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RESENHA CIENCIA E POLITICA max weber

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Resenha do Livro “Ciência e Política: duas vocações”
WEBER, Max. Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 2011. 124 p.
Helena Dias Pereira Professora Gabriela Rempel 
Turma: LLV5603 – 01429A (20202)
Max Weber é um dos grandes nomes na sociologia e ocupa, junto com Émile Durkheim e Karl Marx, uma das bases da tríade da sociologia clássica. Ele produziu grandes estudos para o entendimento da formação do capitalismo, sendo um de seus ensaios mais famosos A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, em que analisa a dispersão do protestantismo e a formação do capitalismo.
Seu trabalho era influenciado por grandes pensadores como Friedrich Nietzsche, Immanuel Kant e Alexis de Tocqueville. O sociólogo e economista alemão desenvolveu a teoria da ação social como método da análise sociológica e a teoria que aproximava a origem do capitalismo com a religião protestante – exemplo citado anteriormente. 
Uma de suas grandes obras e objeto de análise dessa resenha é Ciência e Política: duas vocações que debate a vocação científica, entendendo-a como a especialização da ciência por paixão e experiência pessoal e a vocação política como: o que é ser político e quais suas aptidões.
O livro contém uma pequena introdução sobre Marx e seus pensamentos e duas partes divididas em: A Ciência Como Vocação e a Política Como Vocação.
Introdução sobre Max Weber
O alemão Marx Weber (1864-1920) foi um grande filósofo e sociólogo, filho de pais intelectuais que incentivaram e impulsionaram sua carreira desde cedo. Seus primeiros ensaios foram escritos quando ele tinha apenas 13 anos. Formou-se em Direito e teve uma atuação bem-sucedida na área. 
Foi autor de vários trabalhos na área de sociologia econômica, construindo uma sólida base teórica para o surgimento de conceitos de análise econômica usando a política religiosa da época.
Quando fez 34 anos, apresentou quadro clínico complicado com depressões, neuroses e crises nervosas que o acompanharam até o fim da vida, apesar da intensa produção intelectual. Passou um tempo nos Estados Unidos e voltou impressionado, retomando seu ensaio A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Foi professor universitário nas áreas de história, sociologia e economia. Suas últimas aulas, realizadas a pedido de alunos, foram publicadas sobre o título de “História Econômica Geral”.
Em 1920, ficou com pneumonia e morreu em junho, deixando inacabado um livro de revisão e síntese de toda sua obra, intitulado Economia e Sociedade, que é de suma importância para o entendimento de seu pensamento.
A obra Ciência e Política: duas vocações é baseada em conferências dadas por ele, em que mostra pontos de similaridade entre o cientista e o político. Weber explicita como a prática científica dá sua contribuição para a racionalidade humana e no segundo ensaio analisa o perfil vocacional do líder político carismático. Mas acima de tudo faz uma análise, tendo em vista o Estado Moderno, como se opõem a “ética da condição do cientista” e a “ética da responsabilidade do político”.
A Ciência como Vocação
Ao introduzir a Ciência como vocação, o autor tece sua argumentação por meio de perguntas que são respondidas ao decorrer de seu raciocínio. Sendo a primeira delas “Como se apresenta a ciência como vocação?”. E, por meio desse questionamento, ele compara o trabalho de acadêmicos e cientistas no seu país (Alemanha) e nos Estados Unidos, usando o Privatdozent – jovem cientista – e o professor para indicar em sua obra as diferenças estruturais e organizacionais, havendo uma discussão voltada para o papel dessas figuras citadas acima e o ensino, desse modo, evidenciando como a atividade científica nos EUA se transforma em uma prática profissional, marcada por processos burocráticos próprios à ciência. Para ele, essa burocratização é uma tendência positiva e de futuro próximo para a Alemanha.
O sociólogo compreende o conceito de vocação pela própria origem da palavra, por sua etimologia, sendo essa um chamado a uma causa profissional maior do que si mesmo, a junção de inspiração e paixão que acha seu clímax a partir do método e da disciplina. A vocação para a ciência decorre de um processo de racionalização
Uma outra importante indagação é de como alguém se torna mais do que um cientista comum através do conhecimento adquirido. Weber explicita que a ciência é cumulativa, ou seja, o conhecimento científico é uma atividade sem fim. E para um cientista ultrapassar a linha comum é necessário se entregar a um campo de pesquisa especializado.
Sendo essa uma atividade sem fim, seu sentido se deve a superação de conhecimentos e descobertas científicas, sendo sempre autocorrigidas e atualizadas, portanto seu sentido encontra-se nela mesma. Já a ciência dentro da sociedade tem como objetivo a constante busca de respostas que não são achadas no misticismo e religiões e, para isso, ele usa um dos questionamentos de Tostói: A morte tem sentido? Se observarmos as religiões, encontraremos várias respostas sobre o sentido da vida e da morte, mas não é sobre isso que o cientista se preocupa. 
Segundo o autor, o mundo pode ser dividido em dois: o mundo dos valores e o mundo dos fatos. Respectivamente, referindo-se às cosmologias e explicações místicas e à ocupação da ciência. Ele parte dessa perspectiva analisando que o homem temporal não se cansa das perguntas e respostas da vida, sempre procurando por mais e por uma ruptura do colo das religiões.
O mundo da ciência e sua vocação decorre de um processo de racionalização que é frisado pelo ceticismo e politeísmo, sendo um aglomerado de valores que se opõem à religião, o que leva a reflexões mediante o pluralismo da mesma. O cientista precisa se ocupar do trabalho de forma imparcial, analisando os elementos e pontuando exemplos para a tomada de decisões. Desse modo, manifesta conclusões a partir da racionalidade, adequando os meios aos fins, sem julgar se tal valor é verdadeiro ou correto, e da relação causa-fim e suas consequências.
Para Max Weber, não pertence ao cientista (ou professor) induzir alguma escolha religiosa ou ideológica. Essas figuras devem, portanto, apresentar dados e informações que estimulem o pensamento autônomo, fazendo com que haja conclusões críticas e fundamentadas.
O autor diz que o cientista não é a voz da verdade, sendo somente aquele que sabe sobre determinado assunto e o contrário disso (o cientista como uma voz da verdade) implica em uma necessidade de identificação de um líder com experiência autêntica que não contribui para a ciência. Não se deve querer mais do que ser um especialista, uma questão difícil a que tira a ilusão do saber absoluto da ciência.
A Política como Vocação
Nessa segunda parte da obra, Weber analisa a diferença da política em seus sentidos amplos e estritos. Sendo assim, o sentido amplo é caracterizado por qualquer categoria de atividade eletiva em determinado grupo e o sentido estrito é a influência sobre as decisões que direcionam o Estado.
Weber caracteriza o Estado Contemporâneo como uma “comunidade humana que, dentro dos limites de determinado território ... reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física” (p. 56), ou seja, um instrumento de dominação burocrática e legitimação da violência firmados por leis.
Usando suporte histórico, ele aborda os tipos de Estados e de instituições políticas para marcar o desenvolvimento do mesmo até chegar ao Estado Moderno e ao cargo político como profissão. Acima de tudo, o autor afirma que a política é uma busca por poder, é a dominação de homens sobre homens e esse poder pode ser usado tanto de forma errônea e egoísta, como para alcançar ideais coletivos. Mostrando então a divergência entre o homem que vive da política, tentando transformá-la em uma fonte de renda permanente, e o homem que vive para a política, desfrutando a posse do poder pela consciência de que sua vida tem sentido a serviço de uma causa. Weber salienta que um político profissional não precisa buscar uma remuneração direta pelo seu trabalho.
Outra forma de definir a política como vocaçãoé, para ele, o peso e responsabilidade social que essa carrega de criar conhecimento causal do mundo e não deixar acontecer o esquecimento histórico. Para isso as virtudes que um profissional vocacionado devem ser a paixão, a responsabilidade e a proporcionalidade.
Depois de discutido tudo isso, observa-se que a ciência é campo de pensamento e a política é campo de ação. Para Weber, ao legitimar seu poder, os políticos têm a obrigação de cultivar o senso de proporcionalidade e responsabilidade de acordo com os valores daquela sociedade.
Nessa palestra, Weber também classifica três formas de dominação: a tradicional, que era exercida pelo poder tradicional do patriarcado ou senhor de terras “santificados” pelo reconhecimento antigo; a carismática que é fundamentada em dons pessoais de um indivíduo que possui qualidades exemplares ou heroicas, exercido pelo profeta ou pela autoridade eleita; e a burocrática-legal que se baseia em virtude da fé na validade do estatuto legal e da competência funcional, baseada em regras racionalmente criadas, exercido pelo servidor de Estado.
Para o político moderno, é importante e necessário ser munido de carisma, pois este precisa estar apto a lidar com as relações de quem manda e de quem obedece. Baseada na dominação burocrática-legal, essa característica, ainda que sendo legitima, só se concretiza de fato quando o dominado internaliza os desejos do dominante.
Pensando no lugar ético da política, o autor afirma que ele é a responsabilidade com as consequências para a constituição de um bem comum e que não deve partir de valores e dogmas. O homem do Estado deve ser ético, inclusive para reivindicar e assumir a responsabilidade do uso da violência quando legítima. Tomar posições e ser apaixonado é o elemento do líder político e sua conduta está sujeita a uma responsabilidade diferente do servidor público. É uma responsabilidade pessoal e exclusiva que não deve e não pode ser transferida e rejeitada. 
“A política é um esforço tenaz e energético para atravessar vigas de madeira. Tal esforço exige, a um tempo, paixão e senso de proporções. É perfeitamente exato dizer – e toda experiência histórica confirma – que não se teria jamais atingido o possível, se não houvesse tentado o impossível” (WEBER, p.123)
Indicações
Weber era um homem de seu tempo e todo seu trabalho foi baseado em sua realidade. Sua preocupação com a política no meio acadêmico e o nacionalismo se mostra correta quando observamos o Nazismo. Porém é interessante se atentar em como o autor previa os processos de burocratização e profissionalização da ciência e da política.
A leitura dessa obra precisa ser feita com calma e atenção, para captar todos os detalhes do texto. Porém, uma vez que isso é feito, podemos perceber uma facilidade para entender esferas tão complexas e polêmicas da sociedade. Além dessa discussão, essa obra de Max Weber é um dos fundamentos da sociologia contemporânea, sendo indicada a leitura para todos os interessados em geral, mas principalmente para estudantes e professores de ciência política e sociologia.
Além disso podemos relacioná-la com a atualidade, pela percepção de que é necessária uma política mais voltada para a ciência e que não perpetue a elitização, mas sim que alcance o ideal do bem comum a partir da burocratização.

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