Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - CCS COORDENAÇÃO DO CURSO DE FARMÁCIA DISCIPLINA: TOXICOLOGIA GERAL PROFº MAURÍCIO PIRES DE MOURA AMARAL Fundamentos da Toxicologia Clínica Setembro, 2020 DISCENTES: AMANDA ALVES ANDRESSA COSTA MARIA BEATRIZ DANIELE NATALY KAMILLA AGUIAR NATHÁLIA LEITE RAYARA SOUSA WENDEL MACÊDO ROTEIRO ESTRATÉGIA CLÍNICA PARA O TRATAMENTO DO PACIENTE INTOXICADO - Estabilização clínica - História clínica do paciente intoxicado; -Exame físico; -Avaliação laboratorial; -Exames radiológicos; - Prevenção de absorção continuada do agente tóxico -Aumento da eliminação do agente tóxico -Uso de antídotos em intoxicações - Medidas de suporte Conclusão EXEMPLOS DE CASOS DE INTOXICAÇÃO - Aspirina - Ferro - Chumbo - Solvente hidrocarboneto alifático - Metanol - Organosfosforados - Planta Datura stramonium (Jimson Weed) - Interação entre múltiplos fármacos -Hormônio da tireoide - Anfetaminas (Cogumelos Clitocybe dealbata) - Fenilpropanolamina Intoxicação por agente tóxico e circunstância Pontos-chave Toxicologia Clínica Toxicologia Médica Toxicologia aplicada Informação toxicológica Estratégia clínica para o tratamento do paciente intoxicado Estabilização do paciente; Avaliação clínica; Prevenção da absorção continuada do agente tóxico; Aumento da eliminação do agente tóxico; Administração de antídotos; Medidas de suporte e seguimento clínico. Estabilização clínica Preocupações iniciais Sinais vitais Respiração e circulação Estabilização clínica Alguns fármacos e agentes tóxicos podem provocar convulsões; Passos e procedimentos Em alguns casos: início da intervenção terapêutica antes da estabilização do paciente. Suporte ventilatório, circulatório e oxigenação História clínica do paciente intoxicado Obtenção da história clínica Determinar a substância * Ingestão ou exposição Extensão e tempo de exposição Tentativa de suicídio História clínica do paciente intoxicado Obtenção da história clínica Fontes de informação: Familiares Profissionais de atendimento pré- hospitalar Farmacêuticos Empregador História clínica do paciente intoxicado Obtenção da história clínica Estimativa do grau de exposição: Deve-se maximizar a possível dose a qual o indivíduo se expôs. P.E.: Frasco inteiro, volume total de líquido, concentração máxima de contaminante. História clínica do paciente intoxicado Obtenção da história clínica Estimativa do grau de exposição: Acesso a informações; Estimativa de toxicidade - Grande auxílio na triagem; Determinação da hora da exposição; Dificuldade de obtenção de uma história precisa; Intoxicação por “ingestão de agente desconhecido”. Exame Físico Ajuda na identificação de Síndromes Tóxicas Consiste na verificação dos principais sinais e sintomas: Odores característicos Achados Cutâneos Temperatura Alterações de pupilas Alterações da consciência Anormalidades neurológicas Alterações cardiovasculares Anormalidades respiratórias Achados do aparelho digestório Exame Físico “Síndromes Tóxicas” Permite iniciar o tratamento de forma racional Síndromes tóxicas Fonte: Manual de Toxicologia Clínica - COVISA, 2017 Exame Físico Odor característico na respiração ou na roupa do paciente. Avaliação Laboratorial A detecção de modo rápido é extremamente limitada comparado com o universo de agentes que pode causar intoxicações. Avaliação Laboratorial Devido a limitação nas análises laboratoriais, os toxicologistas utilizam outros dados laboratoriais: - gaps aniônicos e osmolar Assim conseguem determinar quais agentes podem ter sidos ingeridos; Ambos cálculos são ferramentas de diagnósticos quando a história clínica e o exame clínico sugerem intoxicação. Avaliação Laboratorial Gap aniônico ou hiato aniônico ou intervalo aniônico é a diferença entre os cátions presentes no sangue (sódio) e a concentração dos ânions (bicarbonato e cloro). Gap aniônico = Na+ - (Cl + HCO3) Gap Normal é <12. Avaliação Laboratorial Gap osmolar é a diferença entre a osmolaridade sérica medida e a osmolaridade sérica calculada a partir dos dados laboratoriais obtidas referentes às concentrações séricas de Na+ sódio, glicose e nitrogênio ureico sérico (BUN). Gap osmolar normal é <10 mOsm. Exames Radiológicos Quantidades significativas de medicamentos de uso oral contendo sais de ferro e potássio Certas formulações com comprimidos revestidos ou certos produtos de liberação lenta Radiografias mais úteis: de tórax e abdome tomografia computadorizada (TC) Fonte: Google Exames Radiológicos Radiografia abdominal Usada para detectar: Tem auxiliado na localização de corpos estranhos no trato gastrintestinal (GI) Ingestão recente de tintas de parede contendo chumbo por crianças Ingestão de hidrocarbonetos halogenados, como tetracloreto de carbono e clorofórmio Body packers: tráfico de substâncias ilegais engolidas em invólucros de látex ou plástico preenchidos com cocaína e outras drogas Exames Radiológicos A detecção de um edema pulmonar não cardiogênico induzido por medicamentos está associada a intoxicações por salicilatos e agonistas opióides. Radiografias simples e outros tipos de diagnóstico por imagem Diagnóstico de patologias induzidas por agente tóxico Fonte: Google Exames Radiológicos Tomografia Computadorizada (TC) Associação de exposição excessiva a monóxido de carbono (CO) com lesão: áreas de baixa densidade na substância branca e nos gânglios da base, especialmente no globus pallidus. Fonte: Google Prevenção de absorção continuada do agente toxicológico Fase inicial do tratamento da intoxicação ou intervenção em uma exposição tóxica Via Inalatória remoção do paciente do ambiente onde o agente se encontra fornecimento de ventilação e oxigenação adequadas Prevenção de absorção continuada do agente toxicológico Via Dérmica vestimentas contaminadas pelo agente tóxico devem ser removidas pele deve ser lavada com água e sabão neutro Prevenção de absorção continuada do agente toxicológico Via Oral indução de êmese com xarope de ipeca lavagem gástrica administração oral de carvão ativado irrigação intestinal total lavagem gástrica 02 risco de vômito com aspiração pulmonar e pelas evidências de baixa eficácia uso de xarope de ipeca 01 risco de cárdio e neurotoxicidade e a baixa eficácia na remoção de toxicantes Prevenção de absorção continuada do agente toxicológico Irrigação intestinal 04 uma absorção considerável do toxicante pode ocorrer antes que o procedimento "lave" o lúmen intestinal uso de carvão ativado 03 carvão especialmente processado para ser mais eficiente na adsorção dos agentes tóxicos Aumento da eliminação do agente tóxico Principais métodos empregados: Alcalinização da urina Hemodiálise Hemoperfusão Hemofiltração Plasmaferese ou Exsanguineotransfusão Carvão Ativado Alcalinização da Urina Aumento do clearance de ácido fraco; Aumento do pH do filtrado urinário; Evita a reabsorção tubular; A acidificação da urina não é utilizada; Ex: Em caso de intoxicação por aspirina (ácido fraco), a alcalinização da urina com o bicarbonato de sódio aumenta a forma ionizada da aspirina aumentando a excreção através da urina. HemodiálisePassagem do agente tóxico através de membrana dialisadora semipermeável; - Diálise peritoneal Alguns fármacos podem estar ligados a proteínas plasmáticas. Hemoperfusão Similar a hemodiálise; Não possui membrana semipermeável; Sangue bombeado através de um cartucho de perfusão; Hemofiltração Nova em relação às suas aplicações em toxicologia clínica; Parecida com a hemodiálise; Sangue do paciente passa por um tubo de fibra oco; Plasmaferese - Exsanguineotransfusão Uso limitado no campo da toxicologia; Vantagem de remover agentes tóxicos de alto peso molecular ou ligados a proteínas plasmáticas; Troca de plasma por plasma congelado de doadores (plasmaferese); Substituição do sangue do paciente por sangue de doadores (exsanguineotranfusão); Carvão Ativado em Múltiplas Doses O carvão ativado presente no lúmen intestinal atua como um recipiente para o agente tóxico; Administração oral; Através de sonda nasogástrica para pacientes inconscientes; Antídotos: Dificuldade de acesso. Classificação como produto órfão. Pouco conhecimento dos profissionais de saúde Falta de planejamento em serviços e gestão de saúde Problemática do uso de antídotos: Mecanismos de ação Antagonista farmacológico ATROPINA; Medidas de suporte do paciente intoxicado Útil para intoxicações tardias; Agentes tóxicos que exibem sua toxicidade em múltiplas etapas; Exemplos de Casos de Intoxicação Caso Clínico - ASPIRINA Uma mulher de 25 anos, com história de depressão, está fazendo uso diário de sertralina. Aproximadamente 3 horas antes da entrada na emergência, ingeriu um frasco inteiro (aprox. 100 comp) de aspirina (325mg de AAS). Frequência Cardíaca Pressão Arterial Frequência Respiratória Temperatura Corporal Sinais Vitais 100 bat/min 180/90 mmHg 30 ciclos/min 40ºC Exemplos de Casos de Intoxicação Caso Clínico - FERRO Uma mulher de 23 anos ingeriu de 50 a 60 comprimidos de sulfato ferroso.Dentro de 1 hora, ela desenvolveu cólicas abdominais e vomitou um líquido marrom-escuro. Frequência Cardíaca Pressão Arterial Frequência Respiratória Temperatura Corporal Sinais Vitais 95 bat/min 90/60 mmHg 16 ciclos/min 36,5ºC Exemplos de Casos de Intoxicação Caso Clínico - CHUMBO Uma mulher de 39 anos foi internada no hospital com dores difusas e anemia. Ela havia machucado as costas em um acidente de automóvel há seis meses e vinha tomando um produto natural que obteve na internet, para analgesia. Com continuidade do tratamento, ela se tornou irritável e, agora, tem dores nos joelhos e quadris. Exemplos de Casos de Intoxicação Caso Clínico - SOLVENTE HIDROCARBONETO ALIFÁTICO Um homem de 40 anos, morador de rua, injetou em si mesmo, por via intravenosa, 3 mL de fluido de isqueiro. Logo depois, apresentou dores em queimação no tórax e dispneia. Na manhã seguinte, apresentou dor torácica pleurítica importante, desconforto epigástrico e movimentos respiratórios curtos e rápidos. Frequência Cardíaca Pressão Arterial Frequência Respiratória Temperatura Corporal Sinais Vitais 90 bat/min 115/16 mmHg 41 ciclos/min 37,8ºC Exemplos de Casos de Intoxicação Caso Clínico - METANOL PACIENTE MULHER, 55 ANOS: BRAQUEAMENTO DA VISÃO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: ACIDOSE METABÓLICA DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: CONCENTRAÇÃO SANGUÍNEA ELEVADA DE METANOL TRATAMENTO: FOMEPIZOL, BICARBONATO DE SÓDIO E HEMODIÁLISE Exemplos de Casos de Intoxicação Caso Clínico - ORGANOFOSFORADOS PACIENTE HOMEM COM 4 ANOS SINTOMAS: VÔMITO, CEFALÉIA. DOR ABDOMINAL, FRAQUEZA(COMA), MIOSE, FASCICULAÇÃO NA COXA TRATAMENTO: 0,15 MG DE ATROPINA (IV); 500MG DE PRALIDOXIMA: Exemplos de Casos de Intoxicação Caso Clínico - PLANTA DATURA STRAMONIUM PACIENTE HOMEM COM 19 ANOS SINTOMAS: RUBOR FACIAL, ALUCINAÇÕES, PUPILAS DILATADAS E ISOCÓRICAS, HIPER-REFLEXIA, EPISÓDIOS DE ABALOS MIOCLÔNICOS, PELE QUENTE TRATAMENTO: SALICILATO DE FISOSTIGMINA (IV) Exemplos de Casos de Intoxicação Caso Clínico - INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA PACIENTE HOMEM COM 21 ANOS: 2,2 G DE SULFATO DE ANFETAMINA SINTOMAS: AGITAÇÃO, TAQUICARDIA, PELE PÁLIDA, PUPILAS DILATADAS TRATAMENTO:LAVAGEM GÁSTRICA, DIAZEPAM Exemplos de Casos de Intoxicação Caso Clínico - HORMÔNIO DA TIREOIDE Um menino de 3 anos foi trazido ao hospital após seu pai tê-lo encontrado brincando com seu frasco de Synthroid. Com base no número de comprimidos que faltava, o menino consumira 12g de tiroxina. Procedimento: carvão ativado + sulfato de magnésio. Hormônios T3 T4 [ ] encontrada no sangue 67 μg/dL 180 μg/dL Exemplos de Casos de Intoxicação Caso Clínico - ANFETAMINAS Cogumelos Clitocybe dealbata Uma mulher de 25 anos colheu cogumelos silvestres. Após tê-los cozido e ingerido, teve náuseas e sudorese. Por apresentar desorientação foi levada ao hospital. Trinta minutos depois, ela estava vomitando, tinha diarreia profusa e estava agitada, com alucinações visuais. Frequência Cardíaca Pressão Arterial Temperatura Corporal Sinais Vitais 60 bat/min 100/60 mmHg 36,6ºC Exemplos de Casos de Intoxicação Caso Clínico - FENILPROPANOLAMINA Uma adolescente de 18 anos ingeriu oito comprimidos para dieta, cada um contendo 50 mg de fenilpropanolamina e 200 mg de cafeína. Procedimento: sulfato de atropina e lavagem gastrointestinal. Em seguida, apresentou várias convulsões generalizadas. Estava letárgica, mas desperta e orientada. Em algumas horas houve um declínio abrupto do estado mental da paciente. Ela teve rapidamente seu estado clínico deteriorado e foi a óbito. Referências Bibliográficas KLAASSEN, Curtis D; WATKINS III, John B. Fundamentos em toxicologia de Casarett e Doull. 2 ed. São Paulo: Artmed, 2012. RODRIGUES, Daisy Schwab et al. Apostila de Toxicologia Básica. Bahia: Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, 2009. SEIZI, Oga; CAMARGO, Márcia Maria de Almeida; BATISTUZZO, José Antônio de oliveira. Fundamentos de Toxicologia. 4ª ed., Editora Atheneu, 685p. 2014. Manual de Toxicologia Clínica: Orientações para assistência e vigilância das intoxicações agudas / [Organizadores] Edna Maria Miello Hernandez, Roberto Moacyr Ribeiro Rodrigues, Themis Mizerkowski Torres. São Paulo: Secretaria Municipal da Saúde, 2017. 465 p.
Compartilhar