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A LEI DE EXECUÇÃO FISCAL, DEFESAS DO CONTRIBUINTE E OS EFEITOS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL RESUMO O presente trabalho, seguindo normas da ABNT para compor a nota da matéria de prática jurídica em direito tributário, teve o intuito de fazer uma análise acerca da lei de execução fiscal, sua origem no ordenamento jurídico. Baseando-se na importância de suas normas disciplinadas na lei para constituir um prosseguimento padrão para os processos de execução fiscal, para assim haver o entendimento de todo o processo de cobrança nesta modalidade. Abordando-se primeiramente o conceito da execução fiscal, sua origem no fato gerador, do instituto da dívida ativa e seus requisitos para ingresso dos autos. A defesa dos contribuintes perante os órgãos competentes para a demanda de execução fiscal, prazo para manifestação e como devem ser realizadas e conduzidas, seus elementos essenciais para acolhimento do juízo competente a julgar a execução fiscal. Nessa trilha, tece algumas breves considerações sobre os efeitos e aplicação no atual Código de Processo Civil no processo de execução fiscal. Cabe explanar sobre a ação incidental de embargos a execução fiscal, a necessidade da garantia real, bem como análise da peça exceção de pré – executividade também como forma de defesa em cobranças do fisco, possibilidade de discutir a matéria tributária existente juntamente com a relação jurídica estabelecida pelo fato gerador. PALAVRAS-CHAVE: Execução fiscal. Defesa. Código de Processo Civil. SUMÀRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 1. CONCEITO DE EXECUÇÃO FISCAL .................................................................... 5 1.1 Da lei de execução fiscal .......................................................................................................... 7 2. DEFESAS DO CONTRIBUINTE ............................................................................. 9 2.1. Embargos à execução fiscal ................................................................................................... 9 2.2. Exceção de Pré-Executividade ............................................................................................. 11 3. EFEITOS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL .................................................... 13 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 15 5. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 16 4 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem o objetivo de analisar a aplicabilidade das defesas do contribuinte perante o atual Código de Processo Civil e a Lei da Execução Fiscal de 1980. Ferramentas utilizadas pelo contribuinte que pretende indagar alguma questão relacionada com a cobrança exigida pelo fisco mediante processo judicial. Os mecanismos para defesa pelo pólo passivo da demanda correspondem a duas previsões legais, sendo elas o oferecimento de embargos a execução, com normas positivadas nos dois diplomas legais, ou a exceção de pré – executividade, também com previsão legal nos dispositivos citados. O ordenamento jurídico traz as formalidades exigidas para a utilização dos meios de defesa, possuindo elementos diferenciados para cada aplicação ao caso concreto, que deverá ser respeitada conforme demonstrado no presente trabalho. O atual Código de Processo Civil que entrou em vigência no ano de 2016, formalizou as matérias quanto a utilização da exceção de pré – executividade, anteriormente não positivada pelo antigo código. Cabe analisar a aplicabilidade dentro da execução fiscal das defesas, bem como a origem da execução fiscal, originando-se através de um débito fiscal e posterior lançamento na dívida ativa constituindo uma relação jurídica entre credor e devedor. A problematização elencada é a aplicabilidade desses institutos frente à lei especial de execuções e o Código de Processo Civil, que em alguns assuntos, como exemplo a garantia em juízo nos casos de oferecimento de embargos a execução, assim como os efeitos a eles aplicados que possui normas divergentes entre esses dois diplomas legais. Sua importância prática se faz notável por versar sobre um assunto que envolve os contribuintes na esfera municipal, estadual ou até federal, onde será preciso dos operadores do direito o entendimento dos artigos previstos nas duas leis, para então buscar o direito daquele contribuinte que se sente prejudicado pela obrigação imposta pelo fisco, bem como o entendimento das questões discutidas pela doutrina e jurisprudência que visa o contraditório do possível inadimplente. 5 1. CONCEITO DE EXECUÇÃO FISCAL Para que se tenha uma melhor compreensão sobre o tema das defesas do contribuinte perante uma execução fiscal, bem como os efeitos decorrentes do Código de Processo Civil vigente, faz-se necessário o estudo do conceito da execução fiscal, sua origem, no que é compreendida, suas previsões no ordenamento jurídico e efeitos atribuídos. Tem se a origem da execução fiscal em uma dívida decorrente de tributo ou não, conforme artigo 2º da lei de execução fiscal Nº 6.830 de 1980, que assim preceitua: Art. 2: Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controla dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. (BRASIL, 1988) Desta forma, para que exista a execução fiscal, é preciso que exista uma dívida em relação a um ente público como exemplo cita-se o Imposto Predial e Territorial Urbano IPTU, cobrança exigida àqueles que possuem bens imóveis em áreas urbanas ou o Imposto Territorial Rural ITR para quem tem propriedade em áreas rurais. No caso acima, caso esses proprietários venham a não realizar os devidos pagamentos, incorrem em débitos fiscais que serão inscritos em dívida ativa da Fazenda Pública. A dívida ativa da Fazenda Pública corresponde a débitos devidos a União, ao governo dos Estados ou do Distrito Federal, assim como aos Municípios. Tais débitos são previsão legal no ordenamento jurídico, gerando uma obrigação aos sujeitos que preencham os requisitos caracterizadores para sua cobrança. Cabe ressaltar que o Estado, assim como seus entes, para a execução dos seus deveres como governo, para exercer com amplitude as ações que derivam da conseqüência de ter que arcar com gastos para conclusão desses deveres, inclui na vida do contribuinte, custos, taxas, tributos, impostos. 6 As obrigações fiscais dos contribuintes geram receitas ao Estado, fazendo parte do Sistema Tributário Nacional, com previsões legais na própria Constituição Federal de 1988. Receitas obtidas podem ser originárias ou derivadas, sendo originárias aquelas que derivam do patrimônio próprio do Estado, ou seja, ganhos a partir de ativos do Poder Público, pela cessão de bens e valores ou aplicação em atividades econômicas. A receita derivada é classificada como sendo aquelas que decorrem de tributação a população, partindo de tributos, indenizações, contribuições, taxas de serviços, penalidades, entre outras formas. Para cada receita a ser arrecadada, a norma jurídica brasileira exerce sua data de vencimento, ou seja, uma data limite para essas sejam pagas pelos contribuintes, que consiste no termo de arrecadação. Após o vencimento, e não realização do devido pagamento, o débito é inscrito em dívida ativa perante a administração competente, chamada pelos doutrinadores como lançamento, gerando assim a Certidão de Dívida Ativa - CDA, contendo o nome do contribuinte devedor, o valor da somatória devida, o termo de inscriçãona dívida, sua origem e fundamentação legal. Decorrido o procedimento de lançamento, surgi à execução fiscal, momento em que o contribuinte devedor da obrigação será citado do referido processo, para realizar o pagamento ou oferecer bens para penhora dentro de 5 (cinco) dias, e caso não se manifeste a execução fiscal continuará em seu prosseguimento. Esse procedimento é regido pela lei nº 6.830 do ano de 1980, lei das execuções fiscais, que se baseia na Certidão de Dívida Ativa para o ajuizamento da demanda perante o órgão competente para tentativa de adimplemento da obrigação assumida da relação tributária. Importante frisar que, caso a administração no momento do lançamento do débito pratique algum erro de lançamento ou deixe de acrescentar algo no ato, como exemplo algum requisito não seja suprido, é possível que esse erro seja corrigido, porém somente até decisão de 1º grau, abrindo prazo novamente para defesa, caso contrário não poderá corrigi-lo. 7 1.1 Da lei de execução fiscal A lei de execução fiscal de 1980 com o número 6.830, teve como intuito seu surgimento para que houvesse um padrão para os processos de cobrança de dívida ativa, seus elementos essenciais a serem seguidos pelos entes responsáveis a sua execução. A lei possui o objetivo de regular as cobranças aos contribuintes responsáveis, faz parte do conjunto da legislação tributária para versar sobre tributos, relações jurídicas tributárias, bem como defesas aqueles que se sentem prejudicados por determinada cobrança exigida da qual não se entende devida. Legislação utilizada como fonte primária do direito tributário, assim como a Constituição Federal de 1988, leis complementares e ordinárias, decretos, medidas provisórias, resoluções, tratados e convenções internacionais, como disciplinado no artigo abaixo: Art. 96. A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. (BRASIL, 1988) Para que o direito tributário tenha eficácia, é preciso que haja fiscalização das relações jurídicas que se firmaram a partir de uma obrigação, averiguando suas regularidades e efeitos dela decorrentes. Perante essa fiscalização, encontram-se os inadimplentes, ou seja, sujeitos sendo pessoa jurídica ou física que não cumpriu determinada obrigação perante o fisco, cujo efeito será a aplicação de um processo para cobrança da quantia devida, chamada de execução fiscal, conforme determina a lei de execuções fiscal a partir do seu artigo 2º e seus parágrafos: Art. 2º [...] § 1º - Qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades de que trata o artigo 1º, será considerado Dívida Ativa da Fazenda Pública. § 2º - A Dívida Ativa da Fazenda Pública, compreendendo a tributária e a não tributária, abrange atualização monetária, juros e multa de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato. § 3º - A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de 8 direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo. § 4º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional. (BRASIL, 1988) Anterior a execução fiscal, será apurada a legalidade, certeza e liquidez do crédito tributário, quando do momento de seu lançamento na Dívida Ativa, com a apuração das correções legais como juros e multa sob o valor devido, e posteriormente o ingresso da ação pertinente. O processo de execução fiscal será distribuído ao juiz competente para seu prosseguimento, contendo na peça inicial a certidão da dívida ativa, que corresponde ao título executivo extrajudicial, que será objeto principal para a cobrança, assim com as qualificações do devedor e credor a quem exige aos autos, o fato gerador e seu não cumprimento. O segundo ato do processo é a realização da citação do contribuinte para cumprir a obrigação ou garantir a execução, podendo ainda se valer do contraditório e da ampla defesa. Mesmo que no momento do lançamento foi verificada a obrigatoriedade do pagamento por parte do devedor, não é considerada uma presunção absoluta de inadimplemento por parte deste, podendo desta forma, quando citado da demanda executória, apresentar suas manifestações defensivas, modo que será averiguado por terceiro a relação existente ou não para cumprimento ou negativa de obrigações. No próximo capítulo serão analisadas as defesas pertinentes, como os Embargos a Execução Fiscal e a Exceção de Pré-executividade, como matéria de defesa pelos contribuintes, analise dos seus requisitos próprios e comuns, bem como sua fundamentação jurídica. 9 2. DEFESAS DO CONTRIBUINTE No presente capítulo passa-se a análise dos instrumentos processuais capazes de apreciação por parte do magistrado julgador do crédito tributário da defesa e alegações trazidas pelo contribuinte. 2.1. Embargos à execução fiscal Os embargos a execução fiscal consiste em uma das defesas previstas em lei para oposição quanto à dívida ativa executada em juízo. Trata-se, portanto, de uma ação incidente, ou seja, seu tramite será anexo ao processo principal, ora execução fiscal, tendo como principal requisito a peça inicial contendo as qualificações completas das partes e sua matéria de defesa. Trata-se de uma ação incidental, que visa a resistência ao pagamento do tributo, que está disciplinada na lei de execução fiscal, que assim traz: Art. 16 - O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados: I - do depósito; II - da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia; III - da intimação da penhora. (BRASIL, 1988) Quando se aborda o tema dos embargos a execução fiscal, é notável o entendimento da garantia a execução, ou por alguns doutrinadores chamada de garantia do juízo, ou seja, para o credor, contribuinte, é preciso em sua peça inicial dos embargos, apresente-se com uma garantia, podendo ser a quantia exigida do título, nomeação de bens ou indicar bens de terceiros para penhora, bem como ofertar fiança bancária ou seguro garantia. O prazo para propositura da ação é de 30 (trinta) dias a partir da prova da fiança ou depósito, ou ainda da intimação da penhora, momento em que ocorrerá o contraditório e ampla defesa por parte do pólo passivo da ação de execução fiscal, agora compondo o pólo ativo da demanda, caso não seja apresentada a garantia do juízo, a manifestação não será apreciada pelo juiz. 10 O executado, sendo pessoa física ou jurídica, são considerados legítimos para ingressarem com os embargos a execução, o espólio, o devedor, pessoas que possuem uma relação jurídica com a União, estados ou município que deu início a cobrança. O ordenamento jurídico prevê que a utilização dos embargos contemplará os assuntos importantes a serem mencionados para a defesa do contribuinte, versando todas as alegações de possíveis erros ou vícios no lançamento por parte do fisco, a comprovação de documentos ou outras formas de provar o alegado apresentando o rol de testemunhas caso seja posteriormente solicitado em juízo para melhor convencer o magistrado na fundamentação da decisão a ser por ele proferida. Após a observância por parte do órgão judiciário da garantia realizada para acolhimento, o judiciário determinará em momento posterior a intimação do ente público para se manifestar em um prazo de 30 (trinta) dias sobre as alegações oferecidas no processo incidental. Caso sejam apresentadas testemunhas dentro dos embargos, será agendada audiência para ouvi-las no Fórum competente, caso contrário,não será o processo conduzido para audiência. Outro ponto a ser estudado, se refere aos efeitos jurídicos práticos quando do momento da apresentação dos embargos. Ele não possui efeito suspensivo, porém admite que seja solicitado por quem o apresente a tutela antecipada, com a finalidade de suspensão. Essa tutela obedece ao disposto no artigo 300 do Código de Processo Civil de 2015, que disciplina os casos que poderão ser utilizadas as tutelas antecipadas, desde que apresentados os requisitos, tais como a evidente lesão a ser causada caso seja mantida, ou a difícil reparação nos casos de improcedência da execução fiscal. Após citação do fisco para manifestação aos embargos e posterior sentença os julgando improcedente, ou seja, caso os embargos não seja admitidos, poderá o contribuinte recorrer da sentença, porém observa-se que o fato de haver apelação, não suspenderá a execução, uma vez que o processo tem como base um título executivo já constituído. 11 Por fim, caso o recurso de apelação seja recebido e acolhido pelo Tribunal responsável, o fisco executor da demanda se responsabilizará pelos danos causados ao executado. 2.2. Exceção de Pré-Executividade A exceção de pré – executividade trata-se também de uma manifestação que poderá ser empregada para defesa no processo de execução fiscal, que respeita alguns requisitos específicos para sua prática. Diferentemente dos embargos a execução, estudado acima, a exceção de pré – executividade não necessita de garantia de juízo, se tratando de uma manifestação sem tal exigência legal. Para esse ato defensivo, porém, são verificados alguns elementos caracterizadores, que serão submetidos à apreciação do juiz de primeira instância para extinguir ou não a execução. A petição deve ser dirigida diretamente ao próprio juiz da execução, assim sendo, a petição diferente dos embargos, é peticionada dentro dos próprios autos, e não de forma incidental. Exceção de pré – executividade demonstrará ao magistrado fundamentos jurídicos capazes de trazer dúvidas quanto a certeza e liquidez do título executivo extrajudicial, sendo os seus legitimados os mesmos sujeitos dos embargos a execução. São questões de ordem pública a serem averiguadas, consistente em erros ou vícios existentes no título, como exemplo cita-se ausência de condições da ação, quantia de valor superior ao corretamente devido, ou ainda a prescrição, momento em que o executado se manifesta no sentido de comprovar a não mais exigibilidade do crédito, em razão do prazo prescricional já ter transcorrido. Observa-se que nem a lei que trata da execução fiscal e nem o Código de Processo Civil aludi a expressão “exceção a pré-executividade”, sendo essa terminologia empregada pela doutrina e jurisprudência ao caso concreto quando a utilização desta forma de defesa pelo executado da demanda. 12 Quanto à matéria a ser abordada nesse instrumento jurídico, as previsões legais são as seguintes, todas do Código de Processo Civil: Art. 525 [...] § 11. As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato. (BRASIL, 2015) Conforme se verifica, para o artigo acima, o prazo de 15 dias deverá ser respeitado por aquele que pretender se manifestar nesse sentido, porém os assuntos trazidos no artigo 803 do mesmo diploma legal não possuem prazo, sendo eles: Art. 803. É nula a execução se: I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível; II - o executado não for regularmente citado; III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo. Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de embargos à execução. (BRASIL, 2015) Haverá o contraditório por parte do credor que busca o cumprimento da obrigação por parte do devedor que nesta simples petição poderá solicitar assim como nos embargos a suspensão da execução preenchidos os mesmos requisitos. Nestes termos, após a análise dos fundamentos trazidos de ambas as partes, caberá ao juiz proferir decisão, cabendo contra essa, o recurso de agravo de instrumento e não apelação como nos embargos a execução, uma vez que se trata de decisão interlocutória, e não terminativa como é o caso de uma sentença. 13 3. EFEITOS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL O Código de Processo Civil, lei nº 13.105 de 16 de março de 2015, tem aplicação subsidiária a lei de execução fiscal e ao Código Tributário Nacional. Desta forma, quando a lei especial for omissa, ou positivar em suas normas a previsão legal de utilização do Código de Processo Civil, este terá aplicação junto aos assuntos ali abordados. Pela lei de execução fiscal, foi possível adaptar o prosseguimento de cobrança do débito para os casos específicos, diferentemente dos procedimentos adotados no Código de Processo Civil: A Lei sobre cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública (Lei n. 6.830, de 22-09-1980) foi editada com o claro e expresso propósito de agilizar a execução fiscal, criando um procedimento especial diverso do da execução forçada comum de quantia certa, regulado pelo Código de Processo civil. (THEODORO, 2016, p. 29) O prazo processual é um ponto que tem previsão somente no Código de Processo Civil, pois na lei de execução fiscal não há norma legal que indique os prazos para oferecimento das manifestações dentro do processo de cobrança, sendo o diploma legal utilizado subsidiariamente. Com relação às defesas do contribuinte, importante mencionar que para os embargos a execução fiscal, não se aplica o procedimento adotado pelo Código de Processo Civil, pois este não traz positivado que para o oferecimento dos embargos como peça defensiva é necessário a garantia de juízo, diferentemente do que aborda a lei de execução, que disciplina que é necessário sob pena de indeferimento. No caso citado, se aplica tão somente a lei especial com previsão legal da obrigatoriedade da garantia para o acolhimento dos embargos a execução, caso contrário, não será aceito pelo magistrado, uma vez que a lei traz expressamente a obrigação por parte do pólo passivo da demanda. Ainda com relação a garantia, o dinheiro tem a prevalência sobre os demais meios, porém, a lei 13.105/2015 trouxe em seu escopo que o juiz possui a faculdade 14 de substituir o dinheiro penhorado a depender do caso em concreto, demonstrando o contribuinte os fundamentos para que isso ocorra. Importante também mencionar que com relação a suspensão da execução quando apresentado os embargos a execução, tal entendimento vem de encontro ao previsto no Código de Processo Civil, pois a lei especial não traz previsão legal quanto a suspensão. Porém frisa-se, que a suspensão não é utilizada como regra, mas sim traduz uma análise feita pelo juiz, que verificada necessidade de dano de difícil reparação ao contribuinte, será determinada a suspensão solicitada pelo mesmo. Outro ponto a ser citado se refere a decisão do recurso de apelação apresentado ao Tribunal, que proferirá acórdão julgando procedente ou não a apelação. Caso seja julgado procedente, o exequente deverá responder pelos danos causados ao contribuinte, assim prevê o Código de Processo Civil: Art. 776. O exequente ressarcirá ao executado os danos que este sofreu, quando a sentença, transitada em julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a obrigação que ensejou a execução. (BRASIL, 2015) Quando se falaem exceção de pré – executividade, o atual Código de Processo Civil tem sua importância pelo fato de trazer previsão legal a esse instituto, mesmo que não se utilizando desta nomenclatura em suas normas positivadas, mas sim de forma indireta ao entendimento dos juristas e doutrinadores com a análise dos artigos 525, § 11 e 803, ambos do mesmo diploma legal. Essas questões comentadas no presente capítulo demonstram a preocupação por parte do legislador em formalizar as defesas daquele em que se ingressou a execução fiscal a fim de obter o cumprimento do crédito tributário, porém havendo manifesto erro, vício, indagações realizadas por parte deste, e após contraditório do fisco, haverá o exame pelo magistrado para então decidir sobre o prosseguimento ou não da execução fiscal. 15 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho tem suma importância por abordar um tema que pode envolver a qualquer pessoa, sendo pessoa física ou jurídica, do modo em que todos são contribuintes em algum momento da vida. Para o ramo do direito, se faz imprescindível que haja a compreensão dos operadores do direito, como advogados e juízes, e até mesmo dos próprios contribuintes dos mecanismos que poderão ser utilizados em uma cobrança exigida por algum ente público, no presente caso o estudo da execução fiscal, para possibilitar a estes o contraditório e a ampla defesa, pilares do ordenamento jurídico. Os embargos a execução fiscal e a exceção de pré - executividade são duas ferramentas de defesa que devem ser utilizadas com as formalidades como disciplina a lei especial nº 6.830/80, e havendo omissão, subsidiariamente o Código de Processo Civil de 2015 que trouxe inovações quanto a sua aplicabilidade dentro do processo de demanda obrigacional referente a créditos tributários. Há casos em que o título executivo contempla vícios e erros, ou até questões de ordem pública, que mediante manifestação daquele que se sente prejudicado, o judiciário poderá realizar a análise com maior cautela, de assuntos antes passados despercebidos, ou seja, traz a segurança jurídica, permitindo a reavaliação do lançamento da dívida por parte do magistrado através da manifestação do contribuinte, ora executado. Desse modo, não se trata apenas de defesas para o próprio contribuinte, mas também afeta a sociedade como um todo, refletindo-se em uma estabilidade nas relações tributárias assumidas. Por isso, conclui-se que com o estudo e compreensão desses institutos em conjunto com o atual Código de Processo Civil, é possível notar que mesmo não se tratando de processo de conhecimento, mas sim de um título executivo, é questionável seu lançamento, concentrando-se os recursos nas mãos dos contribuintes. 16 5. REFERÊNCIAS BASTOS, Thamiris. Os meios de defesa do executado na execução fiscal. Disponível em <https://thamibastos.jusbrasil.com.br/artigos/258935345/os-meios-de- defesa-do-executado-na-execucao-fiscal>. Acesso em: 05 mar. 2019. BRASIL. Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966. Código Tributário Nacional. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm>. Acesso em: 05 mar. 2019. BRASIL. Lei 6.830, de 22 de setembro de 1980. Lei de Execução Fiscal. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6830.htm>. Acesso em 05 mar. 2019. BRASIL. Lei 13.105, de 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo Civil. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em: 06 mar. 2019. BRASIL. Constituição (1988). Constituição Federal da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. SABBAG, Eduardo. Código Tributário Nacional comentado. 2ªed. Rio de Janeiro, Método, 2018. SOARES, Yuri Rossan Ferreira. Embargos a Execução Tributária. Disponível em <https://jus.com.br/artigos/60175/embargos-a-execucao-tributaria>. Acesso em 04 mar. 2019. 17 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Lei de Execução Fiscal. 13ªed. São Paulo, Saraiva, 2016.
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