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SIMULADO REVISÃO LINGUAGENS VESTIBULARES TRADICIONAIS - NÚMERO 2 (COM GABARITO)

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1. Assinale a alternativa que apresenta, correta e respectivamente, os sentidos expressos pelas palavras ou expressões em destaque no fragmento de texto a seguir:
“Ao passo que os aparatos tecnológicos se tornam mais presentes na nossa vida, mais se aprende a viver em rede. Embora saibamos o quanto é importante firmar nossos valores individuais, acabamos sendo arrastados, como gados ao matadouro, rumo à neutralização das diferenças culturais dos povos.” 
a) causa, comparação e temporalidade. 
b) consequência, concessão e comparação. 
c) proporcionalidade, concessão e comparação. 
d) condição, conformidade e proporcionalidade. 
2. Analise as duas frases abaixo:
I. Os ladrões estão roubando! Prendam-nos!
II. Somos os assaltantes! Prendam-nos!
Assinale a alternativa cuja descrição gramatical dos termos sublinhados está correta. 
a) Em I, “nos” é pronome pessoal oblíquo da 1ª pessoa do plural. Em II, “nos” é pronome pessoal oblíquo da 3ª pessoa do plural. 
b) Ambos são pronomes pessoais oblíquos referentes à 1ª pessoa do plural. 
c) Em I, “nos” é pronome reto da 3ª pessoa do plural. Em II, “nos” é pronome reto da 1ª pessoa do plural. 
d) Em I, “nos” é pronome pessoal oblíquo da 3ª pessoa do plural. Em II, “nos” é pronome pessoal oblíquo da 1ª pessoa do plural. 
e) Ambos são pronomes pessoais retos referentes à 1ª pessoa do plural. 
3. Leia:
Corríamos atrás uns dos outros na nossa infância. Corremos, hoje, atrás da felicidade de outrora.
Nas frases acima, os verbos destacados encontram-se, respectivamente, no: 
a) Pretérito perfeito do indicativo – Presente do indicativo. 
b) Pretérito imperfeito do indicativo – Presente do indicativo. 
c) Pretérito imperfeito do indicativo – Pretérito perfeito do indicativo. 
d) Pretérito imperfeito do indicativo – Pretérito mais que perfeito do indicativo. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o trecho do romance S. Bernardo, de Graciliano Ramos, para responder à(s) questão(ões) a seguir.
O caboclo mal-encarado que encontrei um dia em casa do Mendonça também se acabou em desgraça. Uma limpeza. Essa gente quase nunca morre direito. Uns são levados pela cobra, outros pela cachaça, outros matam-se.
Na pedreira perdi um. A alavanca soltou-se da pedra, bateu-lhe no peito, e foi a conta. Deixou viúva e órfãos miúdos. Sumiram-se: um dos meninos caiu no fogo, as lombrigas comeram o segundo, o último teve angina e a mulher enforcou-se.
Para diminuir a mortalidade e aumentar a produção, proibi a aguardente.
Concluiu-se a construção da casa nova. Julgo que não preciso descrevê-la. As partes principais apareceram ou aparecerão; o resto é dispensável e apenas pode interessar aos arquitetos, homens que provavelmente não lerão isto. Ficou tudo confortável e bonito. Naturalmente deixei de dormir em rede. Comprei móveis e diversos objetos que entrei a utilizar com receio, outros que ainda hoje não utilizo, porque não sei para que servem.
Aqui existe um salto de cinco anos, e em cinco anos o mundo dá um bando de voltas.
Ninguém imaginará que, topando os obstáculos mencionados, eu haja procedido invariavelmente com segurança e percorrido, sem me deter, caminhos certos. Não senhor, não procedi nem percorri. Tive abatimentos, desejo de recuar; contornei dificuldades: muitas curvas. Acham que andei mal? A verdade é que nunca soube quais foram os meus atos bons e quais foram os maus. Fiz coisas boas que me trouxeram prejuízo; fiz coisas ruins que deram lucro. E como sempre tive a intenção de possuir as terras de S. Bernardo, considerei legítimas as ações que me levaram a obtê-las.
Alcancei mais do que esperava, mercê de Deus. Vieram-me as rugas, já se vê, mas o crédito, que a princípio se esquivava, agarrou-se comigo, as taxas desceram. E os negócios desdobraram-se automaticamente. Automaticamente. Difícil? Nada! Se eles entram nos trilhos, rodam que é uma beleza. Se não entram, cruzem os braços. Mas se virem que estão de sorte, metam o pau: as tolices que praticarem viram sabedoria. Tenho visto criaturas que trabalham demais e não progridem. Conheço indivíduos preguiçosos que têm faro: quando a ocasião chega, desenroscam-se, abrem a boca – e engolem tudo.
Eu não sou preguiçoso. Fui feliz nas primeiras tentativas e obriguei a fortuna a ser-me favorável nas seguintes. Depois da morte do Mendonça, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a para além do ponto em que estava no tempo de Salustiano Padilha. Houve reclamações.
– Minhas senhoras, seu Mendonça pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora é isto. E quem não gostar, paciência, vá à justiça.
Como a justiça era cara, não foram à justiça. E eu, o caminho aplainado, invadi a terra do Fidélis, paralítico de um braço, e a dos Gama, que pandegavam no Recife, estudando Direito. Respeitei o engenho do Dr. Magalhães, juiz.
Violências miúdas passaram despercebidas. As questões mais sérias foram ganhas no foro, graças às chicanas de João Nogueira.
Efetuei transações arriscadas, endividei-me, importei maquinismos e não prestei atenção aos que me censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas. Iniciei a pomicultura e a avicultura. Para levar os meus produtos ao mercado, comecei uma estrada de rodagem. Azevedo Gondim compôs sobre ela dois artigos, chamou-me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Brito também publicou uma nota na Gazeta, elogiando-me e elogiando o chefe político local. Em consequência mordeu-me cem mil-réis.
(S. Bernardo, 1996.) 
4. Verifica-se o emprego de verbo no modo imperativo no seguinte trecho: 
a) “Se eles entram nos trilhos, rodam que é uma beleza. Se não entram, cruzem os braços.” (7º parágrafo) 
b) “Minhas senhoras, seu Mendonça pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora é isto.” (10º parágrafo) 
c) “Para diminuir a mortalidade e aumentar a produção, proibi a aguardente.” (3º parágrafo) 
d) “Aqui existe um salto de cinco anos, e em cinco anos o mundo dá um bando de voltas.” (5º parágrafo) 
e) “Não senhor, não procedi nem percorri. Tive abatimentos, desejo de recuar; contornei dificuldades: muitas curvas.” (6º parágrafo) 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o trecho do livro A dança do universo, do físico brasileiro Marcelo Gleiser, para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Algumas pessoas tornam-se heróis contra sua própria vontade. Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente) revolucionárias, muitas vezes não as reconhecem como tais, ou não acreditam no seu próprio potencial. Divididas entre enfrentar sua insegurança expondo suas ideias à opinião dos outros, ou manter-se na defensiva, elas preferem a segunda opção. O mundo está cheio de poemas e teorias escondidos no porão.
Copérnico é, talvez, o mais famoso desses relutantes heróis da história da ciência. Ele foi o homem que colocou o Sol de volta no centro do Universo, ao mesmo tempo fazendo de tudo para que suas ideias não fossem difundidas, possivelmente com medo de críticas ou perseguição religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta no centro do Universo, motivado por razões erradas. Insatisfeito com a falha do modelo de Ptolomeu, que aplicava o dogma platônico do movimento circular uniforme aos corpos celestes, Copérnico propôs que o equante fosse abandonado e que o Sol passasse a ocupar o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o Universo se adaptasse às ideias platônicas, ele retornou aos pitagóricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que levou ao modelo heliocêntrico de Aristarco dezoito séculos antes.
Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias cosmológicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no passado; Copérnico era, sem dúvida, um revolucionário conservador. Ele jamais poderia ter imaginado que, ao olhar para o passado, estaria criando uma nova visão cósmica, que abriria novas portas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução que involuntariamente causou.
Entre 1510 e 1514, compôs um pequeno trabalho resumindo suas ideias, intitulado Commentariolus (Pequeno comentário). Emborana época fosse relativamente fácil publicar um manuscrito, Copérnico decidiu não publicar seu texto, enviando apenas algumas cópias para uma audiência seleta. Ele acreditava piamente no ideal pitagórico de discrição; apenas aqueles que eram iniciados nas complicações da matemática aplicada à astronomia tinham permissão para compartilhar sua sabedoria. Certamente essa posição elitista era muito peculiar, vinda de alguém que fora educado durante anos dentro da tradição humanista italiana. Será que Copérnico estava tentando sentir o clima intelectual da época, para ter uma ideia do quão “perigosas” eram suas ideias? Será que ele não acreditava muito nas suas próprias ideias e, portanto, queria evitar qualquer tipo de crítica? Ou será que ele estava tão imerso nos ideais pitagóricos que realmente não tinha o menor interesse em tornar populares suas ideias? As razões que possam justificar a atitude de Copérnico são, até hoje, um ponto de discussão entre os especialistas.
(A dança do universo, 2006. Adaptado.)
 5. Em “Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente) revolucionárias, muitas vezes não as reconhecem como tais, ou não acreditam no seu próprio potencial” (1º parágrafo), a locução conjuntiva sublinhada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por: 
a) À medida que. 
b) Ainda que. 
c) Desde que. 
d) Visto que. 
e) A menos que. 
 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Violência: presente e passado da história
Vilma Homero
Ao olhar para o passado, costumamos imaginar que estamos nos afastando dos tempos da "barbárie pura e simples" para alcançar uma almejada "civilização", calcada sobre 1relações livres, iguais e fraternas, típicas do homem culto. 2Um olhar sobre a história, no entanto, põe em xeque esta visão utópica. 3Organizado pelos historiadores Regina Bustamante e José Francisco de Moura, 4o livro Violência na História, publicado pela Mauad Editora com apoio da FAPERJ, reúne diversos ensaios que mostram, ao longo do tempo, diferentes aspectos da violência, propondo uma reflexão mais demorada sobre o tema. 5Nos ensaios reunidos no livro, podemos vislumbrar como, desde a antiguidade e ao longo da história humana, 6a violência se insere, sob diversos vieses, nas relações de poder, 7seja entre Estado e cidadãos, entre livres e escravos, entre homens e mulheres, ou entre diferentes religiões. "Durante a Idade Média, por exemplo, vemos como a violência se manifesta na religiosidade, durante o movimento das Cruzadas. 8Ou, hoje, no caso dos movimentos sociais, como ela acontece em relação aos excluídos das favelas. O sentido é amplo. A desigualdade social, por exemplo, é um tipo de violência; a expropriação do patrimônio cultural, que significa não permitir que a memória cultural de determinado grupo se manifeste, também", prossegue a organizadora. (...) A própria palavra "violência", que etimologicamente deriva do latim vis, com significado de força, virilidade, pode ser positiva em termos de transformação social, no sentido de uma violência revolucionária, usada como forma de se tentar transformar uma sociedade em determinado momento. (...) Essas variadas abordagens vão aparecendo ao longo do livro.
9(...) Na Roma antiga, as penas, aplicadas após julgamento, ganhavam um sentido religioso. Despido de sua humanidade, o réu era declarado 10homo sacer. 11Ou seja, sua vida passava a ser consagrada aos deuses. 12Segundo a pesquisadora Norma Mendes, "havia o firme propósito de fazer da morte dos condenados 13um espetáculo de caráter exemplar, revestido de sentido religioso e de dominação, cuja função era o reforço, manutenção e ratificação das relações de poder." (...) 14O historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva é um dos que traz a discussão para o presente, analisando as transformações políticas do último século. 15"Desde Voltaire até Kant e Hegel, 16acreditava-se no contínuo aperfeiçoamento da condição humana como uma marcha inexorável em direção à razão. (...) O Holocausto, perpetrado em um dos países mais avançados e cultos à época, 17deixou claro que a luta pela dignidade humana é um esforço contínuo e, pior de tudo, lento. (...) 18E, sobretudo, mais de 50 anos depois da II Guerra Mundial, a 19ocorrência de outros genocídios – Ruanda, Iugoslávia, Camboja etc. – leva a refletir sobre a convivência entre os homens nesse começo do século XXI." O historiador prossegue: "20De forma paradoxal, a globalização, conforme se aprofunda e pluga os homens a escalas planetárias, 21é fortemente acompanhada pelo localismo e o particularismo religioso, étnico ou cultural, promovendo ódios e incompreensões crescentes. 22Na Bósnia ou em Kosovo, na Faixa de Gaza ou na Irlanda do Norte, a capacidade de entendimento 23chegou a seu mais baixo nível de tolerância, e transpor uma linha, imaginária ou não, entre bairros pode representar a morte." 24Como nem tudo se limita às questões políticas e às guerras, o livro ainda analisa as formas que a violência assume nas relações de gênero, na religião, na cultura e aborda também a questão dos direitos humanos, vista sob a perspectiva de diferentes sistemas culturais.
(http://www.faperj.br/?id=1518.2.4. Acesso em 05 de março de 2018.) 
6. O uso do conectivo em destaque está corretamente justificado em: 
a) “...um espetáculo de caráter exemplar, revestido de sentido religioso e de dominação, cuja função era o reforço(...) das relações de poder." (ref. 13) – Conecta oração, estabelecendo uma relação de posse. 
b) “...a violência se insere, sob diversos vieses, nas relações de poder...” (ref. 6) – Acrescenta aspecto locativo. 
c) “Ou seja, sua vida passava a ser consagrada aos deuses.” (ref. 11) – Introduz sentido de alternância. 
d) “Como nem tudo se limita às questões políticas e às guerras, o livro ainda analisa as formas que a violência assume...” (ref. 24) – Estabelece conexão temporal. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
7. “As crianças precisam saber que existem limites!” 
“Educar também é saber dizer ‘NÃO’!” 
Podem-se unir essas duas falas em apenas uma única frase, sem alterar o seu sentido original, por meio do seguinte termo: 
a) se. 
b) mas. 
c) embora. 
d) porque. 
e) quando. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Para responder à(s) questão(ões) a seguir, leia o trecho do livro Casa-grande e senzala, de Gilberto Freyre.
Mas a casa-grande patriarcal não foi apenas fortaleza, capela, escola, oficina, santa casa, harém, convento de moças, hospedaria. Desempenhou outra função importante na economia brasileira: foi também banco. Dentro das suas grossas paredes, debaixo dos tijolos ou mosaicos, no chão, enterrava-se dinheiro, guardavam-se joias, ouro, valores. Às vezes guardavam-se joias nas capelas, enfeitando os santos. Daí Nossas Senhoras sobrecarregadas à baiana de teteias, balangandãs, corações, cavalinhos, cachorrinhos e correntes de ouro. Os ladrões, naqueles tempos piedosos, raramente ousavam entrar nas capelas e roubar os santos. É verdade que um roubou o esplendor e outras joias de São Benedito; mas sob o pretexto, ponderável para a época, de que “negro não devia ter luxo”. Com efeito, chegou a proibir-se, nos tempos coloniais, o uso de “ornatos de algum luxo” pelos negros.
Por segurança e precaução contra os corsários, contra os excessos demagógicos, contra as tendências comunistas dos indígenas e dos africanos, os grandes proprietários, nos seus zelos exagerados de privativismo, enterraram dentro de casa as joias e o ouro do mesmo modo que os mortos queridos. Os dois fortes motivos das casas-grandes acabarem sempre mal-assombradas com cadeiras de balanço se balançando sozinhas sobre tijolos soltos que de manhã ninguém encontra; com barulho de pratos e copos batendo de noite nos aparadores; com almas de senhores de engenho aparecendo aos parentes ou mesmo estranhos pedindo padres-nossos, ave-marias, gemendo lamentações, indicando lugares com botijas de dinheiro. Às vezes dinheiro dos outros, de que os senhores ilicitamente se haviam apoderado. Dinheiro que compadres, viúvas e até escravos lhestinham entregue para guardar. Sucedeu muita dessa gente ficar sem os seus valores e acabar na miséria devido à esperteza ou à morte súbita do depositário. Houve senhores sem escrúpulos que, aceitando valores para guardar, fingiram-se depois de estranhos e desentendidos: “Você está maluco? Deu-me lá alguma cousa para guardar?”
Muito dinheiro enterrado sumiu-se misteriosamente. Joaquim Nabuco, criado por sua madrinha na casa-grande de Maçangana, morreu sem saber que destino tomara a ourama para ele reunida pela boa senhora; e provavelmente enterrada em algum desvão de parede. […] Em várias casas-grandes da Bahia, de Olinda, de Pernambuco se têm encontrado, em demolições ou escavações, botijas de dinheiro. Na que foi dos Pires d’Ávila ou Pires de Carvalho, na Bahia, achou-se, num recanto de parede, “verdadeira fortuna em moedas de ouro”. Noutras casas-grandes só se têm desencavado do chão ossos de escravos, justiçados pelos senhores e mandados enterrar no quintal, ou dentro de casa, à revelia das autoridades. Conta-se que o visconde de Suaçuna, na sua casa-grande de Pombal, mandou enterrar no jardim mais de um negro supliciado por ordem de sua justiça patriarcal. Não é de admirar. Eram senhores, os das casas-grandes, que mandavam matar os próprios filhos. Um desses patriarcas, Pedro Vieira, já avô, por descobrir que o filho mantinha relações com a mucama de sua predileção, mandou matá-lo pelo irmão mais velho.
(In: Silviano Santiago (coord.). Intérpretes do Brasil, 2000.)
 
8. Em “Não é de admirar. Eram senhores, os das casas-grandes, que mandavam matar os próprios filhos.” (3º parágrafo), a conjunção que poderia unir as duas frases, sem alteração de sentido, é: 
a) como. 
b) mas. 
c) embora. 
d) se. 
e) pois. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Texto para a(s) questão(ões) a seguir:
Fomos proibidos de te amar, São Paulo
Herdamos o mito dos bandeirantes, e vocês transformaram Borba Gato, esse genocida, em fundador de nossa identidade. De legado, temos esta metástase em forma de desenvolvimentismo estéril, estas milhões de toneladas de concreto que hoje tentamos adornar para deixá-las suportáveis, mas que seria melhor não existissem.
Nos confinaram em bolhas de metal, em bolhas de concreto, em bolhas de vidro, como se fôssemos gado que tem por ração plástico. 1Disseram na nossa cara 2que praia de paulistano é shopping, que Cumbica é o melhor lugar de nossa cidade, que plano de aposentadoria é pousada na Bahia. Que aqui não se cria filho, que essa terra só serve para ganhar dinheiro, como uma versão apocalíptica de Serra Pelada.
3Nos deram uma ponte hedionda como novo cartão postal, transformaram nossa espinha dorsal em uma avenida de banqueiros, bairros inteiros em cidades-dormitório. Nos chamaram de feios, sem horizonte, sem perspectiva além da fuga. 4Que aqui não tem amor. Envenenaram nosso ar, nossa água, e até ela nos 5usurparam.
Por identidade nos deram os bairros, que ainda assim se digladiam entre si, o excesso de trabalho e um superpoder: a capacidade de deixar o outro invisível, praticada todos os dias com pessoas e lugares, nos semáforos, quando nos deparamos com o dependente químico 6que chamamos de zumbi, metáfora usada em tom cruel e irônico para dar nome ao 7nosso maior monstro social, justamente porque eles não produzem como nós, os viventes.
8Nossa história e arquitetura foram deixadas às ruínas, que ativamente permitimos que desmoronem. Nos legaram um palimpsesto de cidade, onde sobrepomos uma camada de concreto à outra, sem respeito pelo passado, planejamento ou cuidado.
Nos disseram que devemos conquistar ou ser conquistados, non ducor duco*, fomos colocados em estado permanente de guerra uns contra os outros, nos envenenaram com o medo pelas ruas e deixaram que o único elemento que nos cimentasse fosse o ódio comum e ancestral por São Paulo. Sem história, sem horizonte, perdidos. Fomos proibidos de te amar, São Paulo.
Chega. Talvez essa relação atávica de ódio nos encha os olhos de cataratas e não consigamos dar nome a essa emergência ainda, mas o faremos, com o devido distanciamento histórico. 9Ocupamos as ruas com comida, com música, com arte, com cinema, com vida em toda a sua potência. 10Vimos no feio o belo, deixamos de ter medo da rua, que surge como um eixo que começa a aglutinar em torno de si uma nova identidade de paulistano. Lutamos com mil unhas e dentes por um pedaço de terra que até então não era mais do 11que um estacionamento e que chamaremos de parque. Fizemos da cicatriz causada pelo militarismo um espaço para ensinar os novos paulistanos a andarem de bicicleta. Ocupamos lugares que nunca tínhamos visto e recuperamos a avenida das mãos dos banqueiros. Faremos turismo na cidade que habitamos. Não aceitamos mais esse ódio, esse estado permanente de guerra, a necessidade de conquistar o outro diariamente.
São Paulo é uma cidade no futuro: pós-apocalíptica, radioativa, seca, onde um dia dinheiro e trabalho não serão os únicos imperativos da vida social. Quando o mundo tremer, todas as cidades serão parecidas com a nossa. 12Do caos e da feiúra emerge uma beleza que apenas nós, que rejeitamos sua ideia de belo, vemos.
Temos vontade de rua, negamos seus heróis, seus monumentos, seus carros, seus modos de vida. Nem 13que nos custem décadas, mas faremos algo belo com os escombros que herdamos e deles faremos uma cidade, não uma abstração chamada São Paulo. Ocuparemos cada fresta, cada trinca, cada buraco da cidade cinza. Aqui se encerra esse ciclo de ódio e se abre uma possibilidade de um novo começo na relação com São Paulo.
Nossa terra está em transe. Somos afortunados. Somos os novos paulistanos, e essa cidade é nosso rolê.
* expressão latina: “não sou conduzido, conduzo”
(GUERRA, Facundo. Fomos proibidos de te amar, São Paulo. Carta Capital. Caderno Sociedade. 27/08/2015. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/fomos-proibidos-de-te-amar-sao-paulo-2365.html. Acessado em 11/08/2018) 
9. Não se observa o uso de coloquialismo na passagem transcrita em: 
a) “Que aqui não tem amor...” (referência 4) 
b) “Nos deram uma ponte hedionda como novo cartão postal...” (referência 3) 
c) “Disseram na nossa cara que praia de paulistano é shopping...” (referência 1) 
d) “Nossa história e arquitetura foram deixadas às ruínas, que ativamente permitimos que desmoronem.” (referência 8) 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
O elefante
Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis o meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê em bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousammostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O ElefanteO. 9ª ed. - São Paulo: Editora Record, 1983. 
10. Observe os vocábulos destacados em negrito nos versos 39 a 44 do poema, transcritos abaixo:
“Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.”
Sobre esses vocábulos, de acordo com a gramática normativa, considere as seguintes afirmações:
I. o primeiro “o” é um artigo definido e o segundo é uma forma pronominal oblíqua, assim como a forma “lo” em “deixá-lo”.
II. a colocação do segundo “o” junto ao advérbio de negação aproxima-se do registro mais utilizado no português falado no Brasil.
III. “o” e “lo” nos versos “mas não o querem ver” e “deixá-lo ir sozinho” são formas pronominais que garantem a coesão referencial anafórica.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmação(ões) 
a) I apenas. 
b) III apenas. 
c) I e II apenas. 
d) I e III apenas. 
e) II e III apenas. 
11. Assinale a alternativa em que se encontram características da prosa do Realismo:
a) Objetivismo; subordinação dos sentimentos a interesses sociais; críticas às instituições decadentes da sociedade burguesa.
b) Idealização do herói; amor visto como redenção; oposição aos valores sociais.
c) Casamento visto como arranjo de conveniência; descrição objetiva; idealização da mulher.
d) Linguagem metafórica; protagonista tratado como anti-herói; sentimentalismo.
e) Espírito de aventura; narrativa lenta; impasse amoroso solucionado pelo final feliz.
12. Lima Barreto é um autor que se caracteriza por criar tipos:
a) rústicos, ligados ao campo.
b) aristocratas, ligados ao campo.
c) aristocratas, ligados à cidade.
d) burgueses, ligados à cidade.
e) populares, ligados ao subúrbio.
13. Assinale as alternativas que estão alinhadas com o pensamento parnasiano:
(1) – Uso de sonetos
(2) – Nacionalismo
(3) – Olavo Bilac é o maior representante 
(4) – Tem influência Clássica
a) 1, 2 e 3
b) 1, 3 e 4
c) 2, 3 e 4
d) 1, 2 e 4
e) 1, 2, 3 e 4
14. 1. Assinale a opção que contenha trecho com a conhecida função metalinguística presente na obra de Machado de Assis:
a) Ora bem, faz hoje um ano que voltei definitivamente da Europa. O que me lembrou esta data foi, estando a beber café, o pregão de um vendedor de vassouras e espanadores: “Vai vassouras! vai espanadores!”.
b) Cuido haver dito, no capítulo XIV, que Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia. Viver não é a mesma cousa que morrer (…).
c) Rubião não sabia que dissesse; Sofia, passados os primeiros instantes, readquiriu a posse de si mesma; respondeu que, em verdade, a noite era linda (…).
d) Assim chorem por mim todos os olhos de amigos e amigas que deixo neste mundo, mas não é provável. Tenho-me feito esquecer.
e) Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às
orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros (…).
 
 
15. 
A charge retrata um comportamento recorrente nos dias atuais: a insatisfação das pessoas com o peso. No entanto, do ponto de vista orgânico, o peso corporal se torna um problema à saúde quando 
a) estimula a adesão à dieta. 
b) aumenta conforme a idade. 
c) expressa a inatividade da pessoa. 
d) provoca modificações na aparência. 
e) acomete o funcionamento metabólico. 
Simulado 02 - SEMI
	
6
1. C
2. D
3. B
4. A
5. B
6. A
7. D
8. E
9. D
10. D
11. A
12. E
13. B
14. B
15. E
GABARITO SIMULADO 02 SEMI
1. C |– 2. D | 3. B | 4. A | 5. B
6. A | 7. D | 8. E | 9. D | 10. D
11. A | 12. E | 13. B | 14. B | 15. E

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