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Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez É um dos gêneros mais importantes dentro da família das enterobactérias. https://domtotal.com/noticia/1304824/2018/10/salmonella-tem-resistencia-a-diferentes- antibioticos-indica-pesquisa/ Características bioquímico-fisiológicas de Salmonella • É móvel pela presença de flagelos peritríqueos. • Fermentam a glicose e a manose. • Não fermentam a lactose nem a sacarose. • Utilizam citrato. • Produzem catalase. • Não produzem oxidase, indol e acetoína. • A maioria produz gás sulfeto de hidrogênio a partir da glicose. • De carboxila a lisina. Variação antigênica em Salmonella • Dentro das possibilidades gênicas dentro da família Enterobacteraceae, as salmonelas podem apresentar os três antígenos. Bernardes, Nicole Blanco, et al. "Intoxicação Alimentar: Um problema de Saúde Pública." ID on line REVISTA DE PSICOLOGIA 12.42 (2018): 894-906. • O: somáticos. Todas as bactérias vão apresentar – caracterizam os sorogrupos de Salmonella. Essa caracterização sorológica da Salmonella foi proposta por Kaufmann & White. A partir disso, determinam-se os três possíveis antígenos combinados para se determinar qual é o sorovar ou patotipo de Salmonella que está causando determinada infecção. • Antígeno Vi capsular, quando presente, só tem um tipo. Os que possuem esse tipo são: S. Typhi, S. Paratyphi C e S. Dublin. • Antígeno H, flagelar. A expressão do flagelo pode estar acontecendo ou não, podendo expressar flagelos diferentes. Com variação de fase antigênica (fase I ou fase II), quer dizer que em uma fase aquele antígeno está sendo expresso e o antígeno está sendo produzido. E em uma outra fase ele deixa de ser produzido. Isso é um fator importante porque engana o sistema imunológico e dá mais tempo para que a bactéria se multiplique dentro do corpo do hospedeiro. • Na fórmula antigênica os primeiros números correspondem ao tipo de polissacarídeo O; a cápsula quando presente estará indicada; o antígeno flagelar pode estar na fase 1, representado com letra minúscula ou a fase 2, representado com um número – pode haver mais de um, pois existe mais de uma proteína sendo expresso na extremidade do flagelo. • Todo flagelo pode ter proteínas diferentes, o que também da uma vantagem em relação ao sistema imunológico do hospedeiro. Taxonomia e Síndromes clínicas de Salmonella • A taxonomia da Salmonella é peculiar. Salmonella Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Achtman, M., Wain, J., Weill, F., Nair, S., Zhou, Z., Sangal., V,…. Brisse, S. (2012).Multilocus Sequence Typing as a Replacement for Serotyping in Salmonella enterica. PLoS Pathog, 8(6): e1002776. https://doi.org/10.1371/journal.ppat.100277. • Há apenas duas espécies, a Salmonella bongori e a Samonella enterica, sendo que a enterica possui várias subespécies e subtipos. • A variação genética e de sorotipos que torna o diagnóstico sorológico das infecções por Salmonella mais complicado. • Dentro da Salmonella enterica há 6 subespécies. Sendo que a maior parte dos patotipos importantes do ponto de vista humano e animal estão dentro da subespécie Salmonella enterica enterica. ➔ Dentro da subespécie há uma divisão muito importante: Salmonella Tifoide • Os sorotipos que vão causar doença e estão adaptados ou restritos ao homem, com a capacidade de causar a febre tifoide: S. e. e. Typhi, S. e. e. Paratyphi A, S. e. e. Paratyphi B e S. e. e. Paratyphi C. • As Samonellas entéricas Paratyphi A e S. Typhi são restritas ao homem. As B e C podem estar associadas aos animais e aos homens. • A infecção por Salmonella pode se manifestar como a febre tifoide, que é a forma mais grave e possui esses sorotipos envolvidos. Salmonella Não Tifóide • Grupo de patotipos que não vai causar a febre tifoide. • A doença será focal, no intestino ou extra- intestinal, podendo haver bacteremia nos dois casos. As que causam gastroenterite • Essa gastroenterite pode ser auto-limitada, ou seja, não-invasiva, acometendo somente o trato gastrointestinal: S. Typhimunium e a S. Enteritidis. • Também existem patotipos que a partir de uma gastroenterite causam bacteremia com mais frequência, sendo uma infecção invasiva: S. Typhimunium e a S. Enteritidis (podem causar); S. Dublin, S. Virchow, S. Heidelberg. As que causam uma doença Extra-intestinal (invasiva) • Infecção focal: S. Choleraesuis, S. Typhimunium, S. Enteritidis e S. Dublin. • Causam com mais frequência bacteremia: S. Choleraesuis, S. Typhimunium, S. Enteritidis, S. Dublin, S. Virchow e S. Heidelberg. As espécies de Salmonella infectam o homem e quase todos os animais domésticos e selvagens. Podem contaminar ambientes, alimentos e água potável a partir de fezes de doentes ou portadores. Fontes de infecção por Salmonella para os humanos https://about-salmonella.com/ • Alguns patotipos são mais fortemente adaptados a um tipo específico de hospedeiro e erraticamente causam doenças em outros seres. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Por exemplo, a S. Typhi só causará doença nos seres humanos; a S. Dublin está mais associada ao gado, mas pode infectar seres humanos; a S. Pullorum está relacionada a aves e a S. Choleraesuis aos porcos. • Por outro lado, existem Salmonellas que são mais versáteis e não estão adaptadas somente a um tipo de hospedeiro, podendo estar associada a vários seres, como a S. Tuphimunium. • Analisando os tipos de salmonela e os animais aos quais estão associados é possível inferir quais são as possíveis fontes de infecção. • Há salmonelas associadas aos animais – desde domésticos até animais selvagens. Domésticos: felinos, cães, porcos e gado, aves, répteis e insetos. • A partir disso, pode haver uma fonte de contaminação via alimento, mas também via contato com esses animais (cães, gatos, porcos, répteis). • No caso específico da febre tifoide pode haver transmissão de um indivíduo para o outro. • Todos os animais vão defecar e a bactéria presente nas fezes pode contaminar a água e o ambiente. A partir daí, pode haver alimentos e outros animais se infectando por esse meio. • O mais comum é a contaminação por carnes, aves, ovos, peixes, lacticínios e vegetais – via contaminação da água e da terra. • Então as fontes mais frequentes são: Pessoas que manipulam animais e sem lavar as mãos preparam a comida; produtos de origem animal, produtos em contato com água e solo contaminado e o ambiente com excretas. Shaker, Asmaa & Zaghawa, Ahmed & Nayel, Mohamed & Elsify, Ahmed & Salama, Akram & Mabrouk, Ibrahim & Mousa, Walid. (2019). Farm animal salmonellosis (ruminants and camel) with special reference to Egyptian situation: A review. Sintomas comuns https://www.verywellhealth.com/salmonella-symptoms-2634330 • Dor de cabeça; • Febre; • Diarreia aquosa; • Dor abdominal ou cólicas; • Náuseas ou vômitos. Fatores de virulência de Salmonella • Há uma série de fatores de virulência nesse gênero, o que justifica sua distribuição e importância como patógeno. • Fímbrias: importantes para a colonização dos hospedeiros. • Antígeno Vi: cápsula que impede a opsonização e fagocitose do patógeno. • Flagelina: proteína flagelar. • Fator ShdA que se liga à fibronectina, essencial no processo de colonização do seco e na excreção prolongada da Salmonella nas fezes. • Rck: proteína de resistência ao sistema complemento. • LPS: endotoxina. • SodCl: superóxido dismutase. • Proteínas efetoras, secretadas por Salmonellas via o sistema de secreção do tipo III. • Esse sistema de secreção do tipo III é o chamado de injetossomo. Existem sistemas de secreção quevão secretar proteínas relacionadas com a invasão – atuando nos filamentos de actinas e induzindo a entrada das bactérias; na adesão, na resposta inflamatória, relacionadas à sobrevivência dentro dos macrófagos... Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Genética da virulência • Os principais fatores de virulência da Salmonella são codificados por genes presentes no cromossomo e no plasmídeo de virulência. Invasão do epitélio intestinal Urdaneta, Veronica & Casadesús, Josep. (2017). Interactions between Bacteria and Bile Salts in the Gastrointestinal and Hepatobiliary Tracts. Frontiers in Medicine. 4. 163. 10.3389/fmed.2017.00163. • A Salmonella é ingerida em uma dose suficiente para que ela possa chegar no intestino e não seja digerida. • As Salmonellas vão entrar em contato com as células do intestino. Pelo início de manipulação do esqueleto de actina elas serão fagocitadas. Isso vai acontecer primordialmente via células M. Fernandes, Dandara Virginia Guia Semedo, Castro, Vinicius Silva, Cunha Neto, Adelino da, & Figueiredo, Eduardo Eustáquio de Souza. (2018). Salmonella spp. in the fish production chain: a review. Ciência Rural, 48(8), e20180141. Epub July 23, 2018.https://dx.doi.org/10.1590/0103-8478cr20180141 • Dentro da célula M, as bactérias vão se multiplicar, formando vacúolos contendo Salmonella – SCV. • Existem proteínas que podem fazer a lise desse vacúolo, mas ele acaba sendo translocado e as bactérias são apresentadas para células fagocíticas. • A partir dessas células fagocíticas pode haver o acesso à submucosa. • A Salmonella também pode penetrar via enterócito, fazendo a indução do citoesqueleto de actina dessa célula provocando que seja internalizada, sobrevive dentro dessa célula e forma o SCV. Após multiplicar, faz o processo de translocação e é liberada na submucosa. • Eventualmente, essas Salmonellas podem entrar em contato com células dendríticas e serem internalizadas. Patogênese • A partir da ingestão de água e alimentos contaminados, a Salmonella chega ao intestino delgado. • No lúmen intestinal as bactérias vão entrar em contato cm as células M, sendo fagocitadas e invadem o tecido. Nesse caso, ocorre uma infecção focal. • Eventualmente, a partir da infecção focal, ocorre a injeção de proteínas que vão levar a um processo inflamatório pela liberação de citocinas e uma hipersecreção de íons – típico da diarreia. Essa diarreia será local, com diarreia mais pronunciada ou não, com a liberação de bactérias. • Em determinadas situações, as bactérias podem não ser eliminadas dentro dos macrófagos, se multiplicando dentro deles. Esses macrófagos circulantes levam a Salmonella para outros locais, provocando uma disseminação sistêmica. Elas podem permanecer no baço, fígado, mas também podem ficar por mais tempo em outros órgãos, causando a doença sistêmica conhecida como febre tifoide. • Como consequências da infecção da Salmonella pode haver uma gastroenterite, que pode ser limitada. Uma bacteremia, que pode ser auto- limitada. Ou, uma disseminação para ouros órgãos, causando uma infecção local. Ainda, pode haver a febre tifóide. Febre tifóide • É a doença mais grave causada pela bactéria. • No caso específico da febre tifóide a bactéria vai ficar por mais tempo principalmente na vesícula biliar. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Ocorre a transmissão fecal-oral. A partir disso, há a infecção da mucosa intestinal, com a disseminação e persistência da bactéria nos linfonodos, baço, fígado, medula óssea. • Há a colonização da vesícula biliar – com a formação de biofilme nos cálculos biliares. A partir da vesícula que o indivíduo vai se tornar um disseminador constante da bactéria. Há pessoas que podem permanecer anos como carreador, mesmo eliminando o episódio da febre tifóide. • A partir da vesícula, vai haver uma re-infecção via excreção da bile no intestino. E, com isso, uma excreção contínua nas fezes, tornando a transmissão possível. • Se não tratada, a taxa de mortalidade pode chegar a 20%. Manifestações clínicas • Gastroenterite (Enterocolite): febre aguda inicial, cólicas, dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia com ou sem sangue, associada com uma inflamação do intestino grosso. Desidratação e o desequilíbrio eletrolítico são os sintomas mais comuns. É uma infecção auto-limitada e os sinais vão variar de intensidade, de acordo com a dose infecciosa. • Bacteremia: 5% dos indivíduos com gastroenterite por Salmonella desenvolvem bacteremia (crianças jovens, pacientes idosos, imunocomprometidos ou com comorbidades). Frequente a ocorrência de infecções focais, incluindo meningite, artrite séptica, osteomielite, colangite (inflamação das vias biliares – não se mantendo como na febre), pneumonia e infecções cardiovasculares, entre outras. • Febre entérica ou febre Tifóide: doença sistêmica invasiva, causada pela S. Typhi e S. Paratyphi A e B. Sintomas inespecíficos (calafrios, diaforese, tontura, anorexia, tosse seca, fraqueza, dor de garganta, dores musculares) são frequentes antes do início da febre. Há Febre, dor de cabeça, dor abdominal, mal- estar, diarreia transitória ou constipação. A infecção pode levar a danos respiratórios, hepáticos, renais, no baço e/ou neurológicos fatais. Tratamento das infecções por Salmonella https://www.verywellhealth.com/salmonella-treatment-4164292 • Na maioria das vezes, as infecções são autolimitadas, então o tratamento será dar suporte relacionado aos sinais e sintomas, com reposição de líquidos e eletrólitos. Recomenda-se como principais medidas: consumo de alimentos leves, reposição de líquidos e eletrólitos, antidiarreicos, compressas quentes, analgésicos e uso de probióticos. • Antibióticos são recomendados para as salmoneloses com complicações sistêmicas e nos casos de febre tifoide, tanto na fase aguda da doença, como na fase de portador. • Nas infecções por Salmonella typhi, a antibioticoterapia é primordial no tratamento dos pacientes com febre tifoide ativa e naqueles ditos portadores (vesícula biliar). • Utilizam-se cefalosporinas de terceira geração e fluoroquinolonas. Epidemiologia • É considerada uma zoonose, mais difundida no mundo. • A condição do portador animal é um importante fator, pois significa um problema do ponto de vista veterinário e humano, já que os identificar é muito mais difícil. • É uma perda de milhões de dólares para a indústria, particularmente de bovinos, suínos e aves. Nas aves a transmissão da bactéria pode ser vertical – para os ovos ou horizontal. • Sorotipos de Salmonella podem estar estritamente adaptados a um hospedeiro particular ou podem ser encontrados em grande número de espécies animais (ubiquitários). • O homem é o único reservatório natural da S. Typhi e da S. Paratyphi A, B e C. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Alguns sorotipos são adaptados a uma determinada espécie animal. • Outros sorotipos podem infectar indiferentemente o homem e uma grande variedade de animais. Esses últimos sendo os maiores responsáveis pelas infecções de origem alimentar. • Alguns produtos alimentícios de origem animal como carne, leite e ovos são os veículos mais comuns na transmissão desses microrganismos. • O contato com animais de estimação exóticos como lagartos, cobras, salamandras, sapos, iguanas, tartarugas, patos e pintos – também influencia nessa transmissão. • As Salmonellas não tifoides são as infecções zoonóticas. Prevenção • A prevenção das gastroenterites por Salmonella tem por base a manipulação e preparo adequados de alimentos, principalmenteovos e carnes de aves. • A identificação e tratamento dos portadores – humanos e animais. • Por meio de vacinas – principalmente uso veterinário. Informações epidemiológicas • Dentre os agentes etiológicos responsáveis pelos surtos de doenças transmitidas por alimentos no Brasil, de 2000 a 2015: A Salmonella spp. Representa 14,3% - o principal. • Na distribuição dos 10 principais agentes etiológicos identificados em surtos de doenças transmitidas por alimentos de 2003 a 2018 tem a Salmonella spp como principal, sendo que vem diminuindo ao longo dos anos, com o incremento de enterobactérias. http://www.megatimes.com.br/2014/05/febre-tifoide.html.
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