Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA APLICADA Dulce América de Souza Função social da propriedade urbana Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Conceituar a função social da propriedade urbana existente na Cons- tituição Federal. Identificar as exigências de ordenação da cidade existentes no Plano Diretor e no Estatuto da Cidade. Analisar os resultados desses instrumentos de gestão nas cidades. Introdução A função social da propriedade urbana está estabelecida no artigo 182 da Constituição Federal de 1988; e diz respeito às exigências de ordenação da cidade que devem ser estabelecidas no Plano Diretor dos municípios brasileiros. Há alguns entendimentos conflitantes quanto à tutela do conceito de propriedade urbana, porém conseguimos compreender seus princípios quando associados à qualidade de vida nas cidades, ao desenvolvimento sustentável e ao equilíbrio entre os interesses públicos e privados. Neste capítulo, você estudará o princípio da função social da pro- priedade urbana, conhecerá as exigências e diretrizes de ordenamento urbano instituídas pelo Estatuto da Cidade (2001), cujo instrumento para efetivação é o Plano Diretor, e analisará os resultados desses instrumentos. A função social da propriedade: um princípio basilar na Constituição Federal Fundamental para a ordenação urbana e a sistematização das práticas urbanas, a função social da propriedade é um princípio capital da justiça social no mundo contemporâneo. O principal ponto de avanço do Direito Moderno (a partir de 1918) foi a relativização dos direitos privados pela sua função social. Esse entendimento do começo do século XX sugere que os direitos só têm relevância quando justifi cados pela relevância da missão social para a qual devem contribuir. Não pode haver abusividade por parte do proprietário de maneira a ferir direitos e interesses coletivos, como destaca Jatobá (2008, p. 39): “A partir deste entendimento, o bem-estar coletivo deixa de ser respon- sabilidade exclusiva da sociedade como um ente difuso e deve ser assumido solidariamente pelos indivíduos que a compõem.” Nessa linha de pensamento, tem-se então que os poderes econômicos e jurídicos do proprietário devem ser condicionados ao cumprimento de deveres sociais (FARIAS; ROSENWALD, 2008). A legitimação da função social da propriedade foi consagrada na Constituição de 1946, em seu artigo 141, parágrafo 16: § 16 — É garantido o direito de propriedade, salvo o caso de desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro. Em caso de perigo iminente, como guerra ou comoção intestina, as autoridades competentes poderão usar da propriedade particular, se assim o exigir o bem público, ficando, todavia, assegurado o direito a indenização ulterior (BRASIL, 1946, documento on-line). A partir disso, entende-se que, constitucionalmente, o Estado não pode desconsiderar os aspectos sociológicos inerentes à propriedade. Já previsto na Carta Constitucional de 1946, o instituto jurídico da função social da pro- priedade não se efetivou naquele momento nas questões urbanas. A primeira constituição brasileira a estabelecer um capítulo específico para a política urbana foi a Constituição Federal de 1988, por meio do qual atribui a promoção do desenvolvimento urbano ao poder público municipal. Dispõe o artigo 182 da Constituição Federal: Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Pú- blico municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. § 2º A propriedade urbana cumpre a função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor (BRASIL, 2016, p. 112). Função social da propriedade urbana2 O artigo 182 define que o Plano Diretor é o instrumento obrigatório para que o município possa executar sua política urbana e garantir que a propriedade urbana tenha uma função social. A Constituição Federal também expressa a definição de propriedade, tutelada em dois momentos distintos: “[...] é garantido o direito de propriedade” (art. 5º, XXII, BRASIL, 1988, do- cumento on-line) e logo em seguida, “[...] a propriedade atenderá a sua função social” (XXIII, BRASIL, 1988, documento on-line). O artigo 170 (III) dispõe que a ordem econômica deverá observar a função social da propriedade. O constitucionalista José Afonso da Silva reforça a relativização do conceito de propriedade na Constituição de 1988, especialmente porque os princípios da ordem econômica são preordenados de acordo com a realização de seu fim: assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social (SILVA, 2007). Assim, a relativização do direito de propriedade, decorrendo naturalmente da necessidade de atender novas situações sociais, faz emergir naturalmente sua função social. Desde então, a manifestação expressa da função social da propriedade na legislação provocou uma linha de ruptura, uma vez que a Constituição de 1988 garante o direito de propriedade somente se ela cumprir a sua função social. Segundo Bercovici (2005, p. 147) “[...] houve uma mudança de mentalidade, deixando o direito de propriedade de ser absoluto.” Quando falamos de função social, algumas interpretações equivocadas podem surgir, particularmente em se tratando de espaço urbano. É interessante pensarmos em uma definição menos ortodoxa do que a expressa nos termos jurídicos, conduzindo-a para a ideia de produção social do espaço urbano. Nesse caso, são considerados processos que envolvem interesses conflitantes, porque nosso modelo é o da acumulação, no qual a mais-valia imobiliária é acentuada. Para bem responder ou equacionar o problema, os agentes envolvidos — forças sociais e econômicas — devem estar equilibrados com o objetivo de atender simultaneamente o desenvolvimento socioeconômico e o direito à cidade. O direito à cidade é uma bandeira, um lema que sintetizou um conjunto de reinvindicações específicas relacionadas aos diversos temas urbanos que originaram o Movimento pela Reforma Urbana nos anos 1970. O agrupamento que congregou segmentos da sociedade civil ligados aos movimentos sociais urbanos substituiu as exigências de melhoria em habitação, transportes, se- gurança, saneamento, lazer, equipamentos urbanos, entre outros, pelo marco agregador “direito à cidade”. O direito à cidade nada mais é do que a garantia do desenvolvimento socioeconômico e do bem-estar social. Daí decorre: 3Função social da propriedade urbana A função social da propriedade não é um princípio de natureza socialista, como muitas vezes é alegado por aqueles que argumentam ser este um elemento inibidor do desenvolvimento do mercado imobiliário. Antes, é um conceito otimizador do desenvolvimento capitalista, que não atenta contra o estatuto da propriedade privada, mas o disciplina para que atenda ao interesse coletivo e ao bem-estar social (BERCOVICI, 2005, p. 147). O movimento pela reforma urbana No período anterior à Constituição de 1988, o Plano Diretor não possuía a autonomia para exercer o papel de principal instrumento para o cumprimento da função social da propriedade. As especificidades da urbanização no Brasil despertaram inquietações na sociedade a partir dos anos 70. Rolnik e Cymbalista (2000, p. 6) destacam o surgimento do Movimento Nacional pela Reforma Urbana: Os parâmetros tradicionais do planejamento urbano começam a ser mais fortemente questionados com a emergência de movimentos sociais urbanos cada vez mais convergentes e abrangentes a partir do final dos anos 70. Dentro do âmbito de reforma do ordenamento jurídiconacional, os movimentos impulsionaram o tema da Reforma Urbana, politizando o debate sobre a legalidade urbanística e influenciando fortemente o discurso e as propostas nos meios técnicos e políticos envolvidos com a formulação de instrumentos urbanísticos. A partir da Constituição Federal de 1988, o planejamento realizado pelo Plano Diretor (nível municipal), que já tinha atribuições importantes na orde- nação do crescimento da cidade, passa a ser indispensável nas grandes cidades. Fica estabelecido que o cumprimento da função social da propriedade está vinculado às condições expressas pelo Plano Diretor. O não cumprimento do adequado aproveitamento da propriedade passa a estar sujeito à aplicação de sanções, conforme identifica Jatobá (2008, p. 41): Para tanto, é facultado ao Poder Público municipal, nos termos da lei, exigir do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado que promova seu adequado aproveitamento, sob pena de aplicação, sucessi- vamente, dos instrumentos de: a) parcelamento ou edificação compulsórios; b) cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) progressivo no tempo; c) indenização expropriatória paga em títulos da dívida pública; e d) usucapião urbano. Função social da propriedade urbana4 A função social da propriedade urbana — transferida pela Constituição de 1988 para o Plano Diretor e os instrumentos urbanísticos por ele definidos — pode ser resumida pelo uso racional do solo urbano, disciplinando-o segundo o interesse da coletividade e a garantia do bem-estar dos habitantes da cidade. O Plano Diretor deve estabelecer e regular as condições para um crescimento sustentável e harmonioso da cidade, adequar a localização das zonas urbanas, orientar o atendimento das demandas habitacionais, garantir a otimização na implantação da infraestrutura urbana, potencializar a melhoria nos transportes e da mobilidade e acolher os requisitos de um meio ambiente saudável. No link a seguir, você encontra um esclarecedor artigo publicado em 2014 enfatizando a função social da propriedade pública do icônico edifício Wilton Paes de Almeida (São Paulo, SP), que desabou em um incêndio em 1º de maio 2018. https://goo.gl/6zf8M2 Podemos assim comprovar que os poderes e responsabilidades atribuídos ao Plano Diretor abonam a execução de uma adequada política urbana que conduz a função social da propriedade nas cidades. A propriedade urbana cumpre sua função social ao contemplar os fins habitacionais, comerciais, industriais, institucionais, etc. nas áreas indicadas para tal, e o cumprimento da função social se dá com a preservação dos bens ambientais (naturais ou culturais). Se quiser ler outros textos sobre esse assunto, veja o artigo “Função social da cidade: por que todos deveriam saber o que é isso?”, publicado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul e disponível no link a seguir. https://goo.gl/xpPr4x 5Função social da propriedade urbana https://goo.gl/6zf8M2 https://goo.gl/xpPr4x Estatuto da Cidade e Plano Diretor: os instrumentos de ordenação da cidade A promulgação da nova Constituição Federal (1988) não tornou imediatamente efi cazes todos os seus artigos. Vários deles precisariam se valer de leis que viessem a dispor sobre sua efi cácia plena. Segundo Silva ([2009?], p. 2, grifo nosso), caberia assim “[...] a imperiosa necessidade de uma lei infraconstitu- cional para regulamentar os artigos 182 e 183, como foi o caso da exigência de cumprimento da função social do imóvel urbano.” Os artigos mencionados pretendem tutelar os atos voltados para a efetiva implementação dos objetivos para o uso adequado da propriedade. O artigo 182 determina que: A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público muni- cipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes (BRASIL, 2016, p. 112). O artigo 183 preceitua que: Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural (BRASIL, 2016, p. 112). Os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988 imprimiram ênfase na cidadania, embora tenha se adiado por 13 anos a constituição formal de um aparato legal que tutelasse uma intervenção urbana responsável, pau- tada nos preceitos constitucionais da Carta Magna. Sob pressões de grupos da sociedade civil organizada — especialmente os arquitetos e urbanistas, engenheiros e demais entidades de classe vinculadas ao direito à cidade —, que reivindicavam uma reforma de caráter urbano, entrou em vigor a Lei nº 10.257 em 11 de julho de 2001, o Estatuto da Cidade. O artigo 1º, parágrafo único, do Estatuto da Cidade dispõe que: Art. 1º Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta Lei. Função social da propriedade urbana6 Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem- -estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental (BRASIL, 2002, p. 17). Com o objetivo de vencer o desafio de reconstrução da ordem urbanística sob novos princípios, com novos métodos e concepções e novas ferramentas, o Estatuto da Cidade “[...] é a lei federal de desenvolvimento urbano exigida constitucionalmente, que regulamenta os instrumentos de política urbana que devem ser aplicados pela União, Estados e especialmente pelos Municípios.” (ROLNIK, 2001, p. 27, grifo nosso). Consolidando a relação intrínseca entre Estatuto da Cidade e Plano Diretor, Rolnik (2001) institui a notável metáfora de que o ‘Estatuto da Cidade é uma caixa de ferramentas e o Plano Diretor é a chave para abrir a caixa.’ O docu- mento primordial dos principais instrumentos do Estatuto da Cidade é o Plano Diretor, um instrumento apto a promover o pleno desenvolvimento da função social da cidade, mediante a democratização da gestão pública; a solução do conflito fundiário; o combate à especulação imobiliária; e a sustentabilidade econômica, social e ambiental dos espaços urbanos. O Estatuto da Cidade como a “caixa de ferramentas” para ordenar ações urbanas O Estatuto da Cidade (Lei n°. 10.257/2011) é a Lei Federal de Desenvolvimento Urbano, dividida em cinco capítulos: I) Diretrizes Gerais; II) Dos Instrumentos da Política Urbana; III) Do Plano Diretor; IV) Da Gestão Democrática da Cidade; V) Das Disposições Gerais. O Estatuto acrescentou outros instrumentos aos instrumentos de ordenação da cidade previstos inicialmente e os sistematizou em uma lei federal. São eles: O direito de superfície, a outorga onerosa e a transferência do direito de cons- truir, o consórcio imobiliário, as operações urbanas consorciadas e o direito de preempção. Como instrumentos de regularização urbanística e fundiária foram propostos a criação de Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis), o usucapião especial de imóvel urbano, a concessão especial para fins de mora- dia, a Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) e a possibilidade do destino de patrimônio público para programas habitacionais (JATOBÁ, 2008, p. 41). Reunindo importantes instrumentos urbanísticos para a implementação de uma política de desenvolvimento urbano capaz de conferir efetividade à 7Função social da propriedade urbana função social da cidade, o Estatuto da Cidade no seu artigo 2º preceitua que todos devem ter direito a cidades sustentáveis, entendidas como direito à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, bem como a bons serviços de transportes públicos, ao trabalho, ao lazer, preocupando-se não só com as gerações presentes, mas também comas futuras. O artigo 2º traz 16 incisos destinados a ordenar ações de interesse social para a democratização da utilização do espaço urbano (BRASIL, 2002). No vídeo disponível no link a seguir, José Roberto Bassul, arquiteto e urbanista, mestre em planejamento urbano pela Universidade de Brasília (UNB), contextualiza o Estatuto da Cidade. https://goo.gl/NMp7nA Entre as diretrizes gerais do ordenamento urbano, as principais são: a) garantia do direito a cidades sustentáveis; b) gestão democrática da cidade; c) ordenação e controle do uso do solo; d) justa distribuição dos benefícios e ônus do processo de urbanização; e) adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e finan- ceira aos objetivos do desenvolvimento urbano; f) recuperação dos investimentos do poder público que tenham resultado em valorização imobiliária; g) regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda (BRASIL, 2002). No artigo 4º, outros importantes instrumentos visando a ordenação urbana estão pormenorizados. Destacamos: a) o zoneamento ambiental; b) a elaboração de planos, programas e projetos setoriais, plano de desen- volvimento econômico e social; c) o tombamento, a instituição de unidades de conservação; Função social da propriedade urbana8 https://goo.gl/NMp7nA d) a edificação ou utilização compulsórios; e) a outorga onerosa e a transferência do direito de construir; f) as operações urbanas consorciadas; g) o Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA); h) o Estudo do Impacto de Vizinhança (EIV) (BRASIL, 2002). O leque de instrumentos ampliado e disponível pelo Estatuto da Cidade para o desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade ur- bana é também voltado a evitar práticas de urbanificação nocivas à cidade. Podemos resumi-las em: a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infraestrutura urbana; d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como polos geradores de tráfego, sem a previsão da infraestrutura correspondente; e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutili- zação ou não utilização; f) a deterioração das áreas urbanizadas; g) a poluição e a degradação ambiental (BRASIL, 2002). As diretrizes, instrumentos e normas consagradas pelo Estatuto da Cidade almejam estabelecer parâmetros para orientar os planejamentos urbanos mu- nicipais. A ordenação urbana exercida sob a legislação federal deve definir a função social da propriedade urbana em prol da cidade sustentável, cujo planejamento tem o compromisso de indicar usos compatíveis e vedar os incom- patíveis, evitar a ociosidade predadora do espaço, induzir o desenvolvimento da cidade para as regiões adjacentes e potencializar o uso de equipamentos e serviços. Essas são as tarefas do Plano Diretor. 9Função social da propriedade urbana No link a seguir, você encontra um vídeo ilustrado sobre o Estatuto da Cidade e as normas que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. https://goo.gl/BHheTh O Plano Diretor como a “chave” da ordenação da cidade A lei federal prevê que o instrumento de planejamento dos municípios deve conferir efetividade às diretrizes da política urbana e ao cumprimento da função social da cidade e da propriedade urbana, conforme orienta o Es- tatuto da Cidade. Esse instrumento é o Plano Diretor, que deve defi nir os usos compatíveis e incompatíveis, a capacidade construtiva dos imóveis, a expansão ou a contenção urbana. Meirelles (2006, p. 538) conceitua o Plano Diretor como “[...] o complexo de normas legais e diretrizes técnicas para o desenvolvimento global, constante do Município, sob o aspecto físico, social, econômico e administrativo, desejado pela comunidade local”. Um dos instrumentos políticos mais importantes previstos no Estatuto da Cidade, o Plano Diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento do Município. Em síntese, o Plano Diretor deve orientar o poder público e a iniciativa privada quanto à construção dos espaços urbano e rural e à oferta dos serviços públicos essenciais. Inclui-se a manutenção, criação e ampliação das áreas destinadas à cultura, esportes e lazer, bem como a preservação do patrimônio edificado. As regras básicas de uso do solo estabelecidas pelo Plano Diretor têm como objetivo assegurar melhores condições de vida à população da cidade. Essas regras básicas de ocupação do solo orientam e regulam a ação dos agentes sociais e econômicos sobre o município e, necessariamente, devem ser elaboradas e implementadas com ampla participação popular. O Plano Diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana (artigo 40), que deve estabelecer as exigências fundamentais de ordenação para contemplar a função social da propriedade urbana (artigo 39). Nesse contexto, são instituídos os requisitos do atendimento às necessidades dos Função social da propriedade urbana10 https://goo.gl/BHheTh cidadãos quanto à qualidade de vida, justiça social e desenvolvimento das atividades econômicas (BRASIL, 2002). Formalmente, o Plano Diretor é uma lei municipal obrigatória para os municípios com população superior a 20 mil habitantes, que deve ser aprovada pela Câmara Municipal. As etapas a serem seguidas para a implantação do Plano Diretor vão da identificação da realidade da cidade e de suas demandas à decisão conjunta dos temas e objetivos a serem enfatizados, redação da proposta e envio para a aprovação na Câmara dos Vereadores e instituição de prazos e procedimentos para a colocação do plano em prática. É necessário estabelecer métodos e condutas de revisão do plano, entendendo que a cidade sofre mudanças difíceis de serem previstas; a média de intervalo sugerida para a revisão de um plano é de dez anos. Di Sarno (2004, p. 70) explana sobre o processo de alteração do Plano Diretor. As alterações, na verdade, são esperadas, desde que em forma de ajustes à nova realidade. Quando um plano urbanístico começa a ser executado, as circunstâncias locais mudam e é possível haver necessidade de se alterar al- guma disposição para que o plano obtenha êxito. Essa necessidade de revisão do plano foi disposta, no Estatuto da Cidade, no art.40 § 3°, determinando a revisão da lei que instituiu o Plano Diretor, ao menos, a cada dez anos. De maneira prática, o Plano Diretor é a “chave” mencionada por Rolnik (2001), porque ele ordena a cidade com medidas bastante técnicas após seu processo de diagnóstico. Ele representa a busca de consensos entre o Execu- Em relação à dimensão populacional mínima para a obrigatoriedade da instituição do Plano Diretor: Maior efetividade à obrigação de se instituir o Plano Diretor se deu com o advento do Estatuto da Cidade. Aquele está previsto na Constituição Federal em seu art. 182, § 1º, o qual é determinado para cidades com mais de 20 mil habitantes, englobando toda a sua área de expansão urbana e rural. O Estatuto da Cidade, no entanto, baseado na competência da União para instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano e de legislar sobre normas gerais em direito urbanístico amplia essa obrigatoriedade, conforme podemos observar através de uma breve análise do art. 41, do Estatuto da Cidade, o qual impõe o plano às cidades: que sejam integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas; 11Função social da propriedade urbana tivo, o Legislativo, a sociedade civil, o Ministério Público e órgãos de outras esferas governamentais. As demais normas municipais devem ser observadas concomitantemente ao Plano Diretor para o ordenamento urbano: Lei Orgâ- nica, Código de Obras e Posturas, Lei de Uso e Ocupação do Solo, Plano de Transportes e do Sistema Viário e Código Ambiental. Essas normas devem,necessariamente, incorporar as 16 diretrizes da política de desenvolvimento urbano e ambiental previstas no Estatuto da Cidade (XAVIER, [2012?]). Após a fase caracterizada como “Síntese Diagnóstica da Realidade Muni- cipal” (XAVIER, [2012?], p. 24), os procedimentos técnicos para a elaboração do Plano Diretor partem do macrozoneamento, que é a divisão das zonas urbana e rural em unidades territoriais. O Plano Diretor então incentiva, qualifica ou proíbe a ocupação das zonas urbanas — residências, comércios, serviços, indústrias e equipamentos públicos — de acordo com a capacidade entre a infraestrutura e as condições do meio físico. Leva-se em consideração as características dos usos e ocupações já existentes, as áreas de preservação ambiental ou histórica, a densidade demográfica das áreas, a qualidade do solo, os ecossistemas, o preço da terra urbana, o sistema viário e de transportes, as Zonas Especiais de Interesse Social, para citar os temas recorrentes. Você pode arriscar considerar que a “chave” para abrir a “caixa de ferra- mentas” é a confluência entre os saberes técnico e popular, uma possibilidade de equação entre as políticas de governo e as reivindicações das comunidades locais. Isso porque a operacionalização do Plano Diretor tem na participação de todos os segmentos (públicos, privados e coletivos) — o viés de legitimação de sua elaboração e implantação. em que o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no § 4o do art. 182 da Constituição Federal; integrantes de áreas de especial interesse turístico; inseridos na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional (RE- BOUÇAS, 2007, p. 242). Função social da propriedade urbana12 Transporte, segurança, moradia, saneamento, lazer, comunicação, emprego, saúde, cultura, beleza, natureza. São muitos os itens que contribuem para a qualidade de vida nas cidades. No vídeo disponível no link a seguir, a urbanista Raquel Rolnik apresenta propostas para o atendimento da função social da propriedade urbana agenciada pelo Estatuto da Cidade e pelos Planos Diretores municipais. https://goo.gl/NHoxm6 A gestão das cidades: ordenamento urbano e racionalização das funções urbanas O Estatuto da Cidade signifi cou um grande avanço na provisão e regula- mentação do aparato jurídico necessário para impulsionar o cumprimento da função social na propriedade urbana. Além da promulgação do Estatuto da Cidade (2001), vale salientar outra iniciativa importante para a mobilização e sensibilização de gestores públicos e da sociedade para a elaboração dos Planos Diretores em consonância com a legislação federal: o Ministério das Cidades, criado em 2003. Com ampla campanha nacional disseminando os princípios do Estatuto da Cidade, diversos municípios iniciaram a elaboração de Planos Diretores. Apesar disso, uma pesquisa recente do IBGE revela que no ano de 2015 — 14 anos após a instituição do Estatuto da Cidade (2001), cujas diretrizes determinaram obrigatoriedade na elaboração dos Planos Diretores para uma expressiva parcela dos municípios brasileiros — apenas 50% dos municípios tinham um Plano Diretor em vigência. Por meio da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC), o IBGE (2016) divulga os dados: em relação ao total de municípios brasileiros, no ano de 2015, apenas 50% tinham Plano Diretor, 12,4% estavam elabo- rando e 37,6% não tinham. Nos municípios com faixa populacional igual ou superior a 20 mil habitantes, em que o plano é obrigatório, são identificados resultados satisfatórios: no ano de 2015, 89,2% tinham Plano Diretor, 5,3% estavam elaborando e 5,5% não tinham. Avaliando a faixa temporal (2005- 2015), é nítida a evolução, em todos os níveis de análise, dos municípios que têm plano, principalmente a partir da transição 2005-2009, pois o Estatuto da Cidade define como prazo limite o ano 2006 para que concluam seus planos 13Função social da propriedade urbana https://goo.gl/NHoxm6 (POMPEU; SOARES, 2016, p. 13). Veja o gráfico da Figura 1 para visualizar essa informação. Figura 1. Percentual de municípios, total, com até 20 mil e com mais de 20 mil habitantes, por situação do Plano Diretor — Brasil, 2005/2015. Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2016, p. 18). A Figura 1 permite constatar o nítido esforço dos gestores municipais em incorporar os Planos Diretores, porém, quanto à regulamentação dos instrumentos para sua aplicação prática, os especialistas afirmam que ainda se apresentam debilidades e deficiências de natureza técnica. Como usuários da cidade e descolados da natureza técnica dos instrumentos de planejamento, nós partilhamos de muitos incômodos cotidianos decorrentes do caos urbano em nossas cidades. A reduzida conexão que conseguimos estabelecer entre a teoria e a prática nos nossos planejamentos frequentemente cria um confronto entre a idealização e a realização das medidas previstas em nossos Planos Diretores. Na perspectiva do usuário da urbe, os enunciados tecnocratas não chegaram a impactar significativamente a vida nas cidades. A existência desses instru- mentos ainda não foi suficiente para melhorar efetivamente a qualidade urbana nas cidades brasileiras. Permanecemos reivindicando o direito à cidade na forma de melhores condições ambientais, sistemas de transporte, equipamentos urbanos, mobilidade, acessibilidade, lazer, habitação, enfim, a efetividade do planejamento no cumprimento da função social da propriedade urbana. Função social da propriedade urbana14 Confirmando as percepções dos cidadãos, autores referenciais sobre ques- tões urbanas apontam várias fragilidades e inconsistências na aplicabilidade sistêmica da legislação, em especial quanto à construção e implementação dos Planos Diretores conforme determina a legislação federal. Segundo eles, a ‘caixa de ferramentas’ tem permanecido fechada para a aplicação efetiva das diretrizes por meio dos Planos Diretores. Grande parte dos gestores mu- nicipais tratam a ‘chave’ (o Plano Diretor) como uma mera obrigação formal e prosseguem à base da intuição, do improviso e, em muitos casos, à mercê das pressões externas — leia-se, do capital imobiliário (VILLAÇA, 2005; JATOBÁ, 2008; CYMBALISTA, 2007). Os principais questionamentos e hipóteses quanto à efetividade da cons- trução e da aplicabilidade dos Planos Diretores para o cumprimento da função social da propriedade urbana podem ser elencados como: a) a frequente consideração do Plano Diretor é como uma construção descolada da realidade social, limitando-se a princípios, objetivos e diretrizes gerais, não avançando além dessa perspectiva teórica; b) a manutenção do caráter tecnicista dos planos; c) a baixa responsabilidade dos gestores públicos, que não incorporam os Planos Diretores em suas agendas; d) a resistência por parte dos setores conservadores à aprovação dos ins- trumentos mais voltados às necessidades das populações carentes; e) o predomínio do capital imobiliário, que ocupa espaços cada vez mais extensos — condenando a população mais pobre à chamada “expulsão branca”, tangida para áreas periféricas de não cidade; f) a demasiada verticalização, que conduz a mobilidade urbana ao colapso; g) o uso indevido dos instrumentos indutores do desenvolvimento urbano como simples estratégia de aumento da arrecadação municipal sem contrapartida em investimentos sociais. Convivemos com um significativo desvirtuamento na utilização dos me- canismos de transferência do direito de construir, que beneficia quase que exclusivamente os grandes empreendimentos imobiliários em detrimento às intervenções sociais. A alteração, (de maneira viciosa) dos instrumentos racionalizadores do desenvolvimento urbano colide frontalmente com as necessidades e os direitos da maioria da população urbana brasileira. Urge que nos identifiquemos com a bandeira de um melhor equilíbrio entre os objetivos econômicos e sociais, para aviabilização de um modelo de cidade 15Função social da propriedade urbana que seja ao mesmo tempo economicamente dinâmica, socialmente justa e ambientalmente sustentável. Os instrumentos previstos no Estatuto da Cidade (em combinação com o Plano Diretor) permitem administrar o conflito de interesses de forma menos deturpada. É imperativo que as cidades só se tornarão melhores exemplos de qualidade de vida para a coletividade se forem o locus de um crescimento econômico vigoroso, mas também socialmente inclusivo e sustentável. No vídeo disponível no link a seguir, a arquiteta e urbanista Ermínia Maricato comenta sobre as fronteiras da cidade, o afastamento dos pobres do centro e a ocupação ilegal. https://goo.gl/mBG3zo 1. O artigo 182 da Constituição Federal de 1988 dispõe sobre a função social da propriedade urbana. Em conformidade com o enunciado da Constituição, qual é o instrumento básico para a efetivação da política de desenvolvimento e expansão urbana? a) A Lei Orgânica dos Municípios, aprovada pela Câmara Municipal, é instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. b) O Código de Obras e Posturas, aprovado pela Câmara Municipal, é instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. c) O Plano de Transportes e do Sistema Viário, aprovado pela Câmara Municipal, é instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. d) O Código Ambiental, aprovado pela Câmara Municipal, é instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. e) O Plano Diretor, aprovado pela Câmara Municipal, é instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. 2. Na madrugada do dia 01/05/2018, o edifício Wilton Paes de Almeida, de 24 andares, ocupado pelo Função social da propriedade urbana16 https://goo.gl/mBG3zo Movimento Social de Luta por Moradia (MSLM) e que abrigava 140 famílias, foi consumido pelo fogo e desabou no Largo do Paiçandu, em São Paulo, SP. Além da discussão sobre a escassez de políticas habitacionais necessárias para as metrópoles nacionais, essa tragédia trouxe à tona qual tema fundamental da Constituição Federal e do Estatuto da Cidade? a) O usucapião especial de imóvel urbano. b) O princípio da função social da propriedade urbana. c) O direito de superfície. d) O direito de preempção. e) A outorga onerosa do direito de construir. 3. No seu artigo 2º, o Estatuto da Cidade preceitua que todos devem ter direito a cidades sustentáveis e traz 16 incisos destinados a ordenar ações de interesse social para a democratização da utilização do espaço urbano. É considerada uma das diretrizes expressas no artigo 2º do Estatuto da Cidade: a) A adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira aos objetivos dos empreendimentos privados. b) A adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira aos objetivos da administração federal. c) A adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira aos objetivos da administração municipal. d) A adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira aos objetivos da administração estadual. e) A adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira aos objetivos do desenvolvimento urbano. 4. O Estatuto da Cidade instituiu a obrigatoriedade da Plano Diretor para municípios brasileiros que tenham um determinado perfil populacional. Para as cidades incluídas na obrigatoriedade de implantação de um Plano Diretor, o Estatuto da Cidade também orienta uma média de intervalo de tempo para a revisão desses planos. Esses números equivalem a: a) O plano diretor é uma lei municipal obrigatória para os municípios com população superior a 20 mil habitantes e o tempo de revisão sugerido é de 10 anos. b) O plano diretor é uma lei municipal obrigatória para os municípios com população superior a 10 mil habitantes e o tempo de revisão sugerido é de 5 anos. c) O plano diretor é uma lei municipal obrigatória para os municípios com população superior a 30 mil habitantes e o tempo de revisão sugerido é de 15 anos. d) O plano diretor é uma lei municipal obrigatória para os municípios com população superior a 15 mil habitantes e o tempo de revisão sugerido é de 20 anos. e) O plano diretor é uma lei municipal obrigatória para os municípios com população superior a 5 mil habitantes 17Função social da propriedade urbana e o tempo de revisão sugerido é de 5 anos. 5. O Estatuto da Cidade orienta as diretrizes para a construção e aplicação dos Planos Diretores nos municípios brasileiros. Entre as análises e hipóteses formuladas pelos especialistas quanto ao entendimento da população a respeito do cumprimento da função social da propriedade urbana por meio dos Planos Diretores, podemos destacar: a) a população não tem, legalmente, acesso ou representatividade na discussão e elaboração do Plano Diretor. b) para a população, o Plano Diretor é totalmente compreensível e de fácil acesso às representatividades comunitárias. c) para a população, o Plano Diretor costuma ser considerado uma construção descolada da realidade social, mantendo-se em uma perspectiva excessivamente teórica. d) a população considera que os gestores públicos estão comprometidos na integridade com a execução dos Planos Diretores. e) a população não está descontente com o desenvolvimento urbano de suas cidades. BERCOVICI, G. Constituição econômica e desenvolvimento: uma leitura a partir da Cons- tituição de 1988. São Paulo: Malheiros Editores, 2005. BRASIL. Constituição (1946). Constituição Federal de 1946. Brasília, DF, 1946. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1940-1949/constituicao-1946- -18-julho-1946-365199-publicacaooriginal-1-pl.html>. Acesso em: 3 maio 2018. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm>. Acesso em: 29 abr. 2018. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: texto consti- tucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações determinadas pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94, pelas Emendas Constitucionais nos 1/92 a 91/2016 e pelo Decreto Legislativo no 186/2008. Brasília, DF: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2016. Disponível em: <https://www2.senado. leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf>. Acesso em: 29 abr. 2018. Função social da propriedade urbana18 http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1940-1949/constituicao-1946- http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ https://www2.senado/ http://leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf BRASIL. Senado Federal. Estatuto da cidade: e legislação correlata. 2. ed. atual. Brasília, DF: Senado Federal, 2002. Disponível em: <http://www.geomatica.ufpr.br/portal/ wp-content/uploads/2015/03/Estatuto-da-Cidade.pdf>. Acesso em: 18 maio 2018. CYMBALISTA, R. A trajetória recente do planejamento territorial no Brasil: apostas e pontos a observar. Revista Paranaense de Desenvolvimento, n. 111, p. 29-45, 2007. DI SARNO, D. C. L. Elementos de direito urbanístico. Barueri, SP: Manole, 2004. FARIAS, C. C.; ROSENWALD, N. Direitos reais. 5. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Perfil dos municípios brasilei- ros: 2015. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/ visualizacao/livros/liv95942.pdf>. Acesso em: 6 maio 2018. JATOBÁ, S. U. O Plano Diretor e a função social da propriedade urbana. Regional e Urbano, n. 1, p. 39-43, dez. 2008. Disponível em: <http://repositorio.ipea.gov.br/ handle/11058/5509>. Acesso em: 3 maio 2018. MEIRELLES, H. L. Direito municipal brasileiro. 14. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. POMPEU, D.S. da. S.; SOARES, B. R. Da reforma urbana aos planos diretores: um avanço na política urbana brasileira. Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 4, n. 23, 2016, p. 113-128, 2016. Disponível em: <https://www.amigosdanatureza.org.br/ publicacoes/index.php/gerenciamento_de_cidades/article/view/1404/1426>. Acesso em: 5 maio 2018. REBOUÇAS, K. B. A. T. A eficácia do direito de preempção no Plano Diretor. Revista Direito e Liberdade, v. 6, n. 2, p. 233-252, jan./jun. 2007. Disponível em: <http://www. esmarn.tjrn.jus.br/revistas/index.php/revista_direito_e_liberdade/article/view/109>. Acesso em: 4 maio 2018. ROLNIK, R. (Coord.). Estatuto da cidade: guia de implementação pelos municípios e cidadãos. Brasília, DF: Instituto Polis, Laboratório de Desenvolvimento Local, 2001. ROLNIK, R.; CYMBALISTA, R. Regulação urbanística no Brasil: conquistas e desafios de um modelo em construção. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL: GESTÃO DA TERRA URBANA E HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL, 2000, Campinas. Anais... Campinas: PUCCAMP, 2000. Disponível em: <https://raquelrolnik.files.wordpress.com/2009/10/ regulacao-urbanistica-no-brasil.pdf>. Acesso em: 2 maio 2018. SILVA, J. A. Curso de direito constitucional positivo. 30. ed. São Paulo: Malheiros, 2007. SILVA, M. L. A função social da propriedade segundo o estatuto da cidade: a necessidade de uma interpretação crítica e extensiva. [2009?]. Disponível em: <http://www.ibdu. org.br/imagens/AFUNcaOSOCIALDAPROPRIEDADESEGUNDOOESTATUTODACIDADE. pdf>. Acesso em: 4 maio 2018. VILLAÇA, F. As ilusões do plano diretor. São Paulo: Ed. do Autor, 2005. XAVIER, L. N. Estatuto da Cidade: Caixa de Ferramentas do Planejamento Ur- bano no Brasil. [2012?]. Disponível em: <http://www.publicadireito.com.br/ artigos/?cod=0c215f194276000b>. Acesso em 4 maio 2018. 19Função social da propriedade urbana http://www.geomatica.ufpr.br/portal/ https://biblioteca.ibge.gov.br/ http://repositorio.ipea.gov.br/ https://www.amigosdanatureza.org.br/ http://esmarn.tjrn.jus.br/revistas/index.php/revista_direito_e_liberdade/article/view/109 https://raquelrolnik.files.wordpress.com/2009/10/ http://www.ibdu/ http://org.br/imagens/AFUNcaOSOCIALDAPROPRIEDADESEGUNDOOESTATUTODACIDADE. http://www.publicadireito.com.br/ Leituras recomendadas BRASIL. Ministério das Cidades. Plano diretor participativo: guia para elaboração pelos municípios e cidadãos. Brasília, DF: Confea, 2008. MONTANDON, D. T.; SANTOS JUNIOR, O. A. dos (Org.). Os planos diretores municipais pós-estatuto da cidade: balanço crítico e perspectivas. Rio de Janeiro: Letra Capital; Observatório das Cidades; IPPUR/UFRJ, 2011. ROLNIK, R. Estatuto da cidade: novas perspectivas para reforma urbana. São Paulo: Pólis, 2001. Função social da propriedade urbana20 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Compartilhar