolos, respec- tivamente. Acima de três folíolos, a lâmina é classificada de acordo com o padrão de nervação, poden- do ser pinada ou palmada. Numa folha pinada (ou penada), os folíolos estão inseridos lado a lado e em toda a extensão da raque; se o ápice termina em um par de folíolos, a folha é pari- pinada e, se termina em apenas um folíolo, a folha é imparipinada. Folhas compostas ainda podem ser bipinadas (2-pinadas), tripinadas (3-pinadas) ou 4-pinadas. Numa folha palma- da (ou digitada), os folíolos estão inseridos no ápice do pecíolo principal ou da raque. As folhas podem ser classificadas de acordo com sua filotaxia, ou seja, de acordo com a sua ordem ou disposição no caule. Apresen- tam uma filotaxia alterna, quando estão inseri- das isoladas e alternadas em cada nó; oposta, quando há duas folhas em cada nó e dispos- tas em oposição recíproca; verticilada, quando três ou mais folhas inserem-se em cada nó, formando um verticilo; rosulada (ou em rose- ta), quando inúmeras folhas, demasiadamente próximas, estão inseridas na base ou ápice do caule, este com entrenós muito curtos, confe- rindo um aspecto de rosa; geminada, com um par de folhas em cada nó e num mesmo pon- to e fasciculada, com três ou maisfolhas num mesmo nó, resultando em um feixe. taManHo da lâMina Segundo o Leaf Architecture Working Group (1999), o tamanho da lâmina foliar é determi- nado pela medição da área da folha. c a p ít u lo 2 17 Uma medida aproximada pode ser feita, multi- plicando-se o comprimento e a largura da fo- lha (em mm) por 2/3. Morfologia ExtErna da flor a flor daS angioSPErMaS O ciclo de vida das Angiospermas é formado por duas gerações heteromórficas, diferentes: uma, a geração gametofítica ou fase haplóide (n), alternada com outra, a geração esporofí- tica ou fase diplóide (2n). O gametófito ou a planta propriamente dita corresponde à fase mais duradoura do ciclo, enquanto que o esporófito, ou seja, a flor, compreende a fase mais curta do ciclo e completamente de- pendente do gametófito. A flor é um conjunto de folhas profunda e progressivamente modificadas, transformadas em peças florais que, em conjunto, formam os verticilos de proteção (sépalas e pétalas) e reprodução (estames e carpelos) do órgão. A flor é um componente exclusivo e a única res- ponsável pela reprodução sexuada das plantas superiores ou Fanerógamas (Gimnospermas e Angiospermas). Nas Gimnospermas (pinhei- ros e afins), a flor é formada por uma série de peças secas, com determinações particulares (não tratadas aqui), mas que, em conjunto, re- cebem o nome de estróbilo ou cone. Nas Angiospermas, a flor assume uma diversi- dade de formas e tamanhos, cores e aromas, além de uma considerável variação no número e disposição das suas peças florais, atraindo insetos e outros agentes visitantes e poliniza- dores. Essa personalidade floral é a principal resposta das Angiospermas, dado o sucesso Classe da lâmina Área da folha em mm2 leptofilo <25 nanofilo 25-225 microfilo 225-2.025 notofilo 2.025-4.500 mesofilo 4.500-18.225 macrofilo 18.225-164.025 megafilo >164.025 evolutivo e que permitiu despontar como o grupo mais diversificado do Reino das Plantas, com, pelo menos, 250 mil espécies em todo o mundo. Partindo do nó caulinar ou do ramo da inflo- rescência, a flor apresenta as seguintes partes constituintes: (i) pedúnculo (na flor solitária, não inserida numa inflorescência) e pedicelo (na flor in- serida numa inflorescência); (ii) brácteas; (iii) bractéolas (muitas vezes com denomina- ções específicas, de acordo com o grupo vegetal estudado); (iv) receptáculo; e (v) verticilos florais. Todas as partes são deta- lhadas no parágrafo seguinte. PEdúnCulo E PEdiCElo Pedúnculo e pedicelo são o eixo ou a haste de sustentação da flor. A diferença na aplicação desses nomes é que o pedúnculo se refere à has- te que sustenta uma flor solitária, ou seja, sem que essa esteja reunida numa inflorescência. O pedúnculo origina-se a partir das gemas florais na axila ou ápice do caule, através da multi- plicação sucessiva de células do meristema. Já o pedicelo corresponde à haste, que sus- tenta a flor inserida num agrupamento mais elaborado, denominado inflorescência. Alguns estudiosos referem-se à base do eixo floral da inflorescência, onde estão reunidas as flores, como pedúnculo primário, sendo os pedúncu- los secundários os pedicelos propriamente di- tos das flores distribuídas ao longo desse eixo floral. O pedicelo também origina-se a partir de gemas florais, que nascem ao longo do eixo. A presença ou ausência de pedúnculo e pe- dicelo, assim como uma série de caracteres morfológicos e anatômicos a eles relaciona- dos, tais como tamanho, espessura, ornamen- tações (tricomas, acúleos, etc.) e disposição de feixes, podem proporcionar uma importante fonte de atributos a serem usados na sistemá- tica. Em geral, uma flor que apresenta pedún- culo ou pedicelo é denominada flor peduncu- lada ou flor pedicelada. Por outro lado, uma flor sem esse atributo é chamada de flor séssil c a p ít u lo 2 18 (alguns autores aplicam o termo flor subséssil para aquela que possui pedúnculo ou pedicelo inconspícuo, ou seja, pouco evidente). BráCtEa E BraCtéola Bráctea e bractéola são acessórios florais inse- ridos em regiões distintas do pedúnculo e pe- dicelo. São folhas modificadas, geralmente re- duzidas, com formato, dimensão e coloração diferenciados e variáveis, que, muitas vezes, envolvem e protegem a flor. As brácteas, quando presentes na flor, en- contram-se inseridas na base do pedúnculo. Surgem a partir da diferenciação de células marginais do meristema, na gema floral e são também denominadas hipsofilos. Atuam na proteção do botão floral, desde os primórdios do seu desenvolvimento, além de outras fun- ções. Em muitas espécies, p.ex., as brácteas tornam-se especialmente modificadas, adqui- rindo tamanhos vistosos e colorações atraen- tes, substituindo o papel das flores na atração de polinizadores. Em muitos grupos vegetais, as brácteas são tão especialmente modificadas que possuem denominações mais apropriadas. Os principais tipos de brácteas são as brácteas periclinais ou periclínios, calículo ou epicálice, cúpula, espa- ta, glumas e invólucro. As brácteas periclinais ou periclínios, de aspecto petalóide, circun- dam as inflorescências capituliformes (tratadas mais adiante) das compostas, a exemplo da margarida e do girassol. O calículo, também chamado de epicálice, é formado por um con- junto de brácteas de aspecto foliar e que cir- cundam a base do cálice, a exemplo da papou- la e do algodão. A cúpula é um conjunto de pequenas brácteas endurecidas, que persistem na base de alguns frutos, como no carvalho. A espata, bráctea desenvolvida e volumosa, protege completamente as inflorescências das palmeiras, helicônias, antúrios e outras mono- cotiledôneas. As glumas são minúsculas brác- teas que recobrem as espiguetas das gramíne- as, dispostas aos pares, e uma em oposição à outra, geralmente naviculares. Finalmente, o invólucro é um conjunto de brácteas foliares, geralmente coloridas e vistosas, que se inse- rem na base da flor ou da inflorescência, como nas bouganvíleas. As bractéolas, quando presentes na flor, mui- tas vezes, apresentam a mesma morfologia e coloração das brácteas, à exceção, logicamen- te, do seu tamanho reduzido. Encontram-se inseridas no pedicelo e possivelmente têm a mesma origem meristemática das brácteas. Geralmente há duas bractéolas nas Dicotiledô- neas, em oposição às Monocotiledôneas, nas quais há apenas uma. A presença de brácteas ou bractéolas designa uma flor bracteada ou flor bracteolada assim como a ausência destes atributos nos grupos taxonômicos, em que estas estruturas são co- muns, designa uma flor abracteada ou abrac- teolada. Assim, brácteas e bractéolas são di- tas férteis, quando existem flores inseridas ou estéreis, quando vazias. rECEPtáCulo O receptáculo é a porção superior do pedún- culo e do pedicelo, na qual estão implantados os verticilos de proteção e reprodução da flor. Pode ser reduzido ou alargado e, muitas ve- zes, é intumescido, principalmente nas flores de ovário ínfero. Além de sustentar os verticilos e proteger o ovário, em casos mais particulares, o receptá- culo pode auxiliar na formação do pomídio, um tipo especial de fruto tratado mais adiante. VErtiCiloS floraiS Verticilos florais são conjuntos ou séries de apêndices inseridos sobre o receptáculo e que atuam na composição da flor. Compreendem os apêndices mais periféricos, ditos externos ou protetores, denominados cálice e corola. A soma destes verticilos, desde que diferencia- dos entre si, constitui o perianto da flor. Além destes, fazem parte dos verticilos os apêndi- ces mais centrais, ditos internos ou reprodu- tores, denominados androceu e gineceu. Quando diferenciada em cálice e corola, o perianto, nome designado ao conjunto, pode ser classificado de acordo com o número dos seus verticilos protetores e sua homogeneida- de. Com base no número dos verticilos, a flor pode ser c a p ít u lo 2 19 (i) aperiantada ou aclamídea, i.é., destituída de perianto, sem os verticilos protetores; (ii)monoperiantada, monoclamídea ou ha- ploclamídea, i.é., com apenas um dos dois verticilos protetores; e (iii) diperiantada, diclamídea ou diploclamí- dea, i.é., com os dois verticilos protetores. Com base na homogeneidade do perianto, uma flor pode ser (i) homoclamídea, com sépalas e pétalas in- distintas, semelhantes na forma, dimen- são, número e coloração, como nas Mo- nocotiledôneas; ou (ii) heteroclamídea, com sépalas e pétalas di- ferenciadas entre si, como na maioria das Dicotiledôneas. O perianto, quando homoclamídeo, ou seja, quando seus verticilos protetores são indi- ferenciados, é denominado perigônio, e o seu conjunto, então, chamado tépalas (i.é., sépalas+pétalas). As flores podem ser designadas de acordo com a disposição dos seus verticilos. Dessa forma, uma flor cíclica compreende aquela em que seus verticilos encontram-se dispostos em cír- culos concêntricos (homocêntricos) no recep- táculo, como na maioria das Angiospermas mais evoluídas. Uma flor acíclica ou espirala- da compreende aquela em que seus verticilos dispõem-se em espiral, em torno do receptá- culo, como nas Gimnospermas ou em grupos mais primitivos de Angiospermas, como nas magnólias (Magnolia spp., Magnoliaceae) ou ninféias (Nymphaea spp., Nymphaeaceae). Todas as peças, que compõem os verticilos da flor, são detalhadas no parágrafo a seguir. CáliCE O cálice compreende o verticilo mais externo ou periférico de proteção da flor. É formado por pequenas peças, geralmente verdes, indi- vidualmente denominadas sépalas. Assim, o cálice, basicamente, pode ser definido como o conjunto de sépalas. As sépalas, juntamen- te com as pétalas, tratadas mais adiante, for- mam as séries de apêndices protetores e es- téreis da flor. Assim como a corola, o cálice apresenta um leque de atributos extremamente importantes na sistemática com relação à disposição das suas sépalas. De acordo com o grupo taxo- nômico estudado, as sépalas recebem, inclu- sive, denominações mais específicas. Nas bro- mélias (Bromeliaceae), p.ex., termos, como sépalas aladas, sépalas auriculadas ou sépa- las carenadas, são frequentemente usados e podem, inclusive, ser úteis para definir uma nova espécie. De um modo mais geral, o cálice pode ser classificado de acordo com a coloração, com relação ao número e à soldadura das sépalas, duração e simetria. Quanto à cor, o cálice é geralmente verde e pouco atrativo, exceto em casos em que as sépalas adquirem a mesma coloração das pé- talas nas flores perigoniadas. Nesta situação, o cálice é denominado petalóide ou com sépa- las petalóides, como em algumas plantas mo- nocotiledôneas, p.ex., nos curcúligos (Curcu- ligo spp., Hypoxidaceae) e lírios (Liliaceae s.l.). Com relação ao grau de soldadura das sépa- las, o cálice pode ser (i) gamossépalo, sinsépalo ou monossépalo, quando as sépalas estão soldadas entre si, em maior ou menor grau e (ii) dialissépalo, corisépalo ou polissépalo, quando as sépalas estão livres e isoladas. Um cálice pode ter desde zero, na flor ape- riantada ou monoperiantada, a muitas sépa- las. Assim, quanto ao número de sépalas, o cálice pode ser (i) trímero, com sépalas em número de três ou de seus múltiplos, como nas Monoco- tiledôneas; (ii) tetrâmero, com sépalas em número de quatro ou de seus múltiplos e (iii) pentâmero, com sépalas em número de cinco ou de seus múltiplos. Sépalas tetrâmeras e pentâmeras ocorrem nas Dicotiledôneas. O cálice também pode ser classificado quanto à sua duração, podendo ser c a p ít u lo 2 20 (i) caduco; (ii) decíduo; (iii) persistente; (iv) marcescente e (v) acrescente. O cálice é dito caduco quando suas sépalas caem antes da fecundação da flor. Após a fecundação, quando a que da acompanha a da corola, o cálice é dito decíduo, como na mostarda. Em situação inversa, é dito per- sistente, permanecendo, inclusive, no fruto, como na laranja ou no limão (Citrus spp., Ru- taceae). Quando persiste até a formação do fruto, mas murcha, mesmo sem cair, é dito marcescente, como no tomate (Lycopersicum spp., Solanaceae) ou no caqui. Enfim, se é persistente e desenvolve-se juntamente com o fruto, o cálice é dito acrescente, como no balãozinho (Physalis angulata, Solanaceae). Um cálice pode ter desde um a vários planos de simetria, condição esta que permite classi- ficá-lo em (i) actinomorfo ou radial, i.é., com vários planos de simetria, como em muitas An- giospermas; (ii) zigomorfo ou bilateral, i.é., com um só plano de simetria, como nas leguminosas (Leguminosae-Faboideae) e (iii) assimétrico, i.é, sem plano de simetria. Corola A corola compreende o verticilo externo de proteção da flor imediatamente posterior ao cálice. É formado por peças imensamente va- riadas em forma, dimensão e coloração, indi- vidualmente denominadas pétalas. Assim, a corola, basicamente, pode ser definida como o conjunto de pétalas que, juntamente com as sépalas, formam as séries de apêndices protetores e estéreis da flor. Pela sua gama de variações, a corola possui inúmeros atributos especialmente importan- tes na sistemática das plantas, de acordo com a disposição das suas pétalas. De um modo mais geral, a corola pode ser clas- sificada quanto à cor, ao número e à soldadura das pétalas, à duração, à simetria e aos tipos. Diferente das sépalas, a coloração das péta- las tem um papel importante na polinização da flor, servindo de atrativo para diversos ani- mais. O sucesso desta relação planta/animal pode ser atestado pela grande diversidade de membros de Angiospermas que, com cerca de 250 mil espécies, é o maior e mais difundi- do grupo do Reino das Plantas. Quando verde e semelhante às sépalas, a pétala é denomi- nada sepalóide (há casos em que pétalas es- verdeadas não são sepalóides!). Assim como o cálice, a corola também pode ser definida quanto à soldadura das pétalas, podendo ser (i) gamopétala, simpétala ou monopétala, quando as pétalas, em maior ou menor grau, estão soldadas entre si, como na trombeta (Datura spp., Solanaceae) ou (ii) dialipétala, coripétala ou polipétala, quan- do as pétalas estão livres entre si, como na papoula (Hibiscus spp., Malvaceae). A corola também pode ser classificada quan- to ao número de pétalas, sendo os tipos mais comuns a corola (i) trímera, com pétalas em número de três ou de seus múltiplos, como nas Monoco- tiledôneas; (ii) tetrâmera, com pétalas em número de quatro ou de seus múltiplos, como na couve (Brassica oleracea L., Brassicaceae) e (iii) pentâmera, cujas pétalas estão em núme- ro de cinco ou de seus múltiplos, como na jurubeba (Solanum spp., Solanaceae). Quanto à duração, a corola pode ser (i) caduca, quando as pétalas caem antes da fecundação da flor ou (ii) marcescente, mais rara, quando as péta- las permanecem, mesmo que murchas, até o desenvolvimento do fruto. Semelhante ao cálice, a corola também pode ser definida pela sua simetria, podendo ser (i) actinomorfa ou radial, como na rosa (Rosa spp., Rosaceae; (ii) zigomorfa ou bilateral, como nas legumi- nosas (Leguminosae-Faboideae) e c a p ít u lo 2 21 (iii) assimétrica, como da flor-de-defunto (Can- na spp., Cannaceae). Observe as definições dadas ao cálice. Com relação à morfologia geral, as pétalas apresentam (i) limbo, porção geralmente livre e dilatada, dotada de nervuras evidentes ou inconspí- cuas e de diversos formatos e (ii) unha ou unguícula, porção estreitada e implantada no receptáculo, muitas vezes, maculada, ou seja, com coloração diferen- ciada do limbo e, muitas vezes, atuando como guia de nectário. tiPoS dE Corola De acordo com Vidal & Vidal (2005), os princi- pais tipos descritos são os seguintes: dialiPétalaS E aCtinoMorfaS cravinosa [cat. clavell, ‘cravo’; + suf. ina, ‘dimi- nutivo’; l. osus, ‘provido de’] – corola em for- ma de cravo ou de cravina, com cinco pétalas de unha longa e lobo lacinulado, ou seja, leve e irregularmente recortado. cruciforme [l. crucis, ‘cruz’; formae,‘forma’] – corola com pétalas opostas duas a duas e dispostas em cruz. rosácea [l. rosacea] – corola com ornamenta- ção sob forma de rosa, com cinco pétalas de unha curta e lobo arredondado. dialiPétalaS E zigoMorfaS orquidiforme [l. orchid; formae, ‘forma’] – co- rola com três pétalas, sendo duas laterais e uma mediana, denominada labelo. papilionada [l. papilio, ‘borboleta’; + suf. ada, ‘provido de’] – corola provida de cinco pétalas desiguais, sendo uma superior, a maior, cha- mada estandarte ou vexilo, duas menores late- rais, denominadas alas e duas inferiores, mais internas, denominadas carena. gaMoPétalaS E aCtinoMorfaS campanulada [l. campanula, ‘pequeno sino’;+ suf. ada, ‘provido de’] – corola cujas pétalas formam um sino, com tubo alargando-se rapi- damente na base. hipocrateriforme [tax. Hippocratea, ‘Hipó- crates’; formae, ‘forma’] – corola de tubo comprido, porém se alargando rapidamente na porção superior e projetando um limbo plano. infundibuliforme [l. infundibulum, ‘funil’; for- mae, ‘forma’] – corola com aspecto de funil, afunilada. rodada [l. rota, ‘roda’; + suf. ada, ‘provido de’] – corola com tubo curto e limbo plano e circular. tubulosa [l. tubulu, ‘pequeno tubo’; + suf. ada, ‘provido de’] – corola cujas pétalas se mostram concrescidas, formando uma espécie de tubo, com lobos curtos ou quase ausentes. urceolada [l. urceolus, ‘pequeno jarro’; + suf. ado, ‘provido de’] – corola em forma de urna, com tubo ligeiramente alargado, estreitando- -se na porção superior. gaMoPétalaS E zigoMorfaS digitaliforme [l. digitale, ‘relativo a dedo’; for- mae, ‘forma’] – corola formada por pétalas concrescidas, assumindo um aspecto de um dedal ou dedo de luva. labiada [l. labiu, ‘lábio’; + suf. ada, ‘provido de’] – corola cujas peças formam como que um ou dois lábios. ligulada [l. ligula, ‘pequena língua’; + suf. ada, ‘provido de’] – corola cujas pétalas se fundem numa só, que se apresenta em forma de língua e com o ápice denteado. personada [l. personata, ‘que tem formato de máscara’] – corola com dois lábios justapostos e um prolongamento do lábio inferior, que fe- cha sua abertura. c a p ít u lo 2 22 androCEu O androceu é o verticilo masculino de repro- dução de uma flor bissexual, incluso na parte interna e, comumente, entre os verticilos de proteção. É formado por um conjunto de esta- mes, órgãos especialmente modificados da fo- lha, cuja função é produzir os grãos de pólen. O estame é uma unidade de reprodução do androceu. Compreende três porções distintas: filete, conectivo e antera. O filete é uma espé- cie de haste, que serve para sustentar a antera. Apresenta diversas formas e tamanhos, mas geralmente o filete é cilíndrico ou levemente achatado. O conectivo é uma espécie de teci- do pouco evidente, muitas vezes, inconspícuo, que une o filete à antera. A antera, por sua vez, é a porção dilatada do estame, geralmen- te formado por duas porções denominadas te- cas, nas quais são produzidos, armazenados e liberados os grãos de pólen. Em razão disso, as anteras são denominadas de microsporângios ou gametângios, ou seja, estruturas masculi- nas de reprodução da flor. Esse processo de formação de grãos de pólen, também chama- dos de esporos, é conhecido como microspo- rogênese ou gametogênese masculina. Os estames se encontram nas flores, de forma homogênea ou variada. Estames do mesmo tamanho identificam um androceu homodí- namo, contrário a androceu heterodínamo, formado por estames de tamanhos variados. Ainda, flores com apenas quatro estames, sen- do dois maiores e dois menores, identificam um androceu didínamo ou tetradínamo numa flor com seis estames, sendo quatro maiores e dois menores. O androceu também pode ser classificado com relação à soldadura dos estames. Estames li- vres entre si caracterizam um androceu dialis- têmone em oposição a androceu gamostêmo- ne, cujos estames apresentam filetes unidos entre si, formando feixes. Ainda, os estames podem ser desenvolvidos e ultrapassar os limites da flor, sendo então cha- mados de exsertos, enquanto que flores, que protegem totalmente os estames, caracteri- zam estes como inclusos. ginECEu O gineceu é o verticilo feminino de reprodução presente em uma flor bissexual ou unissexual feminina. Compreende um conjunto de car- pelos, que vão formar um ou mais pistilos. O gineceu localiza-se na porção interna da flor e geralmente se encontra protegido pelos verti- cilos do cálice e da corola. Sua função é prote- ger os óvulos até sua fecundação, quando, en- tão, participa diretamente do desenvolvimento e da formação do fruto. O pistilo compreende três estruturas funda- mentais: ovário, estilete e estigma. O ovário é a porção basal do gineceu, geralmente dilata- da, que delimita um ou mais lóculos e onde se encontram os óvulos. O estilete é a porção tubular, mais ou menos alongada, que segue em continuidade com o ovário. É o canal por onde passa, internamente, o tubo polínico. O estigma é a porção superior do gineceu, ge- ralmente dilatada em relação ao estilete e que recebe o pólen. Com relação à soldadura dos carpelos, o ová- rio pode ser dialicarpelar ou apocárpico, ou seja, constituído de carpelos livres, formando tantos pistilos quantos forem os carpelos livres e gamocarpelar ou sincárpico, ou seja, consti- tuído de carpelos soldados entre si, formando um único pistilo. Quanto ao número de carpelos, o gineceu pode ser uni, bi, tri ou pluricarpelar, respecti- vamente com um, dois, três ou mais carpelos. O ovário, como dito, é a porção que encerra os óvulos. Estes, por sua vez, localizam-se em cavidades denominadas lóculos. Com relação ao número dessas cavidades, o ovário pode ser uni, bi, tri ou plurilocular, respectivamente com um, dois, três ou mais lóculos. Por fim, com relação à posição do ovário na flor, este pode ser súpero, quando se encontra acima dos verticilos de proteção, i. é., cálice e corola, semi-ínfero, quando se encontra parcialmente mergulhado no receptáculo, ou seja, quando os verticilos de proteção encontram-se em tor- no do ovário, e ínfero, quando se encontra to- talmente mergulhado no receptáculo, estando os verticilos de proteção acima dele. c a p ít u lo 2 23 ExErCÍCioS dE aPrEndizagEM 1. Com base no texto acima, responda as se- guintes questões: a) O que são folhas e qual sua constitui- ção básica? b) O que você entende por folha incom- pleta? c) Qual o diagnóstico principal de uma fo- lha séssil? d) Como você classifica, quanto à face, uma folha simples? e) Classifique uma folha simples quanto à nervação. f) Classifique uma folha simples quanto à consistência. g) Com base na morfologia da lâmina, liste aleatoriamente três tipos básicos e diferencie com base em seus principais atributos. h) Caracterize uma lâmina cuja margem é do tipo denteada. i) Caracterize uma lâmina cuja base é do tipo cordada. j) O que são folhas compostas? Justifique seus atributos com relação a uma folha simples. l) O que é flor e de que forma esta estrutu- ra está relacionada com a folha? m) Partindo de um nó caulinar, quais as principais estruturas componentes de uma flor típica? n) Que diferenças existem entre pedúncu- lo e pedicelo? o) O que são brácteas florais e qual a sua principal importância? p) Qual o principal papel do receptáculo floral? q) O que são verticilos florais e quais são seus principais tipos? r) O que é cálice e por quais estruturas este é formado? s) O que é corola e por quais estruturas este é formado? t) Com relação à presença do perianto, como as flores podem ser classificadas? u) O que é o androceu e de que é consti- tuído? v) Identifique e ilustre as principais partes componentes de um estame. x) O que é o gineceu e como este é for- mado? z) Identifique e ilustre as principais por- ções que compõem o pistilo. 2. Acesse o site <http://www.herbario.com. br/cie/universi/folha.htm>, identifique no texto as principais modificações que são evidenciadasna estrutura e na função da folha e responda as seguintes questões: a) Cite, pelo menos, três modificações fo- liares apresentadas por certos grupos de planta. b) O que são espinhos? Cite, pelo menos, um grupo de plantas que apresenta esse tipo de estrutura. c) O que são brácteas? Qual a relação das brácteas com determinados aspectos re- produtivos dos vegetais, a exemplo da po- linização? Justifique. 3. Acesse o site <http://www.nucleodeapren- dizagem.com.br/botanica2.htm> e pro- ceda com base nas informações a seguir: a) Localize as seguintes ilustrações: (i) pétala, sépala e receptáculo numa rosa; c a p ít u lo 2 24 (ii) flor dialipétala e trímera. Compare as duas ilustrações e responda: Com relação à presença e características dos verticilos florais, como se comporta uma flor típica de dicotiledônea em re- lação a uma flor típica de monocotiledô- nea? Justifique sua resposta. rEfErênCiaS JUNIOR, R.; ANDRADE, R. Atlas fotográfico de Botânica. Disponível em: http://www.nu- cleodeaprendizagem.com.br/botanica2.htm. Acesso em: 15/07/2007. LEAF ARCHITECTURE WORKING GROUP. Ma- nual of leaf architecture: morphological des- cription of dicotyledonous and net-veined monocotyledonous angiosperms. Washing- ton, DC: Department of Paleobiology, Smith- sonian Institution, 1999. 67p. RAVEN, P.H.; EVERT, R.F.; EICHHORN, S.E. Bio- logia vegetal. 7a ed. Rio de Janeiro, RJ: Gua- nabara Koogan. 830 p. REIS, C.M.G. Morfologia floral – Angiospér- micas. Disponível em: http://docentes.esa. ipcb.pt/lab.biologia/disciplinas/botanica/mor- fologia.html. Acesso em: 12/07/2007. VIDAL, W.N.; VIDAL, M.R.R. Botânica-organo- grafia: quadros sinóticos ilustrados de faneró- gamos. 4a ed. Viçosa, Minas Gerais: Editora UFV, 2005. 124p. c a p ít u lo 3 25 Morfologia ExtErna do fruto E SEMEntE oBJEtiVoS ESPECÍfiCoS • Conceituar os principais termos morfo- lógicos relacionados aos frutos e às se- mentes; • Identificar os diferentes tipos morfológi- cos dos frutos e sementes; • Desenvolver atividades que envolvam a apreensão do conhecimento sobre a mor- fologia externa dos frutos e sementes; • Usar a Internet para pesquisar temas de interesse na Morfologia Vegetal; • Refletir criticamente de forma interdisci- plinar. introduÇÃo O fruto é uma estrutura presente em todas as Angiospermas, resultado da fecundação do ovário da flor, protegendo as sementes durante todo o período de amadurecimen- to; em termos mais práticos, o fruto é qual- quer estrutura portadora de sementes. O fruto se origina a partir do momento em que os óvulos da flor são fecundados pelo tubo polínico dos grãos de pólen (ver ciclo Prof. George Sidney Baracho Carga horária I 10 h Prof. Victor Peçanha de Miranda Coelho Prof. Gilberto Dias Alves Profa. Rejane Magalhães de Mendonça Pimentel c a p ít u lo 3 26 de vida das Angiospermas, capítulo II). Neste momento, as paredes do ovário, formadas por uma série de tecidos, iniciam um crescimento acompanhado de modificações desses tecidos, sendo estes influenciados por hormônios ve- getais que interferem na estrutura, consistên- cia, cores e sabores, dando origem ao fruto. Os frutos mantêm-se fechados durante todo o seu desenvolvimento, preservando, desta for- ma, a sua função de proteção das sementes. Quando estas estão prontas para germinar, os frutos amadurecem e podem ou não se abrir para facilitar a liberação das sementes ou tor- nam-se comestíveis para a ingestão pelos ani- mais, principais dispersores das sementes. Os frutos dispersam-se de várias maneiras. Frutos carnosos podem ser comestíveis, e suas sementes, liberadas pelo trato digestório dos animais, ou caem diretamente sobre o solo. Outros frutos liberam as sementes de forma explosiva, lançando-as a grandes distâncias. Frutos mais simples, geralmente sem suculên- cia ou atrativos de coloração ou sabor, podem desenvolver ornamentos ou acessórios na sua parede no sentido de, incidentalmente, agar- rarem-se à pelagem ou penugem de mamí- feros e aves e, desta forma, dispersarem-se a grandes distâncias. E, ainda, há frutos provi- dos de pêlos ou alas, que flutuam ao vento ou são carregados pela água antes de atingirem o solo. Os frutos são bastante variados e, com base em diversos critérios, extremamente importan- tes na classificação dos vegetais. A classifica- ção adotada neste capítulo segue a proposta de Barroso et al. (1999). fruto MúltiPlo O fruto múltiplo é aquele originado do de- senvolvimento do gineceu apocárpico de uma flor. De acordo com Barroso et al. (1999), es- tão aqui incluídos não só aqueles frutos que se originam de um típico gineceu apocárpico, como a pinha (Annona squamosa) e a gra- viola (Annona muricata), p.ex., mas também aqueles frutos que se originam de um gine- ceu apocarpóide, ou seja, aquele gineceu cujos carpelos se apresentam levemente unidos em suas porções basais ou terminais, estando as demais porções livres entre si, constituindo uma apocarpia secundária. Os frutos múltiplos compreendem os três se- guintes subtipos: (i) fruto múltiplo livre, cujos frutículos, livres entre si, ficam dispostos sobre um receptá- culo plano ou ligeiramente convexo; (ii) fruto múltiplo cupuliforme, cujos frutículos ficam dispostos sobre o receptáculo urceo- lado ou campanulado, como a rosa (Rosa sp.), p.ex. (iii) fruto múltiplo estrobiliforme, cujos frutí- culos, mais ou menos concrescidos ou li- vres entre si, formando um sincarpo, ficam dispostos sobre um receptáculo piramidal, cônico ou cilíndrico, como a pinha, p.ex. Os frutículos podem ser deiscentes (folículos) ou indeiscentes (nucóides, bacóides ou dru- póides), com uma ou mais sementes. fruto SiMPlES O fruto simples é aquele originado do desen- volvimento do gineceu cenocárpico (sincárpi- co, paracárpico ou lisicárpico) ou monômero de uma flor. Dentre os frutos desenvolvidos de um gineceu monômero, citam-se os das Leguminosae (família de dicotiledôneas, que produzem legumes como frutos) e Lauraceae (família da canela), p.ex. Frutos originados de um gineceu paracárpico são os bacóides, que caracterizam os maracujás (Passiflora spp.), p. ex. Como exemplo de fruto originado de um gineceu lisicárpico, o mais evidente é o teofras- tídio, um tipo de fruto bacóide encontrado na família Theophrastaceae. Os frutos simples podem ser secos ou carno- sos, deiscentes ou indeiscentes, monospermos ou polispermos. De acordo com Barroso et al. (2004), os frutos simples encontrados nas di- cotiledôneas são os seguintes: 1. folÍCulo É aquele originado do ovário súpero, monocar- pelar, com uma ou mais sementes, aberto na ma- turação pela separação dos bordos carpelares. c a p ít u lo 3 27 É frequentemente encontrado fazendo parte dos frutos múltiplos deiscentes, como os de Xylopia spp. e Anaxagorea spp., ambos da fa- mília Annonaceae. Quanto à forma, os folículos podem ser ovói- des, obovóides, globosos, turbinados, lanceo- lados, torulosos, etc. Quanto à ornamentação, podem ter superfície lisa ou equinada. O pe- ricarpo geralmente é seco, mas há casos em que se apresenta carnoso. As sementes podem ter endosperma ou não, ser ariladas ou aladas, miméticas, com pleurograma em forma de U ou amplo, fechado. As famílias que apresentam este tipo de fru- to são: Apocynaceae, Asclepiadaceae, Conna- raceae, Leguminosae-Caesalpinioideae p.p., Leguminosae-Faboideae p.p., Leguminosae- -Mimosoideae p.p., Myristicaceae, Proteaceae, Ranunculaceae e Sterculiaceae. 2. lEguME É aquele originado do ovário súpero, unicarpe- lar, deiscente no ponto de junção das bordas do carpelo e na região dorsal, sobre a nervura mediana, formando duas valvas. O legume é encontrado, apenas, na família Le- guminosae, em muitos representantes das três subfamílias, sendo o fruto mais característico desse grupo de plantas. Quanto à forma, os legumes podem ser lan- ceolados, lineares, oblongos, elípticos, compri- midos, globosos, elipsóides,ovóides ou torulo- sos. As bordas podem ser finas ou espessadas, e as valvas podem ser ou não atravessadas na face interna, por falsos septos transversais. O pericarpo do legume pode ser seco ou, mais raramente, carnoso e ter textura papirácea, co- riácea ou lenhosa. Os legumes podem ser sésseis ou estipitados. Pela persistência do estilete, podem apresentar rostro curto ou longo e terem de uma a muitas sementes dispostas nas placentas marginais. Derivam-se dos legumes os seguintes tipos de frutos: legume samaróide, criptossâmara, crip- tolomento, lomento, craspédio, sacelo, lomen- to drupáceo, legume bacóide e legume nucói- de, detalhados logo a seguir. 3. lEguME SaMaróidE É o fruto seco, indeiscente, plano e comprimi- do, adaptado à dispersão anemocórica e com uma ou poucas sementes, como os frutos de Bowdichia, p.ex. Difere da sâmara (detalhado mais adiante), porque o núcleo seminífero e a porção aliforme não são bem delimitados. 4. CriPtoSSâMara É o fruto caracterizado pelo fato de o pericar- po apresentar duas porções distintas, uma ex- terna, que se separa em duas valvas distintas ou se rompe irregularmente, e uma interna, indeiscente, membranácea ou coriácea, que aloja uma única semente, a exemplo de Am- burana, Pterodon, Schizolobium, Sclerolobium e Tachigalia. 5. CriPtoloMEnto É o fruto caracterizado pela diferenciação do pericarpo em duas partes distintas, uma ex- terna, deiscente, bivalvar, de textura coriácea, e uma interna, indeiscente, membranácea ou papirácea, que se segmenta em artículos mo- nospermos e corresponde ao endocarpo. São exemplos de criptolomento os frutos de Mela- noxylon braunia, Pithecellobium e Plathymenia. 6. SaCElo É um fruto derivado do craspédio pela redução do fruto a um só artículo de forma oval, com abertura transverso-apical da borda do carpelo que, ao se abrir, forma um réplum curto e ca- duco. É encontrado reunido em glomérulos e, e.g., tem a superfície externa setosa, sendo ca- racterísticos de Mimosa acerba e M. meticulosa. 7. loMEnto druPáCEo É o fruto indeiscente, com epicarpo e mesocar- po contínuos e endocarpo articulado. Os artí- culos monospermos, indeiscentes e de consis- tência óssea ou coriácea, são liberados após a decomposição do mesocarpo. São frutos alon- gados, cilíndricos ou tetrangulares, de consis- tência carnosa, quando frescos, e endurecidos, quando secos. Caracteriza os frutos de Cassia subg. Fistula. c a p ít u lo 3 28 8. lEguME BaCóidE É o fruto indeiscente com mesocarpo carnoso, caracterizando uma adaptação do pericarpo à dispersão zoocórica. 9. lEguME nuCóidE É o fruto indeiscente ou tardiamente deiscen- te, com pericarpo seco. O mesocarpo, quan- do distinto, apresenta-se lenhoso-fibroso ou fibroso-esponjoso, sem nunca mostrar dife- renciação em polpa típica. O legume nucóide distingue-se da núcula por ser um fruto sem- pre oligospermo ou polispermo. 10. CáPSula SEPtiCida É o fruto originado do ovário súpero ou ínfe- ro, formado de dois ou mais carpelos e carac- terizado como um sincarpo, no qual a união dos carpelos não se encontra completamente firmada. Quando o fruto está maduro, os car- pelos separam-se em seus pontos de junção, ocorrendo, a seguir, uma abertura de cada um deles na linha ventral de sutura, e o eixo semi- nífero permanece como coluna, no centro da cápsula. A separação dos carpelos pode ocor- rer da base do fruto para o ápice, como em Aristolochia (Aristolochiaceae), p.ex., ou do ápice para a base, como ocorre na maioria. Em geral, as cápsulas septicidas são polispermas, sendo poucas oligospermas. As famílias que apresentam esse tipo de fruto são: Aristolochiaceae, Buddlejaceae, Cunonia- ceae, Elatinaceae, Gesneriaceae, Guttiferae, Linaceae, Loganiaceae, Ochnaceae, Polemo- niaceae, Rhizophoraceae. Rubiaceae p.p., Saxi- fragaceae, Scrophulariaceae p.p., Solanaceae, Sterculiaceae, Theaceae p.p. e Trigoniaceae. 11. CáPSula loCuliCida 11.1. Cápsula loculicida propriamente dita É o fruto originado do ovário súpero ou ínfero, sincárpico, formado por dois ou mais carpelos, com poucos ou muitos óvulos. Caracteriza-se pela deiscência ao longo da nervura média, no dorso do carpelo, formando-se tantas valvas quantos forem os carpelos que compõem o fruto. Cada valva é constituída de duas meta- des de dois carpelos adjacentes e, na maioria dos casos, é percorrida, na sua porção media- na, por uma linha saliente, que representa os restos dos septos ou das placentas. Alguns frutos, considerados como cápsula locu- licida, por apresentarem caracteres marcantes de deiscência, embora divirjam muito daque- las encontradas nas cápsulas loculicidas pro- priamente ditas, foram desmembrados do tipo fundamental, criando-se para eles nomes mais apropriados, como cápsula rimosa, cápsula rúptil, cápsula ringente e cápsula circundante. As famílias que apresentam este tipo de fruto são: Acanthaceae, Balsaminaceae, Bignoniace- ae, Bixaceae, Bombacaceae, Caryophyllaceae, Cistaceae, Clethraceae, Cochlospermaceae, Cucurbitaceae, Droseraceae, Elaeocarpaceae, Flacourtiaceae, Hydrophyllaceae, Lythrace- ae, Malvaceae, Melastomataceae, Meliaceae, Molluginaceae, Moringaceae, Passifloraceae p.p., Polemoniaceae, Rubiaceae p.p., Salicace- ae, Sapindaceae, Scrophulariaceae p.p., Tama- ricaceae, Theaceae p.p., Tiliaceae, Turneraceae, Violaceae e Vochysiaceae p.p. 11.2. Cápsula rimosa É o fruto originado do ovário súpero ou ínfe- ro, composto de dois ou mais carpelos, com deiscência loculicida, mantendo-se, porém, os carpelos presos ao eixo central do fruto, sem formar valvas independentes. Ocorre em Oxa- lidaceae, Polygalaceae p.p., Rubiaceae p.p. e Vochysiaceae p.p. 11.3. Cápsula rúptil É o fruto originado do ovário com posição me- diana, bicarpelar, com espaço central amplo devido à atrofia dos septos em suas porções medianas, ficando persistente, apenas, o eixo central com as sementes. O pericarpo é mem- branáceo, hialino. As sementes são comprimi- das, e.g. marginadas e sem endosperma. Ocorre apenas em Cuphea (Lythraceae). 11.4. Cápsula folicular É o fruto originado do ovário súpero, represen- tando adaptações de uma cápsula loculicida, de uma síliqua ou de um tipo bacóide. c a p ít u lo 3 29 Ocorre em Spathodea (Bignoniaceae) e em es- pécies de Capparis (Capparaceae). Em Spathodea, o fruto, com pericarpo seco, apresenta deiscência apenas num dos lóculos e expõe o eixo seminífero largo (originado de placentação axial) com sementes aladas, dis- postas imbricadamente. O fruto aberto é cim- biforme. Em Capparis, o fruto é toruloso, com longo ginóforo, pericarpo carnoso, amarelado, de pouca espessura, e tardiamente deiscente. Abre-se numa das suturas do fruto bicarpelar, sobre a placenta parietal-marginal, expondo a superfície interna, vermelha, do pericarpo e as sementes com sarcotesta carnosa e alva, pên- dulas das duas placentas. 11.5. Cápsula ringente É o fruto originado do ovário súpero, bicar- pelar. É mais ou menos orbicular, levemente comprimido, e sua abertura dá-se no ápice do fruto, na junção dos dois carpelos, em curta extensão, ficando a cápsula semi-aberta. É o tipo específico de Mollia (Tiliaceae), Mi- treola e Mostuea (Loganiaceae) e de espécies de Veronica (Scrophulariaceae) e Oldenlandia (Rubiaceae). 11.6. Cápsula circundante É o fruto originado do ovário ínfero, bicarpelar. Pode ser globoso ou comprimido, arredonda- do. A deiscência loculicida dá-se no contorno do fruto. Ocorre em Rubiaceae p.p. (Gleasonia, Henri- quezia, Molopanthera e Simira p.p.). 11.7. Bertolonídio É o fruto originado de um ovário súpero, tri- quetro, com as três deiscências loculicidas somente na porção superior, o que implica, conseqüentemente, que elas só podem ser vis- tas de cima, de onde aparentam um aspecto radial. É um tipo de cápsula com características bem particulares, encontrado, até o momento, nas Melastomataceae. 12. CáPSula tuBuloSa É o fruto originado de um ovário súpero ou ín- fero, com dois ou mais
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