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A lei de execução fiscal e o Código de Processo Civil

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A LEI DE EXECUÇÃO FISCAL, DEFESAS DO CONTRIBUINTE E OS 
EFEITOS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho, seguindo normas da ABNT para compor a nota da matéria de 
prática jurídica em direito tributário, teve o intuito de fazer uma análise acerca da lei 
de execução fiscal, sua origem no ordenamento jurídico. Baseando-se na 
importância de suas normas disciplinadas na lei para constituir um prosseguimento 
padrão para os processos de execução fiscal, para assim haver o entendimento de 
todo o processo de cobrança nesta modalidade. Abordando-se primeiramente o 
conceito da execução fiscal, sua origem no fato gerador, do instituto da dívida ativa e 
seus requisitos para ingresso dos autos. A defesa dos contribuintes perante os 
órgãos competentes para a demanda de execução fiscal, prazo para manifestação e 
como devem ser realizadas e conduzidas, seus elementos essenciais para 
acolhimento do juízo competente a julgar a execução fiscal. Nessa trilha, tece 
algumas breves considerações sobre os efeitos e aplicação no atual Código de 
Processo Civil no processo de execução fiscal. Cabe explanar sobre a ação 
incidental de embargos a execução fiscal, a necessidade da garantia real, bem como 
análise da peça exceção de pré – executividade também como forma de defesa em 
cobranças do fisco, possibilidade de discutir a matéria tributária existente juntamente 
com a relação jurídica estabelecida pelo fato gerador. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Execução fiscal. Defesa. Código de Processo Civil. 
 
 
 
 
SUMÀRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 
1. CONCEITO DE EXECUÇÃO FISCAL .................................................................... 5 
1.1 Da lei de execução fiscal .......................................................................................................... 7 
2. DEFESAS DO CONTRIBUINTE ............................................................................. 9 
2.1. Embargos à execução fiscal ................................................................................................... 9 
2.2. Exceção de Pré-Executividade ............................................................................................. 11 
3. EFEITOS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL .................................................... 13 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 15 
5. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho tem o objetivo de analisar a aplicabilidade das defesas do 
contribuinte perante o atual Código de Processo Civil e a Lei da Execução Fiscal de 
1980. Ferramentas utilizadas pelo contribuinte que pretende indagar alguma questão 
relacionada com a cobrança exigida pelo fisco mediante processo judicial. 
Os mecanismos para defesa pelo pólo passivo da demanda correspondem a 
duas previsões legais, sendo elas o oferecimento de embargos a execução, com 
normas positivadas nos dois diplomas legais, ou a exceção de pré – executividade, 
também com previsão legal nos dispositivos citados. 
O ordenamento jurídico traz as formalidades exigidas para a utilização dos 
meios de defesa, possuindo elementos diferenciados para cada aplicação ao caso 
concreto, que deverá ser respeitada conforme demonstrado no presente trabalho. 
O atual Código de Processo Civil que entrou em vigência no ano de 2016, 
formalizou as matérias quanto a utilização da exceção de pré – executividade, 
anteriormente não positivada pelo antigo código. 
Cabe analisar a aplicabilidade dentro da execução fiscal das defesas, bem 
como a origem da execução fiscal, originando-se através de um débito fiscal e 
posterior lançamento na dívida ativa constituindo uma relação jurídica entre credor e 
devedor. 
A problematização elencada é a aplicabilidade desses institutos frente à lei 
especial de execuções e o Código de Processo Civil, que em alguns assuntos, como 
exemplo a garantia em juízo nos casos de oferecimento de embargos a execução, 
assim como os efeitos a eles aplicados que possui normas divergentes entre esses 
dois diplomas legais. 
Sua importância prática se faz notável por versar sobre um assunto que 
envolve os contribuintes na esfera municipal, estadual ou até federal, onde será 
preciso dos operadores do direito o entendimento dos artigos previstos nas duas 
leis, para então buscar o direito daquele contribuinte que se sente prejudicado pela 
obrigação imposta pelo fisco, bem como o entendimento das questões discutidas 
pela doutrina e jurisprudência que visa o contraditório do possível inadimplente. 
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1. CONCEITO DE EXECUÇÃO FISCAL 
 
Para que se tenha uma melhor compreensão sobre o tema das defesas do 
contribuinte perante uma execução fiscal, bem como os efeitos decorrentes do 
Código de Processo Civil vigente, faz-se necessário o estudo do conceito da 
execução fiscal, sua origem, no que é compreendida, suas previsões no 
ordenamento jurídico e efeitos atribuídos. 
Tem se a origem da execução fiscal em uma dívida decorrente de tributo ou 
não, conforme artigo 2º da lei de execução fiscal Nº 6.830 de 1980, que assim 
preceitua: 
 
Art. 2: Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como 
tributária ou não tributária na lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as 
alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para 
elaboração e controla dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, 
dos Municípios e do Distrito Federal. (BRASIL, 1988) 
 
Desta forma, para que exista a execução fiscal, é preciso que exista uma 
dívida em relação a um ente público como exemplo cita-se o Imposto Predial e 
Territorial Urbano IPTU, cobrança exigida àqueles que possuem bens imóveis em 
áreas urbanas ou o Imposto Territorial Rural ITR para quem tem propriedade em 
áreas rurais. 
No caso acima, caso esses proprietários venham a não realizar os devidos 
pagamentos, incorrem em débitos fiscais que serão inscritos em dívida ativa da 
Fazenda Pública. 
A dívida ativa da Fazenda Pública corresponde a débitos devidos a União, ao 
governo dos Estados ou do Distrito Federal, assim como aos Municípios. Tais 
débitos são previsão legal no ordenamento jurídico, gerando uma obrigação aos 
sujeitos que preencham os requisitos caracterizadores para sua cobrança. 
Cabe ressaltar que o Estado, assim como seus entes, para a execução dos 
seus deveres como governo, para exercer com amplitude as ações que derivam da 
conseqüência de ter que arcar com gastos para conclusão desses deveres, inclui na 
vida do contribuinte, custos, taxas, tributos, impostos. 
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 As obrigações fiscais dos contribuintes geram receitas ao Estado, fazendo 
parte do Sistema Tributário Nacional, com previsões legais na própria Constituição 
Federal de 1988. 
Receitas obtidas podem ser originárias ou derivadas, sendo originárias 
aquelas que derivam do patrimônio próprio do Estado, ou seja, ganhos a partir de 
ativos do Poder Público, pela cessão de bens e valores ou aplicação em atividades 
econômicas. 
A receita derivada é classificada como sendo aquelas que decorrem de 
tributação a população, partindo de tributos, indenizações, contribuições, taxas de 
serviços, penalidades, entre outras formas. 
Para cada receita a ser arrecadada, a norma jurídica brasileira exerce sua 
data de vencimento, ou seja, uma data limite para essas sejam pagas pelos 
contribuintes, que consiste no termo de arrecadação. 
Após o vencimento, e não realização do devido pagamento, o débito é inscrito 
em dívida ativa perante a administração competente, chamada pelos doutrinadores 
como lançamento, gerando assim a Certidão de Dívida Ativa - CDA, contendo o 
nome do contribuinte devedor, o valor da somatória devida, o termo de inscriçãona 
dívida, sua origem e fundamentação legal. 
Decorrido o procedimento de lançamento, surgi à execução fiscal, momento 
em que o contribuinte devedor da obrigação será citado do referido processo, para 
realizar o pagamento ou oferecer bens para penhora dentro de 5 (cinco) dias, e caso 
não se manifeste a execução fiscal continuará em seu prosseguimento. 
Esse procedimento é regido pela lei nº 6.830 do ano de 1980, lei das 
execuções fiscais, que se baseia na Certidão de Dívida Ativa para o ajuizamento da 
demanda perante o órgão competente para tentativa de adimplemento da obrigação 
assumida da relação tributária. 
Importante frisar que, caso a administração no momento do lançamento do 
débito pratique algum erro de lançamento ou deixe de acrescentar algo no ato, como 
exemplo algum requisito não seja suprido, é possível que esse erro seja corrigido, 
porém somente até decisão de 1º grau, abrindo prazo novamente para defesa, caso 
contrário não poderá corrigi-lo. 
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1.1 Da lei de execução fiscal 
 
 A lei de execução fiscal de 1980 com o número 6.830, teve como intuito seu 
surgimento para que houvesse um padrão para os processos de cobrança de dívida 
ativa, seus elementos essenciais a serem seguidos pelos entes responsáveis a sua 
execução. 
A lei possui o objetivo de regular as cobranças aos contribuintes 
responsáveis, faz parte do conjunto da legislação tributária para versar sobre 
tributos, relações jurídicas tributárias, bem como defesas aqueles que se sentem 
prejudicados por determinada cobrança exigida da qual não se entende devida. 
Legislação utilizada como fonte primária do direito tributário, assim como a 
Constituição Federal de 1988, leis complementares e ordinárias, decretos, medidas 
provisórias, resoluções, tratados e convenções internacionais, como disciplinado no 
artigo abaixo: 
 
Art. 96. A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e 
as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares 
que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles 
pertinentes. (BRASIL, 1988) 
 
Para que o direito tributário tenha eficácia, é preciso que haja fiscalização das 
relações jurídicas que se firmaram a partir de uma obrigação, averiguando suas 
regularidades e efeitos dela decorrentes. 
Perante essa fiscalização, encontram-se os inadimplentes, ou seja, sujeitos 
sendo pessoa jurídica ou física que não cumpriu determinada obrigação perante o 
fisco, cujo efeito será a aplicação de um processo para cobrança da quantia devida, 
chamada de execução fiscal, conforme determina a lei de execuções fiscal a partir 
do seu artigo 2º e seus parágrafos: 
 
Art. 2º [...] 
§ 1º - Qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades de 
que trata o artigo 1º, será considerado Dívida Ativa da Fazenda Pública. 
§ 2º - A Dívida Ativa da Fazenda Pública, compreendendo a tributária e a 
não tributária, abrange atualização monetária, juros e multa de mora e 
demais encargos previstos em lei ou contrato. 
§ 3º - A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da 
legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e 
certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de 
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direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta 
ocorrer antes de findo aquele prazo. 
§ 4º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da 
Fazenda Nacional. (BRASIL, 1988) 
 
Anterior a execução fiscal, será apurada a legalidade, certeza e liquidez do 
crédito tributário, quando do momento de seu lançamento na Dívida Ativa, com a 
apuração das correções legais como juros e multa sob o valor devido, e 
posteriormente o ingresso da ação pertinente. 
O processo de execução fiscal será distribuído ao juiz competente para seu 
prosseguimento, contendo na peça inicial a certidão da dívida ativa, que 
corresponde ao título executivo extrajudicial, que será objeto principal para a 
cobrança, assim com as qualificações do devedor e credor a quem exige aos autos, 
o fato gerador e seu não cumprimento. 
O segundo ato do processo é a realização da citação do contribuinte para 
cumprir a obrigação ou garantir a execução, podendo ainda se valer do contraditório 
e da ampla defesa. 
Mesmo que no momento do lançamento foi verificada a obrigatoriedade do 
pagamento por parte do devedor, não é considerada uma presunção absoluta de 
inadimplemento por parte deste, podendo desta forma, quando citado da demanda 
executória, apresentar suas manifestações defensivas, modo que será averiguado 
por terceiro a relação existente ou não para cumprimento ou negativa de obrigações. 
No próximo capítulo serão analisadas as defesas pertinentes, como os 
Embargos a Execução Fiscal e a Exceção de Pré-executividade, como matéria de 
defesa pelos contribuintes, analise dos seus requisitos próprios e comuns, bem 
como sua fundamentação jurídica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. DEFESAS DO CONTRIBUINTE 
 
No presente capítulo passa-se a análise dos instrumentos processuais 
capazes de apreciação por parte do magistrado julgador do crédito tributário da 
defesa e alegações trazidas pelo contribuinte. 
 
2.1. Embargos à execução fiscal 
 
Os embargos a execução fiscal consiste em uma das defesas previstas em lei 
para oposição quanto à dívida ativa executada em juízo. Trata-se, portanto, de uma 
ação incidente, ou seja, seu tramite será anexo ao processo principal, ora execução 
fiscal, tendo como principal requisito a peça inicial contendo as qualificações 
completas das partes e sua matéria de defesa. 
Trata-se de uma ação incidental, que visa a resistência ao pagamento do 
tributo, que está disciplinada na lei de execução fiscal, que assim traz: 
 
Art. 16 - O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, 
contados: 
I - do depósito; 
II - da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia; 
III - da intimação da penhora. (BRASIL, 1988) 
 
Quando se aborda o tema dos embargos a execução fiscal, é notável o 
entendimento da garantia a execução, ou por alguns doutrinadores chamada de 
garantia do juízo, ou seja, para o credor, contribuinte, é preciso em sua peça inicial 
dos embargos, apresente-se com uma garantia, podendo ser a quantia exigida do 
título, nomeação de bens ou indicar bens de terceiros para penhora, bem como 
ofertar fiança bancária ou seguro garantia. 
O prazo para propositura da ação é de 30 (trinta) dias a partir da prova da 
fiança ou depósito, ou ainda da intimação da penhora, momento em que ocorrerá o 
contraditório e ampla defesa por parte do pólo passivo da ação de execução fiscal, 
agora compondo o pólo ativo da demanda, caso não seja apresentada a garantia do 
juízo, a manifestação não será apreciada pelo juiz. 
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O executado, sendo pessoa física ou jurídica, são considerados legítimos 
para ingressarem com os embargos a execução, o espólio, o devedor, pessoas que 
possuem uma relação jurídica com a União, estados ou município que deu início a 
cobrança. 
O ordenamento jurídico prevê que a utilização dos embargos contemplará os 
assuntos importantes a serem mencionados para a defesa do contribuinte, versando 
todas as alegações de possíveis erros ou vícios no lançamento por parte do fisco, a 
comprovação de documentos ou outras formas de provar o alegado apresentando o 
rol de testemunhas caso seja posteriormente solicitado em juízo para melhor 
convencer o magistrado na fundamentação da decisão a ser por ele proferida. 
Após a observância por parte do órgão judiciário da garantia realizada para 
acolhimento, o judiciário determinará em momento posterior a intimação do ente 
público para se manifestar em um prazo de 30 (trinta) dias sobre as alegações 
oferecidas no processo incidental. 
Caso sejam apresentadas testemunhas dentro dos embargos, será agendada 
audiência para ouvi-las no Fórum competente, caso contrário,não será o processo 
conduzido para audiência. 
Outro ponto a ser estudado, se refere aos efeitos jurídicos práticos quando do 
momento da apresentação dos embargos. Ele não possui efeito suspensivo, porém 
admite que seja solicitado por quem o apresente a tutela antecipada, com a 
finalidade de suspensão. 
Essa tutela obedece ao disposto no artigo 300 do Código de Processo Civil de 
2015, que disciplina os casos que poderão ser utilizadas as tutelas antecipadas, 
desde que apresentados os requisitos, tais como a evidente lesão a ser causada 
caso seja mantida, ou a difícil reparação nos casos de improcedência da execução 
fiscal. 
Após citação do fisco para manifestação aos embargos e posterior sentença 
os julgando improcedente, ou seja, caso os embargos não seja admitidos, poderá o 
contribuinte recorrer da sentença, porém observa-se que o fato de haver apelação, 
não suspenderá a execução, uma vez que o processo tem como base um título 
executivo já constituído. 
11 
 
Por fim, caso o recurso de apelação seja recebido e acolhido pelo Tribunal 
responsável, o fisco executor da demanda se responsabilizará pelos danos 
causados ao executado. 
 
2.2. Exceção de Pré-Executividade 
 
A exceção de pré – executividade trata-se também de uma manifestação que 
poderá ser empregada para defesa no processo de execução fiscal, que respeita 
alguns requisitos específicos para sua prática. 
Diferentemente dos embargos a execução, estudado acima, a exceção de pré 
– executividade não necessita de garantia de juízo, se tratando de uma 
manifestação sem tal exigência legal. 
Para esse ato defensivo, porém, são verificados alguns elementos 
caracterizadores, que serão submetidos à apreciação do juiz de primeira instância 
para extinguir ou não a execução. 
A petição deve ser dirigida diretamente ao próprio juiz da execução, assim 
sendo, a petição diferente dos embargos, é peticionada dentro dos próprios autos, e 
não de forma incidental. 
 Exceção de pré – executividade demonstrará ao magistrado fundamentos 
jurídicos capazes de trazer dúvidas quanto a certeza e liquidez do título executivo 
extrajudicial, sendo os seus legitimados os mesmos sujeitos dos embargos a 
execução. 
São questões de ordem pública a serem averiguadas, consistente em erros 
ou vícios existentes no título, como exemplo cita-se ausência de condições da ação, 
quantia de valor superior ao corretamente devido, ou ainda a prescrição, momento 
em que o executado se manifesta no sentido de comprovar a não mais exigibilidade 
do crédito, em razão do prazo prescricional já ter transcorrido. 
Observa-se que nem a lei que trata da execução fiscal e nem o Código de 
Processo Civil aludi a expressão “exceção a pré-executividade”, sendo essa 
terminologia empregada pela doutrina e jurisprudência ao caso concreto quando a 
utilização desta forma de defesa pelo executado da demanda. 
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Quanto à matéria a ser abordada nesse instrumento jurídico, as previsões 
legais são as seguintes, todas do Código de Processo Civil: 
 
Art. 525 [...] § 11. As questões relativas a fato superveniente ao término do 
prazo para apresentação da impugnação, assim como aquelas relativas à 
validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos 
subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, tendo o executado, 
em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular esta 
arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato. 
(BRASIL, 2015) 
 
 Conforme se verifica, para o artigo acima, o prazo de 15 dias deverá ser 
respeitado por aquele que pretender se manifestar nesse sentido, porém os 
assuntos trazidos no artigo 803 do mesmo diploma legal não possuem prazo, sendo 
eles: 
 
Art. 803. É nula a execução se: 
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida 
e exigível; 
II - o executado não for regularmente citado; 
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo. 
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo 
juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de embargos 
à execução. (BRASIL, 2015) 
 
 Haverá o contraditório por parte do credor que busca o cumprimento da 
obrigação por parte do devedor que nesta simples petição poderá solicitar assim 
como nos embargos a suspensão da execução preenchidos os mesmos requisitos. 
 Nestes termos, após a análise dos fundamentos trazidos de ambas as partes, 
caberá ao juiz proferir decisão, cabendo contra essa, o recurso de agravo de 
instrumento e não apelação como nos embargos a execução, uma vez que se trata 
de decisão interlocutória, e não terminativa como é o caso de uma sentença. 
 
 
 
 
 
 
 
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3. EFEITOS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
 
O Código de Processo Civil, lei nº 13.105 de 16 de março de 2015, tem 
aplicação subsidiária a lei de execução fiscal e ao Código Tributário Nacional. Desta 
forma, quando a lei especial for omissa, ou positivar em suas normas a previsão 
legal de utilização do Código de Processo Civil, este terá aplicação junto aos 
assuntos ali abordados. 
Pela lei de execução fiscal, foi possível adaptar o prosseguimento de 
cobrança do débito para os casos específicos, diferentemente dos procedimentos 
adotados no Código de Processo Civil: 
 
A Lei sobre cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública (Lei n. 
6.830, de 22-09-1980) foi editada com o claro e expresso propósito de 
agilizar a execução fiscal, criando um procedimento especial diverso do da 
execução forçada comum de quantia certa, regulado pelo Código de 
Processo civil. (THEODORO, 2016, p. 29) 
 
 O prazo processual é um ponto que tem previsão somente no Código de 
Processo Civil, pois na lei de execução fiscal não há norma legal que indique os 
prazos para oferecimento das manifestações dentro do processo de cobrança, 
sendo o diploma legal utilizado subsidiariamente. 
Com relação às defesas do contribuinte, importante mencionar que para os 
embargos a execução fiscal, não se aplica o procedimento adotado pelo Código de 
Processo Civil, pois este não traz positivado que para o oferecimento dos embargos 
como peça defensiva é necessário a garantia de juízo, diferentemente do que 
aborda a lei de execução, que disciplina que é necessário sob pena de 
indeferimento. 
 No caso citado, se aplica tão somente a lei especial com previsão legal da 
obrigatoriedade da garantia para o acolhimento dos embargos a execução, caso 
contrário, não será aceito pelo magistrado, uma vez que a lei traz expressamente a 
obrigação por parte do pólo passivo da demanda. 
 Ainda com relação a garantia, o dinheiro tem a prevalência sobre os demais 
meios, porém, a lei 13.105/2015 trouxe em seu escopo que o juiz possui a faculdade 
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de substituir o dinheiro penhorado a depender do caso em concreto, demonstrando 
o contribuinte os fundamentos para que isso ocorra. 
Importante também mencionar que com relação a suspensão da execução 
quando apresentado os embargos a execução, tal entendimento vem de encontro ao 
previsto no Código de Processo Civil, pois a lei especial não traz previsão legal 
quanto a suspensão. 
Porém frisa-se, que a suspensão não é utilizada como regra, mas sim traduz 
uma análise feita pelo juiz, que verificada necessidade de dano de difícil reparação 
ao contribuinte, será determinada a suspensão solicitada pelo mesmo. 
Outro ponto a ser citado se refere a decisão do recurso de apelação 
apresentado ao Tribunal, que proferirá acórdão julgando procedente ou não a 
apelação. Caso seja julgado procedente, o exequente deverá responder pelos danos 
causados ao contribuinte, assim prevê o Código de Processo Civil: 
 
Art. 776. O exequente ressarcirá ao executado os danos que este sofreu, 
quando a sentença, transitada em julgado, declarar inexistente, no todo ou 
em parte, a obrigação que ensejou a execução. (BRASIL, 2015) 
 
 Quando se falaem exceção de pré – executividade, o atual Código de 
Processo Civil tem sua importância pelo fato de trazer previsão legal a esse instituto, 
mesmo que não se utilizando desta nomenclatura em suas normas positivadas, mas 
sim de forma indireta ao entendimento dos juristas e doutrinadores com a análise 
dos artigos 525, § 11 e 803, ambos do mesmo diploma legal. 
Essas questões comentadas no presente capítulo demonstram a 
preocupação por parte do legislador em formalizar as defesas daquele em que se 
ingressou a execução fiscal a fim de obter o cumprimento do crédito tributário, 
porém havendo manifesto erro, vício, indagações realizadas por parte deste, e após 
contraditório do fisco, haverá o exame pelo magistrado para então decidir sobre o 
prosseguimento ou não da execução fiscal. 
 
 
 
 
 
15 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O presente trabalho tem suma importância por abordar um tema que pode 
envolver a qualquer pessoa, sendo pessoa física ou jurídica, do modo em que todos 
são contribuintes em algum momento da vida. 
Para o ramo do direito, se faz imprescindível que haja a compreensão dos 
operadores do direito, como advogados e juízes, e até mesmo dos próprios 
contribuintes dos mecanismos que poderão ser utilizados em uma cobrança exigida 
por algum ente público, no presente caso o estudo da execução fiscal, para 
possibilitar a estes o contraditório e a ampla defesa, pilares do ordenamento jurídico. 
Os embargos a execução fiscal e a exceção de pré - executividade são duas 
ferramentas de defesa que devem ser utilizadas com as formalidades como 
disciplina a lei especial nº 6.830/80, e havendo omissão, subsidiariamente o Código 
de Processo Civil de 2015 que trouxe inovações quanto a sua aplicabilidade dentro 
do processo de demanda obrigacional referente a créditos tributários. 
Há casos em que o título executivo contempla vícios e erros, ou até questões 
de ordem pública, que mediante manifestação daquele que se sente prejudicado, o 
judiciário poderá realizar a análise com maior cautela, de assuntos antes passados 
despercebidos, ou seja, traz a segurança jurídica, permitindo a reavaliação do 
lançamento da dívida por parte do magistrado através da manifestação do 
contribuinte, ora executado. 
Desse modo, não se trata apenas de defesas para o próprio contribuinte, mas 
também afeta a sociedade como um todo, refletindo-se em uma estabilidade nas 
relações tributárias assumidas. 
Por isso, conclui-se que com o estudo e compreensão desses institutos em 
conjunto com o atual Código de Processo Civil, é possível notar que mesmo não se 
tratando de processo de conhecimento, mas sim de um título executivo, é 
questionável seu lançamento, concentrando-se os recursos nas mãos dos 
contribuintes. 
 
 
 
16 
 
5. REFERÊNCIAS 
 
BASTOS, Thamiris. Os meios de defesa do executado na execução fiscal. 
Disponível em <https://thamibastos.jusbrasil.com.br/artigos/258935345/os-meios-de-
defesa-do-executado-na-execucao-fiscal>. Acesso em: 05 mar. 2019. 
 
 
BRASIL. Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966. Código Tributário Nacional. 
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm>. Acesso em: 05 
mar. 2019. 
 
 
BRASIL. Lei 6.830, de 22 de setembro de 1980. Lei de Execução Fiscal. Disponível 
em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6830.htm>. Acesso em 05 mar. 2019. 
 
 
BRASIL. Lei 13.105, de 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo Civil. 
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em: 06 mar. 2019. 
 
 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição Federal da República Federativa do 
Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 
 
 
SABBAG, Eduardo. Código Tributário Nacional comentado. 2ªed. Rio de Janeiro, 
Método, 2018. 
 
 
SOARES, Yuri Rossan Ferreira. Embargos a Execução Tributária. Disponível em 
<https://jus.com.br/artigos/60175/embargos-a-execucao-tributaria>. Acesso em 04 
mar. 2019. 
 
17 
 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Lei de Execução Fiscal. 13ªed. São Paulo, 
Saraiva, 2016.

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