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Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com AVISO 1 Para criar esta apostila, usei referências confiáveis, como artigos científicos e livros. Além disso, fiz uma curadoria, reunindo os melhores conteúdos disponíveis de uma forma que seja de fácil entendimento. É importante ressaltar que esta apostila não tem o objetivo de substituir o conteúdo de livros da área, e sim resumir, esquematizar e simplificar o conteúdo de forma que facilite seu estudo. AVISO 2 Esta apostila é pessoal e intransferível. É expressamente PROIBIDO colocá-la em qualquer site de compartilhamento de arquivos, redes sociais ou disponibilizá-la sem autorização prévia. Faço monitoramento contínuo desses sites na internet e redes sociais e, caso eu a encontre indevidamente disponibilizada, TOMAREI AS MEDIDAS LEGAIS CABÍVEIS contra o autor da violação. Pirataria é crime. AUTOR Brunno Câmara - Biomédico, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (área de concentração: virologia). Coordenador e docente do curso de pós-graduação em Hematologia e Hemoterapia da AGD Cursos. Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast. E-mail: blogbiomedicinapadrao@gmail.com Site: www.biomedicinapadrao.com.br Instagram: www.instagram.com/brunnocamara Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com mailto:blogbiomedicinapadrao@gmail.com http://www.biomedicinapadrao.com.br/ http://www.instagram.com/brunnocamara SUMÁRIO 1. ANEMIA ....................................................................................................... 3 1.1. Classificação ............................................................................................ 3 1.2. Manifestações Clínicas Gerais de Anemia .............................................. 4 1.3. Exames Laboratoriais .............................................................................. 6 2. ANEMIA FERROPRIVA .............................................................................. 7 2.1. Manifestações Clínicas ............................................................................ 7 2.2. Exames Laboratoriais .............................................................................. 8 2.3. Tratamento .............................................................................................. 9 3. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA .................................................................... 9 3.1. Fisiopatologia ........................................................................................... 9 3.2. Principais Causas .................................................................................. 10 3.3. Manifestações Clínicas .......................................................................... 10 3.4. Exames Laboratoriais ............................................................................ 11 3.5. Algoritmo para Investigação .................................................................. 12 3.6. Tratamento ............................................................................................ 13 3.7. Outras Causas de Macrocitose .............................................................. 13 4. ANEMIA DE DOENÇA CRÔNICA ............................................................. 13 4.1. Fisiopatologia ......................................................................................... 13 4.2. Manifestações Clínicas .......................................................................... 14 4.3. Exames Laboratoriais ............................................................................ 14 4.4. Tratamento ............................................................................................ 15 5. ANEMIAS HEMOLÍTICAS ......................................................................... 16 5.1. Principais Causas .................................................................................. 16 5.2. Manifestações Clínicas .......................................................................... 17 5.3. Exames Laboratoriais ............................................................................ 18 5.4. Parâmetros laboratoriais de hemólise.................................................... 18 5.5. Metabolismo da Hemoglobina e Bilirrubina ............................................ 19 5.6. Hemólise ................................................................................................ 20 6. ANEMIA FALCIFORME ............................................................................ 21 6.1. Fisiopatologia ......................................................................................... 21 6.2. Manifestações Clínicas .......................................................................... 22 6.3. Exames Laboratoriais ............................................................................ 23 6.4. Tratamento ............................................................................................ 25 7. TALASSEMIAS ......................................................................................... 26 7.1. β-talassemia maior ................................................................................ 26 7.2. α-talassemia .......................................................................................... 27 7.3. Manifestações Clínicas .......................................................................... 27 7.4. Exames Laboratoriais ............................................................................ 28 7.5. Tratamento ............................................................................................ 30 8. DEFICIÊNCIA DE G6PD ........................................................................... 31 8.1. Fisiopatologia ......................................................................................... 31 8.2. Manifestações Clínicas .......................................................................... 31 8.3. Exames Laboratoriais ............................................................................ 32 8.4. Tratamento ............................................................................................ 32 9. DEFICIÊNCIA DE PIRUVATO QUINASE ................................................. 32 9.1. Fisiopatologia ......................................................................................... 33 9.2. Manifestações Clínicas .......................................................................... 33 9.3. Exames Laboratoriais ............................................................................ 33 Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com 9.4. Tratamento ............................................................................................ 34 10. ELIPTOCITOSE HEREDITÁRIA ............................................................... 34 10.1. Fisiopatologia ......................................................................................... 34 10.2. Manifestações Clínicas .......................................................................... 34 10.3. Exames Laboratoriais ............................................................................ 35 10.4. Tratamento ............................................................................................ 36 11. ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA ............................................................. 36 11.1. Fisiopatologia ......................................................................................... 36 11.2. Manifestações Clínicas .......................................................................... 36 11.3. Exames Laboratoriais............................................................................ 37 11.4. Tratamento ............................................................................................ 38 12. ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE (AHAI) ........................................... 38 12.1. AHAI por Anticorpos Quentes ................................................................ 38 12.2. AHAI por Anticorpos Frios ..................................................................... 39 12.3. Manifestações clínicas ........................................................................... 39 12.4. Exames Laboratoriais ............................................................................ 39 13. HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA (HPN) .......................... 41 13.1. Fisiopatologia ......................................................................................... 41 13.2. Manifestações Clínicas .......................................................................... 42 13.3. Exames Laboratoriais ............................................................................ 43 13.4. Tratamento ............................................................................................ 43 14. ALTERAÇÕES ERITROCITÁRIAS APÓS ESPLENECTOMIA ................ 44 15. ANEMIA APLÁSTICA ............................................................................... 46 15.1. Fisiopatologia ......................................................................................... 47 15.2. Principais Causas .................................................................................. 47 15.3. Manifestações Clínicas .......................................................................... 47 15.4. Exames Laboratoriais ............................................................................ 48 15.5. Tratamento ............................................................................................ 49 16. INVESTIGAÇÃO DE PANCITOPENIA ...................................................... 51 17. FLUXOGRAMA GERAL DE ANEMIA ....................................................... 52 18. LINKS ÚTEIS ............................................................................................. 53 19. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 54 Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 3 1. ANEMIA Segundo a OMS, a anemia pode ser definida como sendo a diminuição dos níveis de hemoglobina, e consequentemente do hematócrito e quantidade de hemácias. 1.1. Classificação Anemias relacionadas a doenças nas células progenitoras da medula óssea: ► Anemia aplástica ► Síndrome mielodisplásica (SMD) ► Hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) Anemias por deficiência na síntese de hemoglobina (hipocrômicas): ► Anemia por deficiência de ferro ► Talassemia ► Anemia de doença crônica Anemias por deficiência na síntese de DNA (megaloblástica): ► Deficiência de ácido fólico ► Deficiência de vitamina B12 Anemias hemolíticas hereditárias: ► Talassemias ► Anemia falciforme ► Esferocitose e eliptocitose hereditária ► Deficiência de G6PD ► Deficiência de piruvato quinase Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 4 Anemias hemolíticas adquiridas: ► Autoimune ► Aloimune ► Relacionada a drogas ► Microangiopática ► HPN Anemias por perda sanguínea: ► Sangramentos agudos ► Sangramentos crônicos ► Infecções parasitárias Anemia por infiltração na medula óssea: ► Leucemias ► Linfomas ► Mieloma múltiplo ► Metástase de tumores sólidos 1.2. Manifestações Clínicas Gerais de Anemia ► Palidez das membranas mucosas, unha e conjuntiva ► Fraqueza ► Cansaço ► Perda de concentração ► Dor de cabeça ► Dispneia ► Taquicardia e palpitações Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 5 Foto: James Heilman. Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0) Hipóxia e mecanismos compensatórios levam às manifestações de anemia, como dispneia e taquicardia. Paciente com anemia apresentando palidez Indivíduo sem anemia Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 6 1.3. Exames Laboratoriais Exames laboratoriais mais utilizados na investigação da causa da anemia: ► Hemograma ► Contagem de reticulócitos ► Testes de função hepática ► Testes de função renal ► Eletroforese de proteínas ► Eletroforese de hemoglobinas ► Status do ferro (ferro sérico, ferritina, IST) ► Bilirrubina, HDL e haptoglobina ► Vitamina B12 e ácido fólico ► Sorologia viral ► Teste de Coombs ► Eritropoetina sérica Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 7 2. ANEMIA FERROPRIVA A deficiência de ferro é a principal causa de anemia, especialmente em crianças e mulheres em idade fértil. Nesse tipo de anemia, a necessidade de ferro é maior do que a oferta, resultando em problemas na produção da hemoglobina. Outro problema é a perda crônica de sangue, por exemplo num caso de hemorragia no trato gastrointestinal (TGI), que ao longo do tempo leva a depleção dos níveis de ferro do organismo. Os eritrócitos ficam pequenos (microcitose) devido à menor quantidade de hemoglobina em seu interior (hipocromia). 2.1. Manifestações Clínicas ► Manifestações gerais de anemia (tópico 1.2) ► Coiloníquia (unha em forma de colher) ► Atrofia da língua, faringe e esôfago ► Disfagia ► Ingesta insuficiente ► Absorção defeituosa ► Aumento da necessidade pelo organismo ► Perda sanguínea ► Infecções, principalmente as parasitárias Principais causas de deficiência de ferro Foto: Corey Heitz (CC BY-SA 2.0) Vídeo: Absorção do ferro (clique ou leia o QR code) Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com https://www.youtube.com/watch?v=3tRTAmRbb1M P á g i n a | 8 2.2. Exames Laboratoriais ► Hemograma: anemia microcítica e hipocrômica, com ou sem anisocitose. Lâmina de sangue periférico de paciente com anemia ferropriva em estágio avançado. Anemia microcítica (VCM: 55 fL) e hipocrômica, com anisocitose. Foto: Ed Uthman (CC BY-SA 2.0) ► Ferro sérico: diminuído ► Ferritina: diminuída ► Transferrina: aumentada ► Saturação da transferrina: diminuída ► Capacidade total de ligação ao ferro: aumentado ► Receptor da transferrina: aumentado Linfócito A ferritina é o parâmetro mais sensível para a detecção da deficiência de ferro Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 9 2.3. Tratamento Deve-se identificar a origem da deficiência de ferro, tratá-la e realizar a reposição oral com ferro. Em alguns casos específicos utiliza-se a reposição de ferro pela via parenteral. 3. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA Anemia com VCM elevado (macrocitose), geralmente causada pela deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico. A vitamina B12 é importante para a síntese de succinil-CoA, metionina e tetrahidrofolato (THF). O ácido fólico e seus derivados participam da biossíntese de purinas e pirimidinas. 3.1. Fisiopatologia Após ingestão de alimentos ricos em vitamina B12 (cobalamina), ela liga- se ao fator intrínseco produzido no estomago, e é absorvida no íleo. Na deficiência de vitamina B12 e folatos, a síntese de DNA e o metabolismo de ácidos graxos fica comprometida. Há uma demora na maturação do núcleo celular (por causa do DNA), porém o citoplasma desenvolve-se normalmente. Isso é chamado de assincronia de maturação. Com isso, a mielopoise fica defeituosa, com célulasgigantes de relação núcleo-citoplasma alterada. Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 10 3.2. Principais Causas 3.3. Manifestações Clínicas ► Manifestações gerais de anemia (tópico 1.2) ► Icterícia (hemólise intramedular) ► Glossite atrófica (língua lisa) Em casos mais avançados de deficiência de vitamina B12: ► Neuropatia ► Gastrite atrófica autoimune (anemia perniciosa) Anticorpos contra o fator intrínseco Anticorpos contra as células parietais gástricas ► Acloridria ► Deficiência de fator intrínseco ► Ingesta de insuficiente ► Após cirurgia bariátrica Principais causas de deficiência de vitamina B12 ► Ingesta insuficiente ► Má absorção ► Demanda elevada ► Induzida por drogas ► Perda por hemodiálise Principais causas de deficiência de ácido fólico Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 11 ► Problemas de visão ► Deficiências motoras e sensoriais ► Desordens psicológicas 3.4. Exames Laboratoriais ► Hemograma: anemia macrocítica, poiquilocitose, anisocitose, neutrófilos hipersegmentados (desvio à direita). Em casos graves: granulocitopenia e trombocitopenia. Neutrófilo hipersegmentado. Foto: Ed Uthman (CC BY-SA 2.0) Parâmetros de hemólise (intramedular): ► Bilirrubinas: elevadas ► DHL: elevada ► Haptoglobina: diminuída ► Vitamina B12 e/ou ácido fólico séricos: diminuídos ► Ácido metilmalônico: aumentado ► Homocisteína: aumentado ► Presença de anticorpos nos casos autoimunes Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 12 3.5. Algoritmo para Investigação Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 13 3.6. Tratamento Reposição de ácido fólico e/ou vitamina B12, e tratamento da condição de base, caso haja. 3.7. Outras Causas de Macrocitose ► Alcoolismo ► Doença hepática ► Hipotireoidismo grave ► Reticulocitose ► Terapia antiretroviral ► Síndrome mielodisplásica 4. ANEMIA DE DOENÇA CRÔNICA Após a anemia por deficiência de ferro, é o segundo tipo de anemia mais frequente. 4.1. Fisiopatologia A anemia desencadeia-se por causa de uma doença de base, que pode ser inflamatória, câncer ou infecção. Esse tipo de anemia é multifatorial e envolve o metabolismo do ferro. Nas doenças crônicas, elevados níveis de citocinas inflamatórias, como IL- 1, IL-6, TNF e Interferons, fazem com que haja aumento de hepcidina. A hepcidina bloqueia a ferroportina, molécula pela qual o ferro entra e sai das células, fazendo que com ele fique preso nos tecidos e também não seja absorvido no intestino. Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 14 Com isso, o ferro sérico diminui até se esgotar, mesmo o organismo tendo seus estoques normais nos tecidos. Sem ferro o suficiente, a eritropoiese fica deficiente. Esquema da fisiopatologia da anemia de doença crônica. 4.2. Manifestações Clínicas ► Manifestações gerais de anemia (tópico 1.2) ► Sinais e sintomas da doença de base 4.3. Exames Laboratoriais ► Hemograma: anemia microcítica e hipocrômica ou normocítica e normocrômica, com ou sem presença de anisocitose. ► Ferro sérico: diminuído ► Ferritina: normal ou elevada ► Transferrina: aumentada ► VHS: aumentada Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 15 ► Proteína C reativa: aumentada ► Haptoglobina: aumentada 4.4. Tratamento Para tratar a anemia é necessário tratar a doença crônica de base. CONFIRA TAMBÉM AS OUTRAS APOSTILAS www.biomedicinapadrao.com.br/apostilas Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com http://www.biomedicinapadrao.com.br/apostilas https://www.biomedicinapadrao.com.br/p/kits-biomedicina-padrao.html P á g i n a | 16 5. ANEMIAS HEMOLÍTICAS Anemia devido à destruição das hemácias antes do tempo normal de sobrevida (< 120 dias). 5.1. Principais Causas Podemos classificar as anemias hemolíticas de acordo com o tipo de defeito: Defeitos no eritrócito ou hemoglobina: ► Esferocitose ► Eliptocitose ► Acantocitose ► Estomatocitose ► Deficiência de G6PD ► Deficiência de PK ► HPN ► Doenças falciformes ► Talassemias Defeitos extraeritrocíticos: ► Anemia hemolítica autoimune por anticorpos frios ► Anemia hemolítica autoimune por anticorpos quentes ► Hemólise aloimune (relacionadas a transfusões) ► Anemias microangiopáticas PTT SHU ► Induzida por drogas ► Malária ► Traumas mecânicos (trocas de válvulas cardíacas) Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 17 5.2. Manifestações Clínicas ► Manifestações gerais de anemia (tópico 1.2) ► Icterícia ► Outros quadros clínicos (relacionados a um defeito específico) Hemólise crônica ► Icterícia leve ► Esplenomegalia ► Cálculos biliares Hemólise aguda ► Icterícia ► Hemoglobinúria ► Febre ► Calafrios ► Dor de cabeça ► Dor abdominal Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 18 5.3. Exames Laboratoriais ► Hemograma: As alterações dependem muito da causa da hemólise. Além da anemia, é possível detectar anisocitose (↑ RDW; variação do tamanho das hemácias), presença de poiquilocitose (alterações na morfologia das hemácias) e presença de eritroblastos. O leucograma e plaquetograma variam de acordo com a doença do paciente e se o mesmo tem alguma infecção, por exemplo. 5.4. Parâmetros laboratoriais de hemólise ► DHL: aumentada ► Haptoglobina: diminuída ► Bilirrubina indireta: aumentada ► Urobilinogênio urinário: aumentado ► Reticulócitos: aumentados ► Eritroblastos: presentes A função da haptoglobina é, principalmente, determinar o caminho da hemoglobina liberada das hemácias após a hemólise. Essa proteína se liga à hemoglobina livre, formando um complexo que é removido pelo sistema reticuloendotelial. Sendo assim, o excesso de destruição de hemácias vai levar à diminuição da haptoglobina sérica, devido ao seu consumo ao se ligar à hemoglobina livre. Para investigar a causa da anemia hemolítica, vários outros exames devem ser realizados: Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 19 ► Sorologia viral ► Teste de Coombs direto e/ou indireto ► Testes de função renal ► Testes de função hepática ► Eletroforese de hemoglobinas ► Proteína C reativa 5.5. Metabolismo da Hemoglobina e Bilirrubina Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 20 5.6. Hemólise Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 21 6. ANEMIA FALCIFORME A anemia falciforme é uma doença hereditária de caráter autossômico codominante, em que os eritrócitos apresentam-se num formato semelhante à uma foice, denominados drepanócitos. 6.1. Fisiopatologia Ocorre uma mutação pontual no gene da β-globina (cromossomo 11) da molécula de hemoglobina. Com isso, há uma troca do aminoácido ácido glutâmico pela valina, na posição 6 dessa globina. Ao invés de serem produzidas moléculas de hemoglobina normais (HbA), são produzidas hemoglobina instáveis, denominadas Hemoglobina S. Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a| 22 A HbS, quando desoxigenada, polimeriza e precipita no interior da célula, fazendo com que os eritrócitos deformados percam sua elasticidade. Os principais problemas, que levam às manifestações clínicas, são a oclusão dos vasos sanguíneos e a hemólise crônica. Ilustração: Bruce Blaus. Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0) 6.2. Manifestações Clínicas Os indivíduos em heterozigose (HbA + HbS), possuem o traço falciforme (um gene normal e outro alterado) e são assintomáticos. Nos casos de homozigose (HbS, sem HbA) os pacientes apresentam: ► Anemia hemolítica e crises hemolíticas ► Crises vaso-oclusivas, com possibilidade de infarto de vários órgãos ► Crises álgicas (dor) ► Hepatoesplenomegalia Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 23 Complicações são frequentes, como ► Cálculos biliares de bilirrubina ► Aplasia de série vermelha ou crise aplástica ► Imunodeficiência ► Osteoporose e problemas de crescimento 6.3. Exames Laboratoriais ► Hemograma: anemia (Hb: 5 – 11 g/dL), macrocitose, anisocitose, leucocitose e presença de drepanócitos. A trombocitose é frequente. ► DHL: aumentada ► Haptoglobina: diminuída ► Bilirrubina indireta: aumentada ► Reticulócitos: aumentados ► Teste de falcização: positivo ► Teste de Coombs direto: geralmente negativo Lâmina de sangue periférico de paciente com anemia falciforme mostrando vários drepanócitos. Foto: Ed Uthman (CC BY-SA 2.0) Codócito Policromasia Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 24 Lâmina de sangue periférico de paciente com anemia falciforme evidenciando grande quantidade de células em alvo (codócitos), drepanócitos e alguns esferócitos. É possível observar também policromasia e anisocitose acentuada. Foto: Keith Chambers. Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0) O diagnóstico confirma-se com a eletroforese de hemoglobinas. Eletroforese de hemoglobinas em pH alcalino. Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 25 Resultado de eletroforese de hemoglobinas de paciente com anemia falciforme em tratamento com hidroxiureia. 6.4. Tratamento Para prevenir crises de falcização, deve-se evitar a falta de oxigênio, desidratação e infecção. É realizado tratamento de suporte: ► Hidratação ► Vacinas e antibióticos ► Transfusões sanguíneas ► Hidroxiureia (aumenta a Hb Fetal) ► Esplenectomia ► Reposição de nutrientes como vitamina B12 e ácido fólico ► Quelante de ferro (deferasirox) em casos de sobrecarga de ferro em pacientes politransfundidos Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 26 7. TALASSEMIAS Defeitos quantitativos na síntese de hemoglobina devido a mutação genética na cadeia de globina (produção ausente ou diminuída). Principais subtipos: ► β-talassemia: síntese anormal de cadeias beta ► α-talassemia: síntese anormal de cadeias alfa 7.1. β-talassemia maior Diminuição da produção de cadeias beta com produção normal de cadeias alfa. Cadeias alfa em excesso (sem as betas para formar os pares) agregam- se em precipitados insolúveis que ligam-se e danificam a membrana dos precursores eritroides. Falha na maturação dessas células eritroides e hemólise intramedular. Hemácias com cadeias alfa precipitadas são removidas por macrófagos do baço (hemólise extravascular). As cadeias gama continuam a ser produzidas e ligam-se com as cadeias alfa, formando HbF em grande quantidade (30-90%). Síndrome Genótipo Quadro clínico β-talassemia maior Homozigose (β0/β0 ou β+/β+) Dupla homozigose (β0/β+) Anemia grave, dependente de transfusão β-talassemia menor Heterozigose (β0/β ou β+/β) Anemia leve e assintomático β0 = síntese ausente; β+ = síntese diminuída; β = síntese normal. Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 27 7.2. α-talassemia Quatro genes controlam a síntese de cadeias globínicas alfa. A gravidade da α-talassemia varia dependendo do número de genes deletados. Normalmente, cada um dos quatro genes contribuem com 25% da produção total das cadeias alfa. Síndrome Nº de genes α deletados Quadro clínico Portador silencioso 1 Assintomático Traço talassêmico 2 Hb normal ou anemia leve, geralmente assintomático Doença da hemoglobina H 3 Anemia microcítica hipocrômica moderada Hidropsia fetal (Hemoglobina de Barts) 4 Forma grave, geralmente resulta em morte intrauterina Nesse tipo de talassemia, há diminuição da síntese de cadeias alfa, ocorrendo excesso de cadeias não-alfa (beta, gama e delta). A hemoglobina H é um tetrâmero de cadeias beta (β4) no adulto e a hemoglobina de Barts é um tetrâmetro de cadeias gama (γ4) no recém-nascido. 7.3. Manifestações Clínicas Nas formas graves: ► Hemólise crônica e icterícia ► Hepatoesplenomegalia ► Insuficiência cardíaca ► Infecções Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 28 7.4. Exames Laboratoriais ► Hemograma: anemia microcítica e hipocrômica. Policromasia, células em alvo e eritroblastos. ► Presença de corpúsculos de Heinz nos eritrócitos devido à precipitação de hemoglobina (cloração supravital). ► Ferro sérico: aumentado ► Ferritina: aumentada ► Transferrina: diminuída Lâmina de sangue periférico de paciente com talassemia evidenciando células em alvo (codócitos). É possível observar também policromasia e anisocitose acentuada. Foto: Prof. Osaro Erhabor. Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0) Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 29 Lâmina de sangue periférico corado com corante supravital (azul de cresil brilhante) de paciente com talassemia evidenciando corpúsculos de Heinz. Eletroforese de hemoglobinas: Síndrome HbF (α2/γ2) HbA2 (α2/δ2) β-talassemia maior 30–90% < 3.5% β-talassemia menor 0–5% 3.6–8% Indivíduo saudável: 96% HbA, 3% HbA2 e 1% HbF Alfa-talassemia Comentários Traço talassêmico 2 genes deletados e 2 genes ativos Sobra um pouco de cadeia beta Neonatal: 5-10% Hb de Bart Adulto: traços de Hb H Corpúsculos de Heinz Doença da hemoglobina H 3 genes deletados e 1 gene ativo Sobram muitas cadeias beta Neonatal: predomínio de Hb F e 10-20% de Hb de Bart Adulto: 5-30% de Hb H e ↓ Hb A2 Corpúsculos de Heinz Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 30 Hidropsia fetal Os 4 genes deletados Predomínio de cadeias gama Não há Hb A nem Hb F 80-100% de Hb de Bart 10% de Hb H 7.5. Tratamento Transfusão, esplenectomia, profilaxia contra infecções. Em casos de sobrecarga de ferro, devido às transfusões, usa-se quelante de ferro (ex.: deferasirox). Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 31 8. DEFICIÊNCIA DE G6PD A deficiência da enzima Glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) é um erro inato do metabolismo. É uma doença hereditária recessiva ligada ao cromossomo X, ou seja, a maior parte dos afetados pela mutação são homens. 8.1. Fisiopatologia A G6PD participa da via das pentoses-fosfato, mantendo os níveis de NADPH. Nos eritrócitos, essa via é a única fonte para produção de NADPH. Esse, por sua vez, mantém os níveis de glutationa nas células, como os eritrócitos. A glutationa é um antioxidante, e ajuda a proteger os eritrócitos contra o estresse oxidativo por espécies reativas de oxigênio, como o peróxido de hidrogênio. Na ausência da G6PD, os eritrócitos são destruídosdevido ao estresse oxidativo e ocorrem as crises de hemólise. 8.2. Manifestações Clínicas A maioria dos pacientes são assintomáticos, porém existem alguns fatores que desencadeiam as crises hemolíticas, como: ► Favismo (resposta hemolítica após comer grãos de fava) ► Infecções ► Drogas (AAS, cloroquina, primaquina etc.) ► Substâncias como naftalina, nitrato e nitrito As crises hemolíticas se apresentam com: ► Febre Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 32 ► Calafrios ► Icterícia ► Hemoglobinúria ► Dor de cabeça ► Dor abdominal 8.3. Exames Laboratoriais ► Hemograma: anemia, presença de Corpúsculos de Heinz. Parâmetros laboratoriais de hemólise, como: ► DHL: aumentada ► Haptoglobina: diminuída ► Bilirrubina indireta: aumentada ► Reticulócitos: aumentados ► Teste de Coombs direto: negativo Para confirmação, avalia-se laboratorialmente a atividade enzimática na produção de NADPH e detecção das mutações por biologia molecular. 8.4. Tratamento O tratamento é basicamente evitar a exposição aos fatores que desencadeiam a hemólise. 9. DEFICIÊNCIA DE PIRUVATO QUINASE A deficiência da enzima piruvato quinase (PK) é uma doença metabólica hereditária, podendo ser autossômica dominante ou recessiva, em que afeta a sobrevida dos eritrócitos. Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 33 9.1. Fisiopatologia A PK é uma enzima envolvida na via glicolítica, formando moléculas de ATP e piruvato. A mutação no gene da enzima resulta numa quantidade inadequada ou ausência de produção de PK, e com isso a via glicolítica não é completada no eritrócito. Como eritrócitos não têm núcleo nem mitocôndrias, todo o seu período de sobrevida é dependente de produção anaeróbica de ATP durante a glicólise. Ou seja, sem PK não há produção de ATP, e isso leva à defeitos na bomba de Na/K, a membrana fica instável, o eritrócito desidrata e a lise ocorre. 9.2. Manifestações Clínicas Geralmente a doença é assintomática. Em pessoas homozigóticas, crises hemolíticas podem ocorrer. Caso ocorra hemólise, observa-se graus variáveis de manifestações gerais de anemia e também de hemólise, como já descrito anteriormente em outros tipos de anemia hemolítica. 9.3. Exames Laboratoriais ► Hemograma: anemia, anisocitose, poiquilocitose (acantocitose). Parâmetros laboratoriais de hemólise, como: ► DHL: aumentada ► Haptoglobina: diminuída ► Bilirrubina indireta: aumentada ► Reticulócitos: aumentados Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 34 ► Teste de Coombs direto: negativo Para confirmar o diagnóstico são realizados testes para avaliar a atividade da enzima e testes de biologia molecular. 9.4. Tratamento A maioria dos pacientes não requer tratamento. Em pacientes sintomáticos, faz-se transfusões sanguíneas e a retirada do baço (esplenectomia). 10. ELIPTOCITOSE HEREDITÁRIA Doença genética hereditária, caracterizada por eritrócitos em formato elíptico ou ovais, ao contrário do formato de disco bicôncavo, devido a feitos em proteínas da membrana eritrocítica. 10.1. Fisiopatologia Mutações em genes relacionados a proteínas espectrina e banda 4.1 do citoesqueleto da membrana do eritrócito. Ao passar nos capilares, a hemácia assume um formato elíptico. Porém, devido aos defeitos nas proteínas do citoesqueleto, não retornam à sua forma normal e ficam permanentemente elípticas/ovais. Ao passar no baço, são retiradas da circulação (hemólise extravascular). 10.2. Manifestações Clínicas As manifestações variam de paciente para paciente. Alguns pacientes são assintomáticos. Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 35 Os sinais e sintomas mais comuns são: ► Manifestações gerais de anemia ► Cálculos biliares ► Icterícia ► Esplenomegalia 10.3. Exames Laboratoriais ► Hemograma: anemia com grau variável de eliptócitos/ovalócitos (25-100%) Lâmina de sangue periférico de paciente com esferocitose hereditária (> 50% de eliptócitos). Foto: Gabriel Caponetti. Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0) ► DHL: aumentada ► Haptoglobina: diminuída ► Bilirrubina indireta: aumentada ► Reticulócitos: aumentados ► Fragilidade osmótica: aumentada ► Teste de Coombs direto: negativo Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 36 10.4. Tratamento A maioria dos pacientes não querer tratamento. Uma opção é a esplenectomia nos casos mais graves. 11. ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA Anemia hereditária (autossômica em 75% dos casos), com mutações já relatadas em pelo menos cinco genes. Esses genes contêm informação para a produção de proteínas que compõem a membrana dos eritrócitos. 11.1. Fisiopatologia O indivíduo nasce com defeitos genéticos nas proteínas de membrana anquirina, beta-espectrina, e em casos mais incomuns, na alfa-espectrina ou proteína 4.2. A membrana eritrocitária então fica frágil, ocorre perda de lipídios, e sua estabilidade é reduzida. A resistência osmótica diminui e há aumento do influxo de Sódio/Água. As hemácias ficam no formato esférico, o que leva a uma diminuição de sua sobrevida e aumento de sequestro esplênico. 11.2. Manifestações Clínicas Existem quatro formas da doença: 1. Leve (20-30%): anemia leve ou assintomático 2. Moderada (60-70%): anemia, icterícia, esplenomegalia e cálculos biliares 3. Moderada/grave (10%): anemia grave, icterícia, esplenomegalia e cálculos biliares Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 37 4. Grave (3-5%): anemia com risco de vida que requer transfusão frequente, icterícia, esplenomegalia grave e alto risco para cálculos biliares 11.3. Exames Laboratoriais ► Hemograma: anemia microcítica, CHCM elevado, eritrócitos em formato esférico (esferócitos) Lâmina de sangue periférico de paciente com esferocitose hereditária. Os esferócitos não possuem halo central, são menores e mais escuros. Foto: Paulo H. O. Mourao. Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0) ► DHL: aumentada ► Haptoglobina: diminuída ► Bilirrubina indireta: aumentada ► Reticulócitos: aumentados ► Resistencia osmótica: diminuída ► Teste de Coombs direto: negativo Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 38 11.4. Tratamento A esferocitose hereditária não tem cura. O manejo atual consiste em intervenções que limitem a gravidade da doença. As opções incluem: ► Esplenectomia ► Esplenectomia parcial Vacinação contra S. pneumoniae, N. meningitidis e H. influenza, após a esplenectomia, é obrigatória. 12. ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE (AHAI) Anemias hemolíticas autoimunes são caracterizadas pela destruição das hemácias por autoanticorpos contra antígenos próprios presentes na membrana das hemácias que causam sua destruição prematura. 12.1. AHAI por Anticorpos Quentes Os "anticorpos quentes" são IgG, ativos a 37ºC, e correspondem a 75% dos casos de AHAI. Os autoanticorpos são incompletos, ou seja, ligam-se ao antígeno, porém não causam lise nem aglutinação. Pode ter causa idiopática ou ser secundário a exposição a drogas ou doenças. Anticorpos incompletos ligam-se às hemácias, levando à sua fagocitose no baço e fígado (hemólise extravascular). Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 39 Teste de Coombs positivo em cerca de 95% dos casos. Coombs indireto pode ser negativo ou positivo. Deve-se fazer o tratamentoa doença de base ou a descontinuação do tratamento medicamentoso, corticosteroides, esplenectomia, transfusão. 12.2. AHAI por Anticorpos Frios Os “anticorpos frios”, ou crioaglutininas, são IgM, ativos a 4-18ºC, e correspondem a 20-30% dos casos de AHAI. Os autoanticorpos são completos (causam lise e aglutinação), geralmente tendo como alvo o antígeno I da membrana eritrocítica. Geralmente, ocorre como complicação de infecções, como mononucleose infecciosa e neoplasias linfoproliferativas. A exposição ao frio leva à hemólise e crises hemolíticas. O tratamento se dá pela proteção contra o frio, plasmaférese, drogas imunossupressoras e transfusão. 12.3. Manifestações clínicas ► Manifestações gerais de anemia ► Hemólise e crises hemolíticas ► Icterícia ► Febre ► Hemoglobinúria 12.4. Exames Laboratoriais ► Hemograma: anemia, policromasia, pontilhados basofílicos, esferocitose, eritroblastos. ► DHL: aumentada Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 40 ► Haptoglobina: diminuída ► Bilirrubina indireta: aumentada ► Reticulócitos: aumentados ► Teste de Coombs direto: positivo Lâmina de sangue periférico de paciente com anemia hemolítica autoimune causado por anticorpos quentes (IgG). Hemoglobina 6,7 g/dL; VCM: 107,5; Esferócitos 4+ (setas) e pontilhados basofílicos (círculos). Foto: Ed Uthman (CC BY-SA 2.0) Lâmina de sangue periférico evidenciando pontilhados basofílicos em alguns eritrócitos. Prof. Erhabor Osaro. Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0) Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 41 Lâmina de sangue periférico de paciente com Leucemia Linfocítica Crônica que desenvolveu anemia hemolítica autoimune secundária. Observe a grande quantidade de (micro)esferócitos. Foto: Ed Uthman (CC BY-SA 2.0) 13. HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA (HPN) Doença clonal adquirida de células progenitoras mieloides (linhagens eritrocítica, granulocítica e megacariocítica) decorrente de mutações somáticas no gene PIG-A. 13.1. Fisiopatologia Devido à mutação no gene PIG-A, há defeitos na produção da molécula chamada Glicosilfosfatidilinositol (GPI), que funciona como âncora para várias outras proteínas na membrana celular, incluindo três proteínas que regulam o sistema complemento: CD59, CD55 e CBP (protegem contra a hemólise). Linfócitos Sombra nuclear Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 42 Mudanças na GPI levam à diminuição dessas proteínas na membrana celular. Isso faz com que as células fiquem susceptíveis à lise pelo sistema complemento (hemólise intravascular). A. Normalmente, CD55 e CD59, ancorados por GPI, inibem a ação do sistema complemento sobre a hemácias. B. Sem GPI na membrana da hemácia, para ancorar CD55 e CD59, as hemácias são lisadas pelo complexo de ataque à membrana (sistema complemento). 13.2. Manifestações Clínicas ► Anemia hemolítica crônica, com diferentes níveis de hemólise noturna com hemoglobinúria matinal. ► Trombose recorrente, principalmente na veia portal, veias hepáticas, esplênicas e cerebrais. A B Vídeos: animação sobre HPN (clique ou leia o QR code) Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com https://www.youtube.com/watch?v=odDsaIU7IBw https://www.youtube.com/watch?v=JBqxYmDhyOc P á g i n a | 43 ► Deficiência de ferro devido à perda crônica de ferro na urina (hemoglobinúria). 13.3. Exames Laboratoriais ► Hemograma: Anemia normocítica e normocrômica. Em alguns casos com granulocitopenia e trombocitopenia. ► Uroanálise: hemoglobinúria. Parâmetros laboratoriais de hemólise, como: ► DHL: aumentada ► Haptoglobina: diminuída ► Bilirrubina indireta: aumentada ► Reticulócitos: aumentados ► Teste de Coombs direto: negativo Citometria de fluxo usando anticorpos monoclonais anti-CD55 e anti-CD59. Na HPN, há diminuição desses marcadores em hemácias e granulócitos. 13.4. Tratamento Anticoagulação profilática, suplementação com ferro e ácido fólico, transfusões sanguíneas. Medicamento: Eculizumabe. Liga-se ao C5, inibindo sua ativação. Transplante alogênico de células tronco hematopoiéticas (pode ser curativa) em pacientes graves com crises hemolíticas ou complicações. Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 44 14. ALTERAÇÕES ERITROCITÁRIAS APÓS ESPLENECTOMIA O baço é um órgão linfoide e possui grande quantidade de macrófagos que, através da fagocitose, removem da circulação sanguínea substâncias estranhas, restos celulares e micro- organismos. É responsável também pela destruição de eritrócitos, leucócitos e plaquetas que já atingiram seu período máximo de vida. Quando o baço é retirado cirurgicamente ou o paciente sofre autoesplenectomia, como no caso de pacientes com anemia falciforme, é possível ver algumas alterações características nas lâminas de hemograma desses indivíduos. Então, eritroblastos, eritrócitos deformados, pequenos grânulos de ferro ou restos celulares não são mais removidos da circulação e começam a ser encontrados nesses pacientes esplenectomizados. Corpúsculos de Howell-Jolly são pequenos restos nucleares não removidos, presentes nos eritrócitos. Normalmente, eles seriam removidos pelos macrófagos do baço, mas pela ausência do órgão, eles permanecem. Hemácias em alvo também são encontradas. Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 45 Círculos vermelhos: Corpúsculos de Howell-Jolly. Círculo preto: hemácia em alvo. Foto: Paulo H. O. Mourao. Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0) Outro achado são os corpos de Pappenheimer. São grânulos de ferro depositados nas mitocôndrias dos glóbulos vermelhos em maturação, que não foram incorporados nas moléculas de hemoglobina. Eles também se acumulam no sangue periférico, pois não são removidos. São encontrados também em intoxicação por metais pesados. Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 46 Corpos de Pappenheimer nas hemácias. Foto: Paulo H. O. Mourao. Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0) Curiosamente, a contagem de plaquetas também aumenta. Isso por que, normalmente, o baço armazena 30% das plaquetas do nosso corpo. Sem um lugar para ficar, elas permanecem na circulação. 15. ANEMIA APLÁSTICA Falência da medula óssea com pancitopenia no sangue periférico. A medula óssea é substituída por tecido adiposo. Sem presença de defeitos nas células estromais ou presença de células neoplásicas. ► Granulócitos < 1.500/uL ► Plaquetas < 50.000/uL ► Reticulócitos < 20.000/uL Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 47 15.1. Fisiopatologia Destruição das células-tronco ou progenitoras hematopoiéticas por diversos fatores: ► Ativação do sistema imune com linfócitos T citotóxicos que destroem progenitores CD34+ via: Citotoxidade mediada por linfócitos T Produção de IFN-gama e TNF-beta Indução de apoptose ► Danos causados diretamente ao DNA, como radiação ionizante ► Induzida por drogas ► Secundária à expansão clonal na medula óssea 15.2. Principais Causas Podem ser hereditárias ou adquiridas. A causa hereditária mais frequente é a anemia de Fanconi. Dentre as causas adquiridas encontram-se: ► Drogas (antibióticos, diuréticos, antiepiléticos, citotóxicas etc.) ► Agentes químicos (benzeno, agrotóxicos e inseticidas) ► Infecções virais (parvovírus B19, HIV, hepatite, EBV, CMV) ► Radiação ► Idiopática (70% dos casos)15.3. Manifestações Clínicas Relacionadas à anemia: ► Palidez cutaneomucosa Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 48 ► Fadiga ► Dispneia Relacionadas à neutropenia: ► Infecções graves ► Gengivite ► Pneumonia Relacionados à trombocitopenia: ► Hemorragias ► Petéquias ► Hematomas 15.4. Exames Laboratoriais ► Hemograma: bicitopenia ou pancitopenia (neutropenia, monocitopenia e eosinopenia). Trombocitopenia com plaquetas pequenas. ► Reticulócitos: diminuídos Exames adicionais para investigação: ► Ferritina, haptoglobina, teste de coombs ► Velocidade de hemossedimentação, eletroforese de proteínas, dosagem de imunoglobulinas ► Dosagem de ácido fólico e vitamina B12 ► Testes de função hepática ► Sorologia (EBV, HBV, HCV, HIV, CMV, parvovírus B19) Para exclusão de HPN, deve-se realizar imunofenotipagem para proteínas CD55 e CD59. Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 49 Avaliação da medula óssea (biópsia e aspiração) Encontra-se hipocelular, geralmente com celularidade menor que 25%, com predomínio de tecido adiposo. Presença de linfócitos, macrófagos e plasmócitos. A quantidade de células CD34+ (progenitoras) encontra-se diminuída. Anatomopatológico de medula óssea (biópsia) de um paciente com anemia aplástica. (CC BY-SA 3.0) 15.5. Tratamento Pacientes com anemia aplástica grave (neutrófilos < 500/uL) e muito grave (neutrófilos < 200/uL) são tratados com quimioterapia e transplante alogênico de células progenitoras hematopoiéticas ou imunossupressão. Pacientes com neutrófilos < 1.500/uL são acompanhados sob observação e recebem tratamento de suporte, como: ► Profilaxia de infecções com antibióticos, antifúngicos e antivirais ► Transfusões sanguíneas de hemácias e plaquetas Medula óssea normal Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 50 ► Administração de fatores de crescimento como Eritropoetina e G- CSF (fator estimulador de colônias granulocíticas) Há o risco de evolução para HPN, em cerca de 7% dos casos, e para síndrome mielodisplásica ou leucemia aguda em aproximadamente 5-12% dos casos. Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 51 16. INVESTIGAÇÃO DE PANCITOPENIA Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 52 17. FLUXOGRAMA GERAL DE ANEMIA Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com P á g i n a | 53 18. LINKS ÚTEIS ► Desafio - Identifique as alterações morfológicas das hemácias ► Alteração morfológica das hemácias Clique ou leia o QR code Clique ou leia o QR code Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com https://www.biomedicinapadrao.com.br/2017/07/desafio-identifique-as-alteracoes.html https://www.biomedicinapadrao.com.br/2012/01/alteracao-morfologica-das-hemacias.html P á g i n a | 54 19. REFERÊNCIAS HOFFBRAND, A. V.; P. A. H. Moss. Fundamentos em Hematologia. Artmed, 6ª ed., 2012. (Tradução: Renato Failace). ZAGO, M. A., et al. Tratado de Hematologia. Atheneu Rio, 2014. MARTINS, M. A., et al. Clínica Médica. Manole, vol. 3, 2009. SASAKI, D. B. Alterações congênitas das plaquetas: revisão literatura. Brasília: Hospital Regional da Asa Sul, 2010. viii, 57f. | www.pathologystudent.com FAILACE, R. Hemograma - Manual de Interpretação, 6ª edição, 2015. KAUSHANSKY, K. et al. Williams Hematology. McGraw-Hill Education, 9ª Edição. BERGER, D. P. et al. Concise Manual of Hematology and Oncology. Springer. Licenciado para - Jairlane Garcia De Freitas - 90768906253 - Protegido por Eduzz.com SUMÁRIO 1. ANEMIA 1.1. Classificação 1.2. Manifestações Clínicas Gerais de Anemia 1.3. Exames Laboratoriais 2. ANEMIA FERROPRIVA 2.1. Manifestações Clínicas 2.2. Exames Laboratoriais 2.3. Tratamento 3. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA 3.1. Fisiopatologia 3.2. Principais Causas 3.3. Manifestações Clínicas 3.4. Exames Laboratoriais 3.5. Algoritmo para Investigação 3.6. Tratamento 3.7. Outras Causas de Macrocitose 4. ANEMIA DE DOENÇA CRÔNICA 4.1. Fisiopatologia 4.2. Manifestações Clínicas 4.3. Exames Laboratoriais 4.4. Tratamento 5. ANEMIAS HEMOLÍTICAS 5.1. Principais Causas 5.2. Manifestações Clínicas 5.3. Exames Laboratoriais 5.4. Parâmetros laboratoriais de hemólise 5.5. Metabolismo da Hemoglobina e Bilirrubina 5.6. Hemólise 6. ANEMIA FALCIFORME 6.1. Fisiopatologia 6.2. Manifestações Clínicas 6.3. Exames Laboratoriais 6.4. Tratamento 7. TALASSEMIAS 7.1. β-talassemia maior 7.2. α-talassemia 7.3. Manifestações Clínicas 7.4. Exames Laboratoriais 7.5. Tratamento 8. DEFICIÊNCIA DE G6PD 8.1. Fisiopatologia 8.2. Manifestações Clínicas 8.3. Exames Laboratoriais 8.4. Tratamento 9. DEFICIÊNCIA DE PIRUVATO QUINASE 9.1. Fisiopatologia 9.2. Manifestações Clínicas 9.3. Exames Laboratoriais 9.4. Tratamento 10. ELIPTOCITOSE HEREDITÁRIA 10.1. Fisiopatologia 10.2. Manifestações Clínicas 10.3. Exames Laboratoriais 10.4. Tratamento 11. ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA 11.1. Fisiopatologia 11.2. Manifestações Clínicas 11.3. Exames Laboratoriais 11.4. Tratamento 12. ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE (AHAI) 12.1. AHAI por Anticorpos Quentes 12.2. AHAI por Anticorpos Frios 12.3. Manifestações clínicas 12.4. Exames Laboratoriais 13. HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA (HPN) 13.1. Fisiopatologia 13.2. Manifestações Clínicas 13.3. Exames Laboratoriais 13.4. Tratamento 14. ALTERAÇÕES ERITROCITÁRIAS APÓS ESPLENECTOMIA 15. ANEMIA APLÁSTICA 15.1. Fisiopatologia 15.2. Principais Causas 15.3. Manifestações Clínicas 15.4. Exames Laboratoriais 15.5. Tratamento 16. INVESTIGAÇÃO DE PANCITOPENIA 17. FLUXOGRAMA GERAL DE ANEMIA 18. LINKS ÚTEIS 19. REFERÊNCIAS
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