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LEPTOSPIROSE Locais onde encontra-se roedores Ordem spirochaetales → 3 gêneros Sobrevivem bem próximo ao pH neutro ou alcalino ( 7 a 9) As leptospiras são bactérias espiroquetas, espiraladas, flexíveis e móveis, compostas de um cilindro protoplasmático que se enrola ao redor de um filamento axial central. O envelope externo é composto por lipopolissacarídeos (LPS) e mucopeptídeos antigênicos. Tanto animais domésticos como silvestres podem tornar-se portadores e contribuir para a disseminação das leptospiras na natureza. O rato, Rattus norvegicus, representa o mais importante reservatório da leptospira, embora o cão tenha grande importância na epidemiologia da doença devido a sua estreita relação com o ser humano. São referidas duas categorias da doença, com implicações clínicas diferentes: uma, quando o animal é infectado com um sorovar hospedeiro-adaptado, tornando-se reservatório, e a outra, quando animais suscetíveis são expostos a sorovares hospedeiros não adaptados, causando a doença acidental, forma comum aos humanos. Coram- se bem a base de sais de prata: Levaditi , Gomori, Warthin-starry → Não cora-se muito bem com gram, utiliza-se microscopia de campo escuro → São bactérias finas, que dificultam a coloração. → Possui um eixo axial, com movimentos em torno deste. Penetração nos poros da pele. Várias destas leptospiras são ambientais e não patogênicas → Distribuição mundial, e os sorovares são universais SOROVAR PADRÃO: Icterohaemorrhagiae e canicola. → Outros sorovares apresentam distribuição regional. → Região tropical há maior incidência: Calor e umidade, chuvas e solo neutro. → Diagnóstico é sorovar específico: Importância da ecologia e estabelecimento de painel para agregar os sorovares específicos da região. A Leptospira sp. penetra de forma ativa através de mucosas (ocular, digestiva, respiratória, genital), pele escarificada e inclusive pele íntegra, em condições que favoreçam a dilatação dos poros. Multiplica-se rapidamente após entrar no sistema vascular, espalhando-se por muitos órgão e tecidos, incluindo rins, fígado, baço, sistema nervoso central, olhos e trato genital, caracterizando um quadro agudo septicêmico denominado de leptospiremia. As lesões primárias ocorrem em decorrência da ação mecânica do microrganismo nas células endoteliais de revestimento vascular. A consequência direta da lesão dos pequenos vasos é o derrame sanguíneo para os tecidos, levando à formação de trombos e o bloqueio do aporte sanguíneo nas áreas acometidas. Os sinais clínicos são variados, de acordo com a extensão das lesões e o tipo de órgão atingido. A leptospiremia termina como resultado do surgimento de anticorpos específicos e subsequente fagocitose das leptospiras da circulação, que passam a se albergar nos túbulos renais, iniciando a fase de leptospirúria. A excreção urinária de leptospiras vivas apresenta-se de forma intermitente, variando de acordo com a espécie animal e o sorovar envolvido, podendo persistir por meses ou anos. OCORRÊNCIA EM HUMANOS → Esporádica ou surtos epidêmicos (inundações, esgotos- roedores portadores renais). → Países desenvolvidos há ocorrência mais baixa por controle de esgotos e roedores. Exceto Paris e NY. → Anti-ratização: diminuição das condições favoráveis ao roedor. → Antropozoonoses → Países com maior incidência: Locais com foco direcionado a desratização (condições ambientais mais favoráveis). → Doença ocupacional: Vet, tratadores de animais, produtores rurais, laboratório diagnóstico, abatedouros, minas, plantação de arroz e cana, nadadores, pescadores, bombeiros, sistemas de esgotos. → Leptospira é sensível ao cloro. OCORRÊNCIA EM ANIMAIS → Comum: Roedores (geralmente portadores assintomáticos), domésticos e selvagens. → Diferentes sorovares : Preferência por determinadas espécies. Podem ocorrer um ou mais sorovares em cada espécie. PATOGENIA A leptospirose canina normalmente apresenta-se como uma enfermidade infectocontagiosa aguda e febril podendo ser acompanhada de manifestações entéricas, hepáticas e principalmente renais, além de hemorragias generalizadas. A icterícia e lesões hemorrágicas são comuns na leptospirose causada pela L. icterohaemorrhagiae, porém raramente aparecem em infecções causadas por outros sorovares. Na infecção causada pelo sorovar canicola, os cães apresentam grave comprometimento renal, além de outros sinais clínicos. Entretanto, na dependência do sorovar infectante os sinais clínicos podem até ser vagos ou inaparentes. → Fase de multiplicação: Leptospiremia (Fígado, baço, rins, liquor. Febre, fase aguda → Fase de imunidade. O sistema começa a produzir Ac que começa a eliminar a leptospira do sangue. Ela por sua vez tem mecanismos de evasão do sistema imune, se isolando nos rins pois o Ac são proteínas grandes que não ultrapassam os rins, a não ser que haja lesão renal associada a proteinúria. A leptospira penetra ativamente no rim, nos túbulos contorcidos próximos onde se isola. Essa segunda fase, onde tem aumento dos Ac no sangue= fase de leptospirúria= transmissão pela urina. Epidemiologia → FI: Animais infectados= Roedores A infecção humana resulta da exposição à água contaminada com urina ou tecidos provenientes de animais infectados, sendo a sua ocorrência favorecida pelas condições ambientais dos países de clima tropical e subtropical, particularmente em épocas com elevados índices pluviométricos. Nos animais, a infecção pode ocorrer por ingestão de alimento ou água contaminados por urina infectada, bem como pela infecção direta por urina dos doentes ou portadores. No Brasil, acredita-se que a maioria dos casos urbanos seja devida à infecção por cepas do sorogrupo icterohaemorrhagiae, o que fortalece o papel do rato doméstico como principal reservatório, uma vez que Rattus rattus e Rattus norvergicus são os carreadores mais comuns desse sorogrupo. Nos centros urbanos, a deficiência de saneamento básico constitui um fator essencial para a proliferação de roedores. → VE: Urina na fase de leptospirúria (nem toda micção, geralmente acontece de maneira intermitente- colher amostras de várias micções no dia para evitar falso negativo. A medida que se multiplica, formam-se clusters que são aglomerados de bactérias. Desse modo a eliminação depende da multiplicação no rim). Sangue na fase de leptospiremia. Como na fase de leptospiremia a bac. vai para todos os órgãos, pode ser eliminada pelo leite e causar mastite atípica (não faz inflamação, produz um quarto mamário sem edema porém fica flácida, como a leptospira produz toxinas de fragilidade capilar pode haver estrias de sangue. É comum a mastite subclínica). A transmissão pelo leite não é tão comum pois o pH do leite bovino é ligeiramente ácido. Quando o animal tem mastite, pode acontecer o extravasamento do plasma que se mistura com e leite e pode elevar o pH do leite favorecendo a viabilidade da leptospira. O semên também é uma via de eliminação e secreções vaginais (transmissão pela MN). Restos fetais por causar o aborto e placenta e seus anexos. Meios de transmissão - água solo e alimentos contaminados - Venérea: Maior importância em suínos e roedores. Porta de entrada: Pele integra se estiver em ambiente úmido, solução de continuidade e mucosas. Hosp. susceptíveis: Mamíferos e roedores. Portador são: Transmite mas não sofre clinicamente. Roedores podem ser por toda a vida (Ratazana 90 a 98% infectadas por icterohaemorrhagiae; Camundongos, perigoso por ter convívio próximo com o ser humano) . Bovinos pode ser por alguns meses. L interrogans: Espécie patogênica. Precisa de um hospedeiro animal para se multiplicar, diferente das espécies ambientais. → Condições favoráveis: Umidade, temperaturas abaixo de 50 graus, solo neutro e levemente alcalino. Animais domésticos e selvagem: colaboram com a manutenção da leptospira na natureza A transmissão entre humanos é rara. Período de incubação: 2 a 30 dias- 10 em média. Letalidade: 5 a 20% forma ictérica (mais grave). Sintomas-Humanos → Subclínica mais frequente → Sindrome: 20 a 30 sinais (dificultao diagnóstico) → Inicia com uma síndrome gripal → Forma ictérica → Forma anictérica (mais comum). 60 a 70% dos casos. Fase septicêmica (hepatomegalia e esplenomegalia, hemorragia digestiva alta- estômago que leva vômito com sangue/melena, mialgia na panturrilha, coxa, abdome, região lombar. → Fotofobia: Menor tolerância a luz → Petéquias e hiperemia de mucosas. → Duração de 4 a 7 dias (Febre dos 7 dias). → Fase imune: Cefaléia, vômitos, uveíte (alta frequência em equinos), meningite. Duração de 1 a 3 semanas. → Forma ictérica: Doença de Weil. Icterícia pós hepática. Mais severas podem gerar quadros de insuficiência renal, podendo causar quadros de hepatite e hemorragias (degradação das hemácias), alterações hemodinâmicas. → Sufusões esclerais e icterícia. A fragilidade capilar ocorre pela ação das toxinas da leptospira. Podem levar a necroses de músculos. Um animal que tem leptospirose não necessariamente tem icterícia, assim como humanos. Sintomas- Animais BOVINOS: Aborto é comum no terço final da gestação. Geralmente os fetos abortados são autolisados e ictéricos, diferente da brucelose. Não é patognomônico. Retenção de placenta (risco em manipular por ser VE). Natimortos e crias fracas. Queda na produção de leite e mastite atípica. Doença sistêmica (Febre, icterícia, hemoglobinúria). SUÍNOS: Doença reprodutiva; aborto em qualquer fase da gestação. ninhadas com menor numero de leitoes por morte em periodo embrionario com absorção fetal; doença sistemica ocasionalmente em animais mais jovens. EQUINOS: Inaparente na maioria das vezes; Oftalmia periódica- uveíte ( perda parcial da visão temporária ou permanente, uni ou bilateral, geralmente 12 meses após a infecção). Não costuma ser abortiva. A córnea é avascular, quando se percebe a vascularização migrando da esclera para córnea indica que a lesão surgiu a partir da câmara anterior. OVINOS E CAPRINOS: Ocorre na forma de surtos; Pouco comum. Manifestação semelhante à de bovinos. CÃO E GATO: Tendem a ser subclínicas. Forma severa com mialgia, febre, hemorragias. Sorovar canicola tende a ter um quadro mais renal. Necrose de língua devido a toxinas na cavidade oral (azotemia elevada). Gastroenterite hemorrágica (diferenciar cinomose, parvovirose). Nefrite aguda especialmente pelo sorovar canicola. Diagnóstico → Baseados nos SC, e história clínica → Sorologia: Amostras pareadas (Colhe-se amostra na fase aguda, e depois de 1 semana colhe-se na fase crônica. Na fase de leptospiremia a taxa de Ac é baixa diferente da segunda amostra. A sorologia vai mostrar um aumento de Ac entre as amostras, se for maior do que 4x da primeira para segunda pode afirmar que o animal está com infecção ativa. → Soroaglutinação microscópica: Identifica sorovares mais prevalente na região. É o teste sorológico mais utilizado na rotina clínica e indicado como teste de referência pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A base diagnóstica do MAT é formada pela reação de aglutinação entre os anticorpos presentes no soro dos pacientes e o antígeno-O dos LPS de membrana de vários sorovares de Leptospira spp. Trata-se de uma técnica bastante empregada em inquéritos epidemiológicos, podendo fornecer informações a respeito dos sorogrupos importantes da região em questão, os quais devem estar incluídos na bateria de antígenos a ser testada. A maior dificuldade encontra-se na interpretação dos resultados, visto que os soros de indivíduos com títulos positivos geralmente apresentam reações cruzadas a uma variedade de sorovares, dificultando assim a identificação do sorovar infectante. A demonstração de um aumento de pelo menos quatro vezes no título em amostras pareadas, confirma a soroconversão. ELISA-IgM Outra técnica sorológica bastante empregada é o ELISA-IgM, um teste bastante sensível, específico, rápido e com facilidade de execução. Também chamado antígeno gênero-específico, geralmente é utilizado para detectar anticorpos da classe IgM. Apesar de ser bastante empregado, o teste apresenta sensibilidade e especificidade menores quando comparado com o MAT, especialmente na avaliação de amostras obtidas na primeira semana após o início dos sintomas e em amostras de indivíduos provenientes de áreas endêmicas. Reação em cadeia de polimerase (PCR) Baseia-se na detecção e amplificação do DNA de Leptospira sp. de diversos tecidos ou fluidos corpóreos, tais como amostras de sangue, urina e fluido cérebro-espinhal, para diagnóstico antes ou após a morte do animal. A avaliação das variáveis tempo, sensibilidade, especificidade e custo-benefício mostra que a PCR é um método bastante promissor quando destinado ao diagnóstico precoce da leptospirose. Porém, a limitação do diagnóstico está na inabilidade em se identificar o sorovar infectante. 5.4 Isolamento da bactéria O isolamento do agente pode ser feito a partir de amostras clínicas de animais suspeitos ou de material coletado após a morte (órgãos e tecidos). Os meios de cultivo das leptospiras são líquido, semi-sólido ou sólido. O principal problema está relacionado à contaminação das amostras por outros microorganismos, inibindo assim o crescimento da leptospira. O tratamento preconizado da leptospirose é baseado em antibioticoterapia específica e tratamento de suporte diante de possíveis complicações do quadro clínico. A penicilina e seus derivados são o antibiótico de escolha para a fase de leptospiremia, embora não elimine o estado portador. A doxiciclina é recomendada tanto para a terapia inicial quanto para a eliminação do estado portador. → Isolamento e tipificação. Sangue =leptospiremia. Urina-Leptospirúria. PREVENÇÃO E CONTROLE → Vacina em animais= Sorovar específico sem imunidade cruzada. Sorovares da região. → Baixa imunogenicidade: A imunidade da vacina e infecção natural tem um período curto de 4 a 6 meses. Vacinação anual de cão não protege. → Eliminar portadores renais. Bovinos, suínos e equinos podem ser tratados. Diidroestreptomicina- eliminação total pelos rins (oto e nefrotóxica por ser aminoglicosídeo). O animal com lesão renal prévia não se recomenda a utilização de antibióticos aminoglicosídeos. Acidificação da urina como maneira de diminuir as bactérias nos rins apesar da urina de carnívoros já ser um pouco mais ácida, mas a lesão renal pode fazer com que a urina não esteja mais ácida. → Eliminar restos de abortos → Drenagens de áreas alagadas → Controle de roedores com foco em medidas de antiratização (água, abrigo, alimento, acesso e acasalamento) → Não há vacina para humanos, educação sanitária, paramentação adequada (cirurgia, necropsia, auxílio de parto, colheita de material); Usar botas e luvas em enchentes e áreas alagadas; Saneamento básico ; Cloração de água de piscinas; Controle de roedores. A vacinação dos cães com vacinas contendo bactérias específicas da região é de extrema importância como medida preventiva, de forma a reduzir a prevalência da leptospirose canina e evitar o estado portador. É sabido que os sorovares mais adaptados à espécie canina são L. icterohaemorrhagiae e L. canicola, entretanto, inquéritos sorológicos realizados por todo o Brasil, evidenciam uma grande variabilidade de sorovares em diferentes localizações geográficas do país, com alta prevalência do sorovar copenhageni. A região sul do Brasil, juntamente com a região sudeste, figura entre as regiões com maior número de casos confirmados de leptospirose humana, nos últimos anos.
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