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OBJETIVOS AT4 Descrever as características gerais das RI Humorais A imunidade humoral é mediada por anticorpos secretados, e sua função fisiológica é a defesa contra microrganismos extracelulares e toxinas microbianas. As vacinas atualmente em uso induzem proteção primariamente pela estimulação da produção de anticorpos. As principais funções dos anticorpos são neutralizar e eliminar microrganismos infecciosos e as toxinas microbianas. A eliminação de antígenos mediada por anticorpos envolve diversos mecanismos efetores e requer a participação de vários componentes celulares e humorais do sistema imune, incluindo fagócitos e proteínas do sistema complemento. Os anticorpos são produzidos por plasmócitos nos órgãos linfoides secundários e na medula óssea e realizam suas funções efetoras em locais distantes de onde são produzidos. Os anticorpos que medeiam a imunidade protetora podem ser derivados de plasmócitos produtores de anticorpos de vida longa ou curta. A primeira exposição ao antígeno, seja por infecção ou vacinação, leva à ativação de linfócitos B virgens e sua diferenciação em plasmócitos secretores de anticorpos e células de memória. A exposição subsequente ao mesmo antígeno leva à ativação de células B de memória e a uma resposta de anticorpos mais intensa e rápida. Muitas das funções efetoras dos anticorpos são mediadas pelas regiões constantes da cadeia pesada das moléculas de Ig, e os diferentes isotipos de cadeia pesada possuem distintas funções efetoras O sistema imune humoral é especializado de tal maneira que diferentes exposições de microrganismos ou antígenos estimulam a mudança de isotipo na célula B para um tipo que seja mais eficiente no combate a esses agentes. O principal estímulo para a troca de isotipo durante o processo de ativação da célula B são as citocinas e o ligante do CD40 expresso pelas células T auxiliares foliculares. A neutralização é a única função de anticorpos que é mediada inteiramente pela ligação do antígeno e não requer participação das regiões constantes da Ig. Apesar de muitas das funções efetoras dos anticorpos serem mediadas pelas regiões constantes da cadeia pesada da Ig, todas elas são desencadeadas pela ligação do antígeno às regiões variáveis. Como o linfócito B se ativa? Na membrana, tem-se o receptor de células B, que é um anticorpo. Além disso, existe um outro sinal de ativação que vem através de um co-receptor de célula B, que se liga a frações do sistema complemento. Esses dois sinais são importantes para a ativação. Na superfície dos linfócitos B existem ainda receptores de reconhecimento padrão, que também podem se ligar aos padrões moleculares associados aos patógenos e isso ser uma sinalização via TCR que também estimula os linfócitos B. O linfócito B que entrou em contato com o microorganismo e chegou no linfonodo, por conta da quimiocina CCR7, sai da área de folículo e vai interagir com o linfócito T. A partir da interação da célula B com a célula T (a célula B processa e apresenta o MHC para célula T) tem-se a estimulação pelas citocinas liberadas pelo T e então as células B passam a proliferar, criam-se alguns plasmócitos de vida curta e depois libera-se anticorpos de alta afinidade. Nesse contato entre linfócito B e T, para os anticorpos timo dependentes, há liberação de citocinas e a depender dessa liberação de citocinas há a troca de isotipo de imunoglobulina, podendo ser IgA, IgE ou IgG. Se a citocina liberada for o interferon gama (INF-y) teremos IgG. Se a citocina for IL-4 teremos IgE. Se a citocina for TGF-B teremos IgA. Reconhecer as diferenças das RI Humorais a Ag timo dependentes e timo indepententes Existem antígenos timo independentes - que são aqueles que não necessitam do auxílio do linfócito T. Normalmente, são os antígenos não proteicos. Polissacarídeos e lipídeos podem ser reconhecidos diretamente pelos linfócitos B e isso ser suficiente para estimular diferenciação e proliferação das células B. Os que dependem do auxílio do linfócito T são chamados timo dependentes. São os mais importantes e somente nesses antígenos há a possibilidade de trocar o isotipo por IgG, IgE ou IgA e ter plasmócitos de vida longa, além de anticorpos com maior afinidade. Descrever o processo de neutralização de microorganismos e toxinas por Anticorpos Os anticorpos contra microrganismos e toxinas microbianas bloqueiam a ligação desses agentes e suas toxinas aos receptores celulares. Dessa maneira, os anticorpos inibem, ou neutralizam, a infectividade de microrganismos, bem como os potenciais efeitos lesivos das toxinas microbianas. Anticorpos contra tais toxinas dificultam estereoquimicamente as interações de toxinas com as células hospedeiras e, então, impedem que as toxinas produzam lesão e doença. A neutralização de microrganismos e toxinas mediada por anticorpos requer apenas a participação das regiões de ligação ao antígeno. Portanto, tal neutralização pode ser mediada por anticorpos de qualquer isotipo presente na circulação e nas secreções mucosas. Os anticorpos neutralizantes mais eficazes são aqueles com afinidades altas para seus antígenos. Os anticorpos de alta afinidade são produzidos pelo processo de maturação de afinidade. Neutralização de microrganismos e toxinas por anticorpos: A Os anticorpos impedem a ligação de microrganismos a células e, assim, bloqueiam a capacidade desses agentes de infectarem as células hospedeiras. B Os anticorpos inibem a disseminação dos microrganismos de uma célula infectada para uma célula adjacente não infectada. C Os anticorpos bloqueiam a ligação de toxinas a células e, assim, inibem os efeitos patológicos das toxinas. Reconhecer a opsonização mediada por anticorpos como importante para facilitação da fagocitose Os anticorpos do isotipo IgG cobrem (opsonizam) os microrganismos e promovem sua fagocitose pela ligação de receptores de Fc nos fagócitos. Depois que o anticorpo se liga ao microorganismo, os nossos fagócitos identificam de forma muito mais rápida a necessidade de fagocitar esse microorganismo, já que eles têm receptores que se ligam a pontinha do “Y” do anticorpo, a porção Fc. Os fagócitos mononucleares e os neutrófilos expressam receptores para as porções Fc dos anticorpos IgG que se ligam especificamente a partículas recobertas por anticorpos. Os microrganismos também podem ser cobertos por um subproduto da ativação do complemento denominado C3b e são fagocitados pela ligação a um receptor de leucócito para C3b. O processo de cobertura de partículas para promover a fagocitose é denominado opsonização, e substâncias que fazem essa função, incluindo anticorpos e proteínas do complemento, são chamadas de opsoninas. Descrever a relação e as consequencias fisiológicas da ativação do sistema complemento pela Via Clássica A ligação de anticorpos a antígenos faz com que a proteína C1, que corre no nosso sangue, se ligue a duas moléculas de anticorpo. Assim se inicia o processo de cascata de ativação do sistema complemento. A partir da C1, temos a clivagem da C4, que libera uma parte menor, a C4a e uma outra parte, a C4b. A C4b gruda na membrana do microrganismo. Depois, a mesma coisa ocorre com C2, que vai para a membrana. Temos então uma enzima que cliva C3. Quando há várias clivagens de C3, há liberação de C3a, que estimula a inflamação, e C3b que vai marcar essa célula alvo. Nossos linfócitos têm receptores para 3Cb. Ou seja, auxilia na fagocitose e gera inflamação. O processo continua e há a formação de outras convertases, como a C5. Depois há o complexo de ataque à membrana, que é o que vai gerar a lesão na superfície dessa bactéria (no caso). Resumo das consequências da ativação do complemento pela via clássica (depende de anticorpo): ● Inflamação através de C3a e C5a ● Opsonização através de C3b ● Complexo de ataque à membrana - gera a perfuração da célulaalvo através da polimerização da proteína C9. Mecanismos Efetores da Imunidade Humoral Funções dos Isotipos de Anticorpos: IgG: ● Opsonização de antígenos para fagocitose por macrófagos e neutrófilos. ● Ativação da via clássica do complemento. ● Citoxicidade celular dependente de anticorpos mediada por células natural killer. ● Imunidade neonatal: transferência de anticorpos maternos através da placenta e do intestino. ● Inibição da ativação da célula B por feedback de anticorpo. ● Neutralização de microrganismos e toxinas. IgM: ● Ativação da via clássica do complemento. IgA: ● Imunidade de mucosa: secreção de IgA para o lúmen dos tratos gastrointestinal e respiratório. ● Neutralização de microrganismos e toxinas no lúmen de órgãos de mucosa. IgE: ● Desgranulação de mastócitos (reação de hipersensibilidade imediata). ● Defesa contra helmintos mediada por eosinófilos. OBS: Na fase inicial de reconhecimento, os linfócitos B podem apresentar IgM ou IgD positivos. Estes reconhecem diretamente o antígeno. IgM, IgG e IgA fazem a proteção do sangue e dos líquidos extracelulares. IgA nas mucosas, IgM e IgG no sangue. A IgA dimérica (2 moléculas de anticorpos) estão mais presentes nas mucosas, mas pode-se encontrar IgA monomérica no sangue. IgG e IgA de alta afinidade são usadas para neutralizar toxinas bacterianas e venenos animais. Anticorpos neutralizantes de alta afinidade impedem vírus e bactérias de infectar as células. O anticorpo ajuda na fagocitose, conforme visto previamente. Citotoxicidade dependente de anticorpo: A célula NK não fagocita a célula alvo, mas ao encontrar o anticorpo ligado a célula alvo, ela libera fatores apoptóticos que geram a destruição dessa célula alvo. Os receptores Fc das células hematopoiéticas são receptores sinalizadores que se ligam as regiões Fc dos anticorpos. Os receptores Fc ativam as células NK para destruir células revestidas por anticorpos. Anticorpos contra microrganismos (e suas toxinas, não mostrado) neutralizam esses agentes, opsonizam-nos para a fagocitose, sensibilizam-nos para o processo de citotoxicidade celular dependente de anticorpo e ativam o sistema complemento. Essas diversas funções efetoras podem ser mediadas por diferentes isotipos de anticorpos.
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