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CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS RUMINANTES Animais mamíferos herbívoros pertencentes à classe dos ARTIODÁTILOS (animais casco com um número par de dedos). Eles realizam a digestão em duas etapas. Na primeira etapa eles mastigam e engolem o alimento. Na segunda etapa, eles regurgitam o bolo alimentar para refazer a mastigação e voltar a engolir para conseguirem melhor digestibilidade do alimento. São animais POLIGÁSTRICOS. O estômago é composto por 4 cavidades: rúmen, retículo, omaso e abomaso. MEDICINA PREVENTIVA As ações profiláticas do manejo sanitário estão relacionadas com: o hospedeiro, os agentes infecciosos e os fatores ambientais. Conceito do iceberg: Inúmeras vezes, grande parte dos casos ficam abaixo do horizonte clínico (início dos sintomas) e, portanto, não podem ser identificados com fundamento em sinais e sintomas, essa situação pode ser entendida como a “base do iceberg”. Por outro lado, aqueles que são clinicamente identificáveis são a “ponta do iceberg”, podendo ainda variar quando à gravidade. 2.1 - CONTROLE DE ECTOPARASITAS Teste de sensibilidade: é essencial o uso de medicamentos que comprovem a sua eficácia. Aplicar o medicamento na época adequada do carrapato. A época de ovopostura do carrapato coincide com a época das águas. Aplicar entre (dez-jan), (fev-mar) e (abril-maio). É essencial que o passo-a-passo do produto seja seguido. O intervalo das dosagens é de 150 dias. Na aplicação do medicamento, o aplicador, deve estar devidamente protegido. E ainda, para não ocorrer a intoxicação do animal, o produto deve ser aplicado no local correto (contra o pelo do animal e toda a superfície corpórea), nunca em mucosas. A aplicação pode ser feita através da sub-imersão, borrifadores, pulverizadores e pour on. Os animais recém-tratados são chamados de “animais aspiradores”, esses animais, logo após o tratamento, devem voltar às pastagens. Existem animais que possuem a recontaminação de ectoparasitas mais frequente, esses animais são chamados de “animais de sangue doce”. São eles os responsáveis pela recontaminação das pastagens. Trata-los com mais frequência. É essencial avaliar a eficácia do carrapaticida, por isso, deve trocar de carrapaticida a cada dois anos. Animais recém-chegados na propriedade são chamados de “animais forasteiros”. Por não saber exatamente o histórico do animal, deve ser feito o isolamento do mesmo por no máximo 30 dias. Para evitar infestações mistas (carrapatos de outros animais), é interessante demarcar os pastos e deixá-los separados. 2.2 - CONTROLE DE ENDOPARASITAS O controle das verminoses pode ser baseado no ataque às formas de vida livre ou parasitária, tendo, cada uma destas alternativas, pontos positivos e negativos. O combate aos estágios de vida livre tem como objetivo eliminar das pastagens as formas infectantes, diminuindo a probabilidade de ingestão destas pelos bovinos. Dentre as práticas de manejo mais valiosas para este tipo de controle destacam-se a rotação ou vedação temporária das pastagens, ou a utilização de agentes biológicos. CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS I RUMINANTES A primeira estratégia tem o objetivo de exaurir as reservas corporais das larvas, levando-as a morte. Estima-se que 80% das larvas morram quando não-ingeridas por bovinos em intervalos de 30 a 45 dias. Já o controle biológico baseia-se na utilização de parasitas dos ovos e larvas como os fungos nematófagos de gênero Arthrobotrys e bactérias do gênero Bacillus. Outra estratégia é a utilização de besouros coprófagos, mais conhecidos como “rola- bosta”, que devido ao seu hábito de enterrar as fezes, acabam inviabilizando o desenvolvimento dos ovos e larvas. No controle da fase de vida parasitária, a utilização de antiparasitários constitui a principal arma de combate das verminoses. Dentre as estratégias mais utilizadas podemos destacar: Curativo: os animais são vermifugados apenas quando ocorrem sinais clínicos, numa explícita intenção de minimizar os custos de tratamento. No entanto, a alta prevalência de casos subclínicos no rebanho, associada a alta contaminação por ovos nas pastagens, acabam inviabilizando esta estratégia. Supressivo: utiliza-se vermífugos em intervalos pré-estabelecidos, durante todo o ano. Este procedimento pode implicar em dosificações desnecessárias, além do risco de criar resistência na população de vermes incidentes no rebanho. Tático: os animais são vermifugados quando alguma condição ambiental favorece o desenvolvimento dos vermes ou quando práticas de manejo, como entrada em novas pastagens ou confinamento, rotação ou compras de animais torna oportuna a medicação. Estratégico: é baseada na prevenção de novas infestações de pastagens e apresenta resultados a médio e longo prazo. Tem como principal característica, a utilização racional de vermífugos e manutenção de cargas parasitárias compatíveis com a produção animal, apresentando, com isso, o melhor custo benefício, dentre as formas de tratamento. Esta estratégia de controle baseia-se no conhecimento da epidemiologia e a dinâmica dos parasitos nos bovinos e na pastagem durante o ano, e a partir disto, pré-determinar vermifugações nos melhores períodos. As larvas encontram nas pastagens condições ideais de sobrevivência no período chuvoso do ano em grande parte do território brasileiro. Cerca de 90-95% dos endoparasitas existentes estão nas pastagens em épocas de chuva. No entanto, durante o período mais seco (junho, julho, agosto), o número de larvas diminui drasticamente nas pastagens, e grande parte dos vermes está presente nos animais. Com isso, a aplicação de vermífugos na época das chuvas tem pouco efeito no tratamento do rebanho, uma vez que a taxa de reinfecção é muito alta neste período pela alta carga de larvas nas pastagens. Baseado nestes princípios, o controle estratégico preconiza a aplicação de vermífugos durante o período seco do ano, pois esta ação possibilita uma maior exposição dos vermes à ação dos antiparasitários. Consequentemente, os animais entrarão no período chuvoso com uma carga parasitária mínima, diminuindo a contaminação das pastagens por ovos Vermifugação em animais de corte: • Bezerros: bezerros vermifugados antes da desmama apresentam maior ganho de peso (10 a 15%) quando comparado a animais não tratados • Bois: outubro ou novembro, momento no qual esta categoria entrará em pastagens vedadas, acarretando uma menor contaminação destas • Vacas: julho e agosto, momento este anterior ao pico de parição • Desmama (24-30 meses): momento no qual as verminoses causam maiores prejuízos, a vermifugação deve englobar todo o período seco, com dosificações nos meses de maio, julho e setembro. A primeira aplicação (maio) tem o objetivo diminuir a carga parasitária adquirida pelo animal durante o período chuvoso, a segunda aplicação (julho) elimina os vermes que resistiram à primeira aplicação, além de combater os novos endoparasitas adquiridos no início do período seco. A terceira aplicação combate os parasitas que sobreviveram às primeiras vermifugações, diminuindo o risco de contaminação das pastagens durante o período chuvoso que se iniciará. Vermifugação em animais de leite: • Vacas prenhes (30-60 dias antes do parto em período seco): julho-agosto, momento interior ao pico de aparição no Brasil Central • Bezerros: vermifugação aos 30 dias de vida e repetir a cada 90 dias até 1 ano de idade 2.3 - CONTROLE DE ENDOPARASITAS EM OVINOS E CAPRINOS O plano de controle deverá ser adaptado a cada realidade. Atualmente não é recomendado a aplicação em todo o rebanho sem diagnóstico. Por meio de monitoramento da carga parasitária dos animais pode ser possível a vermifigaçãoracional dos rebanhos. Método Famacha®: É um método de tratamento seletivo, ou seja, objetiva vermifugar somente os animais do rebanho que apresentam anemia, facilmente visualizada na mucosa ocular. Promove a economia no consumo de vermífugos e minimiza o problema de resíduos nos produtos de origem animal e no ambiente. Contagem de Ovos por Gramas de Fezes (OPG): Método bastante simples para monitorar as parasitoses nos rebanhos ovinos. As amostras de fezes são colhidas diretamente do reto do animal, e com cuidado remove-se um bolo fecal, que deve ser embalado, resfriado e enviado ao laboratório para exame e possível definição do tratamento. Não pode misturar as amostras, colocando cada uma em embalagem individual, identificando espécie, lote, potreiro; como melhor o próprio proprietário possa identificá-los após o resultado dos exames para o possível tratamento. 2.4 - VACINAÇÕES OBRIGATÓRIAS Em bovinos: • Febre Aftosa • Brucelose • Raiva (vacinar quando em regiões de foco) Em ovinos e caprinos: • Não há vacinas obrigatórias NEONATOLOGIA BOVINA O neonato bovino é chamado de “Benesi” (até 28 dias de vida). Os cuidados do neonato se iniciam já na gestação. No 1/3 final da gestação, a mãe deve ser transferida ao piquete maternidade, esse piquete deve ser formado por uma boa cobertura vegetal, boa drenagem, de ambiente sempre limpo, fresco e ventilado. O piquete ainda deve ser de fácil observação, com boa alimentação e água fresca à vontade. Dependendo do parto, se o parto for normal (boa habilidade materna), deixar que apenas a mãe cuide do benesi. Se o parto for demorado ou distócico, é necessário interveção e cuidados médicos. O criador deve mimetizar os movimentos da mãe para com o filhote na hora do nascimento: massagem torácica e suspensão em pêndulo para o líquido extravasar dos alvéolos. Em caso de cesária, jogar um balde água gelada para a estimulação dos reflexos. O score Apgar estimula a viabilidade do neonato: Varia entre 0 a 8. No qual, 7-8 (sadios), 4-6 (deprimidos) e 0-3 (malvistos) Além do score Apgar, a viabilidade bovina é medida num espaço de tempo de 60min entre o nascimento e a primeira mamada do colostro. É visto como natural o nascimento e, em até 8min os reflexos ativos do benesi pela lambeção da mãe. Em 20min é natural o benesi começar a tentar ficar de pé. E aos 60min o tempo mínimo para a primeira mamada de colostro. Após o nascimento é essencial o corte e cura do umbigo com iodo (5-7%) BID. Deve ser tratado até sua queda (esperado de 3-5 dias). COLOSTRO É a forma do leito em baixo volume secretada pelos mamíferos nos primeiros dias de amamentação pós-parto. Suas principais funções é o efeito laxativo (liberação do mecônio), nutricional (altamente energético) e imunológica (transferência passiva de IgG). A transferência de IgG através do colostro é essencial pois a placenta dos ruminantes (sinoepitelial) não é capaz de fazer essa troca. O benesi deve mamar o colostro num período de 6-8h pós-parto pois em 24h ocorre o declínio da absorção pelo próprio epitélio intestinal do benesi. Ocorre o “fechamento” das camadas do epitélio intestinal como um meio de segurança para o bloqueio de possíveis infecções bacterianas. O colostro pode ser fornecido naturalmente através da sucção da teta da mãe, por mamadeira ou por sondagem (quando sem reflexo de sucção). A influência materna aumenta a porcentagem de absorção de colostro pelo epitélio intestinal. Fornecer de 10-15% do PV do benesi. A principal consequência da não ingestão de colostro é a FTIP. AFECÇÕES EM NEONATO 4.1 - FALHA NA TRANSFERÊNCIA DE IMUNIDADE PASSIVA (FTIP) FALHA NA PRODUÇÃO Os bezerros nascidos de mães idosas parecem apresentar uma atividade física menos vigorosa no ato de amamentar-se. No entanto, a quantidade de colostro produzido na primeira lactação é menor que nas lactações subsequentes. Com isso, os teores de Igs séricas e, consequentemente, do colostro, são maiores em vacas pluríparas do que em novilhas, em virtude da maior estimulação antigênica que esses animais apresentam à medida que a idade avança. Outros fatores como: concentração de Ig em vacas de alta produção, gotejamento do colostro e mastite também estão relacionados. FALHA NA INGESTÃO Está muito relacionada a mãe. A mãe pode negligenciar ou rejeitar o benesi, o que condiz com baixa habilidade materna. O benesi pode também ter problemas no reflexo de sucção. FALHA NA ABSORÇÃO É a ingestão tardia de colostro. A perda de capacidade absortiva pela mucosa intestinal inicia- se logo após o nascimento e progride continuamente até aproximadamente 24 horas de vida, sendo que o ideal é ingestão máxima de colostro até 12 horas após o nascimento. O aumento no intervalo de tempo entre o nascimento e a ingestão de colostro também propicia o aumento da atividade digestiva dos bezerros, com destruição dos anticorpos. Vários fatores têm sido avaliados quanto à sua influência na absorção de Ig: • Estresse calórico por frio, distocia fetal severa, superlotação, barulho e mistura de animais de diferentes idades podem contribuir para a diminuição na absorção de anticorpos • Administração de corticóides de longa ação (dexametasona) pode reduzir ou cessar completam a absorção de anticorpos em animais recém-nascidos, por causarem uma maturação intestinal prematura • Partos demorados ( >4h) FALHA NO MANEJO Alguns produtores adotam o sistema de iniciar a ordenha alguns dias antes do parto com o intuito de reduzir os efeitos do edema de úbere. No entanto, negligenciam que a maioria das Igs concentram-se no colostro cerca de três a nove dias antes da parição. Outros fatores como: forma de fornecimento do colostro (mamadeira, balde e direto da mãe), período seco da mãe curto e atraso na ordenha. DIAGNÓSTICO: DENSIDADE DO COLOSTRO Método prático e barato que permite determinar a concentração de Ig e que pode permitir a seleção de colostros contendo uma concentração adequada de Ig. A gravidade específica não é alterada pela presença de lactose e de albumina, que ocorrem em pequenas quantidades e têm coeficientes de variação pequenos comparados com os outros constituintes do colostros. DOSAGEM DE IGG NO COLOSTRO POR IMUNODIFUSÃO RADIAL SIMPLES É o método mais utilizado para determinação quantitativa de Ig. Esse método envolve a difusão radial simples a partir de um orifício central em um gel de agarose contento anticorpos específicos apropriados, formando complexos antígeno- anticorpo, os quais apresentarão um halo de precipitação • Transferência adequada ( >1600 mg/dl) • Transferência parcial (600-1600 mg/dl) • FTIP ( < 600 mg/dl) PROTEÍNA SÉRICA É a dosagem de proteínas plasmáticas totais (PTT) séricas do bezerro através do refratômetro. • PPT sérico normal ( > 5 g/dl) OUTROS MEIOS: • Teste de turbidez em solução de sulfato de zinco • Enzima Gamaglutamiltransferase • Eletroforese • Aglutinação em látex TRATAMENTO: Embora os bezerros que sofrem de FTIP possuam maior risco de desenvolver doenças, eles podem sobreviver se colocados em um ambiente limpo, com baixa exposição aos agentes patogênicos ou podem ainda receber antibióticos de amplo espectro para fins profiláticos Outros meios: • Administração de plasma/soro sanguíneo de 20-40 ml/Kg do PV do bezerro IV • Transfusão sanguínea de uma vaca sadia para o bezerro (possíveis doenças relacionadas) • Soro hiperimune • Manter o fornecimento de colostro PREVENÇÃO DA FTIP Ter na propriedade banco de colostro e sua avaliação. O colostro deve ser guardado em garrafas pet (600ml a 2L) e congelados a -18 a - 25°C. O descongelamento deve ser feito em banhomaria com a temperatura máxima de 50°C Medir a densidade do colostro através do colostrômetro: • Excelente (1046-1076) • Moderado (1035-1046) • Fraco (1027-1035) 4.2 - ASFICIA NEONATAL PRECOCE É a principal forma clínica de asfixia em bezerros. O início da asfixia precoce é uterino, logo após o parto, causando prejuízos nas trocas gasosas maternos-fetais e acidose metabólica. Por complicações no parto (distocias), ocorre o comprometimento das trocas gasosas materno- fetais, diminuindo a concentração de O2 e aumentando a concentração de CO2. O bezerro acaba por entrar em acidose metabólica, o fornecimento de energia é feito pela glicólise anaeróbica (aumento das concentrações de ácido lático), causando lactacidemia. Os esgotamento das reservas energéticas pode causar lesões graves aos órgãos MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Perda do padrão respiratório e da atividade corporal • Taquicardia • Mucosas pálidas ou cianóticas DIAGNÓSTICO • Avaliação do equilíbrio ácido-básico • Hemogasometria • Score Apgar TRATAMENTO • Cuidados básicos • Oxigenioterapia • Correção da acidose metabólica • Analépticos Respiratórios (Cloridrato de Doxapram) - 10-400 mg IV TARDIA Causada por neonatos pré-maturos, geralmente 1h após o parto. Imaturidade pulmonar nonatal ou aspiração de mecônio. Essas alterações causam a deficiência de surfactante, levando ao cobalamento pulmonar, hiperventilação e morte por sufocamento. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Animais aparentemente sadios (avaliar peso e se incisivo está rompido) • Dispénia mista e posição ortopnéica • Eliminação de espuma pelas narinas e boca DIAGNÓSTICO • Avaliação do equilíbrio ácido-básico • Hemogasometria • Nascimento pré-maturo (gestação < 270 dias) • Peso abaixo da média (20kg - Bos indicus e 30kg - Bos tauros) • Dentes incisivos recobertos TRATAMENTO • Oxigenioterapia • Correção da acidose mista • Glicocorticóides para a produção de surfactante 4.3 - ONFALITES São àquelas doenças que acometem o umbigo. O cordão umbilical do bovino é formado por quatro estruturas: veia umbilical, 2 artérias umbilicais e úraco. As onfalites corresponde diretamente a cada inflamação dessas estruturas: • Onfaloflebite (veia umbilical) • Onfaloarterite (artérias umbilicais) • Persistência do Úraco - uraquite (úraco) • Panonfalite (inflamação de todas as estruturas) Os fatores predisponentes mais comuns para onfalites: cura e ponto de ruptura incorreta do umbigo, navel suckling (o bezerro mama no umbigo de outro por desmame precoce), FTIP e asfixia neonatal. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Forma aguda: • Anorexia • Hipertermia • Arqueamento do dorso • Aumento do volume de aglutinação nos pelos e sensibilidade ao toque • Espessamento do cordão umbilical • Eliminação da urina pelo cordão umbilical devido a persistência do úraco • Complicações: abscessos intra-abdominais, acometimento de outros órgãos, poliatrite, pneumonia e septicemia Forma crônica: • Aumento de volume do cordão, sem sensibilidade e de consistência firme DIAGNÓSTICO • Inspeção direta e indireta (RX/US) do umbigo • Palpação: anel, saco e conteúdo herniário (diferencial), abscessos (flutuante) e sensibilidade TRATAMENTO Forma aguda: • Sem complicações (conservativo/cirúrgico) • Com complicações (abscessos intra- abdominais e acometimento de outros órgãos) leva a prognóstico reservado Forma crônica: • Limpeza e drenagem de abscessos/sedenho • Antibiótico para quadros sistêmicos 4.4 - DIARRÉIAS Diarreia é um sinal clínico de uma disfunção do trato digestório, caracterizada pelo aumento do número de evacuações ou presença de fezes que podem variar de consistência levemente amolecida até líquida. TIPOS DE DIARREIA: HIPERSECREÇÃO PASSIVA OSMÓTICA Resulta da presença de conteúdo hiperosmolar que determina a passagem de líquido para a luz intestinal. Geralmente por: manejo incorreto do colostro, leite alterado, estrago ou com baixa temperatura, falha na formação da goteira esofágica, transição colostro-leite, uso de balde e mamadeira e incapacidade da digestão de proteínas vegetais. HIPERSECREÇÃO ATIVA SECRETÓRIA Resulta da hipersecreção de água e NaCl pelo enterócito, promovida por enterotoxinas bacterianas e hormônios. Geralmente por: Salmonella, E. coli, Clostridium perfringens e Campylobacter. REDUÇÃO DA ABSORÇÃO E REABSORÇÃO Resulta de deficiências digestivas e lesões parietais do intestino delgado que impedem a correta digestão ou absorção. Geralmente por: Criptosporidiose, Eimeriose, Rotavírus, Coronavírus, BVD, Johne, e verminoses. PATOGÊNIA Bactérias: • Produção de toxinas, hipersecreção ativa, estimulação e secreção de NaCl, transudação de líquidos da circulação para a luz do intestino e diarreia Vírus e Protozoários: • Atrofia das vilosidades intestinais, má absorção e digestão, aumento do volume de nutrientes no ID com baixa capacidade de absorção, transudação de líquidos da circulação para a luz do intestino e diarreia MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Diarreia • Marcas de fezes na região perianal e dos membros inferiores (inspeção) • Desidratação • Apatia, anorexia, taquipneia, taquicardia, febre e hipotermia • Congestão e petéquias ou esquimose da escrerótica TRATAMENTO: O tratamento é baseado na apatia e no quadro de acidose do animal REPOSIÇÃO HIDROELETROLÍTICA VT - PV (Kg) x Vol (ml) CORREÇÃO DA ACIDOSE METABÓLICA • BD = 10 mEq/L (bezerros diarreicos com apatia) • 1L de solução de NaHCO3 (1.3%) = 156 mEq HCO3 REPOSIÇAO DE GLICOSE Quando em hiporexia/anorexia Glicose (5%) = VT x 10% FECHANDO A QUANTIDADE DE FLUIDOTERAPIA VT - (Vol de NaHCO3 + Vol Glicose) = Vol RL OUTRAS MEIOS: • Antibiótico: Sulfa/Trimetroprima, Enrofloxacina, Florfenicol e Ceftiofur sódico • Antiparasitários • Giardíase (Albendazol) • AINE (Flunexin meglumine) • Antitérmico (Dipirona) • Reposição de flora microbiana (Iogurte ou probióticos) • Adsorventes (Carvão ativado ou Kaolin/Pectin) SISTEMA CARDIOVASCULAR Doenças cardiovasculares é rara em bovinos, pois geralmente, essas doenças têm caráter crônico com a idade (bovinos são animais de produção, logo possuem a vida curta). Podem existir anomalias congênitas, como o Coração Ectópico. É uma condição extremamente rara em que o coração é comprimido por estar alojado em posição extra- torácica, geralmente entre o esterno e a pele. HISTÓRICO/ANAMNESE O histórico do animal deve levar em conta ao rebanho ou individual, pelo sistema de criação, condições sanitárias e profilaxia de parasitas. • Cansaço fácil, fraqueza geral, decúbito e hiporexia ou anorexia • Perda do desempenho, intolerância ao exercício, edema peitoral e veias dilatadas (jugular ou mamária) • Febre recidivante, mucosas cianóticas ou pálidas e morte súbita EXAME FÍSICO • Inspeção, palpação, auscultação e percussão ALTERAÇÕES INFECCIOSAS TRISTEZA PARASITÁRIA BOVINA (TPB) Doença causada por agentes etiológicos distintos, porém com sinais clínicos e epidemiologia similares. São hemoparasitas. • Babesiose (Babesia bovis ou Babesia bigemina) • Rickettsia (Anaplasma marginale). São hemoparasitas. BABESIOSE Transmissão: Na babesiose (Babesia bovis ou Babesia bigemina). Na transmissão, as fêmeas do carrapato (R. microplus) fixadas na epiderme dos bovinos se ingurgitam de sangue, ingerindo com ele, certo número de parasitos intraglobulares. Após completar o ciclo de vida parasitário, elas abandonam o hospedeiro e iniciam a ovoposição no solo das pastagens, transmitindo a sua descendência os parasitos babesídeos com os quais se infectou. B. bovis é transmitida já em fase larval, enquanto que a B. bigemina temum ciclo mais longo, é transmita em fase de ninfa. Epidemiologia: O clima tropical e subtropical, com chuvas e temperaturas mais altas favorece a babesia, pois é o melhor clima para o vetor, o b. microplus. Os animais podem também adquirir a doença através de agulhas e instrumentos cirúrgicos contaminados. Os animais que sofrem uma infecção natural com diversas espécies de Babesia adquirem forte imunização. A maior taxa de infecção ocorre nos animais entre seis a doze meses de idade, sendo incomum a ocorrência de infecção nos animais com mais de cinco anos de idade. Patogenia: A patogenia nos bovinos está ligada à espécie (B. bovis é mais patogênica que a B. bigemina), cepa, taxa de inoculação, idade, estresse e raça. A babesiose tem um período de incubação de sete a vinte dias. Quando um animal se torna infectado, ocorre uma multiplicação dos protozoários nos vasos periféricos (B. bigemina), ou nos vasos viscerais (B. bovis), isto causa a destruição das hemácias. Quando a multiplicação do protozoário alcança seu pico, ocorre o desenvolvimento de uma hemólise clinicamente detectável. A hemólise resulta em uma anemia grave, icterícia e hemoglobinúria, podendo levar à morte por uma anoxia anêmica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: B. BOVIS • Estase circulatória, gerando CID • Lesões nervosas B. BIGEMINA • Anemia (destruição de hemácia) • Hemoglobobniemia, gerando hemoglobinúria • Hiperbilirrubinemia, gerando icterícia RICKETTSIA Transmissão: Rickettsia (Anaplasma marginale). É feita principalmente por carrapatos R. microplus e por moscas, mosquitos e outros insetos picadores, como os Tabanídeos (mutuca) e os Stomoxys calcitrans (mosca do estábulo). A A. marginale, é uma rickettisia que faz multiplicação nas células do epitélio intestinal do carrapato e este pode infectar- se em qualquer estágio. A transmissão para o bovino ocorre de estágio para estágio e os machos, por sua maior longevidade e mobilidade, são considerados mais importantes na transmissão da anaplasmose. A transmissão do Anaplasma por insetos hematófagos se faz de forma mecânica, mediante a transferência de hemácias infectadas a um animal susceptível, sendo realizada em poucos minutos, enquanto o sangue permanece fresco no aparelho bucal do inseto. Epidemiologia: O índice de animais doentes pode ser alto, mas a mortalidade pode variar, dependendo da quantidade de anaplasma que se localiza dentro do eritrócito e a imunidade do hospedeiro. Os recém-nascidos são relativamente resistentes à infecção enquanto durar a imunidade passiva adquirida através do colostro. A incidência da doença depende principalmente da introdução de animal susceptível e de aumento repentino da população de vetores em áreas anteriormente não infectadas pelos carrapatos e insetos.A anaplasmose também pode ser disseminada mecanicamente por meio de agulhas infectadas instrumentos de castração e descorna e por transfusão sanguínea Patogenia: A A. marginale é um patógeno intracelular obrigatório de eritrócitos, cujo período de incubação é de 28 a 42 dias. A anaplasmose é primariamente uma anemia, cujo grau varia pela proporção de eritrócitos infectados. Os eritrócitos infectados sofrem alteração de superfície, são opsonizados pelos anticorpos e assim são fagocitados pelos macrófagos, principalmente os do baço. Desta forma, ocorre uma queda no hematócrito e elevação de temperatura corporal (febre de até 41°C). Isto ocorre porque junto com a ricketsemia ocorre a produção de imunoglobulinas (Ig) inicialmente IgM e mais tarde IgG. Ocasiona uma anemia autoimune hemolítica extravascular. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Fraqueza e anorexia • Desidratação • Urina amarela escura • Dispnéia • Andar cambaleante e vagaroso • Mucosas pálidas-ictéricas DIAGNÓSTICO É feito tanto para Babesia quando para Rickettsia. • Esfregaço sanguíneo: deve ser coletado com sangue periférico da orelha ou da cauda • Hemograma: eritrograma (anemia regenerativa com anisocitose e policromisia), hematócrito baixo e leucocitose por neutrofilia com desvio à esquerda • Bioquímico: hiperbilirrubinemia • Necropsia: palidez de mucosas, samgue aquoso, icterícia, hepatomegalia, esplenomegalia, rim atrofiado (em Babesia) • Sorologia: ELISA, Imunoflorescência (aparecimento de AC após 14 de infecção). É válido para diagnóstico diferencial para Tripanossoma bovina (T. vivax). TRATAMENTO: É também feito tanto para Babesia como Rickettsia. • Associação em dose única de Tetraciclinas (20-30 mg/Kg/PV) a 3 dias e Diaminazine Aceturato (3-8 mg/Kg/PV) • Dipropionato de Imidocarb (3 mg/Kg/PV/IM) em dose única. É mais comum em equinos. • Transfusão de sangue • Tratamento suporte (anti-térmico) • Premunização: condições de instabilidade, importação e transferência RETÍCULO PERICARDITE TRAUMÁTICA (RPT) A reticulo- pericardite traumática é uma lesão cardiotorácica que acomete o bovino, sendo resultado da penetração de metais pontiagudos no retículo e coração, penetração de corpo estranho no pericárdio ou associado a uma pneumonia. O bovino possui o seu senso epicrítico oral muito pouco desenvolvido (é uma predisposição da espécie) e por isso não tem condições plenas de avaliar o que encontra-se em sua boca. O descuido de deixar pregos e arames pelas instalações da fazenda é o fator predispotente mais importante para a ocorrência de RPT. O retículo é o órgão relacionado com a regurgitação, assim o material deglutido se fixa e o acaba por perfurar o coração. A perfuração da parede do retículo permite o vazamento do líquido reticular e bactérias contaminando a cavidade peritoneal, resultando em peritonite local ou difusa. Corpos estranhos reticulares podem penetrar na cavidade pleural causando pleurites e pneumonias, indo para o saco pericárdico, causando pericardite, miocardite, endocardite e septicemia. A consequência é o desenvolvimento de insuficiência cardíaca congestiva e toxemia e muitas vezes resulta em morte. A adesão entre o epicárdio e o saco pericárdico e o fluído acumulado, altera a hemodinâmica cardíaca e o animal demonstra sinais clínicos de insuficiência cardíaca congestiva. A morte é causada pela pericardite constrictiva e a absorção de toxinas leva a toxemia. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Cifose (contração contínua do abdômen por conta da dor) • Hiperalgia (reações exageradas à prova de dor) • Evita locomoção • O bovino tende a ficar com os MA levantados para distribuir o peso e sentir menos dor • Febre e taquicardia • Edema de peito e ganacha DIAGNÓSTICO • Pulso jugular (fisiologicamente vasos sanguíneos venosos não possuem pulsação, o bovino encontra-se com a veia pulsante) • Garrote (+): o bovino se encontra com a veia jugular ou outros vasos venosos engorgitados, não precisando necessariamente fazer garrote para localizar a veia • Abafamento das bulhas cardíacas • Maciez das bulhas cardíacas • US: aumento de líquido no saco pericárdico e de fibrina • Necrópsia: corpo estranho alojado na musculatura cardíaca Provas de dor: • Percussão dolorosa • Cernelha (beliscamento na cernelha do animal) • Rampa (o animal não consegue descer da rampa pois sente muita dor) TRATAMENTO Na maioria dos casos leva à morte (sugerir eutanásia), mas é possível fazer um tratamento suporte para estabilização do paciente: • Fluidoterapia e ANTBs • Ruminectomia para retirada de corpo estranho (arriscado) PREVENÇÃO • Eliminação da fonte de corpos estranhos • Magnetos em animais com mais de 8 meses de idade SISTEMA RESPIRATÓRIO VIAS AÉREAS ANTERIORES: 1 - OESTROSE A Oestrus ovis é um inseto conhecido como “mosca nasal das ovelhas”. Esta mosca ocorre em todas as regiões quentes onde sua forma adultaé mais ativa no verão, com maior manifestação de manhã e ao entardecer. A fase larval deste díptero é depositada nas narinas do animal e causa uma rinite parasitária. Estas larvas são parasitos obrigatórios dos seios nasais de ovinos ou caprinos. As fêmeas da Oetrus ovis depositam suas larvas de primeiro estádio (50 a 60 larvas/postura) em voos rápidos, ao redor das narinas dos ovinos e caprinos. As larvas migram para a cavidade nasal, seios frontais e maxilares onde realizam duas ecdises transformando-se em L3. As L3 voltam às narinas, sendo liberadas por espirros ou por livre vontade e caem no solo e transformam-se em pupa. O período de pupa se completa em três a oito semanas, quando emerge a mosca adulta através do opérculo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Os ovinos assumem uma postura em grupo para se defenderem das moscas, ficando em círculo com as cabeças abaixadas e para o centro • Agitação, prurido no funcinho e espirros • Secreções nasais e lacrimejamento • Sinusite e dispnéia • A larva pode atingir o cérebro, causando cegueira, incoordenação e perda do equilíbrio • Emagrecimento progressivo e morte DIAGNÓSTICO É feito pelas manifestações clínicas, exame da cavidade nasal e, em últimos casos, endoscopia. TRATAMENTO • Ivermectina (200ug/Kg/VO ou SC). Também é usado como método preventivo (aplicar no final do verão e outra dose no inverno) VIAS AÉREAS POSTERIORES: 1 - BRONCOPNEUMONIAS (CDRB): O complexo das doenças respiratórias dos bovinos (CDRB) é o resultado de uma ruptura do equilíbrio entre as defesas naturais do animal, de fatores ambientais e aos fatores de virulência dos agentes. Este desequilíbrio aparece mais frequentemente no animal que é incapaz de superar uma modificação do seu ambiente ou de se adaptar. É mais comum em bezerros. O estresse interfere nos mecanismos de limpeza e de defesa do aparelho respiratório e favorece a proliferação de microrganismos e a produção de toxinas. Relacionados aos patógenos: Estresse infeccioso: Os vírus reduzem a capacidade do trato respiratório para eliminar patógenos bacterianos, pois, ao lesarem o epitélio ciliado das VAAs e/ou diminuir a capacidade de fagocitose ou o potencial bactericida dos macrófagos alveolares, debilitam a resposta imune local Relacionado ao animal: A incidência das afecções respiratórias aumenta entre duas semanas a quatro meses de idade. É comum o aparecimento das doenças à medida que os níveis de anticorpos colostrais nas secreções das vias respiratórias diminuem, tornando-se suficientes para a proteção dos bezerros contra os agentes que causam os problemas respiratórios. Quando as concentrações de imunoglobulinas, oriundas de processos imunes ativos específicos, começam a aumentar, a taxa de incidência de novos casos de problemas respiratórios diminui progressivamente. A FTIP e a cura do umbigo malfeita ou tardia também predispõem o desenvolvimento de doenças. Relacionado ao ambiente e manejo: Muitas vezes, as instalações utilizadas na criação de bezerros são as mais deficientes da propriedade. No manejo da resistência dos bezerros aos problemas respiratórios e da carga de patógenos que os causam, o ambiente exerce influência determinante sobre a saúde dos animais e, independentemente do tipo, as instalações somente serão adequadas se mantidas limpas, secas, livres de corrente de ar, confortáveis e permitirem um manejo eficiente dos animais. PNEUMONIA ENZOÓTICA DOS BEZERROS (PEB) É mais comum em raças leiteiras criados em sistema intensivo, comum em bezerros após 4 semanas de idade pela janela de susceptibilidade imunológica. A doença está geralmente associada ao tipo de sistema de criação. Fatores de risco: • Asfixia neonatal e FTIP: reduzem a taxa de absorção do colostro, diminuindo a imunidade passiva. Predispões infecções bacterianas e virais mais gravespela baixa depuração do organismo. • Estresse: aumento do cortisol sérico. O cortisol interfere na imunidade passiva e na imunocompetência. • Má nutrição: ocasiona a baixa produção de imunoglobulinas • Problemas de instalação: aumentam a exposição à patógenos transportados pelo ar, aumentado a multiplicação bacteriana e piorando a depuração do organismo. O contato direto com animais mais velhos ou superlotação também interfere diretamente • Amônia em excesso: é tóxico, aumento do cortisol sérico e diminui a depuração bacteriana pulmonar FEBRE DO TRANSPORTE É mais comum em raças de corte. O animal geralmente apresenta queda da imunidade durante os deslocamentos realizados nos sistemas de criação. Adversidades climáticas, adaptação ao novo lugar e estresse são alguns dos fatores que contribuem para que animais fiquem mais expostos e sensíveis aos agentes infecciosos. As viagens, os manejos, as intempéries do clima durante os deslocamentos e o estresse, causado diante dessas condições, reduzem a eficiência do sistema imunológico dos animais transportados. Com o organismo debilitado, as bactérias oportunistas se aproveitam, se hospedam e se multiplicam rapidamente, principalmente, no trato respiratório superior. As principais bactérias envolvidas são: • Pasteurella multocida • Mannhemia (Pasteurella) haemolytica • Histophilus somni • Vírus sincicial respiratório bovino (VSRB) • Vírus tipo 3 da prainfluenza bovina (PI-3) • Vírus da diarreia viral bovina (VDVB) • Hespesvírus bovino tipo I (Rinotraqueíte Bovina Cciosa) Há ainda o risco maior das bactérias acessarem os pulmões, levando a um quadro de pneumonia. Os animais infectados têm queda na conversão alimentar, redução no ganho de peso e, consequentemente, atraso no desenvolvimento corporal, o que leva a um período maior de dias de engorda até o abate. Fatores de riscos: • Desidratação: acabam se alimentando menos, aumentando a multiplicação bacteriana nasal e prejudicando a depuração bacteriana pulmonar • Acidose ruminal: causada pela desidratação e que prejudica a depuração bacteriana pulmonar • Estresse: amoxação (descorna), desmame precoce, manejo demorado, mistura de bovinos no lote. Todas essas colocações aumentam o cortisol sérico, aumentando a multiplicação bacteriana e prejudicando a depuração bacteriana pulmonar EXAME FÍSICO (PERCUSSÃO) CDRB: Percutir os seios paranasais e o tórax bilateralmente, fisiologicamente o som dessas cavidades é claro, mas quando em CDRB se encontra com o som maciço. Percussão no tórax: Deve ser feita dor-soventral e craniocaudalmente, em toda a área torácica, deslocando-se o plessímetro nos espaços intercostais. Para a detecção dos limites posteriores da área pulmonar é melhor que se faça a percussão dirigida craniocaudal e dorsoventralmente A percussão do tórax deve ser delimitada na região do pulmão, em que: • Anteriores: musculatura da escápula (som maciço) • Superiores: musculatura dorsal (som maciço) • Posteriores: de acordo com a espécie animal Deve-se observar o cruzamento de linhas que passam, imaginariamente, nos espaços intercostais (EIC) com linhas, imaginárias e horizontais, que passam sobre a tuberosidade ilíaca (linha ilíaca), tuberosidade isquiática (linha isquiática) e na articulação escapuloumeral (linha do encontro) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS CDRB: • Apatia • Hiporexia e anorexia • Corrimento nasal e ocular • Tosse e dispneia com posição ortopnéica • Febre DIAGNÓSTICO • Histórico/anamnese e manifestações clínicas • Hemograma (↑ neutrófilos) • Utilizar swabs nasais para citologia e cultura antimicrobiana • Lavado traqueal para citologia e cultura antimicrobiana • Broncoscopia com lavado alveolar (LBA) para citologia e antibiograma • US • RX (pouco utilizado) • Sorologia: quando em suspeita viral TRATAMENTO: ANTBS • Antibióticos paracontrole da infecção • Amoxicilina • Ampicilina • Ceftiofur • Enrofloxacina AINES • Para reduzir a febre e inflamação pulmonar • Flunexim Meglubine BRONCODILATADORES MUCOLÍTICOS • Para manutenção do ar e conservação das trocas gasosas • Cloridrato de Bromexina TRATAMENTO SUPORTE • Fluidoterapia • Oxigenioterapia 2 - PNEUMONIA VERMINÓTICA O Dictyocaulus viviparus é um nematódeo que parasita a traquéia e brônquios de bovinos. É uma doença comum em períodos de invernos frios e não excessivamente secos de regiões serranas de clima úmido e frio e com “pastos de baixada”. As fêmeas adultas realizam a ovopostura na traquéia e nos brônquios onde eclodem rapidamente. Após eclodirem, as larvas L1 migram para os linfonodos mesentéricos, na qual se maturam até chegarem em L4. Após, as L4 migram até o pulmão por via linfática e sanguíneo (veia cava ou artérias pulmonares), onde completam seu último estágio de maturidade (L5) e realizam a ovopostura. Ocorre a deglutição dos ovos e sua eliminação pelas fezes. O período pré-patente é de 3-4 semanas. As larvas de D.viviparus penetram os alvéolos dos bezerros por inalação, promovendo um exsudato eosinofílico que obstrui pequenos brônquios e bronquíolos, resultando em atelectasia. Os vermes adultos produzem uma resposta inflamatória nas vias aéreas, e os ovos e larvas aspirados causam uma resposta acentuada de macrófagos e células gigantes, com consolidação dos lobos caudais ventrais, essas lesões são a causa dos sinais na fase patente. Em qualquer etapa da patogênese pode ocorrer desenvolvimento de edema pulmonar, causado por insuficiência cardíaca ou por lesão epitelial alveolar extensa além da formação de membrana hialina Ao nascimento do bezerro é necessário que este mame pelo menos dois litros de colostro. Os anticorpos colostrais são absorvidos pelo bezerro, aumentando a imunidade contra a maioria das doenças, incluindo a pneumonia verminótica. Se necessário deve-se intervir, garantindo assim a ingestão do colostro pelo bezerro, mesmo que este colostro seja de outra vaca. DIAGNÓSTICO • Coproparasitológico pelo Método de Baermann • Necrópsia TRATAMENTO • Antiparasitários: Benzimidazóis, Levamisol e as Ivermectinas • Todo o tratamendo para CDRB DERMATOLOGIA A pele reflete a saúde e bem-estar do animal, além de que a pele dos bovinos e ovinos está também relacionada ao mercado pela venda de couro ou exposição. É pela pele do animal que o diagnóstico de algumas zoonoses também é feito, como: dermatofilose, tricofitose, ectima contagioso e pseuvaríola bovina. ECTOPARASITAS CARRAPATOS (IXODIDIOSE) A lesão está relacionada com a quantidade de carrapatos no animal. O agente é o Riphicephalus (Boophilus) microplus (causador da TPB). Tratamento: • Ivermectina MOSCA DE CHIFRE Haematobia irritans (bovinos). Causa microlesões na pele do animal, além de causar muito estresse (diminuindo a qualidade do couro e gerando emagrecimento). É comum em ambientes de alta temperatura e umidade elevada (período chuvoso). Tratamento: • Cipermetrina PIOLHO É um agente sugador. Se encontra nas partes mais escondidas no corpo do animal e naquelas em que o animal não consegue se coçar (parte lateral do pescoço, focinho, peito, dorso, cabeça e entre os membros). O agente é o Haematopinus tuberculatus (bovinos), Lignonathus spp. (pequenos ruminantes) e o Bovicucola spp. (pequenos ruminantes). Tratamento: • Cipermetrina ou Amitraz MIÍASE (BICHEIRA) Causada pelas larvas da mosca Cochliomya hominivorax (bovinos). É comum em lugares quentes e úmidos. Ocorre o depósito de seus ovos em feridas abertas, suturas malfeitas, feridas pós- cirúrgicas ou tecido necrótico. Tratamento: • Ivermectina BERNE Causada pela mosca Dermatobia hominis (bovinos). Comum em regiões arborizadas de dias quentes e noites frias. Tratamento: • Ivermectina SARNA É transmitida por ácaros psorópticos, Psoroptes spp, Chorioptes spp. e Sarcoptes scabiei. Atingem bovinos e pequenos ruminantes. Tratamento: • Amitraz PAPILOMATOSE (FIGUEIRA) Doença causada por um vírus da família Papovaridae denominado vírus da papilomatose bovina (VPB) que causa lesões verrucosas em várias partes do corpo. Tipos e localização das lesões: • Escamosas: ocorrem em qualquer lugar do corpo, mas principalmente em cabeça, ao redor dos olhos, pescoço, ombro etc. • Mucosos: ocorrem em mucosas (formam nódulos encapsulados e circunscritos) • Plano: nodulações por engrossamento da epiderme com forte queratinização das camadas superficiais • Pendulares: úberes e tetas TRATAMENTO Muitos tratamentos geram baixa eficácia geral, além de que a VPB é uma doença autolimitante. • Retirada cirúrgica e cauterização dos locais acometidos • Vacina autógena • Autohemoterapia • Clorobutanol Fórmula da auto-vacina: • Retirar e desprezar a parte queratinizada dos papilomas (parte externa) • Pesar 20 gramas de papilomas e lavá-los com solução fisiológica (solução de NaCl a 0,9%) • Adicionar 80 ml de solução fisiológica e triturar os papilomas em um liquidificador • Passar a mistura em uma peneira de malha fina • Adicionar 0,5 ml de formol (solução comercial contendo 38 ou 40 % de formaldeido) para cada 100 ml do preparado já filtrado das porções mais grosseiras (20 g de papiloma + 80 ml de solução fisiológica) • Adicionar 5 milhões de Unidades Internacionais de Penicilina Procaína ou Potássica • Manter a mistura durante 24 horas a 37º C (estufa ou banho-maria) • Separar em frascos estéreis, com rolha de borracha (tipo penicilina) contendo cada amostra de 5 ml • Conservar a vacina em geladeira (4º C) Aplicar em cada animal (bezerro ou adulto) 5 ml da vacina por via subcutânea, repetindo 6 aplicações, com intervalo de 5 dias. FOTOSSENSIBILIZAÇÃO Enfermidade decorrente da sensibilidade da pele à luz em função da ação de agentes fotodinâmicos. Nos animais fotossensibilizados, como o da imagem acima, podemos observar lesões na pele, principalmente nas regiões das orelhas, nos flancos, na base da cauda e na região traseira. Porém, internamente também ocorrem alterações prejudiciais no metabolismo, principalmente afetando o fígado, que perde a capacidade de filtrar as impurezas do sangue, e o pâncreas, que altera a liberação da bile, essencial para a digestão do animal. Devido a essa e outras alterações internas, os animais doentes podem apresentar também diarréia, falta de coordenação motora, sonolência, salivação, lacrimejamento e paralisia progressiva. A doença pode ocorrer em animais de qualquer idade, porém a incidência é maior naqueles com idade inferior à dois anos, sendo que os bezerros, do nascimento até a desmama, são particularmente mais sensíveis. A patogenia é estabelecida a partir de 3 fatores: porfiria, ingestão de pré-formados ou lesão hepática, assim, o corre o acúmulo de agentes fotodinâmicos sob a pele, que a partir da energia luminosa, gera energia térmica e alta reatividade, gerando lesões dérmicas. As lesões de fotossensibilização são devidas à deposição das porfirinas nos tecidos, estes quando expostos à radiação solar liberam calor que gera as lesões na pele e ocorre formação de radicais livres de oxigênio no citosol da célula, com ruptura de mitocôndrias e lisossomos, degranulação de mastócitos cutâneos, degradação da membrana fosfolipídica, polipeptídeos protéicos e ácidos nucléicos, gerando muita inflamação na pele. Macroscopicamente as lesões ocorrem mais freqüentemente em áreas com pouca proteção à luz solar que é conferido pela melanina ou por uma pelagemou velo muito densos. Podem ser observadas lesões nos focinhos, pálpebras, nos sinais brancos da cabeça, rodete coronário, canela e quartela, nos tetos, úberes, períneo, orelha e dorso. Inicialmente, há eritema e edema, seguidos de formação de vesículas, exsudação, necrose e descamação. 1 - PORFIRIA ERITROPOIÉTICA CONGÊNITA É uma doença rara que acomete bovinos, suínos, felinos e humanos. É uma patologia de herança autossômica recessiva em bovinos, sendo os heterozigotos normais. Nos bovinos é observada nas raças Shorthorn, Holandesa e Ayrshire. A causa desta porfiria é a deficiência da enzima uroporfirinogênio III sintetase, ocorre a formação dos isômeros uroporfinogênio I e coproporfinogênio I, que não são convertidos em protoporfinogênio e nem ocorre a síntese do grupo heme. Os isômeros são oxidados a uroporfirina e coproporfirina que são acumulados no organismo. As lesões de fotossensibilização são devidas à deposição das porfirinas nos tecidos, estes quando expostos à radiação solar liberam calor que gera as lesões na pele e ocorre formação de radicais livres de oxigênio no citosol da célula, com ruptura de mitocôndrias e lisossomos, degranulação de mastócitos cutâneos, degradação da membrana fosfolipídica, polipeptídeos protéicos e ácidos nucléicos, gerando muita inflamação na pele MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Lesões de fotossensibilização • Coloração marrom avermelhada nos dentes, ossos e urina • Anemia normocítica hipocrômica • Esplenomegalia • Fragilidade óssea 2 - INGESTÃO DE PRÉ-FORMADOS (PRIMÁRIA) A fotossensibilização primária freqüentemente está associada à ingestão de substâncias fotodinâmicas pré-formadas contidas em várias plantas como Hypericum perforatum (erva-de-São-João) e Fagopyrum sagittatum (trigo mourisco), ou plantas contaminadas por fungos. A administração de fenotiazina, tetraciclinas, tiazidas ou sulfonamidas também pode causar fotossensibilização primária. 3 - HEPATÓGENA (SECUNDÁRIA) a fotossensibilização fototóxica secundária ou hepatógena ocorre quando toxinas, bactérias, agentes virais, plantas contaminadas por fungos (Pithomyces chartarum) ou neoplasias lesionam o fígado de forma suficiente para impedir a excreção da filoeritrina, um produto do metabolismo da clorofila. Este agente fotodinâmico, resultante da degradação da clorofila, acumula-se na corrente circulatória periférica e, com a incidência dos raios solares, pode levar ao aparecimento dos sinais clínicos da doença TRATAMENTO GERAL • Retirar o animal da exposição à luz solar (se possível) • Retirar ou evitar o agente causador (realizar possíveis trocas de pasto, corte 20cm de altura) • Limpeza das feridas • Pomadas anti-inflamatórias • Pomadas anti-sépticas e cicatrizantes • Prevenção de miíases • Facilitadores de metabolismo hepático: glicose, metonina e vitaminas do complexo B • Compostos a base de zinco: óxido de Zn (20-28 mg Zn/Kg) - contra radiação solar • Sulfato de Zn na água (usado como método profilático) DERMATOFITOSE/TINHA/TRICOFITOSE Causado pelo fungo Trichophyton mentagrophytes e Trichophyton verrucosum. A infecção acontece por contato direto ou por fômimtes contaminados (cercas, postes e chochos...). É uma doença autolimitante com resolução espontânea de até 4 meses. Os animais possuem resistência à reinfecções. TRATAMENTO • Solução a base de iodo: Iodine povidine ou Biocid (diariamente) ECTIMA CONTAGIOSO O ectima contagioso também é conhecido como dermatite pustular contagiosa, dermatite labial infecciosa, boca crostosa ou boqueira. É causada por um vírus-DNA pertencente à família poxviridae, enquadrado no gênero parapoxvírus. É uma doença zoonótica. É uma doença que afeta pequenos ruminantes. É uma doença autolimitante, com resistência de 2-3 anos. O vírus é mantido em criações de ovinos e caprinos por todo o mundo, se mantendo em infecções por contato direto/indireto, cruzadas ou por crostas secas além de fômites contaminados. A principal forma de entrada da lesão é por abrasões ou por alimentos grosseiros (causam lesões na mucosa da boca). A caracterização da doença se dá por lesões nos lábios e boca, podendo estar presente em todas as regiões do corpo. As lesões se iniciam como pápulas que progridem rapidamente para pústulas, e depois para crostas espessas que cobrem uma grande área da pele. TRATAMENTO • Solução de permaganeto de potássio 3% • Solução de iodo 10% acrescido de glicerina (1:1) • Vacina viva na pele escarificada (garante 2 anos de imunidade)
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