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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 17ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ....., ESTADO DO ..... AUTOS N°: xxxxxxxxxxx Autor: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL Réu: Álvaro........ Álvaro ______, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, através de seu procurador ao final subscrito, vem respeitosamente e tempestivamente, perante este juízo, com fulcro no Art.581,I, do Código de Processo Penal Brasileiro, oferecer Contrarrazões de recurso em sentido estrito Não se conformando com o recurso interposto pelo órgão do Ministério Público do Estado do_________, contra a respeitável decisão proferida em favor do réu, onde rejeitou o pleito da denúncia, considerando-a inepta e sem justa causa e, aguardando, ao final, se dignem Vossas Excelências em mantê-la, pelas razões a seguir aduzidas. Termos que, Aguarda deferimento. Local, data Adv/oab EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO___. AUTOS N°: xxxxxxxxxxx Autor: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL Réu: Álvaro........ COLENDA TURMA EMÉRITOS JULGADORES DOS FATOS O réu foi preso em flagrante pelo delito de furto tentado. Segundo o Auto de Prisão em Flagrante Delito (APFD), no dia dos fatos, dirigiu-se até um minimercado Extra do bairro onde mora e pegou uma caixa de chocolates, uma lata de cerveja e um pacote de salgadinhos. Ao tentar sair do estabelecimento sem pagar os itens, avaliados em R$20,00 (vinte reais), foi surpreendido pela segurança, que acionou a polícia. Realizada a audiência de custódia, foi concedida a liberdade provisória. O Inquérito Policial foi relatado e encaminhado ao Ministério Público, que denunciou Álvaro pela prática do crime de furto tentado (art. 155, caput, c.c. art. 14, inciso II, ambos do Código Penal). Autuada a denúncia, foi rejeitada pelo juiz da 17ª Vara Criminal da Capital, por falta de justa causa para a ação penal, com fundamento no art. 395, III, do Código de Processo Penal, aplicando-se o princípio da insignificância. Esse princípio baseia-se nos postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima no direito penal. A insignificância exclui a tipicidade material e para seu reconhecimento devem ser observados vetores como: a mínima ofensividade da conduta do agente; a nenhuma periculosidade social da ação; o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada. No entanto percebe-se que não é esta a posição defendida nas tergiversatórias razões recursais, uma vez que o representante do Ministério Público recorreu da decisão requerendo o afastamento do princípio da insignificância e o recebimento da denúncia. Em sua confusa fundamentação, alega a Promotoria de Justiça ser incabível vislumbrar-se na hipótese o "princípio da insignificância". Em conclusão, diz a Promotoria que, além do afastamento do princípio ora mencionado, requer o recebimento da denúncia. Esta é a exposição do Ministério Público. Data venia, o que foi objeto da rejeição foi justamente a insignificância do ato praticado pelo réu, que exclui a tipicidade material, bem como a mínima ofensividade da conduta do agente; a nenhuma periculosidade social da ação; o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada. No entanto as razões da acusação voltam-se para o que não foi contrariado e deixam de enfrentar a decisão recorrida. DO DIREITO A questão enfrentada pelo douto juízo – é importante ressaltar – tem sido acolhida em sucessivos julgamentos proferidos pelo Supremo Tribunal Federal a propósito de matéria similar à ora em exame nesta causa. Vejamos um exemplo: Origem: 155920 - SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Procedência: MINAS GERAIS EMENTA: TENTATIVA DE FURTO SIMPLES ( CP, ART. 155, “ CAPUT ", C/C O ART. 14, II). DUAS PEÇAS DE QUEIJO MINAS. OBJETOS SUBTRAÍDOS QUE FORAM DEVOLVIDOS À VÍTIMA, QUE É UMA SOCIEDADE EMPRESÁRIA. SITUAÇÃO DE REINCIDÊNCIA QUE NÃO DESCARACTERIZA, POR SI SÓ , O FATO INSIGNIFICANTE. PRECEDENTES, NESSE SENTIDO, DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. CONSIDERAÇÕES EM TORNO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA, QUE SE QUALIFICA COMO CAUSA SUPRALEGAL DE EXCLUSÃO DA TIPICIDADE PENAL EM SUA DIMENSÃO MATERIAL. DOUTRINA. PRECEDENTES. HIPÓTESE, NO CASO, DE ABSOLVIÇÃO PENAL DA PACIENTE (CPP, ART. 386, III). HABEAS CORPUS " DEFERIDO. Outro ponto a ser mencionado no intuito de corroborar a tese aqui apresentada, é a observância ao PRINCÍPIO DA LESIVIDADE, visto que, no caso em apreço, o fato praticado pelo réu sequer apresentou lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, tendo em vista a própria descrição da conduta contida no Auto de Prisão em Flagrante Delito (APFD). Fato é que omite-se completamente o M.P. quanto ao objeto da decisão judicial impugnada ao requerer a condenação do réu, sem justo motivo, tendo em vista a mínima ofensividade da conduta praticada pelo agente. DOS PEDIDOS Por todo o exposto requer a esta Colenda Câmara que seja mantida a respeitável decisão impugnada, que aliás sustenta-se por seus próprios fundamentos, aqui tão- somente expandidos, negando-se provimento ao recurso do Ministério Público, com o que se preservará a Justiça. Caso não seja este o entendimento desta digníssima Turma, e, havendo reforma da decisão, que seja reconhecido o furto privilegiado, com base no Art. 155 § 2º do Código Penal, tendo em vista a condição de réu primário do requerente e a coisa furtada ser de pequeno valor. Nesses Termos, Pede Deferimento. [Local], [dia] de [mês] de [ano]. [Assinatura do Advogado] [Número de Inscrição na OAB]
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