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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL EDILMA REJANE RODRIGUES DE MENEZES SILVA MACAU-RN 2017 EDILMA REJANE RODRIGUES DE MENEZES SILVA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia, na modalidade à distância, do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação da professora Esp. Carmélia Regina Silva Xavier. MACAU - RN 2017 O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL EDILMA REJANE RODRIGUES DE MENEZES SILVA Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia, na modalidade a distância, do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia. BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________ Esp. Carmélia Regina Silva Xavier (Orientadora) Universidade Federal do Rio Grande do Norte _____________________________________________________ Ms. Klébia Ribeiro da Costa Universidade Federal do Rio Grande do Norte ______________________________________________________ Ms. Maria Deuza dos Santos Universidade Federal do Rio Grande do Norte MACAU - RN 2017 O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Edilma Rejane Rodrigues de Menezes Silva1 Carmélia Regina Silva Xavier2 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo analisar e descrever as especificidades do processo de ensino e aprendizagem na Educação Infantil, reconhecendo sobre como se dá o desenvolvimento da criança e entender como trabalhar com as mesmas de modo que atenda as particularidades desta etapa de escolarização. Para se compreender melhor o ser criança e o atendimento que a elas deve ser oferecido, será demonstrado a evolução histórica da Educação Infantil, o sentimento atribuído à infância e o material didático utilizado na prática educativa dessa faixa etária ao longo dos tempos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico apoiada em autores como Piaget (2003), Vygotsky (1991) e Kishimoto (2002). Após a realização da pesquisa foi possível perceber a indissociabilidade do cuidar, educar e brincar na Educação Infantil além da importância do planejamento e do empenho do professor para desenvolver um trabalho de qualidade nessa etapa do ensino. Palavras-chave: Desenvolvimento infantil. Jogo. Especificidade. Reflexão. ABSTRACT The present work aims to analyze and describe how the teaching and learning process of Early Childhood Education, recognizing the development of the child and understanding how to work with the child in which they are as particularities of this stage of schooling. In order to know what is best for the child and for attending to a human development, the historical evolution of Early Childhood Education, the feeling attributed to childhood and the didactic material used in the educational practice of the band and over time. This is a qualitative bibliographical research based on authors such as Piaget (2003), Vygotsky (1991) and Kishimoto (2002). After conducting the research to be able to perceive an indissociability of caring, educating and playing in Child Education beyond the importance of planning and commitment of the teacher to the quality work in this stage of teaching .. Key word: Child development; Game; Specificities; Reflection 1Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN – erejanemenezessilva2014@gmail.com 2 Orientadora Especialista em Educação de Jovens e Adultos – UFRN – carmeliaxavier@yahoo.com.br mailto:erejanemenezessilva2014@gmail.com mailto:carmeliaxavier@yahoo.com.br 1 INTRODUÇÃO A maneira de trabalhar com a criança na Educação Infantil, vem se modificando e evoluindo no decorrer dos anos e é uma evolução constante que pensa cada vez mais na criança como um ser pensante e ativo no seu processo educativo. As concepções sobre o ser criança e o atendimento a elas proposto, vem alcançando cada vez mais progressos e melhorias. Apesar de ser um tema já discutido há muitas décadas, nos últimos tempos alcançou proporções significativamente mensuráveis. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei nº 9.394/96, ao oficializar a Educação Infantil como a primeira etapa da educação básica trouxe ganhos significativos para todos, principalmente ao que se refere ao desenvolvimento da criança. Para entender como deve acontecer o trabalho na Educação Infantil o presente artigo se embasou numa pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico tendo como principais autores Piaget (1978), Vygotsky (1998) e Kishimoto apud Wallon (2002), além dos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – RCNEI/98. O trabalho tem como objetivo conhecer o processo de desenvolvimento da criança na Educação Infantil e entender como trabalhar com essas crianças atendendo suas especificidades durante essa etapa de escolarização. Além disso, pretende-se compreender melhor o ser criança e o atendimento que a elas deve ser oferecido. Para contemplar os objetivos expostos, o artigo será apresentado em cinco seções. A primeira descreve a problemática, os objetivos, o aporte teórico e a organização da escrita como um todo. A segunda seção apresenta um pouco da história da Educação Infantil, abordando sobre o surgimento dessa etapa de ensino no Brasil e no mundo, além da concepção de criança ao longo dessa história. A terceira seção aborda sobre a discussão entre educação e ludicidade, sobre o início do uso do jogo como recurso pedagógico e qual a sua importância para o desenvolvimento da criança. Na continuidade, a quarta seção traz reflexões sobre o desenvolvimento da criança em relação aos aspectos afetivos, motores, psicológicos e cognitivos, abordando a relação entre o cuidar, o educar e o brincar. Para concluir, a quinta seção trata das considerações finais, seguida das referências que estão presentes na escrita desse trabalho de conclusão de curso. 2 HISTORIANDO A EDUCAÇÃO INFANTIL A história da educação no mundo foi construída por elementos diversos que a fez sofrer alterações com o passar do tempo. A escola sempre foi o reflexo do momento social, político e econômico do seu tempo e espaço, e dessa mesma maneira, a Educação Infantil também se construiu, carregando as especificidades de cada época. É bom lembrar que a família sempre teve o papel de educar a criança pequena, que por muito tempo, foi tratada e educada como um adulto em miniatura. A discussão e prática da Educação Infantil, bem como o refletir sobre a infância, aconteceram durantes os séculos XVI, XVII e XVIII, para só depois vir a ser compreendido que as crianças precisavam de um olhar mais cuidadoso e atento às suas necessidades sociais, motoras e cognitivas. É sobre essa forma de perceber e tratar a criança, ao longo da história, que as subseções irão se apresentar na tentativa de deixar claro para o leitor como se deu todo esse processo. 2.1 O SURGIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNDO E NO BRASIL Na Idade Média, a infância era ignorada, segundo Arieis (1986, p. 10) “A passagem da criança pela família e sociedade era muito breve e muito insignificante” e isso se dava porque eram poucas as que sobreviviam. Havia nesse período da história, a falta de conhecimento das especificidades da infância, e por isso, pensavam e agiam dessa maneira. Foi no início do séculoXVII, que surgiram as primeiras preocupações com a educação das crianças pequenas. Essas preocupações foram resultado do reconhecimento e valorização pela qual elas passaram a ter no meio em que viviam, houve, portanto, mudanças significativas do que diz respeito as atitudes das famílias em relação as crianças. Durante o século XVI, a família teve o papel de educar a criança pequena. Já no século XVII, considerado como o século da “revolução pedagógica burguesa”. Segundo Cambi (1999), a escola aparece como espaço específico de ensino, considerando métodos e sistematizações pedagógicas específicas. Nesse mesmo século, nasce a escola moderna, um espaço para a educação do povo, tendo como alvo o combate ao analfabetismo, mas sem muita ênfase à Educação Infantil. O século XVIII, considerado como o século da criança, da mulher e do povo, com novos sujeitos educativos, pode se dizer que foi reconhecido como um divisor de águas, entre a idade média e o mundo contemporâneo. A escola, enquanto representação do seu tempo viveu transformações significativas e importantes, a partir de influências advindas da Europa. Foi durante esse período que Rousseau se destacou, pois foi o grande protagonista que deu um novo olhar a educação e colocou a criança no cerne da pedagogia. A partir dele a criança deixa de ser um ser secundário e passa a ser o personagem principal no processo escolar. Cambi(1999), afirma que Pestalozzi, amplia e organiza a proposta da escola infantil no século XIX. É neste mesmo século que as crianças das classes menos favorecidas passam a ter acesso a educação. O que antes só ocorria com as crianças da burguesia. Para Pestalozzi (2010), a criança deveria ser, muito cedo, educada para a vida e a escola deveria se cercar de afeto para atende-la, Ele acreditava que com amor e dedicação, os educadores, supririam ou amenizariam a ausência da família ou até mesmo da mãe. Vale ressaltar que, o autor assim pensava, pois, o contexto era o da revolução industrial, período em que as mulheres saiam para trabalhar. Surge então a necessidade dos jardins de infância que tinha como principal objetivo suprir essa carência. Segundo Cambi (1999), no século XX surgiram teóricos como Froebel e Montessori. O modelo elaborado por Montessori, não só atende a criança pequena, como também, crianças que apresentavam deficiência. Já a educação criada por Montessori (1965) apoia-se na pedagogia cientifica concreta, baseada nos sentidos da criança. Para essa autora, a liberdade, a autonomia e o desenvolvimento, são questões que crescem constantemente. Froebel (1896), entende o processo de desenvolvimento como uma força interna natural, é a evolução do ser humano que acontece de forma progressiva e contínua, proporcionando interação nas diversas etapas da vida. Para ele, tudo o que acontece na idade adulta tem vínculo com o que aconteceu desde a infância. Neste mesmo século, ainda é possível citar Piaget, Vygotsky, Wallon e diversos outros estudiosos com suas inovações e teorias sobre o desenvolvimento da criança e suas diversas fases de evolução, no que diz respeito as questões cognitivas, afetivas, psíquicas e motoras. Para Piaget(2003) cada ação de inteligência da criança se dá através do equilíbrio de duas tendências: assimilação e acomodação. Na assimilação a pessoa observa os acontecimentos e objetos ou situações dentro de seu pensamento. Na acomodação, as estruturas mentais se reorganizam para acrescentar novas compreensões do ambiente externo. Para Vygotsky (1984) o desenvolvimento da criança se dá através da socialização com o meio, em que a sociabilidade da criança com o meio é o momento de início de seu desenvolvimento. Wallon considera que a criança se desenvolve muito bem através da afetividade, e concorda com Piaget quando o mesmo diz que a assimilação se dá através da imitação do que a criança observou, embora que não use os mesmos termos (KISHIMOTO, 2002). A história da Educação Infantil, no Brasil, não está desassociada do seu desenvolvimento no mundo, as expressões como jardim da infância e creches surgiram no país no século XIX, porém no setor privado para crianças de classe alta. No início, o atendimento às crianças pequenas era marcado pelo assistencialismo, para dar suporte as famílias que tinham uma maior carência financeira e também dar atendimento as crianças cujas mães tinham que trabalhar fora de seu âmbito familiar. A Educação Infantil no Brasil tem seu auge com a elaboração da Constituição Federal de 1988, em que o atendimento da Educação Infantil passou a ser um direito da criança e um dever do estado (Artigo 208, inciso IV). Em 1999, no Estatuto da Criança e do Adolescente, também foi evidenciado esse direito ao atendimento a criança de 0 aos 6 anos de idade. A Lei de Diretrizes de Base Nacional, publicada em 1996, Lei nº 9394, determinou que a Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica (título V, capítulo II, seção II, art. 29), cujo objetivo é o desenvolvimento pleno da criança. A LDB/96 teve suas determinações, em relação ao atendimento das crianças de 0 a 5 anos, reinterada e ampliada pelo Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI/1998. Esse documento determina que “a concepção de criança é uma noção historicamente construída e consequentemente vem mudando ao longo dos tempos, não se apresentando de forma homogênea nem mesmo no interior de uma mesma sociedade e época" (p.21). Além do RCNEI, outros documentos oficiais respaldam e orientam de acordo com as faixas etárias adequadas o atendimento na Educação Infantil. Dentre elas estão os Parâmetros de Curriculares para a Educação Infantil, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil dentre outros documentos produzidos pelo Ministério de Educação/MEC. Diante do exposto, fica claro que se a Educação Infantil não anda como deveria em termos de atendimento e qualidade, não acontece por falta de leis e documentos norteadores, o que falta de fato, é colocar em prática tudo que está proposto nos documentos. 3 EDUCAÇÃO E LUDICIDADE A palavra lúdica origina-se do latim lodus que significa brincar e, portanto, a relação entre ludicidade e a educação, entre o aprender brincando e brincar aprendendo. A presença da ludicidade na educação deu-se a partir do século XVI, em que os primeiros estudos mostraram que em Roma e Grécia, foram utilizados os jogos com propósito de ensinar letras, ou seja, com propósito pedagógico. Segundo Brougère (2008), antigamente a brincadeira era considerada, quase sempre como fútil, ou melhor, tinha como única utilidade a distração, o recreio, e na pior das hipóteses, julgavam-na nefasta. Só após as ideias de Rousseau(1992) foi que houve uma mudança na concepção de criança e de sua natureza, para que se pudesse associar uma visão positiva às suas atividades espontâneas, uma vez que para esse autor, a criança ainda não está apta a raciocinar, é preciso deixá-la gozar sua infância. Ainda no que se refere ao pensamento do pesquisador, é possível registrar que a natureza quer que a criança seja o ser nesta fase antes de ser homem-adulto. “Se quisermos perturbar essa ordem, produziremos frutos precoces, que não terão nem maturação nem sabor e não tardarão em corromper-se; teremos jovens doutores e crianças velhas.” (ROUSSEAU, 1992, p.75). Segundo o msmo teórico, é fundamental que a criança viva plenamente o período da infância, pois se assim não acontecer, veremos más consequências em sua formação. Portanto, é necessário deixar as crianças viverem como tal, para termos, assim, crianças felizes e adultos capazes. Dialogando com as ideias de Rousseau (1992), é possível citar Froebel (1896), considerado um dos teóricos que mais enfatizou o uso dos jogos na Educação Infantil. Na teoriade Froebel (1896), o brincar é fundamental para o desenvolvimento da criança: Brincar é a atividade mais pura, mais espiritual do homem neste estágio da vida humana como em toda a vida natural interna escondida no homem e em todas as coisas. Ele dá assim, alegria, liberdade, contentamento interno e descanso externo, paz com o mundo. Ele assegura as fontes de tudo o que é bom. Uma criança que brinca por toda a parte, com determinação auto-ativa, perseverando até esquecer a fadiga física, poderá seguramente ser um homem determinado capaz de auto sacrifício para a promoção deste bem-estar de si e dos outros. (FROEBEL, 1896, p. 54, 55). Diante do pensamento dos autores presentes nessa subseção fica fácil perceber a positiva contribuição trazida pelos jogos, na sala de aula. Porém, se faz necessário ter clareza que, esses jogos devem ser utilizados com planejamento e intenção pedagógica, jamais o jogo pelo jogo. 3.1 A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E DAS BRINCADEIRAS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL. Os jogos e brincadeiras na fase infantil-escolar são recursos pedagógicos que podem auxiliar na prática pedagógica do professor. De acordo com Piaget, (2003, p. 51), “Nesta idade a criança começa a pensar de forma inteligente e com certa lógica, começa a entender o mundo com mais consciência de suas ações, sabendo separar o certo do errado”. Nessa fase, é importante que haja o estímulo para ajudar no seu desenvolvimento e esse estímulo deve acontecer tanto por parte da escola, como por parte da família/responsáveis pela criança. Além de Piaget, outros autores defendem o uso da ludicidade através de jogos e brincadeiras. Kishimoto apud Friedmann (2002), acredita que a prática pedagógica apoiada pelo uso de jogos, pode influenciar significativamente no processo de ensino-aprendizagem. Esse autor também apresenta a diferença entre brincadeira, brinquedo e jogo, explicando que a brincadeira se refere à ação de brincar, ao comportamento espontâneo que resulta de uma atividade não estruturada. Já o jogo é compreendido como uma brincadeira que envolve regra, enquanto que o brinquedo é utilizado para designar o sentido de objeto de brincar. Kishimoto (2002), fala sobre os benefícios dessa tríade afirmando que Os jogos o brinquedo e as brincadeiras educativas, devem ser orientados para estimular o desenvolvimento cognitivo e são importantes para o desenvolvimento do conhecimento escolar. Além disso, são fundamentais para a criança por iniciá-la em conhecimentos e favorecer o desenvolvimento mental”. ( p.12). Nesse sentido, vale salientar que através do lúdico as crianças se desenvolvem de forma dinâmica e ativa, afinal, essa é a linguagem própria. Por meio dos jogos a criança demonstra qual é o nível cognitivo que ela está, pois, a partir da sua reação e da sua interação, o professor observador, conseguirá fazer registros da situação atual de cada criança para um novo planejamento na perspectiva de ajudar seus alunos a desenvolverem novos conhecimentos e habilidades. A atividade fundamental da criança é o brincar, e é brincando que ela se comunica com o mundo a sua volta, revelando os seus valores, modos de pensar e agir. O jogo e a brincadeira, além de educarem, correspondem a uma necessidade natural (interior) da criança. É uma atividade física e mental que compõe várias proporções do desenvolvimento humano (cognitivo, afetivo e psicomotor). As atividades lúdicas são, portanto, formas de expressar a corporeidade, e desta forma a criança está operando sobre objetos, interagindo com colegas e professores, desenvolvendo estruturas mentais, motoras e socioafetivas. Segundo Vygotsky (1998) “Ainda que se possa comparar brinquedo-desenvolvimento à relação instrução- desenvolvimento, o brinquedo proporciona um campo muito mais amplo, para as mudanças quanto a necessidades e consciência”. Diante do pensamento do autor, fica claro que todos dialogam de forma positiva com a importância do trabalho em sala de aula embasado na ludicidade, pois diversificar os recursos didáticos proporcionando desafios para os alunos é o foco de uma metodologia de sucesso. 4 O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA EM RELAÇÃO AOS ASPECTOS AFETIVO, MOTOR, PSICOLÓGICO E COGNITIVO O desenvolvimento da criança no período da infância é um assunto que se discute, é avaliado e ampliado no decorrer dos anos. Os pedagogos, enquanto professores, precisam refletir sobre esse desenvolvimento para poder melhor atender as crianças em suas especificidades. Para tanto, é preciso observar, estudar e ponderar sobre o que os teóricos dizem a respeito deste período da vida das crianças e usar os seus estudos a favor da prática na sala de aula. Em particular, Wallon, Piaget e Vygotsky tentaram mostrar que a capacidade de conhecer e aprender se constrói a partir das trocas feitas entre as pessoas e o meio, dependendo da fase de vida que cada um se encontra. Esses teóricos mostram que, o desenvolvimento infantil é um processo ativo, porque as crianças não são passivas das informações que estão à sua volta. É através do contato com seu próprio corpo, com as coisas do seu ambiente e também do convívio com outras crianças e adultos, que elas se desenvolvem ampliando assim a afetividade, a sensibilidade, a autoestima, o raciocínio, o pensamento e a linguagem. O desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo -, não acontece desassociado, mas acontece paralelo e integrado. Assim sendo, a ludicidade só vem a contribuir com todos esses aspectos do desenvolvimento infantil. Henri Wallon (1879-1962), médico francês, respaldou o estudo do desenvolvimento infantil, entendendo o ponto de vista da afetividade, da motricidade e da inteligência. Segundo o autor, o desenvolvimento da inteligência depende das experiências ofertadas pelo meio e do grau de avanço que o sujeito faz delas. A aparência física do espaço que os envolve, as pessoas do convívio, a linguagem que mais tem contato ou experiência, bem como os conhecimentos da cultura, contribuem para o desenvolvimento da criança. Dar destaque aos estudos sobre a afetividade, leva a fazer relação com recursos lúdicos, uma vez que, com esses, é possível trabalhar comportamentos éticos e morais. Vygotsky (1896-1934), afirma que o funcionamento psicológico se organiza a partir das relações sociais estabelecidas entre o indivíduo e o mundo exterior. Tais relações acontecem em um contexto histórico e social, em que a cultura exerce um papel fundamental, dando aos sujeitos os sistemas simbólicos de representação da realidade. Isto faz com que se construa ordem e uma interpretação do mundo real. Segundo Vygotsky (1998), a relação dos indivíduos com o mundo não é direta, mas mediada por sistemas simbólicos, em que a linguagem ocupa um lugar fundamental para o desenvolvimento. Para Vygotsky (1984), a zona de desenvolvimento proximal ou potencial descreve a diferença entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento proximal. A unidade educativa tem o papel de fazer a criança ampliar o seu entendimento do mundo a partir do desenvolvimento que já aprendeu, tendo como propósito, fazer com que alcance os níveis, que ainda não foram alcançados. O papel do professor deve ser o de intervir na zona de desenvolvimento proximal ou potencial dessa criança Kishimoto (2002) dialoga com o autor e afirma que: O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança. No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além do seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento. Sob forma condensada, sendo, ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento ( p. 34). É importante também afirmar que segundo Vygotsky (1998), as criançasaprendem também com as outras crianças, em situações informais de aprendizado como nas brincadeiras, mostrando mais uma vez o quanto o uso da ludicidade poderá ser crucial no trabalho de desenvolvimento dos alunos. Para esse autor, a interação com o outro era uma grande fonte de aprendizagem para as crinças, interação essa bastante praticada quando o assunto é o uso do jogo e da brincadeira na sala de aula. Já para Piaget (1896-1980), a principal preocupação era descobrir como se organiza o conhecimento. A teoria que ele desenvolveu afirma que conhecer significa unir o objeto do conhecimento em um determinado sistema de relações, partindo de uma ação executada sobre o referido objeto. Esse processo inclui, a habilidade de organizar, compor, entender e depois, com a aquisição da fala, explicar pensamentos e ações. Desta forma, a inteligência vai-se aprimorando na medida em que a criança tem contato com o mundo, experimentando-o ativamente. Um exemplo disso é, ao pegar um objeto, o bebê tem oportunidade de explorar e observar de forma atenta, percebendo suas propriedades (tamanho, cor, textura, cheiro, etc.) e, aos poucos, estabelecer relações com outros objetos. Tal experiência é fundamental para seu processo de desenvolvimento e fica clara a presença do brinquedo na situação dada. Para Piaget, o exemplo dado está dentro do estágio sensório- motor que contempla uma faixa etária entre zero e dois anos. Além desse estágio, Piaget apresenta também, o estágio pré-operacional (dois aos seis- sete anos), em que a criança constrói a capacidade de efetuar operações lógico-matemáticas (seriação, classificação mais estreito). Na idade de sete aos onze anos, a criança está no período operatório concreto e por fim, dos doze aos dezesseis anos, o período operatório formal. Ao fazer essa classificação, Piaget afirma que o conhecimento se dá através da assimilação e a acomodação. Além dos estágios de desenvolvimento apresentados por Piaget, quando se fala na relação entre o cuidar. O educar e o brincar, se faz necessário citar a brincadeira como um elemento de fundamental importância para o desenvolvimento social e cognitivo das crianças. Sendo assim, não tem como conceber uma Educação Infantil sem o brincar. Por esse motivo, todo o aprendizado deve ser direcionado e desenvolvido a partir das brincadeiras, dos brinquedos e dos jogos, ou seja, a ludicidade é parte integrante dessa etapa de ensino. É válido salientar que nesse processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. (RCNEIs, v1.p23). Educar, cuidar e brincar deve ser uma prática constante na instituição que oferece a Educação Infantil, com o propósito de contribuir para o desenvolvimento pleno da criança. Se antes as instituições educativas para a criança tinham um caráter assistencialista, onde se priorizava o cuidar, especialmente de crianças de baixa renda, hoje a educação infantil tem por finalidade assistir a criança quanto ao seu desenvolvimento físico, psicológico, intelectual, social sob a perspectiva de complementar a ação da família e da comunidade na qual está inserida. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste trabalho de pesquisa bibliográfica procurou-se refletir sobre o desenvolvimento da criança no período em que está na Educação Infantil. Para isso, foram avaliados os avanços ocorridos sobre a concepção do que é ser criança, no decorrer da história, concluindo-se que foi um avanço significativo e que esse avanço fez e faz toda a diferença na atual proposta pedagógica para a Educação Infantil. Refletindo sobre o que defende os autores, percebe-se que educar significa, em especial à criança na educação, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada, que possam contribuir para o desenvolvimento das suas capacidades infantis, de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude e aceitação, respeito e confiança, além de lhe oportunizar acesso a conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural na qual está inserida. A pesquisa destacou os modos em que a criança se desenvolve e qual a melhor forma de contribuir, enquanto educador, para o seu processo de desenvolvimento. Concluiu-se ainda que, o jogo, o brinquedo e a brincadeira são essenciais para trabalhar com crianças, uma vez que os mesmos trazem muitos benefícios, contribuindo para o seu desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e psicológico. Isso acontece porque as crianças se desenvolvem socialmente, sendo assim, a relação e o envolvimento entre o brinquedo e a criança, proporciona a evolução independente da intervenção do adulto, embora que este seja imprescindível na mediação do processo de ensino-aprendizagem. Hoje, é possível afirmar que, a visão é mais ampla, posto que compreende-se a criança como um ser completo, mas em pleno desenvolvimento biológico, físico, emocional, que precisa ser atendida em suas especificidades. Acompanhando essa necessidade de formar o indivíduo de forma completa, a ludicidade entra como componente essencial, pois como afirmado nesse trabalho, a partir da ludicidade é possível desenvolver aspectos cognitivos, afetivos, motores e até mesmo psicológicos. Diante do exposto, essa pesquisa atinge seus objetivos deixando claro que a criança é um ser completo e por assim ser, precisa ser trabalhada em sua totalidade. Porém, ao se pensar no trabalho com a Educação Infantil, se faz necessário pensar em suas especificidades, valorizando os inseparáveis, cuidar, educar e brincar que devem andar juntos durante todos os planejamentos para o trabalho com essa etapa de ensino. REFERENCIAS BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente, Câmera dos Deputados, Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. DOU de 16/07/1990 – ECA. Brasília, DF. BRASIL. Lei nº 9.394. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 20 de dezembro de 1996. Presidência da República. Brasília, DF. BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998. Vs 1, 2 e 3. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. BROUGERE, Gilles. Brinquedo e cultura. 7 Ed. São Paulo: Cortez, 2008. FRANCO,Câmbi- História da Pedagogia. Edição 2. 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