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14/04/2021 Ilumno ilumno.sgp.starlinetecnologia.com.br/ilumno/schedule/resultcandidatedetailprint/6218773/de2652ae-2c26-11e7-9458-0242ac11000e/ 1/7 Local: Sala 3 - TJ - Prova On-line / Andar / Polo Tijuca / POLO UVA TIJUCA Acadêmico: EAD-IL80050-20211A Aluno: NATHALIA AREA LEAO GARCIA DE SOUZA Avaliação: A2- Matrícula: 20172300004 Data: 8 de Abril de 2021 - 08:00 Finalizado Correto Incorreto Anulada Discursiva Objetiva Total: 8,00/10,00 1 Código: 38315 - Enunciado: “A sua obra é memorialística, pois não se restringe ao individual, contempla o coletivo, a narração de suas histórias e as de pessoas comuns e sujeitos renomados. A sua escrita é também autobiográfica, quando centrada em si, sendo ao mesmo tempo narradora e personagem de suas histórias, atestando o pacto autobiográfico. [...]/Essa identidade há em suas obras, assim como a escrita biográfica, num sentido mais social, focada nos acontecimentos e trajetórias de vidas das pessoas que conviveu, divulgando os acontecimentos cotidianos, eventos políticos e as particularidades de certos indivíduos dos quais narra às suas histórias. [...]”(Fonte: CARNEIRO, M. L. T. Memórias de uma jovem anarquista. In: FRAGA, M.; MEYER, M. (orgs.). Seminário Zélia Gattai: Gênero e Memória. Salvador: FCJA; Museu Carlos Costa Pinto, 2002. Disponível em: http://www.usp.br/proin/download/artigo/artigo_zelia_gattai.pdf. Acesso em: 20 mar. 2020.) Maria Luiza Tucci Carneiro afirma que a escritora Zélia Gattai contempla, além de questões individuais, o coletivo em sua obra. Um dos principais acontecimentos que servem de pano de fundo para a elaboração literária de seu principal livro, Anarquistas, Graças a Deus (1979), engloba: a) A imigração italiana no Brasil, com a resistência da esquerda na primeira metade do século XX. b) O golpe militar, com a resistência de setores importantes da sociedade após 1964, até a redemocratização. c) Ênfase de valores ideológicos liberais, da propriedade privada e da crítica à equidade social. d) A Proclamação da República, com os conflitos entre grupos rivais em fins do século XIX. e) A libertação dos escravos, seguida dos problemas da desigualdade social entre os séculos XIX e XX. Alternativa marcada: a) A imigração italiana no Brasil, com a resistência da esquerda na primeira metade do século XX. Justificativa: Resposta correta: A imigração italiana no Brasil, com a resistência da esquerda na primeira metade do século XX. O livro Anarquistas, Graças a Deus engloba temas relacionados à imigração italiana e à vida dos trabalhadores italianos na cidade de São Paulo. Distratores:A Proclamação da República, com os conflitos entre grupos rivais em fins do século XIX. Errada. O livro claramente lida com temas relacionados aos anos finais da República Velha, por volta da década de 1920 em diante. A libertação dos escravos, seguida dos problemas da desigualdade social entre os séculos XIX e XX. Errada. O livro fica distante do século XIX, flagrando um momento em que a cidade de São Paulo se expande.O golpe militar, com a resistência de setores importantes da sociedade após 1964, até a redemocratização. Errada. O livro não discorre especialmente sobre o golpe de 1964 e a época da ditadura. Ênfase de valores ideológicos liberais, da propriedade privada e da crítica à equidade social. Errada. O livro trata dos eventos narrados sob uma perspectiva dos movimentos de esquerda. 1,50/ 1,50 14/04/2021 Ilumno ilumno.sgp.starlinetecnologia.com.br/ilumno/schedule/resultcandidatedetailprint/6218773/de2652ae-2c26-11e7-9458-0242ac11000e/ 2/7 2 Código: 38425 - Enunciado: “Voltando ao Brasil [da Itália], em 1962, pude participar de um dos momentos mais esperançosos de nossa vida política: a união estratégica de todas as forças progressistas (socialistas, comunistas, trabalhistas, cristãs de esquerda, democratas radicais) em torno de um projeto histórico, a luta pelas reformas de base, que se estendem até março de 1964, quando o golpe udeno- militar desbaratou os militantes e inaugurou a ditadura. Paradoxalmente, esse clima intensamente politizado, que expulsou da nossa universidade os mestres mais engajados (cito o nome de Florestan Fernandes, que vale por todos), foi quase imediatamente substituído pela onda universitária do estruturalismo linguístico, muito pouco sensível aos dramas de nossa história política, e da história em geral... [...].” (Fonte: ENTREVISTA com Alfredo Bosi sobre crítica literária. In: CORDEIRO, R. et al. [org.] A crítica literária em perspectiva. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2013. p. 314.) Com base no excerto descrito é possível afirmar que: a) O excerto deixa claro que não há relação dentre ideologia e estética, pois a arte não pode seguir um conjunto de ideias específico, de direita, centro ou esquerda. b) O clima intelectual politizado de antes do golpe de 1964 foi severamente combatido pelas forças de repressivas e pelos movimentos de direita. c) A crítica literária e movimentos artísticos seguiram rumos diferentes, desde a época pré-golpe, visto que a crítica se mostra de direita e a arte, de esquerda. d) Não houve relações substanciais entre os movimentos críticos da época ditatorial e a produção literária contemporânea, como se nota até os dias de hoje. e) As relações entre arte e política mudaram de rumo após o golpe de 1964, visto que a arte se tornou, abruptamente, conservadora e liberal. Alternativa marcada: b) O clima intelectual politizado de antes do golpe de 1964 foi severamente combatido pelas forças de repressivas e pelos movimentos de direita. Justificativa: Resposta correta: O clima intelectual politizado de antes do golpe de 1964 foi severamente combatido pelas forças de repressivas e pelos movimentos de direita.O crítico Alfredo Bosi, membro da ABL, demonstra que houve um duro combate aos movimentos de esquerda por parte dos militares após o golpe de 1964. Distratores:As relações entre arte e política mudaram de rumo após o golpe de 1964, visto que a arte se tornou, abruptamente, conservadora e liberal. Errada. Não se pode afirmar que as relações mudaram abruptamente, pois houve muitos movimentos de combate mesmo após do golpe de 1964, como no teatro, na literatura e na música.Não houve relações substanciais entre os movimentos críticos da época ditatorial e a produção literária contemporânea, como se nota até os dias de hoje. Errada. Muito pelo contrário, houve muitas críticas à época ditatorial, abertas ou veladas, como notamos em Chico Buarque, Antônio Callado e Caio Fernando Abreu.A crítica literária e movimentos artísticos seguiram rumos diferentes, desde a época pré-golpe, visto que a crítica se mostra de direita e a artem de esquerda. Errada. O excerto crítico de Alfredo Bosi desconstrói essa narrativa, pois uma das funções da crítica é relacionar ética e estética, consciente dos movimentos históricos.O excerto deixa claro que não há relação dentre ideologia e estética, pois a arte não pode seguir um conjunto de ideias específico, de direita, centro ou esquerda. Errada. Alfredo Bosi explicita que pode haver relações entre ideologia e estética, como a união em torno de ideias progressistas, com base na liberdade de escolha do artista. 0,50/ 0,50 14/04/2021 Ilumno ilumno.sgp.starlinetecnologia.com.br/ilumno/schedule/resultcandidatedetailprint/6218773/de2652ae-2c26-11e7-9458-0242ac11000e/ 3/7 3 Código: 38427 - Enunciado: “Os iniciadores do Grupo Noigandres (fundado em 1952) sempre pensaram alto, em termos de mundo, da poesia mundial e, do Brasil, como parte integrante do Planeta Terra. O que a poesia mundial havia feito até então? Era daí que deveriam começar e partiram para o ambicioso empreendimento: contribuir com acréscimos para a poesia brasileira e mundial.”(Fonte: KHOURI, O. Noigrandes e invenção. FACOM, n. 16, p. 23, 2º.sem. 2006. Disponível em: http://www.faap.br/revista_faap/revista_facom/facom_16/omar.pdf. Acesso em: 10 jul. 2020). Sobre a histórica revista Noigandres, sabe- se que o trio formado pelos seguintes nomes deixou umamarca indelével desde sua concepção, publicação e circulação: a) Haroldo de Campos (1929-2003), Augusto de Campos (1931) e Décio Pignatari (1927-2012). b) Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), Manuel Bandeira (1886-1968) e João Cabral de Melo Neto (1920-1999). c) Ferreira Gullar (1930-2016), José Lino Grünewald (1931-2000) e Vinicius de Moraes (1913-1980). d) Cora Coralina (1889-1985), Adélia Prado (1935) e Conceição Evaristo (1946). e) Cecília Meireles (1901-1964), Mário Quintana (1906-1994) e Manoel de Barros (1916-2014). Alternativa marcada: a) Haroldo de Campos (1929-2003), Augusto de Campos (1931) e Décio Pignatari (1927-2012). Justificativa: Resposta correta:Haroldo de Campos (1929-2003), Augusto de Campos (1931) e Décio Pignatari (1927-2012). Correta. Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari formaram o grupo Noigandres, aos quais se juntaram, posteriormente, Ronaldo Azeredo e José Lino Grünewald. Os autores que fundaram o grupo, aliás, são considerados os grandes representantes do concretismo brasileiro. Distratores:Cora Coralina (1889-1985), Adélia Prado (1935) e Conceição Evaristo (1946). Errada. As autoras foram importantes nomes da literatura brasileira na contemporaneidade, mas não têm ligação com as bases da poesia concreta. Para citar apenas um ponto de substancial divergência, lidam com aspectos da vida privada e com o cotidiano.Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), Manuel Bandeira (1886-1968) e João Cabral de Melo Neto (1920-1999). Errada. Os autores mencionados são importantes referências para o grupo Noigandres, pois foram a base da tradição contra a qual um diálogo combativo foi instaurado pelos poetas concretos.Cecília Meireles (1901-1964), Mário Quintana (1906-1994) e Manoel de Barros (1916-2014). Errada. Os poetas aqui mencionados são ligados a uma poesia fortemente subjetiva e reflexiva, bem diferente da proposta dos poetas concretos.Ferreira Gullar (1930-2016), José Lino Grünewald (1931- 2000) e Vinicius de Moraes (1913-1980). Errada. Ferreira Gullar aproximou-se do grupo e logo se distanciou, questionando a ausência de ligação com a vida prática. Por outro lado, José L. G. foi agregado ao movimento depois, com uma grande contribuição — ainda pouco reconhecida — ao movimento concreto. Vinicius de Moraes, por sua vez, era um escritor relativamente conhecido quando o concretismo foi lançado e caminhava, paulatinamente, para os movimentos da MPB. 0,50/ 0,50 4 Código: 38316 - Enunciado: “[...] O pai de Felipe não tem nome. A narração sem eu e os diálogos raros mergulham o leitor no cotidiano do protagonista, escritor que vive em Curitiba. No começo do livro, o Cristovão Tezza ficcional está no hospital e espera para conhecer seu filho, nascido horas antes. A criança que chega traz as características da síndrome de Down. O pai deseja a morte do filho. Como a vida lhe nega essa saída, ele busca outras. Entrelaçada aos eventos posteriores ao nascimento de Felipe está a trajetória anterior do pai: os episódios da juventude, estudos em Coimbra, emprego clandestino, o curso de Letras.../À medida que o tempo com o filho avança, o sentimento inicial se transforma. O pai se assombra quando um incidente lhe mostra o próprio coração. Só descobriu a dependência que sentia do filho no dia em que Felipe desapareceu pela primeira vez. ‘[...] o mesmo filho que ele desejou morto assim que nasceu, e que 1,50/ 1,50 14/04/2021 Ilumno ilumno.sgp.starlinetecnologia.com.br/ilumno/schedule/resultcandidatedetailprint/6218773/de2652ae-2c26-11e7-9458-0242ac11000e/ 4/7 agora, pela ausência, parece matá-lo’. [...]”(Fonte: CARDOSO, E. Sobre erros, não ditos, buscas e redenção. Valor Econômico, São Paulo, 3 dez. 2010. Disponível em: http://www.cristovaotezza.com.br/critica/ficcao/_umerroemocional/p_03122010valoreconomico.htm. Acesso em: 7 jun. 2020.) Examinando a apreciação crítica sobre o livro O filho eterno, de Cristóvão Tezza, é possível concluir que: a) A figura do pai mostra-se fraca, e o romance não apresenta qualquer possibilidade de redenção. b) A trama do romance é construída com muita perspicácia, entrelaçando autobiografia e ficção. c) O enredo romanesco é elaborado de modo fragmentado, sem clara sucessão de eventos temporais. d) O romance não apresenta aspectos intimistas, embora seja construído em primeira pessoa. e) Não há modos de aproximação com a tendência autoficcional do romance contemporâneo. Alternativa marcada: b) A trama do romance é construída com muita perspicácia, entrelaçando autobiografia e ficção. Justificativa: Resposta correta: A trama do romance é construída com muita perspicácia, entrelaçando autobiografia e ficção. O romance tem uma forte perspectiva autobiográfica, sem deixar de ser ficcional, ou seja, situar-se no universo da criação literária. Distratores:O romance não apresenta aspectos intimistas, embora seja construído em primeira pessoa. Errada. O romance não é construído em primeira pessoa, além de apresentar elementos da intimidade e da vida privada.O enredo romanesco é elaborado de modo fragmentado, sem clara sucessão de eventos temporais. Errada. O enredo é cuidadosamente construído, de modo que observamos o nascimento da criança e o amadurecimento dos personagens. A figura do pai mostra-se fraca, e o romance não apresenta qualquer possibilidade de redenção. Errada. A figura do pai, inicialmente tendendo à pusilanimidade, torna-se forte e sensível.Não há modos de aproximação com a tendência autoficcional do romance contemporâneo. Errada. Há muitas similaridades com a autoficção, embora o romance seja construído em terceira pessoa, de modo a objetivar os eventos narrados. 5 Código: 38310 - Enunciado: “A autoficção é uma máquina produtora de mitos do escritor, que funciona tanto nas passagens em que se relatam vivências do narrador quanto naqueles momentos da narrativa em que o autor introduz no relato uma referência à própria escrita, ou seja, a pergunta pelo lugar da fala (O que é ser escritor? Como é o processo da escrita? Quem diz eu?). Reconhecer que a matéria da autoficção não é a biografia mesma, e sim o mito do escritor, nos permite chegar próximos da definição que interessa para nossa argumentação. Qual a relação do mito com a autoficção? O mito, diz Barthes (2003, p. 221), ‘não é uma mentira, nem uma confissão: é uma inflexão’. ‘O mito é um valor, não tem a verdade como sanção.’ A autoficção participa da criação do mito do escritor, uma figura que se situa no interstício entre a ‘mentira’ e a ‘confissão’. A noção do relato como criação da subjetividade, a partir de uma manifesta ambivalência a respeito de uma verdade prévia ao texto, permite pensar a autoficção como uma performance do autor.”(Fonte: KLINGER, D. Escrita de si como performance. Revista Brasileira de Literatura Comparada, n. 12, p. 23-24, 2008. Disponível em: http://www.abralic.org.br/downloads/revistas/1415542249.pdf. Acesso em: 6 jun. 2020.) A relação entre autoficção e performance do autor pode ser verificada, com base em cuidadosa mediação crítica, na forma romanesca do seguinte escritor: a) Décio Pignatari. b) Dalton Trevisan. c) Nelson Rodrigues. d) Cristovão Tezza. 0,50/ 0,50 14/04/2021 Ilumno ilumno.sgp.starlinetecnologia.com.br/ilumno/schedule/resultcandidatedetailprint/6218773/de2652ae-2c26-11e7-9458-0242ac11000e/ 5/7 e) Ferreira Gullar. Alternativa marcada: d) Cristovão Tezza. Justificativa: Resposta correta: Cristovão Tezza. Cristovão Tezza é reconhecido como um dos principais romancistas brasileiros, articulador cuidadoso das “escritas de si”, como a tendência à autoficção, sem deixar de explorar outras vertentes. Distratores:Décio Pignatari. Errada. Décio Pignatari é um dos representantes do movimento concretista, tendo se dedicado à poesia, não ao romance.Ferreira Gullar. Errada. Ferreira Gullar exerceu importante papel como poeta e ensaísta no Brasil contemporâneo; portanto, não é romancista.Nelson Rodrigues. Errada. Nelson Rodrigues é um de nossos grandes dramaturgos; não trabalhou com a autoficção especificamente.DaltonTrevisan. Errada. Dalton Trevisan é conhecido como avesso a tratar das experiências pessoais; assim, não trabalha com a autoficção. 6 Código: 38312 - Enunciado: “O espaço negativo imediato, a casa agonizante, não encontra no Brasil ideal contrastante, mas uma situação de mal-estar. A ausência de horizontes alternativos externos evoca uma ausência de horizontes alternativos para o próprio sujeito definir o que quer, o que pretende ser e fazer, sentir e pensar. O estado de indeterminação é descrito como ‘vida suspensa’: ‘ Não era bom nem mau: era apenas perfeito, sem pensamentos nem aflições, eu poderia ficar para sempre ali naquela espécie não exatamente de morte, mas de vida suspensa’.” (Fonte: GINZBURG, J. Exílio, memória e história [...]. Literatura e Sociedade, v. 10, n. 8, p. 36-45, 2005. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/ls/article/view/19617. Acesso em: 20 mar. 2020. p. 39.) A análise desenvolvida pelo crítico e professor universitário Jaime Ginzburg, considerando os traumas da ditadura militar iniciada com o Golpe de 1964, liga-se mais fortemente à narrativa de natureza autobiográfica de: a) Nelson Rodrigues. b) Caio Fernando Abreu. c) Zélia Gattai. d) Dalton Trevisan. e) Bernardo Carvalho. Alternativa marcada: b) Caio Fernando Abreu. Justificativa: Resposta correta: Caio Fernando Abreu.Caio Fernando Abreu é, dentre os escritores mencionados nas alternativas, aquele que vivenciou a experiência de confronto com a ditadura, o exílio e o isolamento social. Distratores:Nelson Rodrigues. Errada. Nelson Rodrigues não tem como característica lidar com traumas da ditadura. Além disso, sua percepção sobre o momento é tida por intelectuais como dúbia.Dalton Trevisan. Errada. Dalton Trevisan é considerado um autor reticente quanto a lidar com aspectos de sua vida particular. Questões sociais não são frontalmente postas em tom autobiográfico.Bernardo Carvalho. Errada. Bernardo Carvalho não vivenciou os tempos da ditadura. Possui obras fortemente conectadas com seu tempo, mas já dialogando com os tempos de redemocratização.Zélia Gattai. Errada. Zélia Gattai é uma escritora que tem uma comunicabilidade incompatível com os traumas e a violência vivenciados do ponto de vista coletivo e pessoal, tal como posto por Jaime Ginzburg. 1,50/ 1,50 14/04/2021 Ilumno ilumno.sgp.starlinetecnologia.com.br/ilumno/schedule/resultcandidatedetailprint/6218773/de2652ae-2c26-11e7-9458-0242ac11000e/ 6/7 7 Código: 38299 - Enunciado: “Trata-se de uma voz narrativa implacável: contando a história como sendo a história vivida por alguém — um ele e não um eu — o narrador manifesta no entanto uma intimidade em relação aos pensamentos mais inconfessados da personagem, que deixa o leitor desconfiado: será que este narrador não está falando de si mesmo? A questão pode ocupar a cabeça do leitor por algum tempo, e, se se tratar de leitor paciente, ele talvez volte atrás algumas páginas para conferir: é mesmo uma história em terceira pessoa? / É. / É uma história em terceira pessoa. /Mas é uma história em terceira pessoa que em certos momentos trata o ele como tu, ou seja, o protagonista pai-do-Felipe desliza para uma segunda pessoa, interlocutora explícita, sendo nesta condição interpelado a queima-roupa pelo narrador. Assim por exemplo: ‘[...] você vive soterrado pelo instante presente, e a presença do Tempo — essa voracidade absurda — é irredimível, como queria o poeta. Vire-se. É a sua vez de jogar. Há um silêncio completo à sua volta.”(Fonte: LAJOLO, M. Um autor, um narrador e nenhum herói. Revista Linha Mestra, n. 5, dez. 2007. Disponível em: http://www.cristovaotezza.com.br/critica/ficcao/f_filhoeterno/p_13_marisa_lajolo.htm. Acesso em: 5 jun. 2020. ) Com relação à obra ficcional de Cristóvão Tezza, elabore um texto dissertativo-argumentativo discorrendo sobre a tensão entre o gênero autoficcional e a opção pelo romance em terceira pessoa. Resposta: A temática desenvolvida na obra de Cristóvão Tezza mescla a narrativa autêntica da própria experiência - "autoficção", com um distanciamento , não se envolvendo. Usa o lugar confortável da terceira pessoa a fim de garantir a sua liberdade como narrador a partir da impessoalidade e da força construtiva. O autor trabalha com dados biográficos de forma explicita, pois no livro o tema central é a narrativa da história real de seu filho que tem síndrome de Down. Dessa forma garante que mesmo usando a sua história não cai na subjetivação e no narcisismo. Essa atitude paradoxal de Tezza dá o tom da sua obra muito personalizada. Justificativa: Expectativa de resposta:O livro, como Marisa Lajolo aponta, contém uma ambiguidade no que diz respeito à figuração do narrador. A história é em terceira pessoa, mas observamos, por seu andamento e por deslocamentos pronomes presentes, além das coincidências entre vida e arte, que se trata de uma maneira escorregadia de apresentar uma narrativa autobiográfica, que tende à objetivação de terceira pessoa. Cristóvão Tezza é um escritor conhecido quando lança O Filho Eterno, de modo que, imediatamente, a crítica desvenda um conjunto de semelhanças entre a vida do escritor e a trajetória do narrador de terceira pessoa, como sua família, sua profissão etc. A complexidade do pai narrado é profundamente ligada à natureza humana, aos dilemas cotidianos e à precariedade da vida, de modo que a estratégia da terceira pessoa parece ser mais um modo de optar por jogar luz à estratégia da ficcionalização do eu, com suas diversas nuances, portanto, à autoficção. 1,00/ 2,50 8 Código: 38489 - Enunciado: “[...] refletir sobre nossos critérios de valoração, entender de onde eles vêm, por que se mantêm de pé, a que e a quem servem... Afinal, o significado do texto literário — bem como da própria crítica que a ele fazemos — se estabelece num fluxo em que tradições são seguidas, quebradas ou reconquistadas e as formas de interpretação e apropriação do que se fala permanecem em aberto. Ignorar essa abertura é reforçar o papel da literatura como mecanismo de distinção e da hierarquização social, deixando de lado suas potencialidades como discurso desestabilizador e contraditório.” (Fonte: DALCASTAGNÈ, R. Um território contestado: literatura brasileira contemporânea e as novas vozes sociais. Revista Iberical, Paris, n. 2, p. 16-17, 2012. Disponível em: http://iberical.paris- 1,00/ 1,50 14/04/2021 Ilumno ilumno.sgp.starlinetecnologia.com.br/ilumno/schedule/resultcandidatedetailprint/6218773/de2652ae-2c26-11e7-9458-0242ac11000e/ 7/7 sorbonne.fr/wp-content/uploads/2012/03/002-02.pdf. Acesso em: 20 fev. 2019.) Caracterize a produção artística do grupo de rap Racionais MC's, ressaltando argumentos para defender uma leitura literária atenta aos hibridismos do contemporâneo, com ênfase ao encontro entre cuidadosa elaboração estética e ética de resistência. Resposta: A produção artística do grupo de rap Racionais MC´s é conhecida como uma das expressões mais influentes para a cultura de resistência no cenário contemporâneo, buscando o engajamento e dando voz aos personagens periféricos e da contra hegemônicos da cultura. Nas suas letras eles buscam a desestabilização, novos valores estéticos, éticos e uma justiça social com novos olhares sobre a sociedade O grupo trabalha temas sensíveis da realidade da periferia de forma impactante e bem estruturada sobre a violência da polícia e da sociedade em geral, desigualdade social, tráfico de drogas, facções do crime, racismo, miséria e o desalento dos jovens de periferia sem perspectivas. Sua relevância se observa por terem seu álbum "Sobrevivendo ao Inferno" ( 1997) sido escolhido como leitura obrigatória do vestibular da UNICAMP. A partir do hibridismo contemporâneo, a literatura dos Racionais MC´s invade outros espaços , como forma de expressão social e coletiva causando reflexão crítica e conscientização social. Justificativa: Expectativa de resposta:O grupo de rap Racionais MC's é considerado uma das vozes culturais mais importantes da contemporaneidade, tanto queseu álbum Sobrevivendo no inferno (1997) foi escolhido como leitura obrigatória para vestibular de ingresso na Unicamp. É relevante pontuar, na resposta à questão, que as letras são extremamente cuidadas e impactantes. Do ponto de vista do sentido, o grupo refere-se sempre a temas sensíveis ligados à periferia, como desigualdade social, racismo, miséria, violência institucional, violência policial, crime organizado, tráfico de drogas, falta de perspectivas para o jovem de periferia etc. No que tange aos hibridismos do contemporâneo também a literatura “invade” outros espaços, como forma de expressão pessoal e coletiva. No caso do grupo de rap, entre os anos 1990 e 2000, pode-se dizer que antecipava-se uma luta por espaços renovados de conscientização social.
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