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FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA - RESUMOS TEXTO 1: III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica - Desmame e interrupção da ventilação mecânica 1 INTRODUÇÃO O processo de retirada da ventilação mecânica (VM) pode ser mais difícil que mantê-lo, o processo de desmame ocupa cerca de 40% do tempo total em VM. Visto isso a literatura recente, por meio de protocolos sistematizados tem buscado diminuir este tempo. Por outro lado, a busca por índices fisiológicos capazes de predizer, acurada e reprodutivamente, o sucesso do desmame ventilatório ainda não chegou a resultados satisfatórios. A retirada da ventilação mecânica é uma medida importante na terapia intensiva. A utilização de diversos termos para definir este processo pode dificultar a avaliação de sua duração, dos diferentes modos e protocolos e do prognóstico. Portanto faz-se necessária a utilização precisa dos termos empregados: 1.1 Definições Desmame: processo de transição da ventilação artificial para a espontânea nos pacientes que permanecem em ventilação mecânica invasiva por tempo superior a 24 h. Interrupção da ventilação mecânica: refere-se aos pacientes que toleraram um teste de respiração espontânea e que podem ou não ser elegíveis para extubação. O teste de respiração espontânea é realizado permitindo-se que o paciente ventile espontaneamente através do tubo endotraqueal, conectado a uma peça em forma de “T”, com uma fonte enriquecida de oxigênio, ou recebendo pressão positiva contínua em vias aéreas (CPAP) de 5 cm H2 O, ou com ventilação com pressão de suporte (PSV) de até 7 cm H2 O. Extubação e decanulação: Extubação é a retirada da via aérea artificial. No caso de pacientes traqueostomizados, utiliza-se o termo decanulação. Pode haver reintubação ou fracasso de extubação, quando há necessidade de reinstituir a via aérea artificial. A mesma é considerada precoce quando ocorre em menos de 48 h após a extubação (ou decanulação). Sucesso e fracasso da interrupção da ventilação mecânica: Considera-se sucesso da interrupção da ventilação mecânica como um teste de respiração espontânea bem sucedido. Os pacientes que obtiverem sucesso no teste de respiração espontânea devem ser avaliados quanto à indicação de retirada da via aérea artificial. Quando o paciente não tolera o teste de respiração espontânea, considera-se fracasso na interrupção da ventilação mecânica. No caso de fracasso da interrupção da ventilação mecânica, o paciente deverá receber suporte ventilatório que promova repouso da musculatura. E posteriormente uma revisão sobre as possíveis causas do fracasso deve ser realizada, para que se tracem as estratégias a serem seguidas. Sucesso e fracasso do desmame: Define-se sucesso do desmame a manutenção da ventilação espontânea durante pelo menos 48 h após a interrupção da ventilação artificial. Considera-se fracasso ou falência do desmame, se o retorno à ventilação artificial for necessário neste período. Ventilação mecânica prolongada: Dependência da assistência ventilatória, invasiva ou não-invasiva, por mais de 6 h por dia por tempo superior a três semanas, apesar de programas de reabilitação, correção de distúrbios funcionais e utilização de novas técnicas de ventilação. 2 Importância de se traçar estratégias e protocolos 2.1 Identificar pacientes elegíveis para o teste de respiração espontânea “Recomendação: Devem-se estabelecer estratégias para identificar sistematicamente os pacientes elegíveis para o teste de respiração espontânea.” As diversas estratégias de desmame empregadas refletem julgamentos clínicos e estilos individualizados. Estudos randomizados tem demonstrado que esta prática tem prolongado o tempo em VM. É prioritário implementar estratégias para identificar sistematicamente os pacientes elegíveis para o teste de respiração espontânea. Isso reduz o tempo de ventilação mecânica e suas complicações. Porém a literatura ainda demonstra controvérsias sobre a sistematização deste processo, apontando tanto resultados satisfatórios quanto insatisfatórios à esta prática. 2.2 Interrupção diária da sedação “Recomendação: Pacientes sob ventilação mecânica recebendo sedativos, particularmente em infusão contínua, devem ter a sedação guiada por protocolos e metas que incluam interrupção diária da infusão.” A administração contínua de sedativos é um preditor independente de maior duração da ventilação mecânica, maior permanência na UTI e no hospital. Em um estudo randomizado com 128 pacientes, foi observada redução na mediana de duração de ventilação mecânica em 2,4 dias (p = 0,004) e na mediana de tempo de internação na UTI em 3,3 dias (p = 0,02) no grupo intervenção, comparado com o grupo em que a sedação não foi interrompida. 3 Interrupção da ventilação mecânica 3.1 Identificando pacientes elegíveis para o teste de respiração espontânea “Recomendação: A avaliação para iniciar teste de respiração espontânea deve ser baseada primariamente na evidência de melhora clínica, oxigenação adequada e estabilidade hemodinâmica.” Para se considerar o início do processo de desmame é necessário que a doença que causou ou contribuiu para a descompensação respiratória encontre-se em resolução, ou já resolvida. O paciente deve apresentar-se com estabilidade hemodinâmica, expressa por boa perfusão tecidual, independência de vasopressores (doses baixas e estáveis são toleráveis) e ausência de insuficiência coronariana descompensada ou arritmias com repercussão hemodinâmica e apresentar adequada troca gasosa (PaO2 ≥ 60 mmHg com FIO2 ≤ 0,4 e PEEP ≤ 5 a 8 cmH2 O) e ser capaz de iniciar os esforços inspiratórios. 3.2 Como fazer o teste de respiração espontânea A literatura demonstra que um teste de respiração espontânea com duração de trinta minutos a duas horas foi útil para selecionar os pacientes prontos para extubação, com uma taxa de reintubação em torno de 15% a 19%. A desconexão da ventilação mecânica deve ser realizada oferecendo oxigênio suplementar a fim de manter taxas de saturação de oxigênio no sangue arterial (SaO2) acima de 90%. A suplementação de oxigênio deve ser feita com uma FIO2 até 0,4, não devendo ser aumentada durante o processo de desconexão. Outros modos podem ser tentados para o teste de respiração espontânea, como a ventilação com pressão positiva intermitente bifásica (BIPAP – Biphasic Positive Airway Pressure) e a ventilação proporcional assistida (PAV - Proportional Assist ventilation). Estes modos tiveram resultados iguais ao do tubo T e PSV no teste de respiração espontânea. Faz-se necessária avaliação continua e próxima dos pacientes para identificar precocemente sinais de intolerância e mecanismos de falência respiratória. 4 Conduta no paciente que não passou no teste de respiração espontânea 4.1 Repouso da musculatura “Recomendação: Os pacientes que falharam no teste inicial deverão retornar à ventilação mecânica e permanecer por 24h em um modo ventilatório que ofereça conforto, expresso por avaliação clínica. Neste período serão reavaliadas e tratadas as possíveis causas de intolerância.” O principal distúrbio fisiológico existente na insuficiência respiratória parece ser o desequilíbrio entre a carga imposta ao sistema respiratório e a habilidade em responder a essa demanda. 4.2 Nova tentativa após 24h “Recomendação: Admitindo que o paciente permaneça elegível e que as causas de intolerância foram revistas, novo teste de respiração espontânea deverá ser realizado após 24h.” 5 Técnicas de desmame 5.1 Redução gradual da pressão de suporte Pode ser feito através da redução dos valores da pressão de suporte de 2 a 4 cmH2 O, de duas a quatro vezes ao dia, tituladas conforme parâmetros clínicos, até atingir 5 a 7 cmH2 O, níveis compatíveis com os do teste de respiração espontânea. 5.2 Ventilação mandatória intermitentesincronizada Recomendação: Evitar o modo ventilação mandatória intermitente sincronizada sem pressão de suporte (SIMV) como método de desmame ventilatório. O modo ventilatório SIMV intercala ventilações espontâneas do paciente com períodos de ventilação assisto-controlada do ventilador mecânico. O desmame com este método é realizado reduzindo-se progressivamente a freqüência mandatória do ventilador artificial. 6 Índices fisiológicos preditivos de fracasso de desmame e extubação Entre os índices mensurados durante o suporte ventilatório, apenas cinco têm possível valor em predizer o resultado do desmame: • Força inspiratória negativa; • Pressão inspiratória máxima (PImax); • Ventilação minuto (V. E); • Relação da pressão de oclusão da via aérea nos primeiros 100 ms da inspiração (P0,1) pela pressão inspiratória máxima (P0,1/PImax); e • CROP: complacência, freqüência, oxigenação, pressão. O uso profilático de corticóides sistêmicos, para evitar estridor após extubação traqueal e a necessidade de reintubação, não é recomendado para pacientes adultos. Teste de permeabilidade: O teste de permeabilidade (escape aéreo entre via aérea e cânula traqueal após desinsuflação do balonete) pode ser usado para identificar pacientes com maior chance de obstrução de via aérea, por edema ou granuloma, após a extubação traqueal, especialmente após ventilação mecânica prolongada. Cuidados gerais pré-extubação: Antes de proceder à extubação, a cabeceira do paciente deve ser elevada, mantendo-se uma angulação entre 30 e 45°. Também é indicado que se aspire a via aérea do paciente antes de extubá-lo. Traqueostomia: A traqueostomia precoce (até 48 h do início da ventilação mecânica) em pacientes com previsão de permanecer por mais de 14 dias em ventilação mecânica reduz mortalidade, pneumonia associada à ventilação mecânica, tempo de internação em UTI e tempo de ventilação mecânica. Vários aspectos relacionados à qualidade da assistência ao paciente em insuficiência respiratória têm efeito direto na eficiência e efetividade do desmame. Alguns destes outros aspectos são: Dispositivos trocadores de calor: Deve-se estar atento à possível contribuição negativa dos trocadores de calor nos pacientes com falência de desmame. Hormônio do crescimento: Não existe recomendação para o uso de hormônio do crescimento como recurso para incrementar o desmame da ventilação. Hemotransfusões: Transfusões sanguíneas não devem ser usadas rotineiramente visando a facilitar o desmame ventilatório. Suporte nutricional: Dietas de alto teor de gordura e baixo teor de carboidratos podem ser benéficas em pacientes selecionados, com limitada reserva ventilatória, para redução do tempo de desmame. Entretanto, em virtude do pequeno número de estudos não se recomenda o seu uso rotineiro. TEXTO 2: Técnicas de Fortalecimento da Musculatura Respiratória Auxiliando o Desmame do Paciente em Ventilação Mecânica Invasiva Recomenda-se que o desmame ventilatório seja realizado na posição de Fowler, de preferência em período diurno, pois em pacientes conscientes permite um rendimento máximo do trabalho devido a restituição do ritmo de sono e facilita providencias rápidas e seguras em caso de complicações. Porém mesmo com todas as particularidades o risco de insucesso do desmame não está afastado, considerando que a VM prolongada pode resultar doença pulmonar crônica, exacerbada por qualquer tipo de processo agudo. Diversos fatores podem estar relacionados ao insucesso, alguns deles são: Hipoxemia arterial; Hipercapnia; e o principal fator, fadiga dos músculos respiratórios por desuso. A fadiga dos músculos respiratórios resulta em diminuição da capacidade pulmonar total, capacidade vital, tosse e ventilação alveolar. Fazendo jus a necessidade de medidas preventivas ao condicionamento destas musculaturas. A força muscular respiratória é referida através das medições das pressões máxima inspiratórias e expiratórias com a um manômetro. A pressão inspiratória máxima normal para um jovem adulto masculino cerca de -125 cmH2O e de pressão expiratória máxima de +230 cmH2O, e em mulheres após os 20 anos de idade há uma queda de 0,5 cmH2O por ano. Outra função importante destas musculaturas é o endurance (resistência), ou capacidade em oferecer resistência à fadiga, em um determinado tempo de trabalho. Testes de endurance muscular: Método de Hipercapnia; Ventilação voluntária máxima (VMM); Capacidade ventilatória máxima (CVSM); Índice tensão-tempo – Pdi/Pdimax. Os músculos respiratórios são constituídos de fibras estriadas e apresentam 55% de fibras tipo I vermelhas (resistentes a fadiga) e 45% de fibras tipo II brancas (fatigáveis). Estes músculos trabalham vencendo cargas elásticas advindas das forças de retração dos pulmões e caixa torácica, além de cargas resistivas das vias aéreas. Músculos inspiratórios: Diafragma; Intercostal externo; e Escalenos; Músculos acessórios: peitoral maior; peitoral menor; trapézio; serrátil anterior e esternocleidomastóideo. Músculos expiratórios: Músculos abdominais (reto abdominal; obliquo interno/externo; transverso). Materiais e Métodos Fisioterápicos Utilizados As técnicas utilizadas para fortalecimento da musculatura respiratória do paciente em VMI são: aparelho Treshold; aparelho P-Flex; alteração da sensibilidade do ventilador mecânico e a estimulação elétrica do diafragma. Treshold: aparelho que produz resistência inspiratória (treshold inspiratório) ou resistência expiratória (treshold expiratório), por meio de um sistema de mola com uma válvula unidirecional e utilização de clip nasal, sua resistência tem como unidade de medida cmH2O. P-Flex: aparelho desenvolvido para treinamento da musculatura inspiratória, indicado para trabalho de aumento de força ou endurance inspiratório. Composto por conjunto de 6 orifícios, que são selecionados pelo terapeuta para oferecer uma determinada resistência durante a inspiração, como o resistor é um orifício, essa resistência caracteriza-se por ser fluxo dependente, ou seja, quanto maior o fluxo, maior a resistência. Alteração da Sensibilidade do Ventilador Mecânico: Possui objetivo de oferecer sobrecarga inspiratória ao esforço do paciente. Quanto mais negativa é a ajustada a sensibilidade do respirador mecânico, maior será o esforço inspiratório do paciente. Estimulação elétrica do Diafragma: A contração muscular ocorre através da despolarização do nervo motor, criando uma resposta simultânea em todas as unidades motoras existentes no músculo. Possui como objetivo, tentar resgatar o máximo de fibras musculares íntegras. Secundariamente, estima-se incrementar o treinamento muscular associando-se à outras técnicas de fortalecimento. São posicionados dois eletrodos, um para cada hemitórax, sobre o ponto motor do musculo diafragma. As intervenções serão realizadas a partir de uma criteriosa avaliação da força da musculatura respiratória, realizando procedimento de manovacuometria, em que se inicia em 30-50% do valor da pressão encontrada, de resistência nos aparelhos de fortalecimento muscular. A aplicação da manovacuometria deve ser realizada de preferência com paciente sentado, em posição confortável e com tórax ereto. O procedimento divide- se em duas etapas, onde na primeira, se afere a pressão “negativa” da musculatura inspiratória, pressão inspiratória máxima (Pi máx). na segunda etapa afere-se a pressão positiva gerada pela musculatura expiratória, pressão expiratória máxima (Pe máx). TEXTO 3: RECURSOS E TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA OU EVITADAS EM PACIENTES COM COVID-19 O fisioterapeuta que atende pacientes com COVID-19 precisa ser criterioso ao escolher recursos e técnicas que promovam os melhores benefícios da intervençãoe, ao mesmo tempo, permitam que o profissional não se torne um agente transmissor do vírus ou se contamine. A COVID-19 pode apresentar diferentes quadros clínicos, atingindo a população de formas variadas, como: Doença leve: pacientes com infecção viral do trato respiratório superior sem complicações relevantes, que podem apresentar sintomas inespecíficos como febre, fadiga, tosse (produtiva ou improdutiva), anorexia, mal-estar, dores musculares, dor de garganta, dispneia, congestão nasal ou dor de cabeça. Com exceção das crianças, raramente, os pacientes com quadro leve apresentam diarreia, náusea e vômito. Vale ressaltar que idosos e indivíduos imunossuprimidos podem apresentar sintomas atípicos. Pneumonia: pacientes que apresentam febre e/ou sintomas no trato respiratório inferior etc.; com pneumonia detectada em exame de imagem, mas sem necessidade de oxigênio suplementar. Pneumonia grave: pacientes que apresentam febre ou sintomas no trato respiratório inferior associado a pelo menos um dos seguintes critérios: frequência respiratória (FR) > 30 respirações/min para adultos e FR > 40 para crianças; desconforto respiratório importante; saturação de pulso de oxigênio (SpO2) ≤ 93% em ar ambiente. Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA): pacientes que apresentam maior comprometimento respiratório, caracterizado por falência ventilatória com necessidade de ventilação mecânica. A SDRA pode ser classificada como leve, moderada ou grave, de acordo com o nível de oxigenação do paciente, por meio da razão PaO2/FiO2. Considerando o grande risco de disseminação do vírus e, portanto, o planejamento fisioterápico deverá ser adaptado ou adequado de acordo com os fatores ambientais disponíveis. Faz-se necessário considerar que vários hospitais brasileiros podem não contar, por exemplo, com número suficiente de: unidades de isolamento respiratório com pressão negativa; equipamentos de ventilação não- invasiva com circuito duplo, filtro High Efficiency Particulate Arrestance (HEPA) para o ramo expiratório do ventilador mecânico, máscaras de ventilação não invasiva (VNI) totalmente vedadas à face, película protetora para evitar lesão de pele, e ajuste da interface com o mínimo de vazamento para o ambiente; entre outros recursos que visam a prevenção e o controle da doença. Alguns recursos e técnicas utilizados pelo fisioterapeuta apresentam grande potencial para a disseminação de gotículas e aerossóis, o que pode aumentar a transmissão dos microrganismos causadores das infecções respiratórias, a utilização de algumas técnicas fisioterapêuticas pode causar gasto energético excessivo ou até aumentar o risco de injúria pulmonar, portanto a intervenção deve ser conduzida em consideração destes pontos, ao se tratar de um paciente com COVID-19. Foi observado que o SARS-CoV-2 permaneceu estável em superfícies como plástico e metal por até 72 horas, devendo-se refletir sobre os cuidados com equipamentos comumente utilizados no atendimento de pacientes com afecções respiratórias. Uma outra preocupação em relação às técnicas utilizadas está relacionada ao aumento excessivo do gasto energético, como a mobilização ativa ou até o exercício físico. Considerando que o gasto energético excessivo, pode vir a sobrecarregar os músculos respiratórios, precipitando um quadro de falência respiratória. Levando-se em conta que estes pacientes, frequentemente apresentam febre, que é um achado ligado a um maior gasto energético e que contraindica a prática de mobilização precoce e exercício físico. O fisioterapeuta também deve estar atento ao manejo da ventilação mecânica invasiva, pois diversos estudos tem demonstrado que o uso de parâmetros como volume e pressão mais elevados podem causar injúria pulmonar e estão associados à maior mortalidade. Portanto pacientes com SDRA devem ser submetidos a uma estratégia ventilatória protetora, a qual tem sido sugerida também para pacientes com SDRA em decorrência da COVID-19. Recursos e técnicas que devem ser utilizados com cautela devido à geração de gotículas e aerossóis: Oxigenoterapia: para a promoção da SpO2 alvo, recomenda-se evitar o uso das seguintes interfaces: máscara de Venturi, tenda de oxigênio e cânula nasal de alto fluxo. Além disso, sugere-se evitar o uso de oxigênio em excesso (SpO2 acima de 98%) devido ao risco de lesão pulmonar induzida pela toxicidade do oxigênio, principalmente em pacientes com SDRA. VNI: recomenda-se não utilizar VNI de forma rotineira. Além disso, não se recomenda utilizar como recurso de resgate em novo quadro de piora da insuficiência respiratória aguda. Recomenda-se fortemente não utilizar VNI na ausência de condições controladas de segurança ambiental, ou seja, uso de interface completamente vedada à face, uso de circuito duplo e filtro HEPA no ramo expiratório, e sala com pressão negativa. Na necessidade da utilização de VNI com circuito único, recomenda-se a utilização de circuito com orifício de exalação no próprio circuito (e não na máscara), e filtro HEPA entre a máscara e o orifício de exalação. Nebulização: evitar o uso de copo de nebulização para fins de umidificação e fluidificação de secreção pulmonar; evitar inalação convencional com fluxo de oxigênio ou de ar comprimido. Sugere-se o uso de inaladores dosimetrados e espaçadores para a administração de broncodilatadores. Técnicas ou recursos para remoção de secreção brônquica: qualquer técnica que possa provocar tosse, como percussão, vibração e compressão torácicas, tosse manualmente assistida, oscilação oral de alta frequência (Shaker, Flutter), oscilação de alta frequência da parede torácica (Vest); insuflador/exsuflador mecânico (Cough Assist) são potenciais geradores de gotículas/aerossóis e devem ser utilizadas apenas quando houver plena indicação e necessidade e com o devido uso de EPI em pacientes com COVID-19. Hiperinsuflação manual: evitar o uso do ressuscitador manual como recurso para aumento do volume pulmonar. Para pacientes em ventilação mecânica invasiva, sugere-se alternativamente o uso do próprio ventilador. Recursos e técnicas que devem ser utilizados com cautela devido ao gasto energético excessivo: Exercícios físicos: deve-se evitar exercícios com intensidade acima de 3 METs ou que induzam à sensação de dispneia maior que 3 na escala de Borg (CR10), como cicloergometria com carga acima de 50 W, caminhada acima de 4 Km/h em superfície plana etc. Outras estratégias: assim como para o exercício físico, técnicas como treinamento muscular respiratório e espirometria de incentivo, que podem demandar maior gasto energético, caso sejam utilizadas, devem ter adequado controle de intensidade. Recursos e técnicas que devem ser utilizados com cautela ou evitadas devido ao risco de injúria pulmonar: Hiperinsuflação manual: o uso do ressuscitador manual não é recomendado. Além da geração de aerossóis e do risco de contaminação associado ao uso em pacientes em ventilação espontânea, causam desconexão e despressurização das vias aéreas quando utilizado em pacientes sob ventilação mecânica, predispondo à injúria pulmonar. Estratégia convencional de ventilação mecânica invasiva: deve-se evitar estratégias convencionais e dar preferência às estratégias protetoras.
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