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Avaliação A1 - Atividade O Município Beta, após o devido procedimento licitatório, contratou a sociedade empresária Sobe e Desce Ltda. para a manutenção de elevadores de um prédio da Prefeitura, pelo montante de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) mensais. Após as prorrogações necessárias, sucessivas e por igual período, a avença já perdura por quase sessenta meses, de forma satisfatória e com a manutenção dos valores compatíveis segundo as práticas do mercado, após os reajustes cabíveis. O mencionado ente federativo, à vista de aproximar-se o limite máximo de duração do contrato, fez publicar edital de novo certame competitivo, com vistas a obter proposta mais vantajosa para a prestação do aludido serviço, edital esse que demorou a ser publicado por descuido da área competente, daí a administração haver prorrogado o contrato firmado com a sociedade empresária Sobe e Desce Ltda. por mais doze meses, mediante autorização da autoridade competente. Diante dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) consultado(a), responda aos itens a seguir. Na condição de procurador do Município Beta, responda as seguintes questões: A) É válida a prorrogação do contrato por mais doze meses? R: Não. A prorrogação do contrato por mais doze meses não é válida, uma vez que decorreu da demora na publicação do novo edital de licitação, ou seja, do descuido da Administração. Embora autorizado pela autoridade competente, tal ato não se enquadra nos moldes do artigo 57, § 4º, da Lei 8.666/93, pois tal artigo dispõe sobre a prorrogação excepcional do contrato vigente quando do acontecimento de fatos imprevisíveis ao conhecimento da Administração ou da contratada. Não podendo ser usado para correção de um erro cometido pela Administração. B) Poderia ser feita a contratação direta (sem licitação) de um novo prestador de serviços? R: Não. O problema apresentado não se enquadra em nenhuma hipótese de dispensa de licitação. Embora o art. 24, inciso IV, da lei 8.666/93 trate da dispensa de licitação em razão de emergência ou calamidade pública, cumpre salientar que deveriam estar presentes dois requisitos essenciais: a obrigatoriedade da urgência a ser declarada em cada caso; e a imprevisibilidade da situação dentro de um quadro de mediana percepção do administrador. Requisitos que não estão presentes no caso apresentado. Cumpre ainda mencionar que a lei não autoriza a dispensa de licitação pelo que se entende por emergência fabricada, onde há o surgimento da necessidade por negligência do administrador, situação que se adequa ao problema proposto, uma vez que a prorrogação ilegal se deu por conta da demora da publicação do edital por descuido da Administração. C) Poderia ser alterado o contrato de uma outra empresa (Vai e Volta Ltda.), que faz manutenção em outro prédio da Prefeitura, para passar a cobrir a ambos os edifícios após o término do prazo contratual com a Sobe e Desce Ltda.? R: Sim, de acordo com o art. 65 da Lei n° 8.666/93 é possível a alteração do contrato de licitação (após o término do prazo contratual com a Sobe e Desce), quando houver modificação do projeto ou das suas especificações, além da alteração quantitativa, neste caso, devendo ser observado os requisitos do parágrafo primeiro do artigo em epígrafe. Além disso, a alteração deve restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente, considerando, inclusive, os encargos do contrato e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra visando a manutenção do equilíbrio "econômico-financeiro". Neste caso, desde que cumprido os requisitos acima, não há impedimento legal para manutenção/alteração do contrato que será efetuada através de aditamento. D) Se interditado o prédio em razão de problemas estruturais, poderia o Município rescindir o contrato antes do prazo? R: Sim, seria possível a administração solicitar uma rescisão amigável considerando que a interdição do prédio impossibilitaria a prestação do serviço contratado da empresa Desce e Sobe Ltda., tendo em vista que na hipótese de prosseguir com o contrato, serio desvantajoso para a administração, portanto, conforme disposto no artigo 79, inciso II, da Lei nº 8.666/93, havendo conveniência por parte da administração, e acordo entre as partes, é possível a rescisão antecipada do contrato. Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser: I – (...) II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo no processo da licitação, desde que haja conveniência para a Administração; http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.666-1993?OpenDocument E) Em razão da pandemia, que provocou a disparada do dólar, o preço das peças de reposição tive significativo aumento. Poderia então a empresa Sobre e Desce Ltda. pedir ao Município o aumento do preço do serviço proporcionalmente, para além do que foi estabelecido no processo licitatório? R: O contrato deve reger todos os itens de licitação, o preço é um dos itens que devem constar no contrato e um significativo aumento de preço que rege o contrato, seria como uma quebra deste. É certo que a Lei 13.979/2020 trata das situações de emergências que regem os contratos administrativos, assim como as licitações, todavia relativo ao aumento, podemos caracterizar como abusivo, podendo ser interpretado como improbidade administrativa, o que traria sanções. Contudo, temos uma exceção, os reajustes, no que trata a Lei 8.666/93 especificamente em seu art. 65, § 1º, traz limitações objetivas à alteração da dimensão do objeto do contrato, tanto para acrescer quanto para suprimir, in verbis: Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: (...) § 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus acréscimos.