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1
FCE- FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS
LIBRAS: OS SINAIS QUE INCLUEM.
Juliene Marques [footnoteRef:1] [1: Pós-graduanda em Atendimento Educacional Especializado.
Artigo apresentado como requisito parcial para aprovação do Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em AEE.] 
RESUMO 
A pessoa surda escuta com os olhos e fala com as mãos. Quando as crianças surdas chegam à escola é possível observar que elas chegam sem língua, mas prontas para serem alfabetizadas. Então se deve ter o entendimento que essa criança será um aprendiz em Libras e de Libras. É importante que a comunidade escolar e a família aprendam Libras, pois o auxílio é muito importante para todos e o intérprete deve ser uma pessoa inserida neste contexto escolar, alguém que entenda e saiba o conteúdo pedagógico. Além disso, o docente deve também abordar o ensino da Língua Brasileira de Sinais por meio do lúdico, apresentando algumas propostas pedagógicas para que o ensino seja mais completo e mais eficaz. Contudo é fato que o aluno surdo deve sim ser atendido e orientado para que o processo de socialização se dê e que o convívio com os colegas ouvintes seja viabilizado, pois estes também podem aprender Libras, facilitando assim esse processo de socialização que é muito rico. Para que tudo se concretize é necessário que o educador conheça o educando e, acima de tudo, ele deve saber como se comunicar com ele.
Palavras-chave: Libras. Surdez. Lúdico.
INTRODUÇÃO
	Para que a sociedade se estabelecesse e pudesse atingir o desenvolvimento que hoje é presenciado houve a necessidade de uma interação e comunicação concreta entre os indivíduos, esta foi possibilitada através da linguagem. Assim, é fato que a linguagem tem um papel fundamental na vida das pessoas, e através dela transmitimos informações, ideias e sentimentos. 
	Apesar de aparentemente não apresentar a devida importância, a denominação ou a palavra escolhida para designar um único ou um grupo de indivíduos, a maneira como designamos um deles revela a nossa concepção da pessoa, de um grupo ou fenômeno a que nos referimos. Atualmente, dentro de concepções defendidas por alguns autores, a surdez é entendida muito mais como uma diferença do que como deficiência.
	A palavra “surda” é a mais adequada, porque permite que se compreenda melhor a surdez, tanto no que se refere à sua condição orgânica como sua condição social. Além disso, é a autodenominação escolhida pelos próprios surdos, que desejam ser aceitos não como pessoas deficientes, mas como ouvintes que tem a ausência da audição, pessoas que tem muito mais de igual do que de diferente, que sejam capazes e que se diferenciarem dos ouvintes por desenvolverem sua língua por meio de recursos de natureza viso-motora.
	A Libras é considerada uma língua nativa, de falantes nativos brasileiros, que é utilizada em todo território nacional ao lado de nossa língua oficial, o Português; e também ao lado de outras línguas que também são praticadas no país, como as diferentes línguas utilizada nas comunidades indígenas. Além disso, consiste outra importante característica que é o fato dela não ser universal, esta se diferencia das línguas de sinais utilizadas em outros países, sendo, portanto, brasileira.
	Assim, a Libras consiste em uma língua materna e constitutiva do falante surdo pela qual é de fundamental importância para a construção da sua subjetividade e identidade. Estudos linguísticos desenvolvidos por pesquisadores nacionais confirmam que Libras é uma língua que, como qualquer outra, tem uma sintaxe, uma semântica, uma morfologia e uma gramática, não se tratando de um conjunto de gestos, mímicas ou português sinalizado.
Neste sentido, este trabalho buscará fazer uma reflexão acerca dos desafios postos para o avanço das Libras na Política educacional dos surdos, o papel dos familiares, e também dos agentes educacionais para que aconteça a inclusão esses indivíduos nos diversos meios de convívio de modo a garantir seus direitos.
Portanto algumas questões serão importantes, na tentativa de estabelecê-las, a saber: qual a importância das Libras na formação da identidade do sujeito surdo; a importância que existe no convívio dos surdos dentro comunidade surda e na comunidade ouvinte; entender como deve ser a participação da família neste desenvolvimento da criança surda e se é necessário que esta criança possa desde o seu nascimento, conviver com adultos surdos; quanto aos profissionais, qual o papel dos que atuam na área da surdez e como é feito o atendimento educacional ao surdo. . 
	
 UM POUCO DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE SURDOS
A principal questão colocada na educação das pessoas surdas, desde o início, foi a de que os surdos deveriam desenvolver a aprendizagem utilizando a língua de sinais ou a oral. Essa foi uma decisão que durou muito tempo e que foi tomada pelos ouvintes. Apenas há pouco tempo os surdos puderam definir a sua preferência em como ser educados e por unanimidade decidiram que o melhor para eles seria a língua de sinais.
Através da pouca possibilidade que observavam em viver no mundo de ouvintes sem ter o conhecimento da língua pátria, os surdos, por sua vez, defenderam que a língua de sinais (no caso do Brasil, Libras) deveria ser considerada sua primeira língua e por sequência a língua oral com preferência na modalidade escrita.
 Durante muito tempo, os surdos foram considerados incapazes de serem ensinados, por esse motivo não frequentavam escolas. As pessoas surdas que não falavam, eram por sua vez excluídas da sociedade. O espanhol Pedro Ponce de Léon (1501-1576) é considerado o primeiro professor de surdos; este havia educado crianças surdas da nobreza espanhola. Ele usava nesta educação, sinais, treinamento de voz e leitura labial.
Passados séculos afins, esta educação avançou bastante até que no início do século XIX, Thomas Hopkins Gallaudet criou a primeira escola para surdos dos Estados Unidos da América usando sinas. No Brasil, a Língua Brasileira de sinais chegou entre 1960 e 1970, e era considerada a língua mais importante na comunicação dos surdos.
No que diz respeito ao ensino para educando com deficiência, houve muitas modificações no decorrer do tempo, uma das mais importantes está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que define em seu capítulo V no Art. 58 do o que é a Educação Especial: 
Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação (BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1996).
A lei nos deixa claro que o ensino para alunos com deficiência deve acontecer preferencialmente em escolas de ensino regular, o que muitas vezes não acontece. Pois em muitas cidades contamos com a presença da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), onde participam das turmas apenas alunos com deficiência. No caso dos alunos surdos, muitos também frequentam institutos especializados. 
Nesta perspectiva, a LDBN/96 assegura que os estudantes que necessitem de apoio especializado, deverão ter na classe ou escola serviços especializados; e também afirma que a oferta do ensino da Educação Especial deve ser feita pelo Estado, com início na educação infantil (faixa etária de zero a seis anos). 
A lei garante que os sistemas de ensino devem utilizar currículo, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos que atendam às necessidades do aluno.
A Libras (Língua Brasileira de Sinais) permite uma expressão total e significativa do indivíduo, enquanto pessoa, vendo-o como aquele que sente, pensa e age. Possibilita também discutir os mais abstratos conteúdos, sentimentos, negócios, independentemente da área do conhecimento que esteja sendo observada. Quando o surdo tem oportunidade de fazer uso da sua Língua materna, Libras, suas perspectivas são ampliadas. Ele passará a sentir-se como parte do todo, como parte de uma comunidade e não comoum ouvinte que tenha alguma deficiência. Além disso, a Libras é reconhecida como meio de comunicação e expressão.
 Parágrafo único: Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil (LEI 10436/2002).
Existe, porém a possibilidade de o aluno surdo ser incluído no universo ouvinte. É fato que primeiro ouvimos e depois falamos. E quanto ao surdo? Neste caso, necessita que desde criança lhe seja exposto à língua materna, Libras. Só então, conhecendo esta língua estará apto a aprender a segunda língua, a Língua Portuguesa. Assim, este deixará de ser um estrangeiro em seu próprio país. A eles, também deve ser garantida a continuidade da educação especial nos diferentes níveis de educação, ter atendimento educacional especializado, formação de professores para o AEE, participação da família e da comunidade e na elaboração e implementação das políticas públicas. Essa proposta mostra uma original preocupação no desenvolvimento pleno do aluno desde a educação infantil até a educação superior. 
No que diz respeito a educação para surdos encontramos o decreto N°5.626, de 22 de dezembro de 2005, que traz em seu Capítulo VI no Art. 22: 
Art. 22: As  instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de: I - escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngues, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; II - escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade linguística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes de LIBRAS - Língua Portuguesa. (BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2005).
Como vimos à lei garante que os alunos surdos obtenham uma educação bilíngue em todas as modalidades de ensino. O ensino bilíngue é aquele em que a LIBRAS e a Língua Portuguesa em sua modalidade escrita são utilizados no processo de ensino. Além de que os alunos surdos possuem o direito à escolarização em um turno diferenciado ao do Atendimento Educacional Especializado (AEE) para o desenvolvimento de complementação curricular. 	Seguindo por esse mesmo decreto, em seu artigo 23 nos diz que: 
As instituições federais de ensino, de educação básica e superior, devem proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais, bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à educação (BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2005).
  A lei, portanto, assegura que os alunos surdos devem ser acompanhados por um tradutor e intérprete de LIBRAS, onde o tradutor e o professor conversam a respeito da melhor forma para ensinar esse aluno e principalmente as metodologias que utilizarão para auxiliá-lo. Assim, faz-se necessário também que os demais alunos da sala de aula aprendam os sinais básicos da LIBRAS para uma melhor interação com os colegas.
 Houve várias modificações ao decorrer dos anos tanto na visão da humanidade em relação aos deficientes quanto nas metodologias de ensino para chegarmos onde estamos, e principalmente, para que os alunos tenham um ensino de qualidade e em que a aprendizagem seja garantida. 
PAPEL DA FAMÍLIA NA ALFABETIZAÇÃO E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Diante de um número que cresce constantemente de alunos com necessidades especiais em especial a surdez, podemos perceber que a família possui ainda pouco conhecimento a respeito das leis que garantem um acompanhamento especializado para essas crianças.
 Segundo BRASIL – MEC (2000), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n° 9.394, de 20.12.1996, estabelece, em seu Art. 2°, que A Educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
MEC (2004, p. 51) “É importante que a família compreenda que a comunicação com sua criança surda é fator primordial para o equilíbrio e harmonia do contexto familiar e o alicerce para o desenvolvimento global do indivíduo”. Podemos observar que a educação tem papel fundamental, sendo a escola o espaço ideal para o favorecimento, a todos os cidadãos, do acesso ao conhecimento e o desenvolvimento de competências, ou seja, o local onde o aluno tenha a possibilidade de apreensão do conhecimento historicamente produzido pela humanidade e a utilização do mesmo, no exercício efetivo da cidadania.
Ainda segundo Brasil - MEC (2004, p. 51) “Os pais ouvintes devem procurar aprender a língua de sinais e, ao mesmo tempo devem facilitara comunicação com seu filho surdo no intuito de gerar equilíbrio que satisfaça as necessidades de todos”. Com isso podemos perceber que a família deve tratar a criança surda não como o centro das atenções, mas como parte da família e em parceria com a comunidade escolar. Dessa forma a criança sentirá prazer em interagir com outros tendo algo a aprender e também a ensinar.
 A escola tem um papel muito importante e fundamental na vida da criança e do jovem. Ao ingressar na escola, eles têm a oportunidade de conviver e de se relacionar com diferentes pessoas, e aprendem a perceber que todas têm características próprias, que nenhuma é igual à outra. Dessa forma, ela vai passar por muitas experiências novas e, assim, vai agir, reagir, mudar sua forma de pensar, criar um jeito próprio de se relacionar com o mundo. (BRASIL-MEC 2006 p.8).
Com isso é possível observar que é de fundamental importância que os pais escolham uma escola que possa contribuir de maneira significativa na educação e formação do filho surdo, eles devem verificar o tipo de recursos que a instituição possui, onde estes devem viabilizar o processo de ensino-aprendizagem.
Para Brasil - MEC (2006, p. 20) É recomendável que:
 · Seu filho seja matriculado na série de acordo com a idade, 
· As classes com alunos com deficiência tenham um menor número de alunos,
· Tenha atendimento especializado.
Pessoas com deficiência auditiva necessitam de sinais visuais junto aos sinais sonoros. Aprender a usar aparelhos auditivos também ajuda na identificação de ruídos que existem em qualquer cidade, possibilitando maior independência e segurança. (BRASIL- MEC, 2006, p. 22).
É fundamental que a família juntamente à escola, cobre aos órgãos públicos os recursos necessários para o desenvolvimento do aluno surdo matriculado na sala regular. Este aluno deverá ser acompanhado de forma especializada em horário oposto, a escola precisará buscar os materiais que forem necessários, os recursos e a promoção de formação de professores e o atendimento a família.
Família e escola são duas instituições que dividem atribuições sociais, políticas e educacionais na vida dos indivíduos, estas atribuições influenciam e cooperam na formação da sociedade, ou seja, são instituições que se organizam e fornecem conhecimentos, estas também devem se estruturar e modificar os caminhos sociais de acordo com as particularidades de cada contexto. Para tanto é importante que se destaque que esse potencial que submete a transformação dos sujeitos e dos grupos sociais pode ocorrer de maneira positiva ou negativa nos processos evolutivos e também no processo de desenvolvimento cultural, físico, social, intelectual e emocional de determinados sujeitos ou coletivos (DESSEN; POLONIA, 2007; MARTINS; TAVARES, 2010).
Na sociedade contemporânea, família e escola são dois contextos de promoção de desenvolvimento, socialização e educação da criança,que se definem e são diferenciados por padrões de comportamento, de objetivos, de procedimentos para transmissão de informações que lhes competem (PEREZ, 2008, p. 12).
De acordo com Perez (2008), o processo educativo é dividido em socialização primária e socialização secundária. Socialização primária diz respeito ao movimento social que ocorre em âmbito familiar, são os contatos iniciais que a pessoa possui na infância, pelos quais se torna membro da sociedade e incorporam aspectos culturais, normativos, morais, afetivos e sociais. Socialização secundária se dá por meio da escola, pois é um ambiente em que a pessoa é introduzida já socializada, porém interage com novos grupos e setores da sociedade. Este deve ser o lugar onde se estabelece o conhecimento formal, mas também se estimula criação e legitimação de habilidades sociais em âmbito cultural e moral.
A família é de extrema importância e exerce um papel fundamental na vida de seus filhos; justamente por este ser o primeiro ambiente que existe a socialização, e também porque neste local pode ser observada a forte influência no comportamento: nela se aprende formas de existir, pensar, ver o mundo e resolver problemas, ou seja, é o lugar em que se constroem repertórios de vida. Pode-se denominar como a matriz da aprendizagem humana, pois nesse ambiente o sujeito aprende a lidar e resolver conflitos sociais, a controlar suas próprias emoções, a expressar seus desejos e sentimentos, ou seja, a lidar com a diversidade de acontecimentos positivos ou negativos da vida, que se estabelecem a partir das relações com outras pessoas (DESSEN; POLONIA, 2007). E essas relações têm total influência que por sua vez são diretas e objetivas nas relações estabelecidas em outros ambientes, outros locais de socialização, principalmente na escola, que é espaço social secundário comum a todas as pessoas.
A escola é uma instituição social na qual se reflete as diversas e inúmeras transformações que ocorrem na sociedade e a função social dessa instituição é o dever de auxiliar os indivíduos a vivenciar um mundo globalizado. Orientando-se nesse conhecimento organizado ou formal e atividades sistemáticas, esse espaço possibilita aos alunos apropriar-se de novas experiências e formas de viver, pensar e interagir; com o objetivo de desenvolver aprendizagem e funções psicológicas dos estudantes (cognitivas, morais, de personalidade, físicas, afetivas), promove consciência cidadã e condições para que possam habitar o mercado de trabalho (DESSEN; POLONIA, 2007). A escola e a família podem juntas exercer funções semelhantes em certa medida, e de certa forma, porém, juntas produzem interações sociais opostas e estabelecem estas relações por meio de recursos diferenciados, pois os conhecimentos produzidos em cada espaço possuem valores sociais distintos, mas as interações que são estabelecidas em um espaço interferem nas relações estabelecidas em outro: interações limitadoras e negativas na família podem gerar desorganização nas interações escolares, ou vice-versa. Por isso existe a necessidade de ambas caminharem juntas em prol da compreensão e das diferentes abordagens que facilite a formação da identidade do aluno.
Contudo, existe a evidencia que, apesar da enorme importância da interação entre estes dois espaços, ainda há muitas barreiras que geram muitos conflitos e estes dificultam a interação e produzem medidas diversas e que trazem consequências na comunicação. Para Dessen e Polonia (2007), essa dificuldade se dá pelo fato de os espaços acadêmicos e sociais de interação não possibilitarem o compartilhamento de responsabilidades entre esses dois microssistemas.
Podemos observar que estes diversos desafios que permeiam o processo educacional do surdo, evidenciando principalmente as questões que envolvem a linguagem, as relações familiares e escolares e a interação entre elas permitem uma reflexão contínua para a construção da subjetividade e identidade do aluno. Acreditamos que tanto a família quanto a escola possuem papéis de fundamental importância na reflexão do processo educacional do aluno, sendo fundamental a compreensão de como essa relação ocorre e de que forma ela pode ser positiva ou negativa nesse processo de ensino aprendizagem.
Para que haja uma educação libertadora e transformadora, é necessário o envolvimento de todos os atores nesse processo, a família, o aluno e o corpo escolar, por isso é importante que se estabeleça entre eles uma língua comum, para uma comunicação positiva, sendo a Libras o meio capaz de proporcionar esse movimento em todos os espaços da vida (SCHNEIDER, 2006).
METODOLOGIA DE ENSINO PARA SURDOS E A UTILIZAÇÃO DO LÚDICO SEGUIDO DE SUAS PROPOSTAS
	Para chegarmos à metodologia atual para o ensino de surdos foi preciso percorrer um longo caminho. Para isso passaremos a destacar aqui algumas correntes teóricas sendo elas: o oralismo, comunicação total e o bilinguismo. 
	O oralismo dava condições para a criança desenvolver a língua oral, os defensores dessa abordagem alegam que a linguagem é restrita a língua oral. Assim para a criança surda se comunicar é necessário que ela saiba oralizar. Tinha como objetivo reabilitar a criança surda em direção à normalidade. Nessa abordagem, a educação do surdo deve começar com os bebês e devem-se aproveitar todos os recursos disponíveis para que se desenvolva a linguagem interior da mesma forma que acontece com os ouvintes.
	A comunicação total é um método de aprendizagem que requer a incorporação de modelos auditivos, manuais e orais para assegurar a comunicação eficaz entre as pessoas com surdez. Esta filosofia se preocupa também com a aprendizagem da língua oral pela criança surda, mas acredita que os aspectos cognitivos, emocionais e sociais não devem ser deixados de lado só por causa da aprendizagem da língua oral. Defende assim a utilização de qualquer recurso espaço - visual como facilitador da comunicação. Os defensores da filosofia da comunicação total recomendam então o uso simultâneo de diferentes códigos como: a Língua de Sinais, a datilologia, o português sinalizado, etc.
	O bilinguismo parte do princípio que o surdo deve adquirir como sua primeira língua, a língua de sinais com a comunidade surda, facilitando o desenvolvimento de conceitos e sua relação com o mundo, e a língua portuguesa é ensinado como segunda língua, na modalidade escrita e, quando possível, na modalidade oral. 
	Estudos recentes nas áreas de linguística e da neurolinguística demonstram que a forma com que a linguagem é organizada no cérebro é a mesma tanto para a linguagem oral quanto para gestual. 
	Atualmente o ensino regular pode oferecer alguns serviços de apoio pedagógico aos alunos surdos, tais como: intérprete de LIBRAS/Língua Portuguesa, instrutor surdo de LIBRAS, Centro de Atendimento Especializado (CAE), classes de educação bilíngue para surdos matriculados nas séries iniciais, o chamado Programa de Escolaridade Regular com Atendimento Especializado (PERAE), instituições especializadas e escolas especiais. 
	Sabemos que os surdos são mais visuais, ou seja, o ensino se torna mais fácil se o aluno estiver usando a visão para desenvolver suas demais habilidades, por isso nós como professores e/ou intérprete de LIBRAS devemos explorar a habilidade visual de nossos alunos surdos, tendo como auxílio o ensino lúdico. 
	Segundo Piaget (1975):
Os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência. (PIAGET, 1975, p. 160 apud CÓRIA - SABINI, 2004 p. 41).
	A partir das teorias de aprendizagem, acreditamos que ensinar as crianças por meio do lúdico é a forma mais correta e que se obtém resultado mais positivo. Porém o que significa lúdico? 
	Para o dicionário Michaelis o termo lúdico significa: relativo a jogos, brinquedos ou divertimentos; qualquer atividade que distrai ou diverte. 
	Logo, tudo o que está relacionado ou pertence a um jogo podeser denominado lúdico além dos jogos, narração de histórias, produção de artes, teatro, música. 
	Para as autoras Cória – Sabini e Lucena (2004) as atividades lúdicas para as crianças possuem os seguintes aspectos: preparação para vida, liberdade de ação, o prazer obtido, possibilidade de repetição das experiências e realização simbólica de desejos. 
	Esses aspectos podem ser observados, pois são nos jogos que as crianças imitam seus pais, sendo assim, uma preparação para vida, já que eles fazem uma ponte entre a realidade e a ficção. Muitas vezes também são nos jogos que as crianças se afastam da realidade que vivem e criam a vida que sonham em ter. 
	A concepção de que o jogo é um sistema de interpretação das atividades humanas, nos é indicada pelo autor BROUGÈRE (2002). Ele considera que o jogo tem uma cultura específica, com regras e significados que o jogador adquire e domina no contexto do seu jogo. 
	O autor BROUGÈRE (2002, p. 26), apresenta em que momento as crianças começam a adquirir a cultura lúdica: “[...] A criança adquire, constrói sua cultura lúdica brincando. É o conjunto de sua experiência lúdica acumulada, começando pelas primeiras brincadeiras de bebê”.
	As crianças começam a desenvolver sua cultura lúdica desde os primeiros jogos com o papai e a mamãe, logo que começam a ir para a escola aprendem a compartilhar jogos com os demais e a respeitar as regras estabelecidas. Respeitar as regras é um passo muito importante para as crianças, pois assim eles aprendem a respeitar e entender que nada é feito apenas pelas vontades deles.
	A utilização do lúdico no ensino de LIBRAS para as crianças surdas pode ser feito de várias maneiras. Sabemos que os surdos aprendem melhor visualmente, portanto, a proposta que trazemos é a de explorar mais o lado visual, seja no ensino de LIBRAS ou na Língua Portuguesa escrita. 
	Para exemplificar melhor, iremos elencar algumas propostas de atividades que podem ser usadas. 
	Nessas propostas pedagógicas, procuramos refletir sobre o uso do lúdico no ensino de LIBRAS para alunos surdos. É necessário que se faça um planejamento e principalmente uma sondagem das atividades lúdicas que são produtivas ou não no determinado grupo ou no atendimento individual. 
	O conteúdo todo pode ter como base o lúdico, e é preciso antes de começar as atividades propostas explicar as regras, não como regras, mas sim como a forma que se executa as atividades estabelecidas. 
	Para ensinar o léxico, as palavras escritas em português ou o seu sinal em LIBRAS se podem ser utilizados:
- O bingo - nas cartelas estariam desenhadas as imagens e a professora faria o sinal, ou vice-versa, podendo haver a palavra escrita. 
- O dominó - a cada vez que o aluno coloca a imagem adequadamente, deverá sinalizar ou escrever a palavra. 
- O Jogo da memória - cada vez que o aluno vira uma imagem deverá fazer o sinal ou escrever corretamente a palavra. 
- Pega varetas - ensinar cores ou também pode ser utilizado para que a cada acerto o aluno faça um sinal e possa pedir para o outro escrever. 
- Quebra-cabeças - pode ser trabalhado para que o aluno, a cada figura montada faça o sinal ou escreva a palavra. 
	As exemplificações de atividades acima descritas podem ser utilizadas também na sala de aula do ensino regular, onde os alunos ouvintes podem começar a aprender LIBRAS, pode se também fazer duplas aonde os alunos surdos vão com alunos ouvintes e ambos se auxiliam na atividade, é uma proposta interessante, pois assim a dupla se auxiliaria e conseguiria obter o resultado esperado. Podendo assim compartilhar os conhecimentos que o outro assimilou de forma mais significativa. 
	O ensino de LIBRAS não se limita somente ao ensino da gramática e do léxico, também é importante para o aluno se identificar dentro da sua cultura, sendo que os surdos possuem uma identidade e uma cultura própria. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É correto afirmar que a Libras é um conhecimento mais que necessário para que ocorra uma melhor qualificação para o exercício na Educação, tendo em vista que, com a existência da aplicação de propostas que incluem, a instituição recebe muitos alunos surdos que muitas vezes não conseguem dar continuidade em sua escolarização porque no contexto escolar suas especificidades linguísticas não podem ser atendidas. Porém, observando o fato de apenas ter uma comunicação funcional em Libras neste contexto, podemos dizer que sozinha esta não é suficiente para uma atuação pedagógica de qualidade.
Para essa atuação se tornar mais eficiente, é importante que se tenha um pouco de conhecimento sobre sua história, bem como as diferentes abordagens educacionais que podem ser exploradas para um aluno com surdez.
Estes conhecimentos permitem que exista uma compreensão da existência da forte relação entre a especificidade linguística dos alunos surdos, suas interações sociais e a formação de sua identidade.
Podemos observar que é notável a evolução tanto do pensamento quanto da metodologia em relação aos alunos deficientes e principalmente aos alunos surdos. Apesar de todos esses avanços, sabemos que ainda falta muito para alcançar o espaço e o ensino que desejamos para esses alunos e que seja o ideal, para que eles cresçam e aprendam assim como os alunos ouvintes. 
Em muitas escolas é possível visualizar que a inclusão é bonita e perfeita apenas no papel, onde os alunos que são deficientes acabam excluídos e isolados em um canto da sala ou acabam se tornando responsabilidade do professor de AEE. 
Apesar de sabermos que a educação brasileira em sua modalidade do ensino regular não está totalmente preparada para promover um ensino adequado a alunos com necessidades especiais, seja ela qual for. No que diz respeito aos alunos surdos, mesmo após a obrigatoriedade do ensino de LIBRAS nos cursos de licenciaturas, são poucos os professores que sabem de fato a utilizar. 
O aluno surdo é considerado como uma pessoa com deficiência, no entanto, a ausência de produção da comunicação normal, não impede o desenvolvimento cognitivo do aluno, por isso esses alunos conseguem frequentar e estudar no ensino regular. Porém esses alunos que vão para o ensino regular, passam por muitas dificuldades, entre elas está o material didático que muitas vezes não é adaptado a necessidade desse aluno. A LIBRAS possui uma gramática diferente da língua portuguesa, por isso os surdos possuem grandes dificuldades em escrever na língua portuguesa. O trabalho dos intérpretes ainda é muito prático, ou seja, limitado a traduzir o que os professores falam e não favorecer o processo de ensino e aprendizagem que é o que deveria ocorrer. Porém aos poucos as pessoas vão modificando sua forma de pensar e de agir em relação aos surdos. 
A tecnologia também tem sido uma ótima aliada como ferramenta de trabalho, um exemplo é o aplicativo Hand Talk que traz a tradução das palavras escritas na língua portuguesa para o sinal dela em LIBRAS. 
Aplicativos como esse e a internet vêm oferecerem melhores condições no processo de socialização das pessoas, principalmente de deficiências consideradas passíveis de socialização, como é o caso das pessoas surdas. Vale destacar ainda a importância que a LIBRAS possui de intermediar esse processo tão importante para a sociedade.
Concluímos também que os jogos são ferramentas importantes e eficazes na aprendizagem de uma língua sendo ela a LIBRAS ou qualquer outra. Através dos jogos os alunos conseguem interagir e aprender os conteúdos propostos e assim de fato conseguiremos alcançar a nossa tão sonhada inclusão. 
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996.
BRASIL – MEC, a Hora e a vez da Família em uma sociedade Inclusiva, São Paulo: SORRI-BRASIL, 2006. 
BRASIL – MEC Educação Inclusiva: v.4: A Família / Coordenação Geral SEESP/MEC/ Brasília, 2004.
BRASIL – MEC, Saberes e Praticas da Inclusão: Dificuldade de Comunicação e sinalização: Surdez, Brasília: MEC, SEESP, 2004.
BROUGÈRE, Gilles. O brincar e suas teorias.Tradução de: Tizuco Morchida Kishimoto. São Paulo: Pioneira, 2002. 
CÓRIA – SABINI, Maria A.; LUCENA, Regina F. de. Jogos e brincadeiras na Educação Infantil. 3ª Edição. Campinas:Papirus Editora, 2004.
DESSEN, M. A.; POLONIA, A, da C. A família e a escola como contextos de desenvolvimento humano. Paidéia, Ribeirão Preto, v. 17, n. 36, p. 21-32, 2007.
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