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Indaial – 2021 OrganizaçãO e PlanejamentO nOtarial Prof. Alfredo Pieritz Netto 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof. Alfredo Pieritz Netto Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: N476o Netto, Alfredo Pieritz Organização e planejamento notarial. / Alfredo Pieritz Netto. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 222 p.; il. ISBN 978-65-5663-445-6 ISBN Digital 978-65-5663-441-8 1. Direito notarial. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 341.411 aPresentaçãO Prezado acadêmico do curso de Gestão de Serviços Jurídicos, Notariais e de Registro – GSJ, seja bem- vindo a esta nova disciplina em seu curso, a qual desenvolveremos um conteúdo dinâmico e atualizado, buscando trabalhar o seu aprendizado de forma prática, mas também lhe trazer a teoria e conceitos que são importantes para a sua formação em gestão de serviços jurídicos, notariais e de registro. A presente disciplina tem como objetivo trabalhar a organização e planejamento notarial, aqui, discorreremos sobre direito notarial, organização de cartórios e questões relacionadas a sua gestão e questões técnicos e legais relacionadas, além de trazer cases práticos e ferramentas que você poderá aplicar em seu dia a dia de trabalho. Esta disciplina abordará desde aspectos da organização e do direito notarial, questões relacionadas à legislação pertinente ao tema, bem como apresentaremos alguns elementos ligados à automação dos cartórios modernos, também apresentaremos pontos relevantes sobre os serviços on- line já prestados pelos cartórios. Traremos tópicos atuais relativos à profissão, uma vez que vivemos em constantes transformações. As técnicas e metodologias aplicadas e softwares de auxílio à manutenção estão constantemente evoluindo, e, por isso, o gestor de serviços jurídicos, notariais e de registro precisa se aperfeiçoar constantemente nesta área. Na primeira unidade, cujo título é Direito Notarial, você estudará as questões jurídicas, os princípios da atividade notarial e registral, os princípios gerais e a instituição do notariado. A segunda unidade de estudo está focada em discutirmos os serviços notariais, estrutura, responsabilidade e gestão de uma estrutura notarial, descrevendo pontos importantes referentes aos processos de gestão e relativas ao dia a dia de uma estrutura notarial. Na terceira e última unidade, você estudará detalhes técnicos e legais de uma estrutura notarial, questões relacionadas aos livros notariais, fiscalização incorrida nos cartórios e competência e provimentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com relação aos cartórios. Assim, as três unidades a serem estudadas neste caderno são: Unidade 1 – Direito Notarial, Unidade 2 – O serviço notarial e Unidade 3 – Detalhes técnicos e legais. Você, agora, está iniciando uma nova jornada na área da gestão de serviços jurídicos, notariais e de registro, em que aprenderá conceitos e metodologias utilizadas. Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Aqui cabe bem a frase escrita por Peter Drucker, em que diz: “A causa mais comum do fracasso é a incapacidade ou falta de vontade de mudar diante das exigências de uma nova posição”. Este livro didático foi desenvolvido para você dentro das mais modernas tecnologias de ensino e aprendizado através do estudo EAD (Ensino a Distância). Assim, futuro gestor de serviços notarial, não só o estude, mas aplique na prática (quando possível), faça os exercícios e troque experiências com seus colegas, pois, nessa área, o conhecimento e as técnicas estão evoluindo constantemente. Pronto para começar a estudar este serviço tão importante prestado para a comunidade em geral? Bons estudos! Prof. Alfredo Pieritz Netto Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumáriO UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL............................................................................................... 1 TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL ............................................................. 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 O DIREITO NOTARIAL .................................................................................................................... 4 3 LEGISLAÇÃO NOTARIAL E REGISTRAL ................................................................................... 8 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 24 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 26 TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL ............................... 27 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 27 2 OS PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL ......................................................................... 27 2.1 PRINCÍPIOS RELACIONADOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ..................................... 28 2.1.1 Princípio da legalidade ....................................................................................................... 28 2.1.2 Princípio da impessoalidade .............................................................................................. 29 2.1.3 Princípio da moralidade ..................................................................................................... 30 2.1.4 Princípio da publicidade .................................................................................................... 31 2.1.5 Princípio da eficiência ......................................................................................................... 34 2.2 PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL ............................................................................36 2.2.1 Princípio da Fé Pública ....................................................................................................... 37 2.2.2 Princípio da autoria e responsabilidade ........................................................................... 39 2.2.3 Princípio da legalidade ....................................................................................................... 39 2.2.4 Princípio da imparcialidade e independência ................................................................. 40 2.2.5 Princípio da autenticidade ................................................................................................. 40 2.2.6 Da finalidade dos serviços .................................................................................................. 41 2.2.7 Princípio da Conservação ................................................................................................... 41 3 OS PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE REGISTRAL........................................................................ 42 3.1 PRINCÍPIO DA ROGAÇÃO OU DA INSTÂNCIA ................................................................. 42 3.2 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE ............................................................................................ 43 3.3 PRINCÍPIO DA PRIORIDADE ................................................................................................... 43 3.4 PRINCÍPIO DA INSCRIÇÃO ...................................................................................................... 44 3.5 PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE OU DA UNITARIEDADE DA MATRÍCULA ............. 45 3.6 PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE ........................................................................................ 45 3.7 PRINCÍPIO DA QUALIFICAÇÃO, DA LEGALIDADE OU DA LEGITIMIDADE ........... 46 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 50 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 52 TÓPICO 3 — A INSTITUIÇÃO DO NOTARIADO ...................................................................... 55 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 55 2 CONCURSO, DELEGAÇÃO E INSTITUIÇÃO DO NOTARIADO ....................................... 56 3 TIPOS DE NOTARIADO ESPÉCIES. FINALIDADE. FUNÇÃO. FÉ PÚBLICA ................... 59 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 63 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 66 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 67 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 69 UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL ...................................................................................... 73 TÓPICO 1 — ESTRUTURA NOTARIAL ......................................................................................... 75 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 75 2 INFRAESTRUTURA FÍSICA .......................................................................................................... 76 3 ESTRUTURA DE PESSOAS ............................................................................................................ 80 4 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (INFORMATIZAÇÃO) .................................................. 84 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 92 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 94 TÓPICO 2 — A RESPONSABILIDADE DO SERVIÇO NOTARIAL ........................................ 95 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95 2 DAS RESPONSABILIDADES LEGAIS ........................................................................................ 96 2.1 DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS ............................................................... 97 2.2 DAS RESPONSABILIDADES CIVIS .......................................................................................... 98 3 DA RESPONSABILIDADE PENAL (CRIMINAL).................................................................... 101 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 107 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 108 TÓPICO 3 — GESTÃO DE UMA ESTRUTURA NOTARIAL ................................................... 111 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 111 2 PLANEJAMENTO E GESTÃO DE UMA ESTRUTURA NOTARIAL .................................. 112 3 ISO/ABNT 15.906:2010 E SISTEMA DE QUALIDADE EM CARTÓRIO ............................. 118 3.1 ISO/ABNT 15.906:2010 - GESTÃO EMPRESARIAL PARA SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO – REQUISITOS .............................................................................................. 118 3.2 GESTÃO DA QUALIDADE EM CARTÓRIOS ...................................................................... 120 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 123 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 125 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 127 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 129 UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS ................................................................... 131 TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS .............................................................................. 133 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 133 2 DOS LIVROS NOTARIAIS ........................................................................................................... 134 2.1 A ATA NOTARIAL ..................................................................................................................... 134 2.2 A ESCRITURAS PÚBLICAS ...................................................................................................... 148 3 LEGISLAÇÃO SOBRE OS LIVROS NOTARIAIS .................................................................... 155 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 162 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 164 TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS ........................... 165 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 165 2 REGISTRO DA PROPRIEDADE IMÓVEL COMO DIREITO REAL ................................... 166 3 REGISTRO PESSOAS NATURAIS, PESSOAS JURÍDICAS E OUTROS SERVIÇOS .......... 177 RESUMO DOTÓPICO 2................................................................................................................... 196 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 198 TÓPICO 3 — EMOLUMENTOS, FISCALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E PROVIMENTOS DO CNJ, CARTÓRIO DIGITAL ............................................ 199 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 199 2 EMOLUMENTOS, FISCALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E PROVIMENTOS DO CNJ ..... 199 2.1 DOS EMOLUMENTOS .............................................................................................................. 199 2.2 FISCALIZAÇÃO E CNJ ............................................................................................................. 201 3 CARTÓRIO DIGITAL .................................................................................................................... 204 3.1 PROVIMENTO CNJ Nᵒ 48/2016 ............................................................................................... 206 3.2 PROVIMENTO CNJ Nᵒ 100/2020 ............................................................................................ 210 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 214 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 216 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 219 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 221 1 UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer as principais referências legais sobre as atividades notariais; • identificar os princípios da atividade notarial/registral; • compreender os princípios da atividade registral; • identificar as correlações das Espécies, Finalidade, Função e Fé Pública da atividade notarial/registral; • aprofundar os conhecimentos acerca da natureza jurídica da delegação e instituição do notariado. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL TÓPICO 3 – A INSTITUIÇÃO DO NOTARIADO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL 1 INTRODUÇÃO Olá, prezado acadêmico do curso de Gestão de Serviços Jurídicos, Notariais e de Registro, também conhecido carinhosamente como GSJ. Estamos iniciando mais uma disciplina e, neste livro didático, estudaremos pontos práticos relacionados à gestão de um cartório notarial e de registro. Buscaremos trazer questões práticas e importantes sobre a gestão e, principalmente, discutiremos as nuances legais que são tão importantes ao gestor e ao seu bom funcionamento. O direito notarial, balizado pela legislação específica, é a referência para o bom trabalho executado pelos cartórios, traz uma seguridade e confiança no sistema notarial e de registros, visto que temos uma nova realidade desde a nova Constituição Federal de 1988, em que vemos novos marcos de garantia para o cidadão brasileiro, e que os cartórios precisaram se adaptar. FIGURA 1 – LEGISLAÇÃO NOTARIAL E DE REGISTROS FONTE: <https://consultordedentistas.com.br/wp-content/uploads/legal-1.jpg>. Acesso em: 23 set. 2020. Vamos, agora, conhecer mais detalhes referentes ao direito notarial e de registros e as legislações relacionadas ao tema. Bom estudo! UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL 4 2 O DIREITO NOTARIAL O Sistema Notarial e Registral brasileiro, popularmente conhecido como cartórios de registro, estão presentes no dia a dia dos brasileiros, seja para uma autenticação de assinatura, reconhecimento de firma (assinatura), registro de documentos negociais, jurídicos, registro de uma compra ou venda, registro de um imóvel ou de um inventário extrajudicial, entre outras atividades. Sempre temos o envolvimento de um cartório para dar validade jurídica e de registro do processo. Tem-se registros históricos no Brasil que, a partir de 1549, verifica-se os primeiros relatos de trabalho notarial, evoluindo até que, no início do século XX, alguns estados brasileiros, como o Rio Grande do Sul, passassem a exigir um maior profissionalismo e conhecimento técnico pelos tabeliães para a lavratura das atas. Temos as primeiras referencias legais ao reconhecimento dos atos pelos notários nas seguintes leis: Lei nᵒ 5.869 de 11 de janeiro de 1973 que Institui o Código de Processo Civil e traz em seu artigo 364: “Art. 364. O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o tabelião, ou o funcionário declarar que ocorreram em sua presença” (BRASIL, 1973). Este artigo, inovador para a época, dá validade pública a documentos originais reconhecidos em suas cópias pelos tabeliões, fato este que se consumou em uma grande conquista para a profissão, mas também para a população. É a tecnologia mudando os caminhos, já em 1973. Loureiro (2020, p. 50) define o direito notarial como “o conjunto de normas e princípios que regulam a função do notário, a organização do notariado e os documentos ou instrumentos redigidos por este profissional do direito que, a título privado, exerce uma função pública por delegação do Estado”. Já o conceito do direito registral, conforme Loureiro (2020, p. 48), é descrita como o “conjunto de normas e princípios que regulam a atividade do registrador, o órgão do Registro, os procedimentos registrais e os efeitos da publicidade registral, bem como o estatuto jurídico aplicável a este profissional do direito”. Com esses conceitos definidos, vamos conhecer alguns pontos legais introdutórios sobre a profissão. Um grande marco para os serviços notariais é a Lei nᵒ 8.935, de 18 de novembro de 1994, que regulamenta o Art. 236 da Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos cartórios). TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL 5 FIGURA 2 – LEI Nᵒ 8.935, DISPONDO SOBRE SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO. (LEI DOS CARTÓRIOS) FONTE: Brasil (1994) São diversas as leis que precisam ser atentadas pelos notariados, mas iniciaremos citando a Constituição Federal (CF) de 1988, Carta Magna do País. Temos o Art. 236, que descreve: Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. (Lei nᵒ 8.935, DE 18 DE NOVEMBRO DE 1994.Regulamenta o Art. 236 da Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos cartórios) § 1ᵒ Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário. § 2ᵒ Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro. (Lei nᵒ 10.169, de 29 de dezembro de 2000). Regula o § 2ᵒ do Art. 236 da Constituição Federal, mediante o estabelecimento de normas gerais para a fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro.) § 3ᵒ O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses (BRASIL, 1988). Temos assimdefinidos na CF que os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, ou seja, um ente privado desenvolverá as atividades notariais conforme prescrito por lei, mas não pode ser qualquer ente privado, ele deverá ser por delegação do Poder Público, por concurso público. UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL 6 Prezado acadêmico, conforme você pode ver, a própria Constituição Federal remete à Lei nᵒ 8.935/1994 inicialmente, que é conhecida como a Lei do Cartório, a qual detalharemos alguns pontos importantes na sequência. Apesar de estarmos apresentando os principais pontos da lei, sugerimos a você a leitura da lei completa, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8935.htm. NOTA Buscando ciência da Lei nᵒ 8.935/1994, temos inicialmente apresentado o que é o serviço notarial e, na sequência, são apresentados a profissão de notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, conforme apresentado a seguir: TÍTULO I Dos Serviços Notariais e de Registros CAPÍTULO I Natureza e Fins Art. 1ᵒ Serviços notariais e de registro são os de organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos. Art. 2ᵒ (Vetado). Art. 3ᵒ Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro. Art. 4ᵒ Os serviços notariais e de registro serão prestados, de modo eficiente e adequado, em dias e horários estabelecidos pelo juízo competente, atendidas as peculiaridades locais, em local de fácil acesso ao público e que ofereça segurança para o arquivamento de livros e documentos. § 1ᵒ O serviço de registro civil das pessoas naturais será prestado, também, nos sábados, domingos e feriados pelo sistema de plantão. § 2ᵒ O atendimento ao público será, no mínimo, de seis horas diárias (BRASIL, 1994). Conforme apresentado na Lei nᵒ 8.935/1994, temos definidos os seguintes conceitos: SERVIÇO NOTARIAIS E DE REGISTRO: são todos os serviços de organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos. Temos um ponto importante a ressaltar neste conceito que está no termo “publicidade”. Loureiro (2020) descreve que o serviço notarial e de registro precisa divulgar, de forma oficial, os registros dos atos realizados tornando de conhecimento público para o início de seus efeitos externos e assim dar validade jurídica, principalmente comunicando a sociedade e evitar possíveis desvios judiciais. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL 7 Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador: são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro. Dentro desse conceito, temos o termo “fé pública”, que também é importante conhecer. Temos por Dicio (2020, s. p.), definido como um princípio constitucional “atribuído por lei ao Notário e Registrador, representantes do Estado em suas funções, para certificar atos da administração pública, validar procedimentos judiciais e/ou registrar procedimentos notariais em cartórios certificados, como validação de documentos e certidões”. Prezado acadêmico, gostaríamos de deixar duas dicas de leitura de um artigo para você complementar o seu conhecimento sobre este tema: • A atividade notarial e registral e sua natureza jurídica (2011), disponível em: https:// ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-administrativo/a-atividade-notarial-e-registral- e-sua-natureza-juridica/. • Sobre a fé pública, de Afonso C. F. Rezende (1998), disponível em: https://www.irib.org. br/obras/sobre-a-fe-pública. DICAS A Lei nᵒ 8.935/1994 trouxe, em seu artigo 5ᵒ, uma apresentação dos titulares das funções exercidas no notariado e registros e são citados desta forma na lei: CAPÍTULO II Dos Notários e Registradores SEÇÃO I Dos Titulares Art. 5ᵒ Os titulares de serviços notariais e de registro são os: I- tabeliães de notas; II- tabeliães e oficiais de registro de contratos marítimos; III- tabeliães de protesto de títulos; IV- oficiais de registro de imóveis; V- oficiais de registro de títulos e documentos e civis das pessoas jurídicas; VI- oficiais de registro civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas; VII- oficiais de registro de distribuição (BRASIL, 1994). Esse artigo traz os ofícios dos titulares de serviços notariais e de registro e está claramente definido. UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL 8 Prezado acadêmico, queremos deixar uma ressalva bastante importante para quem deseja seguir a profissão na área notarial e de registros, que apesar de, durante este livro didático, estudarmos muitas das leis que regem a profissão, esta profissão tem todos os seus atos estipulados pelo Ministério Público, seja em nível estadual ou federal, e os profissionais precisam acompanhar as evoluções legais em suas áreas de atuação. NOTA FIGURA – TODO ATO NOTARIAL ESTÁ ESTIPULADO EM LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA FONTE: <https://www.guarantanews.com.br/imagens/news/Cartorios-passam-a- monitorar-violencia-patrimonial-contra-idosos16-07-2020.png>. Acesso em: 25 set. 2020. Como apresentado, o direito notarial é muito extenso e com diversos dispositivos legais. Neste tópico, apresentamos principalmente a Lei nᵒ 8.935/1994. No próximo tópico, trabalharemos mais as questões ligadas ao tema. 3 LEGISLAÇÃO NOTARIAL E REGISTRAL Vamos, agora, estudar as principais leis que legislam as atividades notariais no Sistema Notarial e Registral brasileiro, em que descreveremos os principais pontos e influências, mas para uma compreensão mais profunda é interessante que você leia a legislação em sua íntegra. Em todo o livro didático nos referenciaremos a detalhes destas leis para a sua melhor compreensão dos fatos e da prática notarial. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL 9 Prezado acadêmico, queremos deixar uma dica bem legal para melhorar o seu estudo, principalmente se está iniciando no estudo na área de direito, a qual é estudar sempre com um dicionário de termos jurídicos para esclarecer sobre o significado de tantas terminologias novas utilizadas pelos advogados. Recomendamos o dicionário de Sérgio Sérvulo da Cunha, Dicionário Compacto do Direito, em sua 10ª edição, da editora Saraiva (São Paulo) 2011. Temos ainda o dicionário on-line do MPF – Ministério Público Federal – disponível em: http://www.mpf.mp.br/es/sala-de-imprensa/glossario-de-termos-juridicos. DICAS Então, o princípio legal parte sempre da Carta Magna do Brasil, e como já colocamos, temos no Art. 236, regulamentado pela Lei nᵒ 8.935/1994, a parte referente à organização do notariado. Ainda temos na lei referências: • Das atribuições e competências dos notários. • Das atribuições e competências dos oficiais de registros. • Das normas comuns: do ingresso na atividade notarial e de registro. • Dos prepostos. • Da responsabilidade civil e criminal. • Das incompatibilidades e dos impedimentos. • Dos direitos e deveres. • Das infrações disciplinares e das penalidades. • Da fiscalização pelo poder judiciário. • Da extinção da delegação. • Da seguridade social. • Das disposições gerais. • Das disposições transitórias. Prezado acadêmico, já lhe recomendamos a leitura da Lei nᵒ 8.935/1994, iremos também evocá-la em diversos momentos em nossos estudos futuros, quando tratarmos sobre alguns temas específicos da gestão e organização do escritório de notariado. ESTUDOS FU TUROS UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL 10 Temos ainda na CF, em seu Art. 22, XXV, que compete privativamente à União legislar sobre as questões relacionadas aos “registros públicos”. Devido à grande profusão de leis que regem o serviço notarial e registral, apresentamos a seguir o Quadro 1, que apresenta um resumo sucinto com as principais leis e as suas áreas de atuação. Este quadro é um orientativo para a sua referência sobre as leis e você poderá pesquisá-las nainternet ou no Vade Mecum para conhecê-las na íntegra, sendo que algumas delas serão apresentadas na sequência, em temas específicos. QUADRO 1 – PRINCIPAIS LEIS E AS SUAS ÁREAS DE ATUAÇÃO LEI Nᵒ ANO ÁREA DESCRIÇÃO CF/Art.22-XXV 1988 Geral Constituição Federal (Registros Públicos) CF/Art.236 1988 Geral Constituição Federal (serviços notariais e de registro) Lei nᵒ 8.935 1994 Geral Lei dos Cartórios Lei nᵒ 6.216 1975 Registros Públicos Registros Públicos Lei nᵒ 6.015 1973 Registros Públicos LRP (Lei de Registros Públicos) Lei nᵒ 9.613 1998 COAF Lavagem de Dinheiro – Dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF, e dá outras providências. Lei nᵒ 13.810 2019 Dispõe sobre o cumprimento de sanções impostas por resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, incluída a indisponibilidade de ativos de pessoas naturais e jurídicas e de entidades, e a designação nacional de pessoas investigadas ou acusadas de terrorismo, de seu financiamento ou de atos a ele correlacionados; e revoga a Lei nᵒ 13.170, de 16 de outubro de 2015. Resolução nᵒ 31, de 7 de junho de 2019 2019 COAF Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelas pessoas físicas e jurídicas reguladas pelo Coaf, na forma do §1ᵒ do Art. 14 da Lei nᵒ 9.613, de 3 de março de 1998, para cumprimento de sanções impostas nos termos da Lei nᵒ 13.810, de 8 de março de 2019; e para as comunicações de que trata o Art. 11 da Lei nᵒ 9.613, de 3 de março de 1998, relacionadas a terrorismo e seu financiamento. FONTE: O autor TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL 11 A importância do trabalho do profissional Notarial e de registros se faz presente nas mais diversas formas, mais recentemente temos a inclusão desses serviços como auxiliar na detecção de “lavagem de dinheiro” e, em condições mais drásticas, no auxílio a identificar questões ligadas ao terrorismo, de seu financiamento ou de atos a ele correlacionados, conforme exposto nas leis: Lei de lavagem de dinheiro (Lei nᵒ 9.613/1998) e da Lei nᵒ 13.810/2019, bem como da Resolução nᵒ 31, de 7 de junho de 2019. Para exemplificar a interação da amplitude de ação dos agentes notariais e de registro, vemos claramente a sua vinculação legal como no caso da Lei nᵒ 13.810/2019, em seu Art. 10, que transforma em lei uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e descreve que: Art. 10. Sem prejuízo da obrigação de cumprimento imediato, o Ministério da Justiça e Segurança Pública comunicará, sem demora, as sanções de: I- indisponibilidade de ativos aos órgãos reguladores ou fiscalizadores, para que comuniquem imediatamente às pessoas naturais ou jurídicas de que trata o Art. 9ᵒ da Lei nᵒ 9.613, de 3 março de 1998. [...] § 1ᵒ A comunicação a que se refere o inciso I do caput deste artigo será dirigida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, também, para cumprimento sem demora: [...] VI - aos outros órgãos de registro público competentes (BRASIL, 2019). É uma lei relacionada à segurança, mas que interpõe responsabilidades aos notariais, e assim vemos esta interposição também ocorrendo em outras áreas legais, o que dá uma amplitude muito grande de ação, mas também de responsabilidade. Temos ainda a Resolução nᵒ 31, de 7 de junho de 2019, que complementa a questão da responsabilidade: Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelas pessoas físicas e jurídicas reguladas pelo Coaf, na forma do §1ᵒ do Art. 14 da Lei nᵒ 9.613, de 3 de março de 1998, para cumprimento de sanções impostas nos termos da Lei nᵒ 13.810, de 8 de março de 2019; e para as comunicações de que trata o Art. 11 da Lei nᵒ 9.613, de 3 de março de 1998, relacionadas a terrorismo e seu financiamento. O Presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras – Coaf, no uso da atribuição que lhe confere o inciso IV do Art. 9ᵒ do Estatuto aprovado pelo Decreto nᵒ 9.663, de 1ᵒ de janeiro de 2019, e tendo em vista o disposto no Decreto nᵒ 5.640, de 26 de dezembro de 2005, que promulgou a Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo, adotada pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, em 9 de dezembro de 1999, e na Lei nᵒ UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL 12 13.810, de 8 de março de 2019, que dispõe sobre o cumprimento de sanções impostas por resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas – CSNU, torna público que o Plenário do Conselho, em sessão realizada nos dias 8 e 9 de maio de 2019, com base no § 1ᵒ do Art. 14 da Lei nᵒ 9.613, de 3 de março de 1998, resolveu: Art. 1ᵒ Esta Resolução estabelece orientações a serem observadas pelas pessoas físicas e jurídicas que exercem as atividades listadas no artigo 9ᵒ da Lei nᵒ 9.613, de 3 de março de 1998, e que são sujeitas à regulação do Coaf, no cumprimento da Lei nᵒ 13.810, de 8 de março de 2019, que dispõe sobre a aplicação imediata de sanções, incluída a indisponibilidade de ativos, impostas por resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), ou por designações de seus comitês de sanções, por requerimento de autoridade central estrangeira, e por eventuais designações nacionais de pessoas investigadas ou acusadas de terrorismo, de seu financiamento ou de atos a ele correlacionados. §1ᵒ As orientações estabelecidas nesta Resolução são complementares às demais normas do Coaf. §2ᵒ É vedado às pessoas de que trata o caput descumprir, por ação ou omissão, sanções impostas por resoluções do CSNU ou por designações de seus comitês de sanções, em benefício de pessoas naturais, pessoas jurídicas, ou entidades sancionadas, inclusive para disponibilizar ativos, direta ou indiretamente, em favor dessas pessoas ou entidades. Art. 2ᵒ As pessoas de que trata o Art. 1ᵒ devem: I- implantar procedimentos e controles internos para a identificação, entre seus clientes, de pessoas físicas, de pessoas jurídicas ou de entidades submetidas às sanções de que trata de Lei nᵒ 13.810, de 2019; e II- adotar ações de treinamento de empregados para a execução das medidas instituídas por esta norma. Art. 3ᵒ No cumprimento das sanções de que trata o Art. 1ᵒ, as pessoas nele referidas providenciarão, sem demora e sem aviso prévio aos sancionados, na forma da Lei nᵒ 13.810, de 2019, a indisponibilidade de ativos de titularidade, direta ou indireta, de pessoas físicas, de pessoas jurídicas ou de entidades submetidas àquelas sanções. §1ᵒ Devem ser imediatamente comunicadas ao Coaf e ao Ministério da Justiça e Segurança Pública: I- a indisponibilidade de ativos de que trata o caput e eventuais tentativas de transferência dos ativos; e II- a existência de ativos sujeitos às sanções e as eventuais razões que constituam impedimento para a não adoção da indisponibilidade de ativos, se for o caso. §2ᵒ Também será objeto de comunicação imediata ao Coaf a decisão judicial que determine a liberação total ou parcial dos ativos (que estavam) indisponíveis. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL 13 Art. 4ᵒ As pessoas de que trata o Art. 1ᵒ, em observância ao disposto no Art. 11, inciso I, da Lei nᵒ 9.613, 1998, devem comunicar ao Coaf, sem demora e sem aviso prévio aos sancionados, independentemente do valor, as operações realizadas, os serviços prestados, ou propostas para sua realização, que: I- envolvam as pessoas que perpetrem ou intentem perpetrar atos terroristas ou deles participem ou facilitem o seu cometimento, ou as entidades pertencentes ou controladas, direta ou indiretamente, por essas pessoas, bem como por pessoas e entidades atuando em seu nome ou sob seu comando; II- possam constituir-se em sérios indícios dos atos de financiamento ao terrorismo, previstos na Convenção Internacional para Supressão do Financiamento do Terrorismo, internalizada no ordenamento jurídico nacional por meio do Decreto nᵒ 5.640, de 26 de dezembro de 2005; III- possam constituir-seem sérios indícios dos crimes previstos na Lei nᵒ 13.260, de 16 de março de 2016. Art. 5ᵒ As comunicações de que tratam os Arts. 3ᵒ e 4ᵒ devem ser efetuadas em meio eletrônico pelo sítio do Coaf. Parágrafo único. As informações fornecidas ao Coaf serão protegidas por sigilo. Art. 6ᵒ As pessoas de que trata o Art. 1ᵒ, bem como os seus administradores, que deixarem de cumprir as obrigações desta Resolução, sujeitam-se às sanções previstas no Art. 12 da Lei nᵒ 9.613, de 1998, na forma do disposto no Decreto nᵒ 9.663, de 1ᵒ de janeiro de 2019. Art. 7ᵒ O Coaf indicará em seu sítio na internet acesso à lista de pessoas sujeitas às sanções de que trata a Lei nᵒ 13.810, de 2019 (BRASIL, 2019). São muitas as leis, dispositivos, elementos regulatórios que o notariado deve obedecer. Apresentamos alguns dos mais importantes no Quadro 1, mas sempre é importante ao profissional se atualizar nos temas de sua área de trabalho. Prezado acadêmico, para encerrar este tópico, gostaríamos de deixar algumas dicas de leitura para você aperfeiçoar o seu conhecimento sobre o tema. DEBS, M. El. Legislação notarial e de registros públicos comentada. 4. ed. Salvador: JusPodivm 2020. LOUREIRO, L. G. Registros públicos: teoria e prática. 10. ed. Salvador: Editora JusPodivm. 2019. KORENCHENDLER, A. S. Direito registral e notarial: legislação federal, específica e complementar para registradores e notários. São Paulo: Editora Atlas. 2014 BLASCO, F. D. C. Manual notarial e registral de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. São Paulo, 2019. DICAS UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL 14 O IMPACTO DA LGPD PARA NOTÁRIOS E REGISTRADORES: RESPONSABILIDADE PELO USO DA TECNOLOGIA E DA INOVAÇÃO O Estado tem o dever de resguardar os princípios fundamentais constitucionais de um país, manter a ordem jurídica e a autoridade da lei. A jurisdição constitucional é a garantia de existência do Estado Democrático de Direito, a permanência e manutenção do ordenamento jurídico, e a respeitabilidade à Constituição Federal no que concerne à obediência aos seus princípios. Nesta esteira, respeito à privacidade, liberdade de expressão, inviabilidade da intimidade, da honra e da imagem, livre iniciativa, direitos humanos, livre desenvolvimento da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais são fundamentos que vêm à tona e forçam a sociedade moderna a integrá-los no contexto das novas legislações. A complexidade social exige novas posturas dos operadores jurídicos diante da flexibilização dos direitos fundamentais tendo em vista o paradoxo da proteção dos dados pessoais frente à supremacia do interesse público. É preciso uma análise mais de perto da nova Lei nᵒ 13.709/2018, conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que entra em vigência em agosto de 2020, para compreender o alcance da norma para os cartórios brasileiros. A nova lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive os dados sensíveis, por meio físico ou digital, por pessoa natural ou por jurídica, de direito público ou privado. Tendo em vista as finalidades que se busca, os serviços notariais e de registro terão o mesmo tratamento dispensado às pessoas jurídicas e devem fornecer acesso aos dados por meio eletrônico para a Administração Pública. Sendo assim, deverão informar as hipóteses em que, no exercício de suas competências, realizam o tratamento de dados pessoais, fornecer informações claras e atualizadas sobre a previsão legal, a finalidade, os procedimentos e as práticas utilizadas, disponíveis de fácil acesso, para a execução dessas atividades. O alcance da referida lei é a qualquer operação de tratamento realizada para manusear os dados relacionados às pessoas, independentemente do meio tecnológico e do país onde estejam localizados esses dados, desde que o tratamento seja no território nacional. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL 15 A legislação específica traz nomenclaturas para os agentes de tratamento que devem ser analisadas do ponto de vista inerente às responsabilidades. Sendo assim, Notários e Registradores precisam descobrir onde se enquadram e quais são seus deveres. A PREOCUPAÇÃO COM A PROTEÇÃO DE DADOS NO EXTERIOR E NO BRASIL É inegável que o mundo vive hoje em uma era onde as transformações tecnológicas e digitais surgem em velocidade surpreendente e superam-se a cada novo dia. A preocupação com o sigilo dos dados das pessoas e suas divulgações sem precedentes ou com utilização ilimitada já é realidade em 132 países, que possuem suas legislações próprias de proteção de dados pessoais. De acordo com estudos de David Banisar, em 120 países há lei geral de proteção de dados; em 40 há projeto de lei ou iniciativa em curso para aprovação de lei; e em 58 não há iniciativas ou informação a respeito. Estudo apresentado de Graham Greenleaf demonstra que é possível averiguar a cronologia de atos desenvolvidos na Europa e nos Estados Unidos em prol da proteção dos dados pessoais e que foram balizadores para a legislação brasileira. Deve-se ter em conta que os princípios básicos de proteção de dados pessoais fundamentam-se na qualidade, onde envolve a base legal, na finalidade e proporcionalidade, bem como na proteção a categorias específicas, na segurança e na transparência. De acordo com Code of Fair Information Practics (Health, Education, Welfare – Advisory Committee on Automated Systems – 1973), não se deve existir bancos de dados pessoais que sejam secretos; todo cidadão deve poder ter acesso à própria informação pessoal e, a saber como ela é usada; a informação pessoal obtida para uma finalidade não poderá ser utilizada para outra finalidade sem o consentimento do titular; devem existir meios para que o titular corrija ou complemente a sua informação pessoal; toda entidade que utilize dados pessoais deve garantir a sua qualidade e segurança. O modelo Europeu baseia-se no consentimento, no livre fluxo de dados e na autoridade de garantia. Já o modelo norte-americano tem como norteador a descentralização, as leis federais somente em relação ao Estado, a tutela a posteriori, a auto regulação e a Federal Trade Commission. UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL 16 Há, de fato, influência da legislação brasileira nas normas da LGPR, desde a Constituição Federal de 1988. Pode-se citar o Código de Defesa do Consumidor (Lei nᵒ 8.078/1990), a Lei do Cadastro Positivo (Lei nᵒ 12.414/2011), a Lei de Acesso à Informação (Lei nᵒ 12.527/2011), o Marco Civil da Internet (Lei nᵒ 12.965/2014), dentre outras. Mesmo amparado no modelo europeu de proteção de dados, a LGPD dialoga inteiramente com ordenamento jurídico brasileiro e somente essa norma trouxe medidas efetivas para proteção dos dados pessoais. Em 2005, provocada pela iniciativa da Argentina em conscientizar a questão no Mercosul, os brasileiros iniciaram debates importantes no Ministério da Justiça, no Desenvolvimento da Industria e Comércio Exterior e no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Assim, surgiu o projeto de Lei nᵒ 4.060/2012, após submetido a audiências públicas no Congresso Nacional, posteriormente, deu origem a Lei nᵒ 13.709, em 14 de agosto de 2018. Na sequência, veio a MP 869, que alterou a referida lei, com diversas modificações em relação à redação do texto original. Há uma clara convergência legal onde as legislações se interagem e se aproximam em conteúdo e forma. Esse conceito ficou conhecido pela tese de Colin Bennett. Nela, há a definição do termo como “a possibilidade de se identificar a dinâmica da evolução normativa, um padrão em relação aos princípios de proteção de dados”. Nesta mesma esteira caminha o direito, como um todo sistêmico norteador que visa, por fim, os direitos fundamentais da pessoa humana. Suas inter-relações demonstram o início da dignidade humana em uma nação. A PARTICIPAÇÃO E A RESPONSABILIDADE DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES De acordo com a Lei nᵒ 8.935/94(LNR), os serviços notariais e de registro são os de organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos. Sob esse prisma, é importante compreender que os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público, e o ingresso na atividade depende de concurso público de provas e títulos, de acordo com o Art. 236 da Constituição Federal. A responsabilidade civil e criminal dos notários e oficiais de registro, assim como de seus prepostos, está definida na LNR, que regulamenta a atividade e define a fiscalização de seus atos pelo Poder Público. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL 17 De acordo com essa norma, os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo, conforme disponibilizado na referida legislação. Importante enfatizar, que a responsabilidade civil independe da criminal, que será individualizada, entretanto, é cabível aplicar a Notários e Registradores a legislação relativa aos crimes contra a Administração Pública. Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal manteve a Jurisprudência da Corte, onde enfatiza que a responsabilidade civil do Estado é objetiva, em detrimento dos serviços delegados, cabendo ação de regresso contra quem praticou o ato sob pena de improbidade administrativa. Ainda assim, o Superior Tribunal de Justiça – STJ mantem sua interpretação da responsabilidade do segmento ser objetiva e subsidiária do Estado. Essa exposição a respeito da responsabilidade civil do Notário e do Registrador, assim como a delegação concedida pelo Poder Público, por meio de concursos, faz-se necessária para perfeita compreensão do tratamento dispensado à atividade assemelhando-se aos das pessoas jurídicas no que tange à função pública, exercida de forma privada. Para iniciar o alcance da nova lei, também é preciso compreender o que são dados pessoais. De modo simplificado, pode-se dizer que é qualquer informação relacionada à pessoa natural, como nome, endereço, e-mail, documentos etc. Já o dado pessoal sensível, que é amplamente utilizado pelos serviços notariais e de registro, é aquele que trata da pessoa física, titular, da origem racial ou étnica, do sexo, dos dados genéticos ou biométricos etc. Envolvem todas as informações inseridas em banco de dados, que suporta os referidos dados do indivíduo, quer seja em meio físico ou eletrônico. A nova lei salienta o termo Consentimento, como forma adequada para que o titular manifeste livremente, de forma inequívoca sua concordância com o tratamento dos seus dados pessoais para o fim que será determinado. Ou, ainda, em cumprimento de obrigação legal ou regulatória. Uma das possibilidades que se fez valer na nova legislação, foi a de trazer para o cidadão a responsabilidade de cobrar o uso indiscriminado de seus dados, assim ele passa ter certo empoderamento e a ter controle das informações produzidas. É uma tendência mundial colocar o cidadão para ajudar na governança dos dados gerados, uma vez que o governo não consegue exercer o papel de completo guardião frente ao grandioso número de informações geradas. UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL 18 No caso dos Notários e Registradores, a normativa que os rege salienta que não se pode deixar de prestar as informações solicitadas pelos usuários, exigindo-se que os atos sejam cumpridos e dentro dos prazos estipulados, de acordo com a LNR, com os provimentos dos Tribunais de Justiça dos Estados, do Conselho Nacional de Justiça – CNJ, e demais regulamentos. Sendo assim, há claramente uma dicotomia entre cumprir a obrigatoriedade dos atos extrajudiciais, obedecido o princípio da publicidade, dentro da observância aos novos direitos pessoais que se materializam. A LGPD ressalta, ainda, o “relatório de impacto à proteção de dados pessoais”, como meio de descrever todos os processos de tratamento dos dados pessoais contendo os riscos às liberdades civis e aos direitos fundamentais, as medidas, salvaguardas e mecanismos de mitigação de risco. Relatório esse que pode ser cobrado, a qualquer tempo, pelas autoridades ou pelos titulares dos dados. Fato que exigirá do notário e registrador maior controle, e mais eficiente, de todo acervo gerado e armazenado no cartório. De acordo com as novas regras, o tratamento de dados pessoais pelas pessoas jurídicas de direito público deverá ser realizado para o atendimento de sua finalidade pública, em prol do interesse público. Devem ser informadas as hipóteses em que, no exercício de suas competências, realizam o tratamento de dados pessoais. Da coleta inicial a sua eliminação ou arquivamento. Sempre fornecendo informações claras e atualizadas sobre a previsão legal, a finalidade, os procedimentos e as práticas utilizadas para a execução dessas atividades, em veículos de fácil acesso, preferencialmente em sítios eletrônicos. Neste contexto, enquadram-se Notários e Registradores: Art. 23. IV […] § 4ᵒ Os serviços notariais e de registro exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público, terão o mesmo tratamento dispensado às pessoas jurídicas referidas no caput deste artigo, nos termos desta Lei. Além disso, a nova lei cria nomenclaturas e responsabilidades para algumas pessoas. Surgem os “Controladores”, os “Operadores” e os “Encarregados”, que serão civilmente responsáveis pelos danos individuais ou coletivos, patrimonial ou moral, estabelecendo uma responsabilidade solidária, como segue: Art. 5ᵒ. Para os fins desta lei, considera-se: Controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a quem compete as decisões do tratamento de dados pessoais; Operador: quem realiza o tratamento; e Encarregado: pessoa indicada para atuar como canal de comunicação com o titular dos dados e com a autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL 19 Neste diapasão, Controlador será o Notário ou Registrador; Operador, o responsável técnico, possivelmente uma empresa terceirizada; e o Encarregado, uma terceira pessoa, que fará o elo do titular das informações com a autoridade nacional de proteção de dados. Vale ressaltar que a lei salienta que o tratamento de dados pessoais, cujo acesso é público, deve considerar a finalidade, a boa-fé e o interesse geral que justificam sua disponibilização. Para consentimento previsto, deverá ser dado por escrito ou outro meio que demonstre a manifestação de vontade do titular, assim como terá que se observar cada detalhe para não ocorrer em invalidação ou ônus. Quanto aos tratamentos dos dados sensíveis, de uso direto por parte dos Notários e Registradores, é imprescindível que haja maior atenção, bem como os dados pessoais de crianças e adolescentes. Sempre haverá de ser com consentimento específico, bem como informando os tipos de dados coletados, sua utilização e qual uso. O titular dos dados pessoais poderá exigir informações sobre o tratamento, acesso, correção, bloqueio, eliminação, portabilidade etc. No contexto da responsabilidade, quando houver infração em decorrência do tratamento de dados pessoais pelos Notários e Registradores, a autoridade nacional poderá enviar informe com medidas cabíveis para fazer cessar a violação. A responsabilidade pelos danos causados, ocorrerá nos casos de vazamento ou uso incorreto ou ilegal dos dados em tratamento. Salienta-se que o Controlador será sempre responsabilizado. O Operador poderá ser responsabilizado pelo descumprimento da lei ou descumprimento das orientações do Controlador. Caberá direito de regresso do Controlador em face ao Operador, quando comprovada a sua culpa exclusiva. E haverá responsabilidade solidária em caso de dano. As sanções administrativas, a que se submetem os entes públicos, são de certa forma mais brandas daquelas a que se submetem os entes privados e estão estabelecidas como sendo: Art.52, §3ᵒ. I – advertência, com indicação de prazo para adoção de medidas corretivas; II – publicização da infração após devidamente apurada e confirmada a sua ocorrência; III – bloqueio dos dados pessoais a que se refere a infração até a sua regularização; IV – eliminação dos dados pessoais a que se refere a infração. A dicotomia, que se fez referência neste texto, pode ser também observada diante das exigências a serem cumpridas pelas normativas notariais e registrais frente às penalidades cabíveis aos entes públicos. Não se pode deixar de cumprir os atos de registros públicos ou notariais, portanto devem surgir meios capazes de conferir sanções sem ferir os princípios norteadores dos serviços públicos, exercidos de forma privada. UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL 20 A lei encarrega-se, ainda, de descrever como e quando pode ou deve ocorrer o compartilhamento dos dados pessoais geridos pelo setor público e exige que tais dados sejam mantidos em formato interoperável quando forem utilizados para a consecução de políticas públicas. Evitando assim, que o mesmo dado necessite ser coletado várias vezes para diversos órgãos diferentes. Diante das novas exigências normativas, vislumbra-se finalmente uma interligação das bases governamentais com a dos cartórios extrajudiciais. O objetivo a perquirir é conferir maior legitimidade a cada uma delas, além de propiciar mais segurança jurídica a todos processos envolvidos. DESAFIOS TECNOLÓGICOS E ADMINISTRATIVOS Tendo em vista o impacto da LGPD nos sistemas brasileiros, cabe aos Notários e Registradores repensarem o uso de suas plataformas onde guardam os dados pessoais coletados para que haja maior governança e monitoramento contínuo das informações que são responsáveis. Da mesma forma, iniciar capacitação de seus colaboradores para atuarem como determina a nova legislação, quer seja por meio de palestras, cursos ou treinamentos. Além disso, realizar mapeamentos e relatórios de impactos, aplicar novas metodologias no desenvolvimento de seus serviços, bem como investir em segurança da informação. Faz-se necessário verificar novos métodos para preservar a tecnologia já disponibilizada aos cartórios, ou adaptá-la para cumprir as novas exigências. A própria LGPD já preceitua a atuação em conformidade com as normativas legais existentes. Em julho de 2019, o Conselho Nacional de Justiça – CNJ publicou o provimento 74, que dispõe sobre padrões mínimos de tecnologias da informação para a segurança, integridade e disponibilidade de dados para a continuidade da atividade pelos serviços notariais e de registro. Nele, estão expressamente discriminadas exigências em classes, divididas de acordo com a remuneração dos serviços. Até mesmo, as políticas de segurança de informação com relação à confidencialidade, autenticidade, integridade e os mecanismos preventivos de controle físico e lógico que os cartórios devem seguir para controle efetivo do arquivo de dados gerados em seus serviços. Observa-se que há médios e pequenos serviços que não têm como cumprir todas as exigências sem subsídios em contrapartida. É imprescindível que se compreenda as diferentes realidades existentes entre os cartórios das capitais e das cidades maiores com os do interior, e, assim, que se encontrem meios de subsistência tecnológico, ainda que em colaboração com as entidades de classe, para que haja soluções justas para a continuidade dos serviços a TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL 21 nível nacional. Afinal, o ingresso na atividade se dá por meio de árduo concurso público, semelhantes para qualquer natureza de serviço ou tamanho de cartório, em todos os Estados da Federação, por exigência normativa do CNJ. Ainda assim, a remuneração se dá unicamente pela prestação do serviço diretamente pelo usuário e não pelos cofres públicos. Escassos usuários, escassa remuneração. O Provimento em referência traz um plano de continuidade de negócios, que prevê ocorrências nocivas ao regular funcionamento dos serviços e atender a normas de interoperabilidade, legibilidade e recuperação a longo prazo na prática dos atos e comunicações eletrônicas. Da mesma forma, orienta-se que se deve gerar imagens ou cópias incrementais dos dados que permitam a recuperação dos atos praticados a partir das últimas cópias de segurança, evitando que se comprometa a base de dados utilizada e as informações associadas. Não deixa de ser uma preventiva necessidade para a implementação da nova lei, entretanto é fundamental repensar alternativas de implementação para os pequenos cartórios. Diante disso, os Notários e Registradores já seguem padrões de interoperabilidade, com precaução ao uso da tecnologia de ponta, com uso de certificado digital, mantendo backups em servidores locais e nas nuvens, com propósito de manter em segurança os acervos. Entretanto, a nova lei exige inovação, novos investimentos e a implicação de diferentes responsabilidades. É preciso buscar algo a mais. Muito se comenta sobre o uso do compliance para serviços delegados, que surge do verbo comply, que significa cumprir, executar, obedecer etc. Que se caracteriza por atender a regras específicas de princípios gerais, de forma a auxiliar órgãos reguladores a monitorar suas atividades. Analisar perfil e riscos é o que se propõe e o que se espera. No mesmo sentido, espera-se que haja accauntability, termo em inglês que pode ser traduzido como controle, fiscalização ou prestação de contas, importante para assegurar a qualidade dos serviços públicos. É, da mesma forma, o que se almeja, principalmente, dos serviços públicos, ainda que exercidos de forma privada. Há de se mensurar a responsabilização do agente que pratica o ato e a prestação de contas pelo dever legal. Diante dessa realidade que se instaura, é viável iniciar estudos, por meio das entidades de classe nacionais, com o propósito de se delinear projetos de infraestrutura básica e realizar projeto piloto nos serviços notariais e de registro, de cada especialidade. Deve-se elaborar um plano de ação que efetivamente una decisões práticas tecnológicas com amparo jurídico ao alcance dos cartórios grandes, médios e, principalmente, pequenos. A reunião de esforços e estudos possibilitará no eficiente planejamento das ações, a um custo razoável e em prol de todos. UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL 22 Notários e Registradores deverão preparar seus serviços focados em auditoria preventiva, para que haja levantamento da atual estrutura existente e do seu ambiente digital onde comporte o enquadramento das demandas que a nova lei propõe. CONCLUSÃO É inegável que a tecnologia contribui para melhorar a vida das pessoas, assim como os dados pessoais gerados por dispositivos inteligentes precisam de proteção. O mundo está conectado cada vez mais e em maior número, sendo assim o uso dos dados das pessoas devem ser monitorados com total segurança. Diante do número de conexão e dos dispositivos existentes, faz-se cada vez mais necessário surgirem normas que visam proteger aos cidadãos do mundo contemporâneo. Afinal, apesar da facilidade com que os indivíduos concedem seus dados e não se questionam como estão fazendo uso deles, é necessária intervenção do governo como balizador legal. Os termos de acesso disponíveis são na sua grande maioria muito técnicos, não sendo lidos normalmente. E, infelizmente, não há como verificar a real utilização dos dados pelas organizações em geral. É preciso repensar como esse crescimento desenfreado de informações deixa exposto o usuário dos serviços, portanto são eficazes as novas normativas que defendam a todos, principalmente os hipossuficientes, os mais necessitados. Se o mundo está hiperconectado e exige adaptações imediatas para que a privacidade não seja um direito posto de lado, é mister que a legislação pertinente alcance o patamar necessário para fortalecer a segurança do cidadão, cada vez mais empoderado. Afinal, o cenário que se instala,altamente digital, é o da Internet das Coisas e do Big Data. As pessoas são números, criptografados, e na maioria das vezes, seus dados são utilizados sem estruturas e potencializados nas mídias sociais. Tem o poder quem controla essas informações. Com a entrada do Brasil no rol dos países com normativas para gerir melhor o uso indiscriminado dos dados pessoais, haverá mais controle e transparência quanto a quem detêm dados e informações pessoais, bem como responsabilizá-los. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL 23 É fato que muitas dúvidas quanto à implementação da devida lei irão surgir, entretanto, repensar um novo planejamento de gestão administrativo e tecnológico para os serviços extrajudiciais é fundamental para adequar a nova legislação. Somente assim, haverá tranquilidade na gestão operacional e maior cautela nas implicações da responsabilidade civil inerente ao serviço prestado, de forma privada. A confiança habitual que a sociedade deposita nos serviços notariais e de registro, já amplamente comprovado por meio de pesquisas de renomados institutos, implica em atuação célere, eficiente e segura, será mantida rigorosamente dentro dos padrões contemporâneos. FONTE: CASTRO, F. de A. A. O Impacto da LGPD para notários e registradores: responsabilidade pelo uso da tecnologia e da inovação. SINOREG-ES, Vitória, 1ᵒ set. 2020. Disponível em: <https://www.sinoreg-es.org.br/?pG=X19leGliZV9ub3RpY2lhcw==&in=ODMyNw==&filtro=10>. Acesso em: 7 abr. 2020. 24 Neste tópico, você aprendeu que: • O Direito notarial é balizado por legislação específica e composto por diversas leis que regem as suas atividades. • O Sistema Notarial e Registral brasileiro, popularmente conhecido como os cartórios de registro, está presente no dia a dia dos brasileiros. • Os cartórios são utilizados para autenticação de assinatura, reconhecimento de firma(assinatura), registro de documentos negociais, jurídicos, registro de uma compra ou venda, registro de um imóvel ou de um inventário extrajudicial, entre outras atividades mais. • Um cartório serve para dar validade jurídica e de registro do processo. • O direito notarial é “o conjunto de normas e princípios que regulam a função do notário, a organização do notariado e os documentos ou instrumentos redigidos por este profissional do direito que, a título privado, exerce uma função pública por delegação do Estado” (LOUREIRO, 2020, p. 50). • A Lei nᵒ 8.935, de 18 de novembro de 1994, regulamenta o Art. 236 da Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro (Lei dos cartórios). • Os serviços notariais e de registro são os de organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos. • Notário, ou tabelião, oficial de registro, ou registrador, são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro. • Fé pública é um princípio constitucional atribuído por lei ao Notário e Registrador, representantes do Estado em suas funções, para certificar atos da administração pública, validar procedimentos judiciais e/ou registrar procedimentos notariais em cartórios certificados, como validação de documentos e certidões. RESUMO DO TÓPICO 1 25 • Os titulares de serviços notariais e de registro são os: I- tabeliães de notas; II- tabeliães e oficiais de registro de contratos marítimos; III- tabeliães de protesto de títulos; IV- oficiais de registro de imóveis; V- oficiais de registro de títulos e documentos e civis das pessoas jurídicas; VI- oficiais de registro civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas; VII- oficiais de registro de distribuição. • Todo ato notarial está estipulado em legislação específica. • Compete privativamente à União legislar sobre as questões relacionadas aos registros públicos. • Tendo em vista o impacto da LGPD nos sistemas brasileiros, os Notários e Registradores devem garantir o sigilo de suas plataformas onde guardam os dados pessoais coletados para que haja maior governança e monitoramento contínuo das informações que são responsáveis. 26 1 O profissional que desenvolve os serviços de notário, ou tabelião, oficial de registro, ou registrador, são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro dentro dos cartórios brasileiros. Com relação aos titulares de serviços notariais e de registro, analise as sentenças a seguir: I- Oficiais de registro de imóveis. II- Oficiais de registro civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas. III- Tabeliães de protesto de títulos. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) Somente a sentença III está correta. d) ( ) Somente a sentença I está correta. 2 A realidade notarial e registral apresenta diversas nuances e terminologias específicas que são, muitas vezes, definidas por leis que regem os serviços notariais e de registro. Sobre as terminologias notariais e de registro, associe os itens, utilizando o código a seguir: I- Notário, ou tabelião, oficial de registro, ou registrador. II- Direito notarial. III- LGPD. IV- Fé Pública. a) ( ) É um princípio constitucional atribuído por lei ao Notário e Registrador, representantes do Estado em suas funções, para certificar atos da administração pública, validar procedimentos judiciais e/ou registrar procedimentos notariais em cartórios certificados, como validação de documentos e certidões. b) ( ) Notário, ou tabelião, oficial de registro, ou registrador, são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro. c) ( ) É o conjunto de normas e princípios que regulam a função do notário, a organização do notariado e os documentos ou instrumentos redigidos por este profissional do direito que, a título privado, exerce uma função pública por delegação do Estado d) ( ) Lei Geral de Proteção de Dados. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) IV – I – II – III. b) ( ) II – I – III – IV. c) ( ) IV – II – III – I. d) ( ) III – II – I – IV. AUTOATIVIDADE 27 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL 1 INTRODUÇÃO Olá, prezado acadêmico! Como já estudamos, o notário e o registrador são profissionais do direito os quais são nomeados pelo Poder Público e fiscalizados pelo Poder Judiciário, conforme definido pelo Art. 37 da Lei nᵒ 8.935/1994 e são dotados de fé pública, conforme já aprendemos no tópico anterior. Estes profissionais dos Serviços Notariais e Registrais atuam de forma privada (não são funcionários públicos do governo) através da delegação do Poder Público. Temos no Art. 1ᵒ, da Lei nᵒ 6.015, de 1973, e Art. 1ᵒ, da Lei nᵒ 8.935 de 1994, que os serviços notariais e de registros, possuem como princípios básicos de atuação a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia, princípios estes que serão melhor detalhados neste tópico. Assim, temos, nas atividades notariais e registral, princípios que regem as suas atividades, os quais podem ser classificados em princípios constitucionais e são apregoados para toda a administração pública e o segundo tipo são os princípios da atividade registral. Conforme descrito por Zonta (2014, s.p.), temos: E finalmente, a eficácia do ato jurídico ou negócio jurídico têm por escopo, instituir que todo o ato praticado pelo notário ou registrador, são aptos para produzir efeitos. Toda construção da sistemática dos princípios notariais e de registros públicos, visa assegurar a consistência e estabilidade das instituições democráticas, de forma a garantir usuários e ao Estado, a autenticidade, publicidade, segurança e eficácia dos atos e negócios jurídicos, que os notários e registradores intervenham. A segurança e eficácia dos serviços notariais está relacionada aos princípiosque os regem, os quais iremos detalhar a seguir. 2 OS PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL Os princípios da atividade notarial e registral estão relacionados a duas vertentes, uma constitucional e outra de ofício, por isso, detalharemos à luz da sua legalidade e da sua aplicação prática no seu dia a dia profissional. 28 UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL Com relação à legalidade, temos inicialmente a questão da administração pública, cuja Constituição Federal nos apresenta que: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” (BRASIL, 1988). Quando analisamos o Art. 37 da Constituição Federal, os princípios ali apresentados são chamados de princípios expressos, pois estão claramente descritos e identificados, e em oposição existem alguns princípios que não são elencados de forma descritiva na Constituição, mas é por ela acolhida, as quais são denominados de princípios implícitos. Vamos, agora, detalhar esses princípios. 2.1 PRINCÍPIOS RELACIONADOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Os princípios constitucionais apresentados no Art. 37 da CF também devem ser seguidos pelos cartórios brasileiros sob risco de penalidades se houveram desvios de conduta. Podemos entender como princípio algo que é a base ou ainda como o início. Em uma visão jurídica, um princípio é algo ou uma ideia que serve de sustentação às normas/leis. Os princípios são conceitos fundamentais e basilares do sistema jurídico, dando um sentido lógico e harmônico as leis e práxis como um todo. Os princípios estabelecem o alcance e sentido amplo das regras existentes no ordenamento jurídico. Assim, a seguir, vamos detalhar cada um deles. 2.1.1 Princípio da legalidade O princípio da legalidade é um dos fundamentos constitucionais e é balizador a todas as atividades de um Estado de Direito, ou seja, de um Estado regido por leis e fica reforçado na CF quando exprime em seu Art. 5ᵒ, em seu Inciso 2ᵒ: “II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (BRASIL, 1988). TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL 29 FIGURA 3 – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE FONTE: <https://gcdn.emol.cl/psicologia-y-tendencias/files/2017/07/Juri%CC%81dica-800x300.jpg>. Acesso em: 2 out. 2020. Esse inciso traz o centro da legalidade do estado de direito, pois ele remete que as pessoas têm o direito de fazer tudo aquilo que a lei não as delimita ou as impede enquanto vemos que o Estado somente pode fazer aquilo que está delimitado nos meandros da lei, o que está expresso no Art. 37 da Constituição Federal. Dessa forma, os notariados e cartórios de registro devem seguir o princípio da legalidade. 2.1.2 Princípio da impessoalidade O termo impessoalidade, no Art. 37 da CF, traz uma importante vertente de conduta administrativa, principalmente para os órgãos da administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e notariais, pois deixa claro que é proibido tratamentos diferenciados e favorecimentos pessoais ao se tratar o público em geral. Conforme Ramos (2014, s.p.) descreve, “o administrador público deve tratar todos de uma forma igualitária atingindo um único objetivo, o interesse público, não podendo atender a interesses privados de determinadas pessoas ou de alguns grupos econômicos”. Esse princípio tem um sentido mais profundo aos serviços notariais, já que o tratamento ao público é elemento sine qua non da profissão. Ramos (2014, s.p.) complementa: O administrador, quando ele exerce suas obrigações de administrar, ele está administrando em nome do Estado, quando o administrador atua na satisfação do interesse público, não é ele pessoa física, que está atuando, mas, no final das contas, quem está atuando é o Estado que é dirigido pelo administrador. O administrador é um representante do Estado, é o próprio Estado que está atuando, dessa forma não podendo o administrador fazer propagandas pessoais, pois quem está ali é o Estado, onde o agente público deve atuar de forma impessoal. 30 UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL A impessoalidade remonta a questão de que todos são iguais perante a lei, e as pessoas têm direito igual de atendimento em todos os órgãos públicos, ressalvadas as questões legais. 2.1.3 Princípio da moralidade O princípio da moralidade é ímpio a todo administrador público e é o mínimo que se espera para um servidor público ou notarial, de forma que ele tenha uma conduta idônea e embasada em preceitos éticos e morais. Espera-se que ele tenha enraizado critérios de justiça e honestidade. Pieritz (2020) descreve sobre ética e moral: Importante compreendermos que, se fazemos parte de uma comunidade, de um grupo social ou grupo familiar, ou seja, de uma sociedade, devemos entender que todos nós somos diferentes e possuímos valores e princípios éticos e morais diferenciados, sendo que cada etnia possui seu próprio jeito de ser e conviver, instituindo regras sociais, políticas, econômicas e jurídicas de convivência. Então, caro acadêmico, a compreensão do que é certo e errado e do que é fazer o bem ou o mal para um grupo ou etnia, pode ser diferente para a outra composição social. Tudo depende da formação dos valores e princípios éticos e morais sócio-históricas da comunidade a que pertencemos (PIERITZ, 2020, p. 9). Assim, Pieritz (2020, p. 11) nos traz os conceitos de ética e moral: “a ética reflete os hábitos e costumes gerais de uma sociedade, suas normativas e convenções, que fora institucionalizada pelo coletivo social, e a moral é a forma que conduzimos nossos atos perante o outro, ou seja, é a conduta em si”. Prezado acadêmico, gostaríamos de deixar uma dica de leitura bem legal sobre o tema de Ética e Moral, um livro escrito pela professora Vera, coordenadora de nosso curso de Direito da Uniasselvi, O código de ética médica. Temos certeza de que você vai gostar da leitura. FONTE: PIERITZ, V. L. H. O código de ética médica. Indaial: Uniasselvi, 2020. DICAS As atividades notariais e registrais precisam ter como princípio da moralidade em seu âmago, pois se pautam pelo bom trabalho administrativo e de forma ética, devendo ser referência à sociedade por meio da boa-fé. TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL 31 FIGURA 4 – ÉTICA E MORAL FONTE: <https://omeioeosi.files.wordpress.com/2014/08/religiao-moral-etica.jpg>. Acesso em: 5 out. 2020. O Art. 31, Inciso II, da Lei nᵒ 8.935/1994, dispõe que configura um ato de infração a conduta atentatória às instituições notariais e de registro. CAPÍTULO VI Das Infrações Disciplinares e das Penalidades Art. 31. São infrações disciplinares que sujeitam os notários e os oficiais de registro às penalidades previstas nesta lei: [...] II- a conduta atentatória às instituições notariais e de registro. A moralidade da instituição notarial e de registro é primordial para a manutenção da qualidade dos serviços prestados à sociedade como um todo. 2.1.4 Princípio da publicidade O princípio da publicidade é uma das bases do Direito Público brasileiro, por isso, deve ser seguido por todas as instituições da administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Conforme apresentado por Salgado (2017, s.p.): O princípio da publicidade é uma das chaves do Direito Público brasileiro e se relaciona com os princípios estruturantes do Estado, em especial com o princípio republicano. A publicidade configura uma dimensão da cidadania, pois permite o controle social do Poder Público pelos cidadãos. Apesar da possibilidade de extrair da Constituição uma conformação ambiciosa do princípio da publicidade, a prática brasileira está longe de preencher as suas exigências, com ofensa cotidiana também aos demais princípios constitucionais. Uma verdadeira
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