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Organização e Metodologia da Educação Infantil - Temas 1 a 10

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Matéria: Organização e Metodologia da Educação Infantil 
Assunto: Temas 1 ao 10 
Curso de Pedagogia 
Licenciatura – 4º Período 
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Anhanguera - Pedagogia – Organização e Metodologia da Educação Infantil – Temas 1 ao 10 ............. Página 2 de 76 
 
Antes de refletir especificamente a respeito da Educação Infantil, será analisado aqui 
o conceito de Sistema de Ensino. 
Tal conceito é extremamente importante para a compreensão da política nacional e 
do lugar da Educação Infantil no contexto educacional brasileiro. Para entender o 
conceito de Sistema de Ensino é importante considerar: 
A definição de sistema apresentada por Saviani (2009, p.3): 
Podemos, enfim, concluir as observações sobre a noção de “sistema” enfeixando-as 
na seguinte conceituação: “Sistema” é a unidade de vários elementos 
intencionalmente reunidos de modo a formar um conjunto coerente e operante. 
Partindo do exposto feito por Saviani, é possível entender que um sistema de ensino 
envolve inúmeros elementos, reunidos em um todo compreensível e significativo. 
Para que exista um sistema, é necessária uma organização intencional. Essa 
organização é liderada pelo Poder Público, ou seja, o Estado. 
Assim, é possível identificar um sistema educacional regulado e que fazem parte 
dele o conjunto de instituições e indivíduos do território nacional. É claro que é 
importante entender que os sistemas possuem elementos diferenciados, como por 
exemplo, um conjunto de escolas particulares e um conjunto de escolas públicas. E 
também que os sistemas possuem diferentes níveis de ensino, que se interligam. 
Para articular todos esses elementos, existe uma regulação legal. Dentre essa 
regulação, a primeira que podemos citar é a Constituição Brasileira (1988). No 
campo educacional, é importante considerar ainda a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação (LDB/1996), que regula especificamente a educação no país. 
A legislação define as responsabilidades dos agentes envolvidos, assim como as 
necessidades, enfrentamentos, dificuldades e conquistas que historicamente foram 
se constituindo no nosso contexto educativo. Ao observar o que afirma Saviani 
(2009), conclui-se que um sistema educacional deve ser regido por uma teoria 
educacional, impreterivelmente, e envolve a práxis, a produção de sentidos e a ação 
dos homens no sentido de organizá-la. 
Assim, é possível inferir que os sistemas de ensino foram organizados em diferentes 
países, com características e legislações próprias, e tendem a refletir os momentos 
históricos e organizativos das sociedades. 
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Anhanguera - Pedagogia – Organização e Metodologia da Educação Infantil – Temas 1 ao 10 ............. Página 3 de 76 
Não se deve, porém, inferir, daí, que “sistema” se identifica com modelo ou 
“constructo” situando-o num plano exclusivamente teórico. “Sistema” é uma 
organização objetiva resultante da atividade sistematizadora que se dirige à 
realização de objetivos coletivos. É, pois, um produto da práxis intencional coletiva. 
(SAVIANE, p.6, 2009) 
Os sistemas organizam a prática e dão sentido ao fazer coletivo dos diferentes 
sujeitos envolvidos na trama educativa. 
Um dos importantes componentes do sistema de ensino é a legislação que o regula, 
pois a mesma identifica os aspectos considerados importantes e norteadores das 
práticas em questão. Identificando a Educação Infantil como componente do 
Sistema de Ensino Brasileiro, é importante identificar como ocorre a sua regulação 
na sociedade brasileira. 
 
A Legislação Educacional para Educação Infantil 
Para qualquer modalidade educativa, é necessário considerar, antes de mais nada, a 
Constituição Federal de 1988, que define princípios educativos fundamentais como: 
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida 
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento 
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o 
trabalho. 
Além da Constituição Federal, existe o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – 
Lei nº 8.069/90 – que no art. 54, IV, reafirma o que regula a nossa Constituição. 
Entre os educadores, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei 9394/96, (LDB), é 
extremamente importante, pois regula o sistema de ensino nacional. 
Especificamente para a Educação Infantil, é necessário considerar ainda as 
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010), documento 
publicado e organizado pelo Ministério da Educação, e as Novas Diretrizes para 
Educação Infantil (2013). 
Toda a legislação pertinente à Educação Infantil é de extrema importância para os 
educadores, estudantes de licenciatura, professores e famílias. Conhecê-las faz toda 
diferença no momento de planejar e concretizar uma educação infantil de qualidade. 
 
A partir do exposto, é possível identificar que a Constituição Federal define que: 
 o atendimento em creches e pré-escolas deverá acontecer de zero até os cinco anos 
de idade e que é de responsabilidade dos municípios atuar prioritariamente no 
Ensino Fundamental e na Educação Infantil. 
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Anhanguera - Pedagogia – Organização e Metodologia da Educação Infantil – Temas 1 ao 10 ............. Página 4 de 76 
A Lei Nº 12.796, de 4 de abril de 2013, faz uma importante alteração na LDB/1996, 
ampliando o atendimento obrigatório e gratuito da Educação Básica, que deverá ser 
dos quatro aos dezessete anos. Para se adequar a essa modificação, os Estados e 
Municípios terão o prazo até o ano de 2016. Isso significará a ampliação da oferta 
obrigatória de vagas na Educação Infantil, no período que compreende dos quatro 
aos cinco anos de idade, um novo desafio. 
Tendo como princípio norteador a Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação, Lei 9394/96, (LDB), define que o atendimento a crianças de zero a cinco 
anos de idade, público da Educação Infantil, faz parte da educação básica. Isso 
significa importantes modificações quanto à oferta de vagas e à qualidade do 
atendimento. 
Conforme Oliveira (2011, p. 35), 
a LDB estabelece novas e importantes diretrizes para a Educação Infantil, definindo 
o atendimento das crianças 
- Até três anos de idade em creches, e 
- Dos quatro aos cinco anos em pré-escolas, mas como etapa integrante da educação 
básica. 
O que significa essa determinação? 
Essa determinação significa que a Educação Infantil passa a ter sua importância 
reconhecida no desenvolvimento das crianças, e deixa de ser uma opção para tornar-
se parte integrante do sistema de educação básica. Até essa definição, a Educação 
Infantil possuía um caráter assistencialista, para as crianças provenientes das 
classes populares, e um caráter de erudição e mimo, para as crianças provenientes 
das classes mais abastadas. Não era entendida propriamente como um direito 
público subjetivo. 
Atualmente, a Educação Infantil não é mais entendida como o lugar de apenas 
cuidar das crianças, mas sim como lugar de educação e desenvolvimento global de 
indivíduos. A partir do entendimento de que a infância possui características 
específicas e possibilidades de desenvolvimento concretas, a Educação da Infância 
passa a ser definida em função de teorias educativas próprias e a prezar por uma 
organização curricular diferenciada. Foi nesse sentido que foram desenvolvidas as 
diretrizes Curriculares para a Educação Infantil. 
As Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil estão articuladas com as 
Diretrizes Curriculares Nacionais de educação básica, e não tem como objetivo 
antecipar conteúdos a serem trabalhados no ensino fundamental, mas sim orientar 
e refletir sobre o processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças em 
idade de zero a cinco anos. 
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Anhanguera - Pedagogia – Organização e Metodologia da Educação Infantil – Temas 1 ao 10 ............. Página 5 de 76 
As Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil foram elaboradas a partir de uma 
série de discussões, das quais participaram intelectuais da área, membros de 
entidades nacionais de Educação Infantil e representantes do Ministério da 
Educação, Universidades e movimentos sociais. O objetivo da discussão foi 
promover a ampla participação social nos debates, a fim de criar sentidos para a 
elaboração de diretrizes significativas para a educação da infância. 
Tal participação, ampla e diversificada, é extremamente importante quando 
olhamos para o histórico da educação em nosso país, que diferenciou o tipo de 
atendimento prestado às crianças, em função da classe social da qual eram 
provenientes. 
Como afirma Oliveira (2011): 
As classes trabalhadoras eram reservadas às creches e pré-escolas com o objetivo de 
cuidar das crianças para que suas famílias fossem trabalhar com tranquilidade. Já as 
famílias mais abastadas, procuravam a pré-escola a fim de que seus filhos pudessem 
desenvolver diferentes habilidades. 
 
Educar e Cuidar: o conceito de uma escola da infância 
As primeiras instituições de Educação Infantil que surgiram no Brasil tinham como 
preocupação guardar as crianças enquanto seus pais trabalhavam, ou ainda tinham 
o objetivo de proteger os menores órfãos. Nos dias atuais, se luta pela superação 
dessa visão assistencialista, na qual o foco educativo está na alimentação e 
higienização das crianças. 
O direito à Educação Infantil é uma conquista, sinalizada na legislação, e que marca 
o desejo contemporâneo por uma educação infantil de qualidade, que propicie o 
desenvolvimento da criança de forma integrada, possibilitando diferentes vivências 
e criação de significados. 
A educação é um fenômeno próprio dos seres humanos. E, enquanto uma ação 
humana, é prática social, subentendendo sempre uma certa concepção, uma visão 
de mundo. Enquanto atividade humana consciente, a educação abarca desde as 
funções humanas mais naturais, até as mais sofisticadas funções intelectuais 
(KRAMER, 1999. p. 39). 
A função da Educação Infantil vem sendo discutida e repensada ao longo do tempo. 
Pode-se observar que novas concepções e perspectivas foram sendo atribuídas, 
ampliando a ideia assistencialista. Essa nova perspectiva passa a incluir teorias 
educativas sobre o desenvolvimento infantil e sobre o direito a uma educação de 
qualidade. 
 
 
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Anhanguera - Pedagogia – Organização e Metodologia da Educação Infantil – Temas 1 ao 10 ............. Página 6 de 76 
Oliveira (2011) afirma que 
O conceito de criança vem se modificando, e hoje elas são vistas como seres criativos, 
que possuem direitos e necessidades próprias da idade. Essa mudança de perspectiva 
rompe com a função assistencialista da educação infantil, especialmente para as 
crianças provenientes das classes populares. Todas as crianças, independentemente 
da sua origem social, devem ter a oportunidade de desenvolver seus aspectos físicos, 
cognitivos, sociais e afetivos. E, para que tal ocorra, o cuidar e o educar devem estar 
conjugados na Educação Infantil. 
Portanto, é importante considerar também a formação dos profissionais da 
Educação Infantil, pois existe, comumente, uma divisão entre aqueles que cuidam 
(geralmente denominados como auxiliares, monitores, agentes de educação 
infantil) e aqueles que educam (professores). Essa divisão do trabalho cria categorias 
diferentes de educadores. Aqueles que educam são considerados os que trabalham 
propriamente com o desenvolvimento da criança e são os que planejam as atividades 
educativas, enquanto que aqueles que cuidam são responsáveis apenas pelas 
atividades de higiene e alimentação. 
Essa dicotomia do trabalho educativo não colabora em nada para uma visão 
integrada sobre o educar e o cuidar, pois tratam o cuidar como algo secundário e o 
educar como um momento privilegiado, e que deve ser planejado por um 
profissional com formação especializada. Mas como superar essa dicotomia? 
Como pode ser visto no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, a 
noção de cuidar envolve estreita ligação afetiva entre o adulto e a criança. Essa 
construção de vínculo permite o conhecimento cada vez maior da criança e a 
possibilidade de, ao construir laços mais profundos, possibilitar a crescente 
autonomia da criança, dando oportunidades para que ela desenvolva suas 
habilidades de forma gradativa. 
Essa concepção de educação estabelece referências com a formação da cidadania, 
desenvolvendo os aspectos sociais, afetivos e cognitivos do educando. A grande 
questão é que enquanto o educador dispensa os cuidados necessários com a criança 
ou com o bebê, ele cria situações cotidianas que devem integrar os cuidados com 
situações de aprendizagem diferenciadas. Por exemplo: quando cuida da 
alimentação das crianças, o ideal é que esta ocorra em um ambiente agradável, 
harmônico e que a criança aprenda o que são hábitos alimentares saudáveis. 
É na articulação entre o cuidar e o educar que as crianças desenvolvem o 
conhecimento de si mesmas e do mundo que as cercam e desfrutam do direito à 
infância, ou seja, de vivenciar uma educação de qualidade, na qual possam 
desenvolver-se integralmente em um ambiente solidário e harmonioso. 
Nesse texto você aprendeu o conceito de Sistema de Ensino e a Legislação que regula 
a Educação Infantil no Brasil. Além disso, também aprendeu a importância do 
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Anhanguera - Pedagogia – Organização e Metodologia da Educação Infantil – Temas 1 ao 10 ............. Página 7 de 76 
educar e do cuidar na Educação Infantil, bem como princípios básicos que norteiam 
a Educação Infantil no Brasil. 
 
 
Sistema de Ensino: unidade de vários elementos da práxis educativa que visam 
formar um todo operante. É regulado pelo Estado e pelas teorias educacionais. 
Direito Público Subjetivo: significa que a educação gratuita no Ensino Fundamental 
é obrigatória e deve ser garantida pelo poder público, sob risco de penalidade da 
autoridade competente. 
Práxis: na Pedagogia o conceito é usado para explicitar uma necessária relação entre 
a teoria e a prática, entre o abstrato e o concreto. 
Dicotomia: consiste em dividir um elemento em duas partes, que geralmente são 
contraditórias. 
Referencial: é um conjunto de elementos que formam um sistema de referência. No 
caso do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, podemos defini-lo 
da seguinte forma: pretende apontar metas de qualidade que contribuam para que 
as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de 
crescerem como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa, também, 
contribuir para que possa realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa 
etapa educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação, pelas 
crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural. 
 
 
Neste tema trataremos das concepções historicamente elaboradas para Educação 
dos bebês e das crianças menores de seis anos. É importante considerar que 
momentos históricos diferentes produziram concepções distintas e até antagônicas, 
que precisam ser levadas em conta no momento de refletir sobre a educação para 
crianças. Estas concepções, fruto de questões culturais, sociais e políticas de 
diferentes épocas, coexistem em nosso ideário de educação. Você vai aprender a 
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identificar cada uma delas e refletir sobre quais são suas implicações na prática 
educativa.Pois é sempre bom lembrar, como dizia o mestre Paulo Freire, que não existe 
educação sem política. Vale dizer que, não existe educação sem intenção, e sem 
significação da realidade. 
No Brasil, fomos muito influenciados pelos educadores europeus. Para compreender 
as nossas concepções sobre como deve ser elaborada e desenvolvida a Educação 
Infantil e sobre a compreensão do conceito de infância, se faz necessário atentar 
para tais educadores e para o contexto de suas produções. 
 
O conceito de Infância 
“As crianças, todas as crianças, transportam o peso da sociedade que os adultos lhes 
legam, mas fazem-no com a leveza da renovação e o sentido de que tudo é de novo 
possível.” (Sarmento, 2004). 
Para compreender melhor a criança e suas necessidades, a Pedagogia busca na 
história o conceito de infância e como ele se estruturou ao longo do tempo. 
Para o pesquisador Miguel Arroyo: 
O conceito de criança é uma construção histórica, social e cultural. Dependendo de 
cada cultura, de cada sociedade e de cada classe social, teremos um conceito 
diferenciado. 
Portanto, para compreender qual é a função da Educação Infantil, e o motivo de sua 
estruturação em dado momento, é necessário estarmos antenados com as diferentes 
concepções de qual a infância foi objeto ao longo do tempo. 
Essas concepções de infância trazem ideias diferenciadas sobre a educação, e é esse 
o ponto que nos interessa. É necessário considerar que divergentes concepções 
podem coexistir, tanto de criança, como de educação, o que torna complexa a tarefa 
de estabelecer critérios educativos, pois é necessário conhecer o cerne de cada 
prática pedagógica. 
Atualmente, é possível afirmar, a partir do estudo da nossa legislação, como por 
exemplo, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que no Brasil reina uma 
concepção de infância cidadã. 
Tal infância é entendida como aquela que tem direitos assegurados na legislação e 
que deve ser respeitada e educada. 
Isso não quer dizer que não existam problemas, como por exemplo, a escassez de 
vagas para creches em todo país, ou ainda, problemas de qualidade de atendimento 
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Anhanguera - Pedagogia – Organização e Metodologia da Educação Infantil – Temas 1 ao 10 ............. Página 9 de 76 
para crianças de baixa renda. Mas, no decorrer da história, nem sempre foi essa ideia 
que prevaleceu. 
Portanto, pode-se incluir a ideia da infância cidadã como um avanço. 
Agora que já foi analisada a importância do conceito de infância, será vista 
especificamente a evolução deste conceito. 
Para tal, será iniciada uma análise a partir das pesquisas do emérito historiador da 
infância Philipe Áries. 
Áries considera que: 
(...) a infância é um fenômeno histórico e não meramente natural, e as 
características da mesma no ocidente moderno podem ser esquematicamente 
delineadas a partir da heteronomia, da dependência e da obediência ao adulto em 
troca de proteção. Aceitando-se a tese de Aries (1973), é preciso aceitar que a 
infância, tal qual é entendida hoje, resulta inexistente antes do século XVI. 
(NASCIMENTO et al. s/d, p.3) 
A pesquisa de Philipe Áries identifica concepções de criança no decorrer da história. 
Desde a Antiguidade até a Idade Moderna, ele conclui que as representações sobre a 
criança não se diferenciavam das representações sobre o adulto, pois a criança era 
considerada como um adulto em miniatura. Não quer dizer que não compreendiam 
como era uma criança e sim que representavam e compreendiam a criança como um 
ser tão igual quanto eles. Áries faz distinções históricas na compreensão e 
representação da infância. Seu estudo procurou mostrar que a falta do sentido de 
idade é que resultava em práticas sociais que não diferenciavam as distintas idades. 
Além disso, as crianças pobres eram inseridas no mundo do trabalho, sem serem 
diferenciadas dos adultos. Nos séculos XVI e XVII, na maioria dos países europeus, a 
infância não era respeitada, e os mesmos hábitos e práticas de adultos eram 
destinados também a elas, como o uso de palavras grosseiras, o envolvimento em 
práticas sexuais, a divisão do mesmo leito em distintas idades. Todavia, com a 
influência protestante e em países como a França, a criança passa a ser associada a 
pureza, logo uma mudança de comportamento passou a fazer parte da sociedade. A 
criança passou a ser vista como pura, recebendo um cuidado diferenciado, 
principalmente em famílias nobres. 
As crianças que pertenciam a essas famílias nobres, especificamente no século XVI, 
foram motivo de distração entre as mulheres, especialmente na França, e foram 
denominadas por Áries (1986, p.159), como “crianças bibelot”, pois existiam para 
serem paparicadas. Tal prática não pode ser associada a um capricho, destinado 
apenas para as famílias mais abastadas. 
Após entender que as crianças já foram tanto motivo de distração quanto 
consideradas adultos em miniatura, sucedeu-se um momento histórico importante, 
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Anhanguera - Pedagogia – Organização e Metodologia da Educação Infantil – Temas 1 ao 10 ............. Página 10 de 76 
quando ocorre uma modificação na estrutura familiar, provocado pela nova 
organização na distribuição e organização da produção, a Revolução Industrial. 
Um marco significativo na História da Infância, a partir do século XVIII, com o 
desenvolvimento do capitalismo e a consolidação da família burguesa, foi o 
sentimento de infância, a partir do qual a infância foi entendida como um momento 
peculiar e diferente da vida adulta. Assim, a partir de então, todo um aparato para 
cuidar da educação da infância passa a ser estruturado, baseado especialmente em 
um ideário moralista, de disciplinarização e preparação para a entrada das crianças 
no mundo dos adultos. Nesse contexto, surge a escola, instituição responsável por 
preparar as crianças para essa passagem. 
A partir da Revolução Industrial e dos conhecimentos científicos e tecnológicos que 
estavam sendo produzidos, tendo como principal transformação a introdução das 
máquinas a vapor, foi necessário a criação de um lugar de sistematização e ensino 
dos conhecimentos já produzidos e acumulados. É claro que, toda a modificação 
tecnológica impulsiona a contração de novos paradigmas, inclusive na área 
educativa. 
Nos séculos XVIII e XIX, devido ao progresso científico e tecnológico já angariados 
com as modificações nos processos de produção e distribuição de riquezas, a 
escolaridade adquiriu importância ímpar e passou a ser valorizada para mediação 
entre o mundo adulto e infantil. Assim, a educação das crianças passou a ser 
entendida como um momento peculiar de formação e preparação para entrada no 
mundo dos adultos. 
Entretanto, é importante salientar que o acesso à educação estava ligado à condição 
social de cada indivíduo. E, falando da educação de crianças pequenas, as crianças 
provenientes das classes proletárias não estavam, nesse momento, entre as 
prioridades educacionais, fadadas apenas, com muita sorte, a frequentar entidades 
de cunho filantrópico. 
Cabe lembrar que para as crianças pobres: os objetivos de sua educação e as formas 
de efetivá-los não eram consensuais. Alguns setores das elites políticas dos países 
europeus sustentavam que não seria correto para a sociedade como um todo que se 
educassem as crianças pobres, para as quais era proposto apenas o aprendizado de 
uma ocupação e da piedade. Opondo-se a eles, alguns reformadores protestantes 
defendiam a educação como um direito universal. (OLIVEIRA, 2011, p. 62) 
É importante considerar que a Revolução Industrial e a Primeira Grande Guerra 
provocaram mudanças estruturais na organização das famílias, cujos pais 
trabalhavam nas fábricas, e muitas vezes também as crianças, que também 
ocupavam postos de trabalho, mas não os bebês. Nesse período, devido à nova 
configuração do trabalho, muitascrianças foram vítimas de abandono e maus tratos 
(OLIVEIRA, p.60). Todavia, foram estruturadas ações de cunho filantrópico para as 
crianças pobres, que tinham como objetivo protegê-las, discipliná-las e incutir o 
valor do trabalho e da obediência. 
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Percebe-se, a partir de então, que a infância passou a ser entendida com um novo 
sentido, pois a sociedade discutia se era legítimo dar às crianças a proteção e 
educação que muitas famílias não tinham como prover. É importante salientar que 
o processo de construção da ideia de infância não é linear, é contraditório e 
apresenta pensamentos dissonantes em cada período. Devemos lembrar, por 
exemplo, que pensadores como Sócrates e Santo Agostinho, já falavam da educação 
como um processo singular. Entretanto, a partir do século XVII até o século XIX, as 
propostas educativas tomaram um novo rumo, principalmente como podemos ver 
nas propostas de Comênio, Rosseau, Pestalozzi e Froebel. 
É possível perceber que na educação das crianças coexistiam conceitos antagônicos: 
o conceito da educação como um direito universal, o conceito da educação como um 
privilégio, que não estava disponível a todos e o conceito da educação como uma 
atividade filantrópica. Para compreender melhor as diferentes concepções sobre 
educação e infância, é importante considerar pensadores que tiveram influência 
significativa na área. 
 
Propostas Educacionais para a Infância 
Serão destacados agora alguns dos mais influentes pensadores educacionais que 
difundiram propostas significativas para a educação da Infância, especialmente na 
Europa no período que compreende o século XVII ao XIX. Você perceberá e 
reconhecerá ideias e propostas, que embora distantes no tempo, ainda são bastante 
atuais, pois circulam no mundo educativo de hoje. 
O primeiro destaque será para o célebre Comênio, educador protestante, do século 
XVII, que tinha como máxima “ensinar tudo a todos”. 
Escreveu um famoso documento, denominado Didática Magma; tratado da arte 
universal de ensinar tudo a todos. Para este educador, o ensino deveria ser voltado 
para a ação, e também disseminado para todas as classes sociais. 
Comênio se dedica a escrita de manuais para os educadores e também elabora 
material específico para os alunos, como o livro ilustrado, associando textos com 
figuras. 
É de Comênio a ideia de partir do simples para o complexo e do concreto para o 
abstrato, a fim de possibilitar o progresso intelectual e moral dos aprendizes. 
Ele defendia o desenvolvimento de um pensamento crítico, pois os alunos deveriam 
ser atores e não meros expectadores, aprendendo a pensar por si mesmos. 
São suas as seguintes palavras: Aprende-se a fazer fazendo. 
Os mecânicos não detêm os aprendizes das suas artes com especulações teóricas, 
mas põem-nos imediatamente a trabalhar, para que aprendam a fabricar 
fabricando, a esculpir esculpindo, a pintar pintando, a dançar dançando etc. 
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Anhanguera - Pedagogia – Organização e Metodologia da Educação Infantil – Temas 1 ao 10 ............. Página 12 de 76 
Portanto, também nas escolas, deve aprender-se a escrever escrevendo, a falar 
falando, a cantar cantando, a raciocinar raciocinando etc., para que as escolas não 
sejam senão oficina onde se trabalham fervidamente. 
Assim, finalmente, pelos bons resultados da prática, todos experimentarão a 
verdade do provérbio: fazendo aprendemos a fazer (fabricando fabricamur). 
Mostre-se o uso dos instrumentos, mais com a prática que com palavras, isto é, mais 
com exemplos que com regras. (Comênio, apud Aranha, 1996, p.104) 
Observa-se, na fala de Comênio, uma Pedagogia que valoriza o método e a ação. Ele 
propõe que se ensine tudo a todos e que os alunos tenham a priori um conhecimento 
universal (pansofa) – ainda que esse conhecimento seja mais simplificado e não 
erudito. Mas depois esse conhecimento deverá ser aprofundado, a fim de que o aluno 
pense por si mesmo. Além disso, defende um ensino universal, tanto para ricos 
quanto para pobres, baseando-se no ideal religioso do qual professava, de que todos 
são igualmente filhos de Deus, conforme escreve em sua Didática Magma. 
Rousseau é um filósofo do Iluminismo. Sua concepção educacional ressalta a 
singularidade da criança, pois não a considera como um adulto em miniatura. Para 
esse filósofo, que nega qualquer influência religiosa católica ou protestante, a 
criança é o centro do processo educativo. 
Em sua concepção, a criança nasce boa, mas a sociedade a corrompe e destrói a sua 
liberdade. 
Sua concepção é fruto de uma filosofia política que valoriza a experiência, a ação e a 
curiosidade. 
Escreveu um tratado de educação, Emílio ou Da educação (1972), relatando, em 
forma de romance, como ocorreria a educação ideal, afastando a criança da 
sociedade e colocando-a em contato com a natureza, a fim de que ela possa aprender 
pela ação e livre da sociedade corruptora. 
 
Para Pestalozzi (1746-1827), 
a criança tem potencialidades inatas a serem desenvolvidas gradativamente. 
Reconhece a função social do ensino e defende uma escola para todos. 
 
Segundo Oliveira (2011, p. 66): 
Também se preocupou com a ideia de que a educação deveria ser ordenada para os 
sentidos: a percepção da criança seria educada pela intuição e o ensino deveria 
priorizar as coisas, não palavras. (...) Sua pedagogia enfatizava ainda a necessidade 
de a escola treinar a vontade e desenvolver as atitudes morais dos alunos. 
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Friedrich Froebel (1782-1852) 
funda os kindergarten (jardins de infância) e sua influência foi pioneira na educação 
infantil. Percebe o significado do lúdico e do jogo para a criança. 
A importância de Froebel, segundo Oliveira (2011), está no fato de que ele distinguiu 
as escolas para a infância tanto das entidades assistencialistas, quanto das escolas 
de educação básica, pois valorizava a espontaneidade e o jogo na educação infantil. 
Froebel incluiu na atividade com a infância, poesias, músicas, cultivo de horta e 
atividades com argila, com o objetivo de que a criança tivesse a oportunidade de 
experienciar e desenvolver suas habilidades. 
 
O direito a infância e a educação 
A partir do século XX, o discurso científico sobre a criança começa a tomar espaço. 
Conforme Oliveira (2011), após a Primeira Guerra Mundial, com o aumento do 
número de órfãos e com a degradação do meio ambiente, as propostas educativas 
passam a ter um cunho higienista e a serem direcionadas por profissionais da área 
da saúde, tendo como principais exemplos Decroly e Montessori. 
Maria Montessori (1870-1952), médica italiana, iniciou seu trabalho com crianças 
com necessidades educativas especiais. 
Ela realizou amplas observações sobre o desenvolvimento psicológico das crianças e 
fundou, em 1907, a Casa dei Bambini (Casa das Crianças), na qual atendia os filhos 
da classe operária. 
Montessori teve grande influência e suas ideias se espalharam pelo mundo. Sua 
pedagogia dá destaque à organização de um ambiente adequado para as crianças. 
Para isso adequou o tamanho do mobiliário para as crianças, tanto das salas de aula 
como dos banheiros, possibilitando maior autonomia. Também criou materiais 
didáticos diferenciados, que são utilizados até hoje em algumas escolas e levam seu 
nome. 
Decroly (1871-1932), médico belga, também fundou uma escola, a Escola da Rua do 
Ermitage, e também se interessou pela educação de crianças portadoras de 
necessidades educativas especiais. 
 Tem como grande contribuição para a pedagogia, a organização dos centrosde 
interesse, que visavam à organização de uma aprendizagem global, pois percebeu 
que a criança percebe os fatos globais como um todo, e só quando cresce, é capaz de 
analisar, separar o todo em partes. 
Propõe o método global para o aprendizado da leitura, iniciando o aprendizado com 
a leitura de frases. 
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Vale ainda destacar um educador um importante educador da primeira metade do 
século XX: Cèlestin Freinet (1896-1966). 
 
Segundo Aranha (1996, p.174): 
“Freinet estimula a exploração da curiosidade, a coleta de informações – feita tanto 
pelos alunos como pelos professores, o debate e, por fim, a expressão escrita.” 
 
Freinet preocupa-se com a educação popular, acredita nas práticas cooperativas e 
funda a imprensa na escola (organização de jornais pelo coletivo de alunos), o 
correio escolar (atividade de troca de cartas entre alunos), o livro da vida, as aulas-
passeio, os desenhos e os textos livres. 
As ideias desses educadores de vanguarda possibilitaram uma modificação na 
maneira de pensar a infância e enriqueceram a prática educativa com as crianças. Os 
movimentos educacionais do século XX trouxeram novas concepções sobre a 
educação dos pequenos. 
As concepções que defendiam a educação da infância com um caráter 
assistencialista, de controle social ou de preparação para o ensino fundamental, 
deram lugar a concepções nas quais as crianças deveriam aprender a pensar, a viver 
cooperativamente, desenvolvendo-se de forma autônoma. 
Nos dias atuais, a concepção de que a criança é um sujeito social, que possui direitos 
e que é ator de seu próprio aprendizado é amplamente discutida e difundida. Pais e 
educadores conhecem as características do desenvolvimento infantil, que se tornou 
também, segundo Oliveira (2011), campo da indústria cultural. Isso significa que a 
infância é reconhecida em sua singularidade tanto no campo educativo como no 
comercial, é só observar a série de produtos desenvolvidos para a infância, como 
livros, brinquedos, alimentos, cosméticos, etc. 
Hoje, é possível afirmar que os benefícios da educação infantil são reconhecidos em 
boa parte do mundo, e o que se espera é um desenvolvimento harmônico das 
crianças, considerando os aspectos físicos, afetivo e intelectual. 
Nesse tema você aprendeu sobre como o conceito de infância se transformou ao 
longo do tempo e sobre como esse conceito foi construído. 
Você também teve contato com importantes filósofos e historiadores da educação 
da infância, do século XVII ao século XX. 
Por fim, você aprendeu sobre as diferentes concepções de Educação Infantil que já 
coexistiram e colaboraram para a formação de educadores. 
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Heteronomia: é o contrário de autonomia, ocorre quando um indivíduo está sujeito 
à vontade de outros. 
Revolução Industrial: momento histórico (séculos XVIII e XIX), que teve início na 
Inglaterra, caracterizado pela modificação no modo de produção, crescente 
urbanização e proletarização da mão de obra. 
Paradigma: conjunto de ideias que definem uma visão de mundo. 
Pansofa: estudo de todos os conhecimentos e saberes do Universo. 
Iluminismo: movimento intelectual europeu do século XVIII, conhecido como época 
das luzes. 
 
 
Neste tema será tratada a História da Educação Infantil especificamente no Brasil. É 
claro que o que ocorreu aqui esteve relacionado também com resto do mundo, 
entretanto, a reflexão se deterá as características especificamente nacionais. A 
realidade nacional distingue-se dos países europeus e norte-americanos em vários 
aspectos. A abolição tardia da mão de obra escrava foi um fator que Influenciou na 
educação, pois os filhos dos escravos libertos passaram, ainda que negligenciados 
por muito tempo, a ser uma questão para a educação. 
Outra peculiaridade do Brasil foram os imigrantes europeus que vieram trabalhar 
no meio urbano, como mão de obra especializada, pois a mão de obra escrava recém 
liberta não era adequada para os trabalhos fabris. Tais imigrantes, principalmente 
italianos e espanhóis, trouxeram consigo ideias educativas revolucionárias para a 
época, especialmente para um país que transformava tardiamente o seu foco de 
produção do meio rural para o urbano. Surgiu também, em meio às organizações 
sindicais, a questão da reivindicação a uma educação de qualidade, como um direito 
universal. 
É importante salientar que, até meados do século XIX, a Educação Infantil com 
atendimento em creches e jardins de infância não existia, Froebel inaugurou os 
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primeiros jardins de infância, entretanto, em outro contexto e com outro formato 
dos atuais, no século XIX. Os cuidados com a criança pequena eram realizados em 
casa, perto da mãe. As crianças abandonadas, provenientes do setor rural, eram 
“cuidadas” pelos fazendeiros, sem que se tivesse programa específico para tal ou 
preocupações educacionais. 
Conforme escreve Oliveira (2011), as crianças abandonadas eram recolhidas pelas 
“rodas dos expostos”. 
É importante salientar que modificações significativas ocorreram no período do 
Brasil República. Mas, em todo caso, cumpre ter em mente que o atendimento às 
crianças nesse período foi sempre marcado pelo viés de classe social. No Brasil 
Colonial, que tinha uma atividade econômica primordialmente rural, as crianças 
provenientes das classes mais pobres, incluindo os filhos de escravos, trabalhavam 
indiscriminadamente. A educação infantil existia tão somente para as classes mais 
abastadas, que planejavam a educação e erudição de seus filhos, de forma 
particularizada. 
Entretanto, em meados do século XIX, com o advento da República, transformações 
significativas ocorreram na vida do país. Entre elas, pode-se citar a migração do 
campo para as cidades. Inicia-se uma vida urbana intensa e diferenciada, 
especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, marcado por um cenário urbano no 
qual conviviam diferentes pessoas, como negros recém-libertos, mestiços, 
imigrantes e a elite nacional. 
Essa época é marcada por metamorfoses no espaço social urbano, como por 
exemplo, o surgimento das favelas no Rio de Janeiro e a convivência da população 
em espaços urbanos insalubres e desorganizados. Tem início nesse período grandes 
problemas de urbanização, como recolhimento do esgoto e do lixo. As condições de 
higiene nas cidades não são boas, o que acarretou, por exemplo, a proliferação de 
ratos e contaminação da população. Em um cenário de mortalidade infantil intensa, 
os cuidados necessários com a infância se faziam urgentes. 
Ainda nesse mesmo período, século XIX, é possível destacar a influência de 
inúmeras teorias europeias no Brasil, difundidas especialmente pelos imigrantes 
que vieram trabalhar na industrialização nascente. Esses imigrantes trouxeram 
ideias anarquistas e socialistas, que colocavam a educação em um papel central na 
luta por melhores condições de vida dos trabalhadores. É importante lembrar que na 
Europa a educação já era entendida como um direito, que deveria estar acessível a 
todos. 
A influência desses imigrantes, que organizaram sindicatos e jornais operários para 
divulgação de suas ideias, colocavam a educação das crianças como um direito 
fundamental, que deveria ser priorizado. Conforme escreve Paul Robin, que foi 
diretor do Orfanato Prévost, localizado na França, entre 1880 e 1894, defendendo o 
que os anarquistas denominavam de Educação Integral: 
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A ideia moderna [de educação integral] nasceu do sentimento profundo de igualdade 
e do direito que cada homem tem, quaisquer que sejam as circunstâncias de seu 
nascimento, de desenvolver, da forma mais completa possível, todas as faculdades 
físicas e intelectuais. Estas últimas palavras definem a Educação Integral. 
(MORIYÓN, 1989, p. 88). 
Portanto, esses ideais de uma educação integral, como o direito de todos a um 
desenvolvimento global, foram defendidos pelos imigrantes, que já haviam visto ou 
vivenciado situações práticas relevantes na área. Um dos fatores importantes aqui 
foi a disseminação da ação de reivindicar direitos considerados fundamentais. 
Logo, é possível considerar como fator significativo na história das instituições 
infantis no país, a chegada dos imigrantes que incentivou o movimento de 
reivindicação dos trabalhadores, e estes passaram a exigir a organização da 
educação e a criação de creches para os filhos das mães operárias. 
Entretanto, conforme afirma Oliveira (2011), 
os donos das fábricas passaram a organizar creches nas vilas operárias, pois 
consideraram que tal ação diminuía a influência dos sindicatos e faziam com que os 
operários trabalhassem mais satisfeitos. 
A proclamação da República, a vinda de imigrantes e a abolição da escravidão, 
trouxeram novas questões, como por exemplo, o que fazer com os filhos dos 
escravos libertos e dos trabalhadores. Nesse período, meados do século XIX, 
coexistiam pensamentos que levavam a soluções assistencialistas, e um outro 
discurso coerente com os ideais de uma educação que desenvolvesse o potencial das 
crianças. Ainda nesse período existia a corrente de pensamento que defendia que o 
Estado não deveria financiar a educação para as classes populares. 
Paralelamente a estas discussões, surgiram os primeiros jardins de infância, 
conforme elucida Oliveira (2011): 
(...) eram criados, em 1875 no Rio de Janeiro e em 1877 em são Paulo, os primeiros 
jardins de infância sob os cuidados de entidades privadas e, apenas alguns anos 
depois, os primeiros jardins de infância públicos, que, contudo, dirigiam seu 
atendimento para as crianças dos extratos sociais mais afortunados, com o 
desenvolvimento de uma programação pedagógica inspirada em Froebel. 
O fato é que durante o final do século XIX, a atenção que a sociedade e o Estado 
destinava a educação das crianças ainda era parco. Nesse período, a mortalidade 
infantil e o abandono de crianças ainda ocorria em proporções alarmantes. 
O início do século XX provocou grande transformação na organização das famílias, 
pois as mulheres ingressaram no mercado de trabalho em larga escala, enquanto o 
poder público investia apenas no ensino primário, ainda assim de forma precária. A 
solução para o problema nesse momento foram as “criadeiras”, mulheres que se 
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disponibilizavam a cuidar das crianças enquanto as mães trabalhavam. Mas esse 
tipo de cuidado era precário, e a mortalidade infantil continuava a ser um problema. 
É necessário enfatizar que, ao longo do tempo, as conquistas relativas à educação das 
crianças não foram alcançadas sem lutas e reivindicações. Um dos fatores que 
impulsionaram o atendimento a infância foi a entrada, no mercado de trabalho, das 
mulheres das classes médias. 
A pressão desse grupo impulsionou a abertura de instituições mantidas pelo poder 
público. A primeira regulamentação sobre o tema surgiu em 1923, prevendo a 
instalação de creches e salas de amamentação junto aos estabelecimentos 
industriais e comerciais, durante a jornada de trabalho. (OLIVEIRA, 2011, p.97). 
Na área da Educação Infantil o clima era controverso, pois as escolas para crianças 
eram vistas como nefastas, já que afastavam as crianças do lar e das mães, além de 
serem vistas também como um lugar “perigoso” e de escolarização precoce. E, ainda 
nesse momento, coexistiam as concepções de assistencialismo e surgia o conceito de 
educação compensatória, para as classes menos afortunadas. Conforme elucida 
Kramer (1982, p.2): 
O estabelecimento das origens da educação compensatória coincide com o da 
própria pré-escola, já que é nesse nível de ensino que a tônica da compensação de 
possíveis carências se faz mais explícita. Desde o seu surgimento, em meados do 
século XIX, a educação escolar foi sempre encarada como uma espécie de antídoto 
para a privação cultural e como forma de promover a mudança social. Assim, as 
origens remotas dos programas compensatórios podem ser encontrados em Froebel, 
e nos primeiros jardins de infância fundados nas favelas alemãs, em pleno advento 
da Revolução Industrial; em Montessori, em suas Casa dei Bambini em favelas 
italianas; em McMillan – contemporâneo de Montessori – e na ênfase que dava a 
necessidade não só de assistência médica e dentária, mas também de estimulação 
cognitiva, para que as deficiências das crianças fossem compensadas. 
É importante salientar que os programas de educação compensatória não são 
idênticos naquilo que pretendem corrigir, poderiam ter ênfase na saúde, na 
alimentação, na assistência social ou ainda no desenvolvimento cognitivo. 
Assim, é possível vislumbrar um quadro no qual a educação infantil é um misto de 
solução para a pobreza e o abandono da infância, para as mães trabalhadoras e um 
lugar de desenvolvimento global das potencialidades infantis para as classes 
privilegiadas. Muitas creches, asilos e jardins de infância surgiram 
concomitantemente, com objetivos diferenciados. Para o atendimento as mães 
trabalhadoras, no entanto, a maioria deles, foi de caráter filantrópico e privatista. É 
importante saber que: 
As tendências que acompanharam a implantação de creches e jardins de infância, no 
final do século XIX e durante as primeiras décadas do século XX no Brasil, foram: 
• a jurídico-policial, que defendia a infância moralmente abandonada, 
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• a médico-higienista e a religiosa, ambas tinham a intenção de combater o alto 
índice de mortalidade infantil tanto no interior da família como nas 
instituições de atendimento à infância. (PASCHOAL & MACHADO, 2009, p.6) 
Um marco da educação no Brasil foi a publicação, em 1929, do livro de Lourenço 
Filho, Introdução ao Estudo da Escola Nova e em 1932 surgiu o Manifesto dos 
Pioneiros da Escola Nova, que defendia: 
(...) a educação como função pública, a existência de uma escola única e da 
coeducação de meninos e meninas, a necessidade de um ensino ativo nas salas de 
aula e de o ensino elementar ser laico, gratuito e obrigatório. As intervenções 
educacionais propostas seriam parte de um processo de luta pela cultura 
historicamente elaborada. (OLIVEIRA, 2011, p. 98) 
Entretanto, as renovações de caráter pedagógico foram direcionadas 
prioritariamente para as crianças das classes sociais mais abastadas, enquanto as 
ações voltadas para as classes populares ainda apresentavam um cunho sanitarista 
e assistencialista. Esse fato se devia, em parte, ao crescimento desordenado das 
cidades, que sem infraestrutura, colocavam a saúde da população em risco. Assim, 
as creches foram vistas como uma forma de remediar as condições insalubres da 
população, e visavam o cuidado e a diminuição das taxas de mortalidade. 
Na década de 1930, na qual teve início o governo de Getúlio Vargas, algumas 
reivindicações trabalhistas foram regulamentadas na Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT/ 1943). E, ainda na década de 40, mantiveram-se ações higienistas e 
filantrópicasna educação das crianças pequenas. 
As creches foram planejadas para manter a saúde das crianças e eram de caráter 
assistencial e, muitas vezes religioso, o que privilegiava ações de educação moral e 
criação de bons hábitos. 
Um fato curioso é que o Departamento Nacional da Criança era parte, em 1942, do 
Ministério da Educação e Saúde. (OLIVEIRA, 2011, p.101) 
Apenas no ano de 1960, no entanto, ocorreu uma novidade importante, que foi a Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1961, Lei 4024/61, que incluía os 
jardins de infância no sistema de ensino. Atendendo, assim, aos desejos populares 
por uma educação de qualidade e que privilegiasse também aspectos cognitivos, 
além dos cuidados e formação de hábitos. 
Todavia, durante a ditadura militar, as concepções sobre a educação infantil pouco 
evoluíram e o caráter assistencialista e sanitarista prevaleceu. As teorias de 
educação compensatória e privação cultural tomaram toda força. 
Na década de 70, teorias elaboradas nos Estados Unidos e na Europa sustentavam 
que as crianças das camadas sociais mais pobres sofriam de privação cultural e eram 
invocadas para explicar o fracasso escolar delas. Conceitos como carência e 
marginalização cultural e educação compensatória foram então adotados, sem que 
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houvesse uma reflexão crítica mais aprofundada sobre as raízes estruturais dos 
problemas sociais. Isso passou a influenciar também nas decisões de políticas de 
educação infantil (OLIVEIRA, 2011, p. 109) 
Nessa perspectiva, a educação para crianças pobres ficou restrita a uma ideia de 
compensar carências e remediar a condição socioeconômica das mesmas. Assim, a 
educação infantil manteve um cunho prioritariamente assistencialista e 
preparatório para a alfabetização. Entretanto, a expansão da rede de jardins de 
infância particulares, movimentada pelas camadas médias da população, possuíam 
um caráter diferenciado e cultivavam o ideário de desenvolvimento global das 
crianças. 
Na segunda metade dos anos 70 observa-se um embate entre dois ideários 
educativos para educação infantil, um de cunho assistencialista e outro de cunho 
educativo. Todavia, a população trabalhadora e marginalizada reivindicou um tipo 
de educação almejada pelas classes mais abastadas. E já no fim da ditadura militar, a 
população entendia a creche como um direito, que deveria ser propiciado pelo 
Estado. 
No início da década de 80, as teorias de educação compensatória e privação cultural 
passaram a ser questionadas e combatidas. Observou-se que tais teorias 
contribuíam mais para marginalizar os alunos do que para educá-los ou incluí-los 
em status quo dominante. As funções da creche e da pré-escola tomaram novamente 
o foco, provocando reflexões no sentido do desenvolvimento das crianças, tanto no 
aspecto cognitivo como no linguístico. Tais embates foram extremamente 
importantes e significativos e: 
(...) somadas a pressões de movimentos feministas e de movimentos sociais de luta 
por creches, possibilitaram a conquista, na Constituição de 1988, do 
reconhecimento da educação em creches e pré-escolas como um direito da criança e 
um dever do Estado a ser cumprido nos sistemas de ensino. (OLIVEIRA, 2011, p.115) 
A Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nova LDB, Lei 9394/96, complementa 
a Constituição e define a educação infantil como etapa da educação básica. As 
Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil (Parecer CNE/CEB nº 22/98 e 
Resolução CNE/CEB nº 01/99) defendem um novo paradigma de educação infantil, 
distante das concepções assistencialistas ou compensatórias. Defendem a educação 
infantil como um direito de toda criança a uma educação de qualidade, além de 
definir qual é essa qualidade, elegendo como princípios norteadores: 
I – As Propostas Pedagógicas das Instituições de Educação Infantil devem 
respeitar os seguintes Fundamentos Norteadores: 
a) Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e 
do Respeito ao Bem Comum; 
b) Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do Exercício da 
Criticidade e do Respeito à Ordem Democrática; 
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c) Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade e da 
Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais. 
Os documentos das Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil têm uma 
importância ímpar na nossa história, pois reúnem, em sua elaboração, inúmeros 
grupos sociais que lutaram por uma educação infantil de qualidade. Esse 
documento, fruto de um debate com a sociedade civil, contempla a consolidação de 
uma educação infantil que tenha um caráter prioritariamente educativo na 
formação das crianças em idade pré-escolar, expulsando concepções sanitaristas ou 
assistencialistas, e dando lugar a uma educação infantil consolidada como direito. 
Nesse tema você estudou a história da educação infantil no Brasil, desde meados do 
século XIX até os dias de hoje. A principal transformação nesse período é que a 
educação infantil deixa de ser entendida como um privilégio e passa a ser um direito. 
A educação infantil para as crianças pobres passou por várias concepções, como a de 
uma educação compensatória e assistencialista para um direito subjetivo. Assim, é 
possível observar no texto das Diretrizes para a Educação Infantil que aspirações da 
sociedade civil foram incorporadas ao ideário de como devem ser as creches e pré-
escolas, marcadas por concepções democráticas de uma infância cidadã. 
 
 
Roda dos Expostos: espécie de roda de madeira, utilizada para abandonar 
anonimamente crianças. Tais crianças abandonadas passavam a ser cuidadas pela 
instituição receptora, geralmente um hospital, ou um convento. As crianças 
abandonadas eram disponibilizadas para adoção. Conhecida também como “Roda 
dos Enjeitados”. 
Anarquistas: defendem a ideia de propriedade coletiva, autogestão dos 
trabalhadores e extinção do Estado. Para os anarquistas, a sociedade estaria 
fundamentada na liberdade individual e no respeito mútuo. 
Socialistas: defendem a abolição das classes sociais e divisão igualitária das riquezas 
produzidas socialmente. Essa transformação deve ser mediada pelo Estado. 
Educação compensatória: a escola deve oferecer experiências compensatórias do 
défcit cultural dos alunos, no período anterior ao ensino fundamental, para que as 
mesmas não fracassem na escolarização inicial. A função da pré-escola seria a de 
compensar carências, especialmente nas classes desfavorecidas, a fim de promover 
o sucesso escolar. 
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Privação cultural: concepção de que existe um modelo universal de criança que deve 
ser alcançado. Esse modelo é baseado em valores das classes economicamente 
privilegiadas e, entende-se que as outras crianças, fora desse padrão, devem adquirir 
essa cultura, especialmente para ter sucesso escolar. 
Parco: é o mesmo que minguado, escasso, pouco, raro. 
Nefastas: palavra que vem do adjetivo nefasto. É o mesmo que péssimo, nocivo, 
prejudicial, maligno, trágico, sinistro. 
 
 
As expectativas em torno da infância são diferenciadas e definidas culturalmente. 
Para observar tal diferenciação, basta atentar para as diversas culturas ao redor do 
mundo. Por exemplo, na Índia, a estratificação social, imposta pelo sistema de 
castas, define a posição social e a profissão que os indivíduos pertencentes a 
determinada casta irão ocupar. 
Tanto as ocupações nobres, quanto as ocupaçõessem prestígio, são determinadas 
pelo nascimento. Dessa forma, embora a constituição da Índia não reconheça o 
sistema de castas e não o legitime, as práticas sociais de determinação das castas 
estão tão arraigadas, que definem, independentemente do desenvolvimento ou 
capacidade de uma criança, a posição que ocupará na sociedade. 
O contexto histórico cultural pode impor determinadas condições e perpetuá-las, 
tanto no que se refere à educação quanto no que se refere aos costumes e anseios 
sociais. É imprescindível refletir sobre as determinações sociais para os anseios 
referentes à educação e as diferenças que incorrem em todo o mundo em relação ao 
acesso a mesma. Em muitos casos as crianças possuem famílias atenciosas e 
preocupadas com a sua formação, são acompanhadas por profissionais habilitados 
e frequentam instituições de ensino com ótima infraestrutura, por outro lado 
muitas crianças vivem em condições de miséria extrema, em meio a conflitos 
bélicos, ou ainda têm seus direitos básicos desrespeitados por maus tratos, trabalho 
escravo, trabalho infantil etc. 
Certamente as condições sociais afetam positivamente ou negativamente na 
educação das crianças. Além das condições materiais, é de fundamental importância 
considerar a seguinte questão: o que define, em cada cultura, como as crianças 
devem ser educadas? Para responder a essa questão é importante considerar o 
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estudo do desenvolvimento infantil não deve ocorrer apartado das condições 
históricas, econômicas e culturais das sociedades. 
Oliveira (2011) defende a ideia de que as teorias psicológicas, isoladamente do 
contexto social e cultural, não são suficientes para dar conta de questões 
pedagógicas no interior de creches e pré-escolas. Valores sociais e experiências 
pragmáticas são fundamentais no momento de estruturar o atendimento para as 
crianças. Assim, o educador deve relacionar as teorias sobre o desenvolvimento 
infantil às experiências oferecidas dentro das escolas enquanto um recurso que 
deverá impulsionar o desenvolvimento e a aprendizagem infantil. 
A concretização de boas propostas pedagógicas para o ensino infantil, segundo 
Oliveira (2011), inicia-se pela consideração de que os professores da Educação 
infantil apropriam-se de modelos pedagógicos e de representações sociais, 
apreendidos em sua formação profissional. 
Esses professores, a partir das suas concepções, adquiridos a partir de modelos 
vivenciados enquanto alunos ou fundamentados em suas experiências de vida, 
serão fatores canalizadores para a construção de suas práticas de ensino. Não 
havendo uma visão crítica reflexiva sobre a sua prática. 
A herança cultural do professor exerce influência diretamente proporcional às suas 
práticas atuais, o seu fazer, o seu entender didático, são herdados de suas 
representações pelas quais foram construídas ao longo do seu desenvolvimento, 
influenciados pelas práticas educativas das famílias e ou escolas e desta maneira, 
produz e reproduz fazeres pedagógicos enraizados pelo seu contexto sócio histórico. 
Práticas educativas são ações contínuas habituais realizadas pelos membros mais 
velhos da família da criança, propiciando a construção de saberes e a compreensão 
sobre a vida. Esses modelos servem de referencias e esculpem marcas valores 
pessoais. 
Tais práticas, segundo Szymanski (2003), envolvem conhecimentos não 
sistematizados, que representam aprendizados sociais transmitidos de geração a 
geração, carregados de ideologias com sentido de preparar suas crianças para a vida. 
A família, historicamente, segundo Oliveira (2011), tem sido considerada como 
ambiente ideal para o desenvolvimento e a educação das crianças, sendo de sua 
responsabilidade a educação de seus filhos. Posição que é defendida por alguns 
sistemas educacionais. 
A concepção de família, vista como nuclear típica da burguesia, em que o pai era o 
único provedor, foi substituída por outras formas de arranjo familiar em muitos 
lares em que a mãe assume papel principal de mantenedora, sendo responsável pela 
situação econômica e pela educação dos filhos. Na contemporaneidade, o conceito 
básico de família foi adaptado por novas posições e composições sociais e, cada vez 
mais, são comuns: famílias monoparentais, compostas por uniões informais, uniões 
homossexuais, homoafetivas, ampliada comunitárias etc. 
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De acordo com Oliveira (2011) para trabalhar de modo produtivo, a instituição de 
ensino infantil deve considerar esses novos modelos de famílias e valorizando a 
aproximação entre escola e família e não podendo haver entre ambas o sentimento 
de competição ou momentos para recíprocas acusações. 
Nos dias atuais, a escola infantil tem o papel de ensinar a criança a conviver em 
diferentes contextos, o respeitar, a liberdade e a responsabilidade. Segundo Oliveira 
(2011), a construção da proposta pedagógica para o ensino infantil deve levar em 
conta o elemento mediador fundamental entre a realização cotidiana e social da 
criança. 
As escolas devem elaborar suas propostas Pedagógicas, tendo como fundamento o 
desenvolvimento infantil de suas crianças, vendo-as como seres sociais que 
interagem com seu meio, aprendem e trazem conhecimentos. Para a construção e 
concretização de um currículo, deve-se levar em consideração as influências das 
interações para a formação da inteligência da criança. 
As concepções sobre o biologismo ou inatismo ainda estão presentes na Educação 
infantil, subsidiando a concepção de que ao nascer a criança possui certas aptidões 
preexistentes à vida social e que se manifestam à medida que a maturação biológica 
evolui. Segundo Seber (1995), para o inatismo o processo de desenvolvimento da 
criança é comparado ao crescimento de uma planta, que precisa ser regada para o 
seu desenvolvimento, ou seja, a aquisição do conhecimento desabrocha sem as 
interferências externas, nesta concepção o mais importante era a necessidade de 
uma boa alimentação para a criança e o seu bem-estar. 
Nessa visão, o aprendizado surge com a idade, sendo construída na medida em que 
o tempo passa, portanto maturação dependendo da idade da idade do indivíduo, 
sendo desconsideradas as influências das interações sociais e ambientais, 
dependendo assim apenas de fatores hereditários, ou seja, a aptidão nasce com a 
criança. 
 
Teoria Construtivista 
A concepção sobre o construtivismo, defendida pelo psicólogo suíço Jean Piaget 
(1896-1980), influenciou muitos seguidores como Emília Ferreira e um dos maiores 
estudiosos, no Brasil, temos o Dr. Lino de Macedo. 
Denominada por Teoria Epistemológica Genética, por Piaget, defende que a 
aprendizagem ocorre de acordo com o percurso evolutivo composto por diferentes 
estágios. Considerando os fatores de maturação e transmissão sociais, além da 
participação ativa da criança como processo de desenvolvimento. 
Contrapondo a visão do inatismo, essa teoria defende que a criança ao nascer não 
traz hereditariamente formas prontas de conhecimentos, pois essas são moldadas 
pelo condicionamento e reforços proveniente do mundo ao seu redor. 
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O conhecimento é construído e influenciado pelas interações com o meio, mas para 
que ocorra a aprendizagem é necessária a intervenção do conteúdo biológico tendo 
como premissa de só ocorrer o aprendizado se há um organismo dotado de estrutura 
orgânica e funcionando de maneira integrada. 
A criança aprende como meio em que vive, abstraindo as transmissões educativas, 
extrai suas experiências de acordo com o seu nível de entendimento e a suas ideias 
são modificadas à medida que seus conhecimentos são construídos. 
Teoria Sociointeracionista 
Para Vygotsky, citado por Oliveira (2001), o desenvolvimento é a integração do 
homem enquanto ser biológico e social enquanto membro da espécie humana e 
participante de um processo, sua teoria foi fundamentada em três pilares básicos: 
1. As funções psicológicas têm suporte biológico, pois são produtos da 
atividade cerebral; 
2. Funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre o 
indivíduo e o mundo exterior, as quais se desenvolvem num processo 
histórico; 
3. Relação homem/mundo é uma relação mediada por sistemas simbólicos 
(OLIVEIRA, 2001, p. 23). 
Para Oliveira (2001), o cérebro é um sistema aberto que possui plasticidade e sua 
estrutura e modos de funcionamento são moldados ao longo de sua história da 
espécie e desenvolvimento individual. 
Sendo o homem, um ser biológico transforma-se em ser sócio-histórico a partir das 
suas relações sociais num processo em que a cultura é parte essencial da constituição 
da natureza humana, sendo a cultura essencial para constituição da natureza 
humana. As relações ocorrem por meio da mediação de sistemas simbólicos, sendo 
esses elementos intermediários entre relação homem-mundo. 
Na concepção de Vygotsky, o homem como ser biológico possui funções psicológicas 
superiores ou processos mentais superiores, considerados como mecanismos 
psicológicos mais complexos e são inerentes ao ser humano, que lhe garante a 
capacidade do homem de imaginar, de pensar em objetos ausentes e de tomar 
decisões. Enquanto os mecanismos elementares representam as ações reflexas ou 
reações automáticas, por exemplo, sucção do seio materno, reações automatizadas 
como o movimento da cabeça em direção ao som, ou processo de associação simples 
entre eventos, como evitar colocar a mão na chapa quente. 
Para Vygostky, citado por Oliveira (2001), o fundamento do funcionamento 
psicológico tipicamente humano é cultural, ou seja, histórico, sendo mediado via 
instrumentos, signos e todo elemento utilizado pelo homem com significado 
cultural, defendia o convívio de crianças com diferentes níveis de aprendizagens, 
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para que as mais adiantadas auxiliem as com maiores dificuldades e propõe dois 
níveis de desenvolvimento proximal: real e potencial. 
Nível de desenvolvimento real: é a plena capacidade da criança em realizar tarefas 
sozinha, representando as etapas alcançadas, por exemplo: aprender a sentar, a 
falar, a andar, amarrar sapatos, etc. 
Nível de desenvolvimento potencial: é a capacidade da criança de desempenhar 
tarefas com o auxílio de adultos ou de assistências de outras crianças dependendo 
do seu nível de desenvolvimento caracterizado e respeitando o momento ou etapas 
já alcançadas. Cada etapa anterior é suporte para que as posteriores ocorram. O 
desenvolvimento individual é transformado por meio das interações com o meio 
social, ou seja, pela relação com o outro. 
Em sala de aula, a aplicação dos conceitos sobre Níveis ou Zonas de Desenvolvimento 
Real e Potencial, também chamada de proximal, contribuem para que o aprendizado 
possa ocorrer de maneira mais produtiva. O professor deverá investigar o que o 
aluno já sabe fazer sozinho, ou seja, quais são as habilidades que necessárias para 
desenvolver certa tarefa, como calcular o resultado de uma adição envolvendo 
números naturais. O saber somar números naturais é um conhecimento prévio, que 
representa a zona de desenvolvimento Real. O próximo passo é construir “novos” a 
partir dos conhecimentos já construídos, como por exemplo: calcular o resultado de 
uma multiplicação, para realizar os cálculos envolvendo a multiplicação se faz 
necessário que os alunos já dominem esta habilidade de somar, para avançarem para 
etapa seguinte que é multiplicar. Dessa maneira, o professor propicia a passagem de 
uma Zona de desenvolvimento Potencial para a Real. 
• Saber Somar: zona de desenvolvimento Real. 
• Ensinar Multiplicar: zona de desenvolvimento Potencial. 
• Saber Multiplicar: zona de desenvolvimento Real 
O papel do professor é o de propiciar situações de aprendizagens em que o aluno 
possa avançar em sua compreensão de mundo a partir de seu estágio de 
desenvolvimento já consolidado para etapas não alcançadas por meio de 
procedimentos sistematizados como instruções, demonstrações etc. 
A teoria de Henri Wallon 
Na teoria waloniana, o desenvolvimento da criança não ocorre pelos avanços nas 
etapas alcançadas, sempre no mesmo sentido, mas apresenta oscilações por meio de 
mecanismos e manifestações antecipadas, retornos e retrocessos. 
De acordo com Galvão (2000), Wallon admite o organismo como primeira condição 
para o pensamento, fundamentado na premissa de que toda função psíquica supõe 
um equipamento orgânico, mas não lhe constitui como um razão eficiente, pois já 
que o objeto da ação vem do exterior, o homem é indissociavelmente biológico e 
social, uma somatória da matéria viva e consciência e defende a psicologia dialética. 
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Wallon (apud GALVÃO, 2000) defende o estudo do ser humano de forma integrada 
envolvendo os vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil: 
a afetividade, motricidade e a inteligência, portanto o homem é geneticamente 
social. 
Segundo Galvão (2000), Wallon concebe o desenvolvimento como uma construção 
progressiva que sucedem fases com predominâncias afetivas e cognitivas. 
Propondo cinco estágios da psicogênese que são: Estágio Impulsivo, Sensóriomotor 
e projetivo, Estágio do personalismo, Estágio Categorial e do Estágio da 
Adolescência. 
• Estágio impulsivo-emocional: ocorre no primeiro ano de vida, a emoção é o 
instrumento interação entre a criança e o meio, a afetividade orienta as 
primeiras reações das crianças com as pessoas, intermediando a relação com 
o mundo físico, este estágio consiste na preparação das condições sensório-
motoras, ou seja, no olhar, pegar e andar. 
• Estágio Sensório-motor e projetivo: vai até o terceiro ano, neste estágio, o 
interesse da criança se volta para a exploração sensório-motora do mundo 
físico, tendo maior facilidade de locomoção e de preensão, consegue 
manipular e explorar os objetos. Além dessas habilidades, também há o 
desenvolvimento da função simbólica e da linguagem caracterizado pelo 
funcionamento mental. Nesse período, o pensamento necessita do auxílio dos 
gestos para exteriorizar, ou seja, o ato motor projeta-se em atos motores. 
• Estágio do personalismo: envolve a faixa etária dos três aos seis, e é 
representado pelo processo de formação da personalidade que construída 
através das relações de interações sociais, definindo o retorno da 
predominância das relações afetivas. 
• Estágio categorial: inicia-se aos seis anos, ocorre após a consolidação do 
estágio do personalismo, propiciando os avanços para os aspectos cognitivos. 
Nesse estágio, os progressos intelectuais despertam o interesse das crianças 
para o conhecimento e conquistas com o meio. 
• Estágio da Adolescência: marcada pela crise puberitária representa o 
rompimento da tranquilidade afetiva que caracterizou o estágio categorial. A 
personalidade do adolescente é desestruturada devida às modificações 
corporais resultantes da ação hormonal e de conflitos pessoais, morais e de 
existência numa retomada da predominância afetiva. 
A afetividade é uma característica inerente ao ser humano de sentir sensações de 
bem-estar ou mal-estar que podemser divididos em: emoção, sentimento e paixão. 
A emoção representa a primeira expressão da afetividade, sendo esta de caráter 
cognitivo a paixão e autocontrole de um dos objetivos. 
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Para Wallon (apud GALVÃO, 2000), a escola deve promover a formação tendo em 
vista os fatores emocionais afetivos e sociais da criança, pois o desenvolvimento 
intelectual envolve muito mais do que o cérebro. 
Atividades pedagógicas devem ser trabalhadas de formas diversificadas, por 
exemplo: durante a narração de uma história, as crianças podem fazer imitações, 
dançar etc. 
A atividade não se resume em apresentação de um conteúdo, mas, nesse contexto, 
auxilia a criança a conhecer o outro, favorecendo uma prática de melhor qualidade, 
tanto em seu processo como resultado. 
 
 
Concepção: no âmbito da psicologia, concepção indica a noção geral ou capacidade 
de entender ou criar uma ideia. 
Desenvolvimento Infantil: consiste na sequência ordenada ou transformações 
progressivas. 
Teoria: significa o conjunto de princípios fundamentais para uma arte ou ciência. 
Aspectos Cognitivos: é o ato ou processo da construção do conhecimento. 
Proposta Pedagógica: documento que tem por objetivo nortear ou orientar o projeto 
pedagógico de uma instituição de ensino. 
 
 
Brincar é uma ação tipicamente humana. Brincamos com nosso corpo quando 
somos bebês, brincamos utilizando a imaginação quando somos crianças pequenas, 
brincamos com os outros, o que facilita o processo de socialização e, 
consequentemente, de humanização, a partir de nossa infância, brincamos e 
jogamos quando somos adultos. 
Isso porque brincar associa-se diretamente ao divertimento, a alegria, a um estado 
de prazer que nos conduz a um sentimento de bem-estar. Sabe-se que em 
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determinados momentos da história da humanidade o brincar foi condenado 
exatamente por gerar essas boas sensações. Foi considerado pecado e também 
atividade que distanciava o homem do trabalho, tornando-o menos produtivo. No 
entanto, atualmente as atividades lúdicas são entendidas como positivas, 
exatamente por oportunizarem ao homem momentos de descargas de tensões 
profissionais e/ou emocionais, presentes no cotidiano dos membros das sociedades 
contemporâneas. 
Com as crianças a ludicidade é mais aceita. A nova concepção de infância emanada 
com a modernidade aproxima o brincar das crianças e, consequentemente, de todas 
as suas atividades, com as escolares. Introduzir a brincadeira no contexto escolar 
significava ensinar olhando para o aprendiz, valorizando as características, a 
maneira de organizar as ideias, de pensar daquele que aprende. 
O brincar e a educação casam-se e, o brincar passa a ser percebido como algo sério, 
pois ao mesmo tempo em que proporciona divertimento e prazer, exige, por parte do 
adulto, uma atitude comprometida com o ensino. 
Este texto busca apresentar a você, questões relativas à importância do brincar para 
o desenvolvimento infantil: a construção do pensamento; o desenvolvimento da 
imaginação e da criatividade; o desenvolvimento da motricidade. Cabe a você 
refletir sobre estas informações e, futuramente aplicá-las em sua atividade 
profissional. 
 
Brincadeira é coisa séria 
A construção do pensamento infantil, desenvolvimento da criatividade, da 
imaginação e da motricidade 
Jean Piaget, conceituado teórico da psicologia do desenvolvimento e da 
aprendizagem, aludiu que todos os homens nascem com capacidade para 
desenvolver a inteligência, bem como, com reflexos. Deste modo, o homem inicia 
seu desenvolvimento cognitivo no momento do nascimento, quando seus reflexos 
(elementos inatos) são externalizados e unidos às informações do mundo, formando 
os primeiros Esquemas Cognitivos. 
O esquema cognitivo pode ser definido como: 
 “uma unidade estrutural básica do pensamento ou de ação e que corresponde, de 
certa maneira, à estrutura biológica que muda e que se adapta” (RAPPAPORT, 1981, 
p 59). 
Neste sentido, as informações decorrentes, em um primeiro momento, dos reflexos 
inatos vão sendo internalizadas na mente, quando o bebê busca adaptar-se ao 
mundo em que está inserido. Esse processo é contínuo por toda a vida, no entanto, 
os saberes reflexos vão se transformando em saberes internalizados 
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(conhecimento), ampliando consideravelmente os elementos presentes nos 
esquemas. 
Para Piaget, a inteligência se desenvolve quando o ser humano busca adaptar-se ao 
ambiente, ou seja, equilibrar-se. 
O homem diante de algo novo capta a informação, por meio da percepção sensorial, 
e a conduz para os esquemas, onde ocorrerá uma verificação intelectual. 
 - É a mente averiguando se a informação captada pelos sentidos é conhecida ou 
é nova à mente. Esse processo é nomeado por assimilação. 
 - Após a averiguação, se constatado que a informação é nova, o esquema 
existente será alterado, ou mesmo, será instituído um esquema novo. Sendo esse o 
processo de acomodação. 
 - Deste modo, após assimilar a informação e acomodá-la (incorporá-la a um 
esquema existente ou instituir um novo esquema), efetiva-se o processo de 
equilibração. 
Ao equilibrar-se o homem automaticamente construiu conhecimento e 
desenvolveu a inteligência. Deste modo: 
 
O processo de equilibração é dinâmico, pois no momento em que um elemento é 
internalizado pelo homem, portanto, equilibrado, novos problemas aparecem, 
novas situações de desequilíbrio são geradas. A busca constante por equilibrar-se é 
que faz o homem desenvolver-se cognitivamente e por consequência aprender. 
Piaget destaca que ao longo da vida existem formas diferentes de interagir com o 
ambiente. O processo de equilibração progressivo parte da organização de esquemas 
reflexos, tendo como ponto final a conquista das operações formais. 
Deste modo, Piaget organiza o desenvolvimento humano em etapas nomeadas por 
ele de: 
• sensório-motora; 
• pré-operatória; 
• operatória-concreta; e 
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• operatória-formal. 
O jogo/brincadeira assume um papel fundamental nesse processo de 
desenvolvimento e aprendizagem, pois impulsiona o homem a buscar a solução das 
situações postas pela referida atividade, intervindo diretamente no processo de 
equilibração. 
Segundo o autor, 
“o ato de inteligência culmina num equilíbrio entre assimilação e acomodação”, 
sendo que a imitação, atividade infantil aprendida e não instintiva ou hereditária, 
age sobre a acomodação, já o “jogo é essencialmente assimilação, ou assimilação 
predominando sobre a acomodação” (PIAGET, 1990, p 115). 
Nesse sentido, promover a imitação e o jogo na infância só pode contribuir com o 
desenvolvimento e a aprendizagem do homem. 
Na concepção piagetiana, o jogo surge no período sensório-motor, que corresponde 
a faixa etária de 0 a 2 anos, quando as ações da criança sobre os objetos acontecem 
por prazer funcional. Nesse período ela utiliza esquemas já conhecidos com a 
intenção de repetir a ação que lhe deu prazer. Apresentando seriedade e atenção em 
suas ações, ela assimila e acomoda a realidade à sua volta e vai, pouco a pouco, 
executando ações mentais, produzindo e reproduzindo esquemas que darão início 
às suas primeiras manifestações lúdicas que

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