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Probabilidade: eventos complementares, eventos independentes, eventos mutuamente exclusivos José Tadeu de Almeida Introdução Nesta aula, descreveremos importantes elementos relacionados à Teoria da Probabilidade e seus desdobramentos, a partir do conceito de evento e da própria probabilidade, enquanto mecanismo de verificação de possibilidades de ocorrência de um determinado fenômeno esta- tístico. Assim, entenderemos como a Estatística Indutiva analisa os fenômenos estatísticos e infere probabilidades para estas situações. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • diferenciar os eventos complementares dos independentes e mutuamente exclusivos. 1 Probabilidade Para viabilizar nosso entendimento sobre a definição da probabilidade, é importante recu- perarmos alguns elementos. O primeiro deles é o de experimento aleatório, que é o resultado de um processo no qual o pesquisador efetua inúmeras repetições de certa experiência, sem saber previamente qual será o resultado, uma vez que eles são esperados, mas não podem ser previstos (são atribuídos ao acaso). Em um jogo de dados de seis faces, por exemplo, o pesquisador que lance um dado mil vezes saberá que nestas mil vezes encontrará valores entre 1 e 6, mas sem saber qual deles aparecerá no próximo lançamento. FIQUE ATENTO! Não se confunda! Os resultados de um experimento aleatório são previstos, porém não são previsíveis, ou seja, sabemos quais os possíveis resultados decorrentes do experimento, mas não qual destes resultados iremos observar. O segundo conceito é o de espaço amostral (também conhecido por conjunto universo), con- junto que compreende todos os possíveis resultados decorrentes do experimento, especialmente o aleatório. Por exemplo, ao lançarmos uma moeda no jogo de ‘cara ou coroa’, o espaço amostral é dado por S = {cara; coroa}. No caso do jogo de dados de seis faces, os resultados formam o conjunto universo U = {1; 2; 3; 4; 5; 6}. Figura 1 – Dados e experimentos aleatórios Fonte: serpeblu/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! O conjunto universo pode conter de um a infi nitos elementos. Por exemplo, se um pes- quisador deseja investigar a ocorrência de casos de uma doença infecto-contagiosa na população brasileira, seu espaço amostral será toda a população do país. O terceiro conceito é o de evento, que pode ser entendido como a sentença que orienta o experimento do pesquisador. Por exemplo, considere um experimento aleatório, como o lança- mento de um dado de 6 faces. Nele, o evento é A = {obter um número no lançamento de um dado} e o espaço amostral correspondente é S = {1; 2; 3; 4; 5; 6}. Nesta situação, o experimento de lançamento do dado torna possível a visualização de qualquer resultado do espaço amostral, considerando que não há nenhum elemento que afete ou desvie o resul- tado do experimento. Logo, temos que o espaço amostral “S” é um conjunto equiprovável, ou seja, há a mesma possibilidade de visualização dos diferentes resultados em qualquer repetição do experimento. Deste modo, os seis números do dado têm igual chance de serem sorteados no lançamento do mesmo. Assim, a probabilidade de um determinado número ser sorteado no evento “A” é dada por: ( ) ( ) ( ) n A(n A( P A =(P A =( )P A =) n S(n S( Ou seja, a probabilidade é dada pela razão entre o número de elementos que compõem os possíveis resultados de um evento, e o número de elementos que compõem o espaço amostral. No exemplo do jogo de dados de 6 faces, a probabilidade do número “2” ser sorteado no dado é de 1/6, ou seja, P (X = 2) = 1/6, em que X representa o número sorteado. FIQUE ATENTO! O cálculo das probabilidades é viável e lógico em situações nas quais o espaço amostral é um conjunto equiprovável. Caso haja alguma variável que afete a estabili- dade e o caráter aleatório do experimento, como um baralho marcado, por exemplo, o cálculo das probabilidades associadas a um experimento perderá sua eficácia. Figura 2 – Probabilidades em uma roleta Fonte: Fer Gregory/Shutterstock.com Há duas notações possíveis para a probabilidade, o uso de porcentagens ou a expressão algébrica da razão mencionada na equação acima. Deste modo, podemos verificar que a proba- bilidade de um evento aleatório qualquer, situa-se em qualquer ponto compreendido entre 0 e 1 (ou seja, de 0% a 100%). SAIBA MAIS! Aprofunde seu conhecimento sobre a Teoria da Probabilidade no segundo capítulo da dissertação de mestrado de Rodrigo Rodrigues Fraga (UnB). Acesse: <http://www.impa.br/opencms/pt/ensino/downloads/PROFMAT/trabalho_ conclusao_curso/2013/rodrigues_fraga.pdf>. 2 Probabilidade de ocorrência de um evento Agora, entenderemos os diferentes tipos de eventos que fazem parte da Teoria das Probabi- lidades. Acompanhe! O evento certo é aquele cuja probabilidade de ocorrer é de 100%, de forma que todos os elementos do espaço amostral são possíveis resultados deste evento. Suponhamos que um pes- quisador selecione o evento B = {sortear um valor entre 1 a 6 em um dado}. Neste caso, há 100% de chance deste evento ser bem-sucedido. Logo, sua probabilidade, dada por P(B), é igual a 1. Figura 3 – Apostas, probabilidades e corridas de cavalos Fonte: Stefan Holm/Shutterstock.com Eventos impossíveis são vistos quando nenhum dado do conjunto universo gera os resul- tados necessários para o evento. Suponhamos que um pesquisador deseje o evento J = {obter valores entre 10 e 15 em um dado de seis faces}. Não há elementos no espaço amostral para este evento, logo, o conjunto de possíveis resultados é vazio, de notação Ø. Portanto, P (Ø) = 0. Neste contexto, dizemos que o Φ (vazio) representa o evento impossível. O evento simples ou elementar ocorre quando há apenas um resultado no espaço amostral que satisfaz as condições de um evento. Por exemplo, o evento A = {obter número 6 em um dado}. Neste caso, como n(A) = 1, temos que ( ) ( ) ( ) n A(n A( 1P A = =(P A = =( )P A = =) (P A = =( )P A = =) ( P A = = ( ) P A = = ) P A = = n S n(n S n( )n S n) Deste modo, o evento A mencionado acima tem probabilidade de 1/6: n(S) = 6. 3 Eventos complementares Eventos estipulados pelo pesquisador, e experimentados, podem ocorrer ou simplesmente não ocorrer. Por exemplo, ao adquirir um bilhete de loteria, o apostador pode ganhar ou perder. Assim, dependendo da probabilidade envolvida no experimento, é muito mais provável que um dado evento não ocorra que ocorra. Por exemplo, a chance de se ganhar o prêmio máximo em certas loterias é de um para dezenas de milhões, muito inferior a 0,01%. Assim, podemos pensar que um evento possui uma probabilidade de sucesso, dada por p, e uma probabilidade de fracasso, dada por q. Este valor q está associado a um evento comple- mentar, ou seja, o evento que resume a possibilidade contrária ao objetivo do pesquisador que realiza o experimento. SAIBA MAIS! Podemos verificar que as probabilidades relacionadas a um evento são números reais entre zero e 1. Assim, há situações e experimentos cujas chances de sucesso são extremamente remotas ou limitadas, ou seja, próximas de zero. Como ganhar na loteria com uma aposta mínima, por exemplo. Figura 4 – Sucesso e fracasso em máquinas caça-níqueis Fonte: Cyclonphoto/Shutterstock.com No exemplo do dado de 6 faces, sabemos que a chance do evento A = {obter número 6} é de 1/6. Mas, qual a chance do evento “A” não acontecer? O espaço amostral do evento, que é o número de faces do dado, mostra que há ainda outros 5 resultados possíveis no experimento, de modo que a probabilidade do evento complementar B = {obter número diferente de 6} é igual a P(B) = 5/6. Assim, podemos verificar que a soma das probabilidades de eventos complementares é igual a 1: p + q = 1 Assim, no exemplo do dado de 6 faces, há 1/6 de chances de um dado mostrar o número6, e 5/6 deste experimento fracassar, ou seja, de não se visualizar o número esperado. A soma de probabilidades de eventos complementares, então, é igual a 1. 4 Eventos independentes Eventos independentes são aqueles que podem ocorrer simultaneamente, de modo que a ocorrência do primeiro evento não afeta a ocorrência do segundo evento. Assim, suponhamos, den- tro do experimento aleatório de lançamento de um dado, dois eventos: B = {obter um número ímpar}; e C = {obter o número 4}. Você pode perceber que os resultados possíveis do evento B não afetam a ocorrência do evento C, pois o evento B tem como resultados possíveis os números do conjunto F = {1; 3; 5}, e o evento C tem por resultados possíveis os números do conjunto A = {1; 2; 3; 4; 5; 6}. Temos, então, uma combinação de eventos independentes. Neste caso, a probabilidade de realização simultânea destes eventos é igual ao produto da probabilidade de realização de cada evento em separado. EXEMPLO Se, ao lançarmos um dado, e considerarmos o evento A= {obter número 2} e o evento B = {obter número 4}, qual a chance de obter sucesso no evento “A” e no evento “B” simultaneamente? A probabilidade de sucesso no evento “A” é dada por P(A) = 1/6. O evento “B” tem probabilidade de sucesso dada por P(B) = 1/6. Assim, a probabilidade de sucesso no evento “A” e no evento “B” é dada por (1⁄6) × (1⁄6) = 1⁄36. Deste modo, verifi camos que quando dois ou mais eventos são independentes, a ocorrência de um evento não depende, necessariamente, da ocorrência de outro evento. 5 Eventos mutuamente exclusivos Dois ou mais eventos são considerados mutuamente exclusivos quando não podem, dentro de um mesmo espaço amostral, ocorrer simultaneamente. Por exemplo, quando lançamos uma moeda, os eventos A = {obter ‘cara’}, com probabilidade dada por p1, e B = {obter ‘coroa’}, com pro- babilidade igual a p2, não podem ocorrer ao mesmo tempo. Se um evento se realiza, o outro não poderá se realizar. Neste caso, a probabilidade p, relacionada a eventos mutuamente exclusivos é dada pela soma da probabilidade de realização de cada evento em separado, de modo que: p1 + p2 = p EXEMPLO Suponhamos os eventos mutuamente exclusivos A = {obter número 4 no lança- mento de um dado} e B = {obter número 6}. A probabilidade de obtermos sucesso no evento A ou no evento B é dada por ( ) ( ) 1 1 2 1P A + P B = + = =(P A + P B = + = =( )P A + P B = + = =) (P A + P B = + = =( )P A + P B = + = =)P A + P B = + = =P A + P B = + = =P A + P B = + = =1 1 2 1P A + P B = + = =1 1 2 1 6 6 6 3 Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer o conceito de probabilidade e entendê-lo a partir da ocorrência de um evento; • diferenciar as probabilidades associadas a eventos complementares, independentes e mutuamente exclusivos. Referências BUSSAB, Wilton de Oliveira; MORETTIN, Pedro. Estatística Básica. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2010. CRESPO, Antonio. Estatística Fácil. São Paulo: Saraiva, 2005. FRAGA, Rodrigo Rodrigues. O estudo das loterias: uma abordagem motivadora e facilitadora para aprendizagem da probabilidade no Ensino Médio. Instituto Nacional de Matemática Pura e Apli- cada, Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <http://www.impa.br/opencms/pt/ensino/downloads/ PROFMAT/trabalho_conclusao_curso/2013/rodrigues_fraga.pdf.>. Acesso em: 18 fev. 2017.
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