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PROVA Sociedade, Cultura e Política nas Américas 1- O processo de colonização na América Latina ocorreu de forma violenta em vários aspectos. Haviam aqui povos e civilizações, que foram subjugadas. Estes eram considerados inferiores e havia o questionamento se eles possuíam ou não alma e posteriormente ocorre um processo de assimilação. Era imposto a estes povos, que viviam sob uma outra lógica, uma ideia de civilização e de progresso, de emancipação, assim passando por cima de costumes, crenças, hábitos e todo um modo de vida. Há ainda uma sobrevivência de muitos desses aspectos, mas estes eram vistos como problemas por parte dos colonizadores. Era ainda uma época onde se associava "raça" aos comportamentos, então com o tráfico de escravos acrescentado à violência aos povos nativos, havia também uma preocupação com a miscigenação. A formação das identidades se diferencia nos diferentes países, mantendo em mente também que houve um grande fluxo de imigração. Alguns são marcados pela valorização das raízes indígenas e outros marcados pela pluralidade. A identidade nacional muitas vezes é marcada pela figura de heróis nacionais. Justamente por conta da mistura, da presença de imigrantes, dos colonizadores e dos escravizados, a questão nacionalista e a questão de identidade possuem um grande espaço dentro de cada país e são debates que surgem com certa frequência. No Brasil por exemplo, podemos ver na literatura a tentativa de descrição de identidade, como em "Sertões", de Euclides Cunha. Outro exemplo da importância da ideia de identidade é a situação de Porto Rico, que está em domínio estadunidense. 2- Atualmente ainda vemos na América Latina um forte debate a respeito da desigualdade de classe, gênero e raça. Muitos dos países latino-americanos são marcados de conservadorismo e há também nisso influência da religião, das heranças dos colonizadores e de ideias do "superado" racismo científico. A nossa formação é marcada pela frequente lembrança dessas desigualdades, onde os grupos que formam a sociedade são tratados de diferentes modos e isso permanece de geração em geração. Há uma constante contradição, onde por um lado parte da sociedade quer se desenvolver segundo moldes externos e valores positivistas e por outro lado há grupos tentando manter seu espaço e ir contra este apagamento imposto. A violência, o conservadorismo e a noção de "outro" que diminui e que distancia, causam até hoje uma desigualdade onde os papéis de gênero ainda são muito marcados, a ponto de ter passeatas em defesa de "valores da família" defendendo que a situação permaneça igual. Os índices de morte por racismo, feminicídio e homofobia são muito altos nesses países. Dá a entender que desde a formação isso é naturalizado e faz parte de um projeto de sociedade. A junção das culturas fundantes de toda a América Latina formou uma cultura própria. Sendo essa cultura que molda a ação dos indivíduos, e dentro dela ainda sendo acrescentados interesses internos e externos, se torna enraizado esse tipo de pensamento. A solução seria ser deslegitimada essa naturalização dando espaço a outro tipo de pensamento. As estruturas de exploração são mantidas com essas desigualdades e se torna um desafio modificá-las enquanto esses interesses ainda são valorizados. A noção de terceiro mundo, de subdesenvolvimento e a própria formação interna, religiosa e temente a mudanças reafirma a essa ordem social. Os interesses dos países "de primeiro mundo" tem mantido aqui uma marginalização de determinados grupos e os próprios indivíduos dentro dos países criam ideias legitimadoras desses interesses. 3- Três dos desafios comuns hoje enfrentados na América Latina são a questão da intervenção, da desigualdade e da violência. Primeiramente, ainda permanecem as intervenções, principalmente norte-americanas, na América Latina. Já a muito tempo, desde a política do "Big Stick", as intervenções ocorridas aqui são frequentes. Além de ser um mercado consumidor, há a constante busca de mão de obra barata e de matérias primas. As políticas são voltadas para estes interesses e seguem uma ideologia que busca "desenvolvimento", mesmo que desigual. Estas questões estão todas interligadas. A questão da violência na escala que se apresenta surge como um reflexo dessa desigualdade, e esta se fortalece com as intervenções. Muitas vezes quando a população se revolta ou começam a ganhar espaço ideias mais voltadas para igualdade e para as economias nacionais, há repressões. Pode-se observar isso claramente no período de guerra fria, onde por toda América Latina ocorrem ditaduras, revoltas, revoluções, criminalização de partidos esquerdistas. É um período de muito conflito, onde a "ameaça comunista" é usada como justificativa. As práticas de higienização e sanitarismo também tiveram muita influência na marginalização de parte da população. O analfabetismo é mais uma das questões que mantém uma diferença nas oportunidades, controle de informação e nos deixa fora dos níveis de desenvolvimento num nível global. Considerando um contexto de globalização, os países da América Latina ficam numa posição onde não se encaixam na modernização comparando a outras regiões e não produz da mesma forma que os países mais "desenvolvidos". Os estudiosos, principalmente das ciências sociais, devem entender estes desafios para pensar soluções que superem esses aspectos. A resistência da parte conservadora da população também se torna um desafio, onde eles pretendem manter certa estrutura em detrimento do respeito às minorias.
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