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Terapia nutricional A terapia nutricional consiste na administração de fórmulas de nutrientes por via enteral ou parenteral com finalidade de manter ou restaurar o estado nutricional. Justificativas e critérios para o suporte nutricional adequado o Quando os pacientes são incapazes de comer o suficiente para suprir suas necessidades nutricionais por mais de alguns dias, a terapia nutricional deve ser considerada; o A NE deve ser o primeiro tipo de nutrição a ser considerado. É preferível utilizar um tipo de alimentação que passe pelo GI do paciente a adotar a NP isoladamente, porque o primeiro métodos preserva a função e a integridade da barreira mucosa gastrointestinal. Nutrição enteral o A escolha do acesso enteral depende: ⇒ Da duração prevista para a alimentação enteral; Trato gastrointestinal funcionante Não Parenteral Sim Enteral Duração > 4 semanas Duração < 4 semanas Risco de aspiração Não Sim Gástrica Pós-pilórica Risco de aspiração Sim Não Pós-pilórica Gástrica Alto risco cirúrgico? Sim Jejunostomia local Gastro jejunostomia endoscópica Não Jejunostomia Endoscopia é possível? Sim Gastrostomia endoscópica Não Gastrostomia ⇒ Do grau do risco de aspiração ou de descolamento da sonda; ⇒ Do estado clínico do paciente; ⇒ Da presença ou ausência de digestão e absorção normais; ⇒ Anatomia do paciente; ⇒ Se há uma intervenção cirúrgica programada. o No sistema enteral fechado, o frasco ou a bolsa são preenchidos pelo fabricante com uma formula líquida estéril pronta para uso; o No sistema enteral aberto, a pessoa que administra o alimento precisa abrir o frasco ou a bolsa e despejar o alimento em seu interior; o O tempo de troca da fórmula é o intervalo de tempo durante o qual uma fórmula enteral é considerada segura para ser administrada ao paciente. A maioria das instituições permite um tempo de troca da fórmula de 4 horas antes que o produto seja trocado quando se utilizam sistemas abertos e de 24-48 horas para os sistemas fechados. Acesso enteral de curta duração Via nasogástrica o Em geral, elas são adequadas apenas para os pacientes que necessitam de NE de curta duração, ou seja, por 4 ou 4 semanas; o A sonda é introduzida no nariz e desce até o estômago; o Os pacientes com função gastrointestinal normal toleram esse método, que tem a vantagem de utilizar os processos digestivo, hormonal e bactericida normais do estômago; o A alimentação NG pode ser administrada por bolus ou por infusões intermitentes ou contínuas. Alimentação pelo estômago vs alimentação pelo intestino delgado o É muito mais fácil colocar sondas no estômago, por essa razão, quando se insere uma sonda gástrica, o paciente geralmente é alimentado pouco tempo depois; o A alimentação gástrica pode não ser bem tolerada, sobretudo pelos pacientes criticamente enfermos; o Os sinais e sintomas da intolerância à alimentação gástrica incluem distensão e desconforto abdominais, vômitos e resíduos gástricos elevados e persistentes. Via nasoduodenal ou nasojejunal o Indica-se o uso da SND ou da SNJ para os pacientes que não conseguem tolerar a alimentação gástrica e necessitam de terapia nutricional por um período de tempo relativamente curto; o O posicionamento correto dessas sondas exige uma das seguintes técnicas: ⇒ Colocação intraoperatória; ⇒ Inserção de sonda guiada por endoscópio ou fluoroscópio; ⇒ Colocação espontânea que depende da migração da sonda gástrica para o duodeno por peristalse; ⇒ Colocação junto ao leito utilizando-se um sistema de orientação por computador. o A confirmação de que a sonda migrou para a posição correta pode demorar vários dias e exige o uso de raios X, como consequência, o início da alimentação do paciente pode ser retardado. Acesso enteral de longa duração Gastrostomia ou jejunostomia o Quando a alimentação enteral é necessária por mais de 3-4 semanas, deve-se considerar a realização de gastrostomia ou jejunostomia para evitar algumas das complicações relacionadas com irritação nasal e do sistema GI superior e para o conforto geral do paciente; o Esses procedimentos também podem ser realizados cirurgicamente, atualmente, os procedimentos não cirúrgicos são muito mais comuns; o A gastrostomia endoscopia percutânea (GEP) é uma técnica não cirúrgica para colocação de uma sonda diretamente no interior do estômago passando através da parede do abdome, nessa técnica, utiliza-se um endoscópio desde a boca até o estômago ou até o jejuno e, em seguida, é exteriorizada através da parede do abdome; o É possível transformar a GEP em gastrojejunostomia passando uma sonda de calibre pequeno por dentro da sonda da GEP até que a primeira alcance o jejuno com o auxílio da fluoroscopia ou da endoscopia; o Essas sondas de alimentação, também conhecidas como “botões gástricos”, são uma boa escolha para os pacientes que tendem a puxar a sonda. Elas também são convenientes para os pacientes que têm vida ativa e querem evitar o volume causado pelo tubo de alimentação sob a roupa. Outras técnicas minimamente invasivas o As câmeras de vídeo de alta resolução tornaram o acesso enteral por gastrostomia e jejunostomia laparoscopia e radiológicas percutâneas uma opção para os casos nos quais os procedimentos endoscópicos estão contraindicados; o As técnicas laparoscópica e fluoroscópica são utilizadas em algumas instituições e são opções para obter acesso enteral. Sondas com múltiplos lumens o A sonda de múltiplos lumens tem um lúmen para a descompressão e outro lúmen para a introdução de alimentos no intestino delgado. Composição e escolha da fórmula o As formulas enterais podem ser classificadas em: ⇒ Polimérica padrão; ⇒ Elementar, pré-digerida ou quimicamente definida; ⇒ Especializada. o A adequação de uma fórmula enteral para um paciente específico deve estar baseada no funcionamento do sistema GI, no estado clínico do paciente e nas necessidades nutricionais desse paciente; o As fórmulas são classificadas de vários modos, geralmente com base no teor de proteínas ou de macronutrientes totais; o Fatores a considerar durante a escolha de uma fórmula enteral: ⇒ Capacidade da fórmula de suprir as necessidades nutricionais do paciente; ⇒ Densidade calórica e proteica da fórmula; ⇒ Funcionamento gastrointestinal do paciente; ⇒ Presença de lactose, que não pode ser tolerada; ⇒ Teor de sódio, potássio, magnésio e fósforo da fórmula; ⇒ Tipo de proteína, gordura, carboidrato e fibra da fórmula tolerado; ⇒ Viscosidade da fórmula em relação ao diâmetro do tubo e ao método de alimentação. o Classificação das fórmulas quanto aos macronutrientes: Carboidrato Proteína Lipídio 45-65% 14-16% 20-35% Densidade calórica Densidade = kcal volume Obs.: Quanto maior a densidade da calórica da dieta, menor a quantidade de água a ser ofertada para o paciente e vice-versa. o Classificação: Densidade calórica Kcal/ml Hipocalórica < 0,9 Normocalórica 0,9-1,2 Hipercalórica > 1,2 Gotejamento Tempo em horas Gotas = volume tempo × 3 Tempo em minutos Gotas = volume × 20 tempo Administração o Os três métodos habituais de administração de alimentos por sonda são: ⇒ Bolus; ⇒ Infusão intermitente; ⇒ Infusão contínua. o Um métodos pode servir de elemento de transição para outro método à medida que o estado do paciente muda. Bolus o Quando os pacientes estão clinicamente estáveis e com o estômago funcionando, o método de escolha é a alimentação por bolus administrada com seringa; o Os pacientes com função gástrica normal geralmente conseguem tolerar 500ml da fórmula a cada alimentação; o Para a maioria dos pacientes, três ou quatro alimentações por bolus por dia são suficientes para suprir as necessidades nutricionais diárias. Infusão intermitente o As questões relacionadas com a qualidade de vida frequentemente são arazão para o início dos regimes de alimentação por infusão intermitente, que possibilita aos pacientes não acamados mais tempo livre e autonomia quando comparada com as infusões contínuas; o Essas alimentações podem ser administradas por gotejamento gravitacional ou bomba de infusão; o O esquema alimentar consiste em quatro a seis alimentações por dia administradas durante 20 a 60 minutos; o O sucesso desse método de alimentação depende em grande parte do grau de mobilidade, da vigilância e da motivação do paciente para tolerar o regime. Infusão contínua o A formula exige o uso de uma bomba; o Esse método é adequado para pacientes que não toleram infusões de grandes volumes durante uma alimentação; o Os paciente cujo funcionamento gastrointestinal está comprometido em decorrência de cirurgia, doença, terapia antineoplásica ou outros impedimentos psicológicos são candidatos à infusão contínua; o Os pacientes que são alimentados pelo intestino delgado devem receber o alimento apenas por infusão contínua; o A diluição das fórmulas não é necessária e pode causar subalimentação. Monitoramento e avaliação Monitoramento das complicações o O vazamento do conteúdo gástrico para dentro do abdome no local da gastrostomia pode causar erosão e degradação da pele, que resultam em infecção e peritonite; o A aspiração é um problema para os pacientes que recebem a NE. Para minimizar o risco de aspiração, deve-se posicionar a cabeça e os ombros dos paciente acima do tórax durante e imediatamente após a alimentação; o A diarreia é uma complicação comum que geralmente resulta de supercrescimento bacteriano colônico, terapia antibiótica e distúrbios da motilidade gastrointestinal associados a doença aguda e crítica. O ajuste das medicações ou dos métodos de administração frequentemente corrige a diarreia; o Em pacientes estáveis que recebem NE, a prisão de ventre pode se tornar um problema. As fórmulas que contêm fibras ou os medicamentos que aumentam o volume das fezes podem ser úteis, e é preciso fornecer uma quantidade adequada de líquidos para o paciente; o A motilidade gastrointestinal deve ser avaliada porque a diarreia pode coexistir com a prisão de ventre, geralmente quando há também uma obstrução fecal. Monitoramento da tolerância e da ingestão de alimentos o O monitoramento da tolerância metabólica e gastrointestinal, do estado de hidratação e nutricional é extremamente importante; o Outra preocupação é a gastroparesia ou a presença de resíduos gástricos elevados. Nesses casos, a administração de um fármaco pró-cinético pode ser benéfica porque aumenta o trânsito gastrointestinal, auxilia a liberação da NE e melhora a tolerância à alimentação; o É importante comprar a ingestão real com a ingestão prescrita; o Durante os cuidados de rotina com o paciente, a hora da alimentação normalmente atrasa em relação ao cronograma como resultado de: ⇒ Deslocamento da sonda; ⇒ Intolerância gastrointestinal; ⇒ Procedimentos médicos que exigem a interrupção da alimentação; ⇒ Dificuldades com a posição da sonda de alimentação. Nutrição parenteral o A NP fornece nutrientes diretamente para a corrente sanguínea por via intravenosa; o A NP é indicada para os pacientes que necessitam de terapia nutricional, mas não conseguem ou não querem ingerir os nutrientes adequados por via oral ou enteral; o A NP pode ser a única fonte de nutrição durante a recuperação de uma doença ou lesão ou pode ser uma terapia de manutenção da vida para os pacientes que perderam a função absortiva do intestino; o Nutrição parenteral central (NPC): utiliza-se o acesso central que consiste na colocação da ponta de um cateter em uma veia grande com fluxo sanguíneo elevado, como a veia cava superior; o Nutrição parenteral periférica (NPP): utiliza-se um acesso periférico que consiste na colocação da ponta de um cateter em uma veia pequena, normalmente da mão ou do antebraço; o A osmolaridade da solução de NP determina a localização do cateter; o Os pacientes sensíveis à variação de volume, como aqueles com insuficiência cardiopulmonar, renal ou hepática, não são bons candidatos à NPP; o A NPP pode ser adequada quando utilizada como alimentação suplementar ou na transição para a alimentação enteral ou oral, ou como método temporário para começar a alimentação quando o acesso central ainda não foi implantado. Acesso Acesso periférico o As soluções nutritivas que não ultrapassam as osmolalidades de 800 a 900 mOsm/kg de solvente podem ser difundidas por um angiocateter intravenoso periférico de rotina colocado em uma veia em boas condições; o Utilizam-se protocolos para troca de curativo e rotação do local a fim de prevenir a tromboflebite – a principal complicação dos cateteres periféricos. Acesso central de curta duração o Os cateteres utilizados na NPC normalmente tem um único lúmen. Se o acesso central também for necessário para outras finalidades, como monitoramento hemodinâmico, coleta de sangue ou administração de medicamentos, um cateter de múltiplos lumens poderá ser empregado; o Para reduzir o risco de infecção, o lúmen do cateter utilizado para infundir a NPC deve ser reservado apenas para esse propósito; o Protocolos rigorosos para o controle de infecções devem ser adotados na colocação e manutenção dos cateteres; o O cateter central de inserção periférica (CCIP) pode ser utilizado nas infusões de curta e média duração, no hospital ou na casa do paciente. Acesso central de longa duração o O cateter de longa permanência normalmente utilizado é o cateter “tunelizado”; o Cria-se um túnel subcutâneo para que o cateter saia da pele vários centímetros distante do local em que entra na veia. Essa técnica permite que o paciente cuide com mais facilidade, como é necessário nos casos de infusão de longa duração; o Outro tipo de cateter de longa permanência é o cateter totalmente implantável. Ele contém um reservatório que é implantado cirurgicamente sob a pele no local onde o cateter normalmente sairia no final do túnel subcutâneo. Para acessar o reservatório do cateter, é preciso utilizar uma agulha especial; o Tanto os cateteres tunelizado quanto os CCIPs podem ser empregados em terapias prolongadas no hospital ou em terapia de infusão domiciliar. Administração o Os métodos utilizados para administrar a NP são definidos depois do cálculo da velocidade-meta da infusão e são eles: ⇒ Infusão contínua; ⇒ Infusão cíclica. Infusão contínua o As soluções parenterais geralmente são administradas a uma velocidade inicial menor que a velocidade-meta da infusão e com o auxílio de uma bomba volumétrica; o Se pretende interromper a NPC, é prudente diminuir gradualmente a velocidade da infusão em um paciente instável para evitar a hipoglicemia de rebote – concentrações baixas de glicose no sangue resultantes da interrupção abrupta. Infusão cíclica o Esse tipo de infusão permite que o paciente tenha um período livre de 12 a 16 horas por dia, o que pode melhorar a sua qualidade de vida; o As infusões cíclicas não devem ser adotadas se o paciente tiver intolerância à glicose ou problemas de tolerância com líquidos; o O tempo de administração pode ser diminuído para que o paciente possa deambular, tomar banho, receber medicamentos intravenosos e fazer exames e outros tratamentos ou terapias. Monitoramento e avaliação o Como ocorre com a alimentação enteral, o paciente que recebe NP no hospital necessita de monitoramento de rotina da NP mais frequente. O monitoramento é feito não apenas para avaliar a resposta à terapia, mas também para garantir a adesão ao plano de tratamento; o A principal complicação associada à NP é a infecção. Por essa razão é necessário que haja monitoramento rigoroso do paciente em busca de sinais e sintomas como calafrios, febre, taquicardia, hiperglicemia súbita ou contagem elevada de glóbulosbrancos; o Os eletrólitos, o equilíbrio ácido-base, a tolerância à glicose, a função renal e a estabilidade hemodinâmica e cardiopulmonar podem ser afetados pela NP e devem ser monitorados cuidadosamente; o O local da inserção do cateter da NPC é a principal porta para a entrada de microrganismos em uma grande veia.
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